7 meses de cores escrita por Pedro Haas


Capítulo 2
Laranja


Notas iniciais do capítulo

#nanowrimo !



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Laranja

Eu me segurei em uma das barras do ônibus, de olhos fechados, me segurando enquanto ele percorria o caminho até a Multiverso. Quase me esqueci que a Sofia ainda estava do meu lado. Ela parecia um pouco tímida agora para puxar conversa.

— Claro, tu parou de falar com ela do nada – ouvi a voz do Lilás na minha mente, isso estava cada vez pior.

— Você quer parar de falar? – Eu disse, mas disse com a boca.

— Como assim? Nem falei nada – Sofia parecia no mínimo surpresa – As pessoas que estudam lá vão ficando assim com o passar do tempo?

Eu olhei para ela corado. Ela riu, e seu sorriso tirou minha tensão.

De repente, ela arregalou os olhos e suspirou de modo pesado. Ficou ofegante, mas por pouco tempo, não o suficiente para que eu pudesse perceber o que havia ocorrido.

— Laranja! – Lilás gritou na minha cabeça.

— Do que você tá falando? – Eu perguntei por pensamento.

— Lilás? Onde você está? – Uma voz mais calma e suave ressoou dentro de mim.

— Eu sou um menino um pouco alto, vestido de uma blusa cinza e calça jeans azul – Ele estava me descrevendo?

Sofia olhou em volta sem disfarçar, procurando alguma coisa.

Não. Não. Deve ser só coincidência.

Ela abriu a boca, me olhando.

— Você foi logo na bonitinha? – O Lilás perguntou, do seu jeito irreverente.

— Seria melhor eu mesmo, imagino que você iria fazer se fosse mandado para o corpo de uma fêmea.

— Então agora eu vou ouvir não só um, mas dois?

— Não só isso, meu caro amigo tímido.

— Eu posso te ouvir no meu pensamento? – Sofia exclamou alto demais, algumas pessoas viraram seus rostos para nós.

Ela arregalou os olhos e riu. Parecia que só eu estava achando aquilo tudo irreal e estranho?

— A vai, é divertido – O Lilás e a Sofia disseram praticamente juntos.

— Talvez você devesse mesmo estar no corpo desta aqui... – Laranja observou.

— Certo, expliquem – Eu disse, um pouco alterado. Minha cabeça estava doendo.

A conversa paralela entre essas duas entidades continuou, e Sofia se divertia rindo, tanto no pensamento quanto para mim, o que me deixava atordoado.

Mas eu ainda exigia uma explicação.

— Eu deveria falar, David – Laranja comentou – O Lilás não saberia explicar nem contas de adição para um adulto.

— Por favor, eu também estou curiosa – Sofia parecia animadíssima.

— Acontece que resolvemos fazer um teste com a sua raça humana, eu digo sua, pois existem outros humanos espalhados pelo Universo – Nós, eu e Sofia, fechamos os olhos. Laranja de alguma forma nos mostrava imagens de como os outros planetas eram.

Todos eram bem parecidos com a Terra, todos lindos, verdes. Alguns eram tão industrializados quanto o nosso, e havia um interessante, que conseguia juntar industrialização e tecnologia com a natureza.

— Nós fomos criados para isso, por Deus talvez, ninguém sabe, nem eu, nem nenhuma cor – Ele mostrava, por pensamento, imagens do espaço, imagens das outras cores. Todas de sobretudo preto e mascara lisa, com algum detalhe colorido que denotava sua cor – Seu planeta é o próximo, mas, infelizmente, não tenho permissão de contar o que vai acontecer daqui em diante.

Sofia estava mais séria do que quando Laranja a possuíra.

— Está com medo? – Lilás perguntou.

— Eu não estou, não – Respondi.

— Um pouco ansiosa – ela disse – Então, tudo que for para acontecer, vai acontecer na Multiverso?

— Sim, todas as outras cores estão se reunindo lá – Lilás respondeu – Decidiram que era melhor nos mandar pra lá então temos que ir, não é? – Ele riu, parecia até acostumado com toda a situação.

Ele deveria estar.

— Por enquanto – Laranja tentou nos acalmar – Vamos só esperar, certo? Eu garanto que não é tão ruim, mesmo que – Ele fez uma pausa – Apenas alguns planetas conseguiram passar – Ele pareceu esperar que tivéssemos alguma reação, mas nós só ficamos quietos.

E aí a ansiedade volta por completo.

— Imagino que nem todos vocês sejam tão amigáveis assim, não é? – Eu pergunto.

— Vocês vão gostar do Azul – Lilás responde.

Ah cara, isso não é uma resposta daquelas concretas, talvez ele queira que eu deduza.

Minha cabeça começou a doer levemente, ter tantas consciências assim não era bem saudável.

— Iremos ouvir todos vocês na nossa cabeça? – Sofia pergunta, ela parecia animada.

— Sim, assim como eu e meus irmãos, vocês sete se tornarão um.

 O inferno só começou.

Fico imaginando se é apenas ouvir os pensamentos, afinal, o Lilás deixou minhas memorias abertas...


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Notas finais do capítulo

buhbuhbuh



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