Engano escrita por Lostanny


Capítulo 2
Parte dois.


Notas iniciais do capítulo

Segunda e última parte, espero que gostem.



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Ichi não havia morrido. Tinha certeza que isso aconteceria quando sentiu os dedos de Oso sobre seu peito, para então sentir a força que era aplicada neles em seu corpo. Ele caiu do telhado. Antes, tinha ido de forma frequente ao local que se tornaria o seu fim. Dessa forma, Ichi não deveria ter sentido o medo que sentiu quando ficou na beira do prédio. Ele pensou e pensou, então, Osomatsu apareceu.

— O que pretende fazer, Ichimatsu? — Oso questionou despreocupado, mesmo após ver o local onde Ichi se encontrava, os braços cruzados atrás da cabeça enquanto se aproximava.

Ichi não disse nada, o que acabou arrancando de Oso um suspiro.

— O tempo não vai esperar que decida. Se não fazer por você mesmo, outra pessoa irá escolher seu destino... há a possibilidade de se arrepender, ainda que escolha, porque essa é a vida chata que vivemos. Mas...

“Não seja um refém, Ichimatsu. Você deixa as pessoas pisarem em você, te chamarem de lixo... essa é uma boa chance de mostrar que é melhor que eles, sabia? Não se deixa agir de acordo. ” Oso tinha dito a Ichi bem baixo, perto de seu ouvido, como se temesse que lhe ouvissem caso não fizesse isso.

Entretanto, era porque Oso não queria que Ichi visse seu rosto. O primeiro irmão sentia algo estranho consigo, uma ansiedade lhe batia ao ver a ambiguidade naquele rosto, era como se estivesse caçoando dele. Se não queria se jogar, por que estava hesitando? Dessa forma, não sabia ao certo que ação agir.

Porque se Ichi quisesse morrer... não era a sua ação de agora um completo desperdício? Um mal contra a determinação do outro? Oso tinha que ser um bom irmão mais velho e para isso tinha que estar certo, agir certo. Logo, não poderiam haver dúvidas em seu caminho. Também, se ele pensasse a respeito de tudo que lhe consultassem ia ficar louco. Tinha que ser um caminho certo e seguro a seguir.

Mais do que tudo, Oso não queria ver seu irmão sofrer. Então, como Ichi continuou ali parado olhando para ele, teve a conclusão mais lógica do que deveria ser feito. A escolha mais simples, e efetiva, e definitiva. Um sorriso se manteve em seu rosto quando viu aquele corpo cair aos poucos em direção ao seu fim. Ou quase. Nunca ficou tão grato em saber que aquele realmente não era, dessa vez.

O que passava em sua cabeça para ter feito aquilo? “Ainda lembrava” Por quanto tempo aquilo continuaria?

 

Quando Ichi voltou para casa, após alimentar alguns gatos nas ruas, viu como Osomatsu parecia novo em folha ao voltar do hospital, apesar de mais barulhento do que achava que ele já poderia ficar.

—... então eu elogiei as medidas dela, mas a enfermeira continuou zangada comigo e me deu um tapa quando ninguém estava olhando! Realmente doeu! — Oso disse e massageou uma das bochechas para mostrar o local em que o golpe havia ocorrido.

— É por isso que eu digo! Você não tem delicadeza nenhuma! — Choromatsu afirmou aborrecido, só por ter ouvido a história. — Aquilo não foi um elogio nenhum, você só estava sendo indecente!

— O Punhematsu vem falar pra mim sobre o que é indecência! — Osomatsu disse, rindo alto da própria constatação.

— Ah! Quando é que você vai esquecer dessa história! — Choromatsu disse com um rosto muito vermelho.

— Ichimatsu-nii-san! — Todomatsu logo cumprimentou o quarto filho quando o viu. — Olha só o que esse irmão mais velho idiota ficou fazendo enquanto não estávamos de olho nele!

— Não precisa se incomodar em me contar. — Ichimatsu se apressou em dizer, os olhos focados no mais velho dos irmãos. — Na verdade, eu tenho que conversar algo com o Osomatsu-nii-san. Coisa séria.

Todos pararam naquele momento quando disse isso, mas principalmente Oso e Kara. Não deviam ter demorado para captar o que “Ichimatsu” tinha dito aquele dia, pois “ele” também queria ter conversado a sério com “Karamatsu”. Karamatsu, depois de ter se recuperado do choque de realização, disse que iria atrás de suas Karamatsu girls. Oso seguiu Ichi com uma expressão meio receosa, só que não o suficiente para preocupar os outros além da conta.

Para o bem ou para o mal, em breve aquilo terminaria. Ichi não poderia guardar mais aquilo para si. Não mais. Tudo pareceu tão em ordem no resto da semana, tão de acordo com suas expectativas, que começou a se incomodar. Os irmãos não se preocuparam nem um pouco em saber mais do ocorrido. Porém, Ichi sentia, e como, uma pressão ao ver como Karamatsu tinha colocado tudo em seus ombros, de novo, e isso o aborrecia muito.

 

— Ichimatsu...! — Karamatsu tinha dito, puxando a última parte do nome em um tom choroso, ao abraçar o quarto irmão.

Ichimatsu observou surpreso a atitude do outro, para depois ficar irritado. Por que Kara parecia estar se culpando pelo que tinha acontecido? Faria um esforço em empurrar o outro para longe de si, pois mesmo que ainda estivesse se recuperando lhe parecia valer a pena fazer com que Kara notasse o quanto estava sendo idiota. Porém, antes que fizesse isso, percebeu a presença de Oso na enfermaria.

A encarregada do lugar não estava em parte alguma, e talvez isso tenha acontecido para o melhor, pois o olhar que dirigiu a Osomatsu era um pouco intimidador demais e não queria conseguir mais atenção negativa do que já tinha. Não tinha ficado com raiva de Osomatsu. Na verdade, sentia-se até aliviado que aquilo tivesse acontecido.

Porque foi naquele momento que, ao enfrentar de frente o que procurava, Ichi entendeu que, apesar de tudo, ele queria viver, mesmo que um pouco mais. Ichi só tinha que seguir sua própria vontade, ainda que fosse apenas mais um lixo no mundo, um dos piores. Era ele quem escolheria as próprias dores que carregaria em si mesmo.

Entretanto, ao mesmo tempo que era grato, sentia-se irritado, uma vez que o sorriso que Osomatsu lhe dirigiu naquele momento, um vazio, era para qualquer outro além dele. Não sabia quem era, o que tinha acontecido, mas era visível o quanto Oso parecia fora de si mesmo, perdido em alguma parte de suas lembranças. Não estava olhando para ele, e Ichi se estranhou nesse instante, porque não era como se quisesse a atenção de alguém para começar.

Não havia mais em si a intenção de tentar um suicídio, no entanto, um desejo irrealizável lhe incomodou: queria reviver aquele momento, assim como alterá-lo, de forma que Oso por livre e espontânea vontade tivesse tentado mata-lo. Oso pareceu entender seus sentimentos, ou apenas queria mexer consigo, ou os dois, pois acabou por se aproximar e bagunçar os cabelos de Ichi. Dessa forma, o mais velho disse:

— Então, pronto para mais uma? — Kara fez uma expressão desgostosa ao ouví-lo, contudo, Oso não pareceu se incomodar. — Você tem uns bons reflexos, Ichimatsu, acho que aprendeu bastante com os gatos.

—... obrigado. — Ichimatsu disse. Caso fosse outro momento, teria ficado contente com a comparação, mas com aquela confusão de sentimentos em si, e sem querer demonstrá-los, matou qualquer animação que poderia ter. — Não precisavam me esperar.

— É claro que iríamos esperar! — Karamatsu retrucou, sendo recebido com um olhar aborrecido de Ichimatsu.

— Bem, é como ele disse, Ichimatsu. — Osomatsu disse, esfregando o dedo indicador debaixo do nariz. — Apesar que eu também queria me certificar que você não ligasse para a polícia ou algo assim.

— Não vou, não precisa se preocupar.

— Que bom! Então, vamos... — Oso disse, e se virou para realizar sua intenção de ir embora, mas Kara segurou a parte detrás de seu uniforme com força para mantê-lo onde estava.

— Espera, Osomatsu. Ainda não fez o que tinha prometido.

Osomatsu deu um suspiro alto, então, voltou para onde estava.

— Nossa, você consegue ser bem chato quanto quer, Karamatsu. Certo, eu faço... — Osomatsu respirou fundo antes de continuar. — “Me desculpe por ser um babaca antes”. Por favor não me mate...?

Adicionou a última parte, porque Ichimatsu tinha uma expressão indecifrável naquele momento. Entretanto, de repente, o quarto irmão estava rindo bastante, parando de vez em quando pelo esforço demasiado. Kara e Oso ficaram um pouco preocupados por ele, só que depois de um tempo ficaram contagiados pelo riso e participaram daquele momento estranho.

A ajudante da enfermeira da escola entrou naquele instante, com alguns medicamentos que estavam em falta no lugar. Ela pareceu se intimidar quando os três pararam o que faziam para lhe darem atenção.

— Ah, desculpe-me, parece que cheguei em um mal momento.

No no, nós que já devíamos estar indo para casa. — Karamatsu disse com um sorriso, segurando com delicadeza uma das mãos da garota, como se estivesse prestes a dar um beijo nas costas da mão, só que não fez isso. — Agradeço mais uma vez por cuidar de mim e do meu irmão.

—... eu já estou acostumada em cuidar do Karamatsu-kun, e encontrar o Ichimatsu-kun foi apenas uma coincidência, não precisa agradecer. — A garota tinha os olhos parcialmente bloqueados pela franja, o tom era contido.

— Por favor não diga isso! — Karamatsu disse, chocado pela modéstia da garota. — Eu te devo a vida nesse momento!

Osomatsu e Ichi realmente eram agradecidos pela ajuda da colega. Mas, por algum motivo, a atenção que Kara estava dirigindo a ela, em demasia, estava começando a ficar incômoda para eles. Felizmente, mais um Matsuno surgiu na enfermaria, abrindo a porta com força, e disse:

— Homura-chan! Está aí?

— Oh, Jyushimatsu-kun... — a garota se virou para o outro, um sorriso pequeno em seu rosto. — Algum problema?

— Nenhum! Eu só quero conversar! Oh...! Osomatsu-nii-san, Karamatsu-nii-san e Ichimatsu-nii-san estão aqui também...! O que houve com Ichimatsu-nii-san? Algum monstro apareceu? Vou matar ele com beisebol!

Os três não demoraram em dirigir a atenção para a garota, depois daquele discurso estranho do quinto irmão. Homura não pareceu muito incomodada, na verdade, ela até tinha rido um pouco. O estômago de Osomatsu, então, roncou, anunciando que já devia ser horário da janta.

— Que fome! Vamos logo para casa! — Osomatsu disse. Então, tirou Ichi da maca e o colocou nos braços de Karamatsu, que o segurou no estilo de noiva. Ichi não demorou a reclamar, mas Oso o ignorou sem nenhum problema. — Jyushimatsu, você vem?

— Ainda não!

— Ok, mas não demore muito que está tarde. Até algum dia, moça!

— Certo... — Homura disse, gaguejando um pouco, só que o sorriso ainda estava ali.

A viagem de volta foi divertida, pelo menos, para Osomatsu. Karamatsu reclamava para que Ichi parasse de puxar sua bochecha ao que Ichimatsu apenas ignorou. Havia apenas os três e uma brisa noturna que não era agradável a nenhum deles. Entretanto, nenhum quis ir mais depressa. De alguma forma, era aconchegante, de alguma forma, Oso sentia que podia ficar bem.

 

Ichimatsu estava no limite. Não conseguia convencer Osomatsu que ele era Karamatsu, em boa parte por sua má atuação. Então, em um momento de nervosismo, acabou por contar aquela mentira com a imagem de outra pessoa que também não devia se sentir dessa forma.

Ou foi o que pensou. Não demorou muito para notar que aquela era a mais pura verdade para si. Que quando Osomatsu bagunçava o seu cabelo ou o elogiava aquilo lhe agradava muito. Quando Oso queria sua atenção, não conseguia afastá-lo, o que lhe rendia uma ida a corrida de cavalos ou alimentavam e brincavam com os gatos juntos quando o primeiro irmão não estava sendo um babaca.

Quanto a Karamatsu, Ichi preferia não pensar nele tanto assim, uma vez que apenas poderia rir de ironia.

Ceder ao seu desejo de experimentar aquelas roupas dolorosas e receber cobertura do irmão em sua mentira, mesmo quando Ichi resolveu jogar todo o peso daquele desentendimento nas costas de Kara ao não contar a verdade, havia sido o bastante para perceber o desastre que devia estar o coração dele naquele momento.

Ichi já sabia o que sentia a respeito de Karamatsu, apenas não queria admitir para si. Entretanto, ele acabou por perceber que a declaração que tinha feito a Oso também não era uma mentira. Queria que Osomatsu olhasse para ele, queria que Kara olhasse para ele também. Não queria ceder nenhum dos dois, não queria perder nenhum sequer. Queria que eles lhe abraçassem, que ignorassem o fato de que eram todos irmãos e fizessem o que quisessem com ele.

Queria que eles lhe desejassem também. Como podia pensar em algo semelhante? Podia se tornar mais abominável do que já era? Aquela constatação era tão cruel e inesperada que Ichi pensou seriamente em reconsiderar seu desejo de suicídio. Contudo... era realmente tão ruim assim pensar dessa forma? Ele apenas os amava muito.

Ichimatsu diria o que estava em seu coração, seria honesto. Apenas esperava que as palavras que receberia não doessem tanto quanto imaginava.

 

Os três estavam sentados de frente para o parque que era no caminho de casa. De início, nenhum deles ousou falar nada, pois a situação era tão estranha para todos eles. Ichi havia compartilhado a sua versão há um tempo. Dessa forma, os outros dois estavam digerindo a informação que Ichi apresentou enquanto o próprio Ichimatsu tinha um rosto muito vermelho, desejando que um meteoro caísse sobre ele ou algo tão inesperado quanto isso acontecesse.

Oso poderia ter rido e taxado seu irmão mais novo de louco. Mas estava apenas muito chocado para pensar em algo similar. Ichimatsu quem estava se passando por Karamatsu. E, de fato, a declaração não era uma brincadeira de mal gosto, pois nem Ichimatsu iria tão longe. Aquela informação acabava completamente com as conclusões que tinha tido até então.

Achava que Karamatsu teria feito aquilo para causar ciúmes em Ichimatsu e depois os teria flagrado em um momento de reconciliação. Também poderia ser que estivessem em um relacionamento, mas Karamatsu teria descoberto seus sentimentos por Osomatsu e iria terminar com Ichi, mas Ichi acabou por seduzi-lo? Esses cenários se passaram por sua cabeça. Mas se tratava de um grande equívoco, porque nem saindo aqueles dois estavam.

Ele sabia que, querendo ou não, ficaria aliviado se realmente não estivessem saindo. Mas, talvez, Oso tenha ficado um pouco aliviado demais para o seu gosto. Entendia bem que sua resposta seria sim se não tivesse sido distraído pelas memórias ruins de seu passado, que lhe fizeram recuar, e pelo dinheiro. Só que isso era com relação a Karamatsu e, no fim, não havia sido ele a lhe fazer a declaração. Era Ichimatsu e ele estava sério quanto a isso.

Se preocupava demais com o quarto irmão. Ainda mais por ser o único, além de Kara, a saber que o outro havia tentado se matar — tirando o fato que acabou por ajudar nisso em um deslize seu. Queria que Ichimatsu, de alguma forma, sorrisse mais de uma forma sincera. Mas Oso se sentia dessa forma porque era o irmão mais velho dele, não? Era diferente do caso de Karamatsu, pois, apesar de tudo, realmente sentia que podia contar com ele.

Karamatsu o pararia quando estivesse fora de si. Ele devolvia a sua sanidade. Ichimatsu era o irmão que tinham que cuidar.

Então Oso se lembrou de quando os irmãos estavam todos doentes, além dele. Já tinha provado dos lábios do quarto irmão mesmo que isso tenha acontecido justamente para enojá-lo. Era um beijo grotesco, com catarro, que queria se ver o mais longe possível. Apenas lembrar já era péssimo e lhe causava calafrios. Contudo, tinham se beijado mais uma vez aquele dia, mesmo que o motivador também tinha sido outro, dessa vez pela confusão da situação.

Oso poderia ter parado por ali, só que tinha mais uma vez que isso aconteceu. Todos tinham ido embora, com apenas uma única exceção. Foi um pouco antes do quarto irmão ter se juntado aos demais naquela jornada de independência. Ichimatsu lhe beijou mais uma vez, do nada, ao se colocar de frente a si. Ele nunca havia questionado o comportamento de Oso, nem uma vez sequer, enquanto presenciava os resultados disso.

Talvez estivesse esperando alguma reação sua, como Oso havia esperado dele quando estavam em cima do prédio. Só que Ichi não interveio. Apenas veio aquele ato, que Oso achou ser uma medida desesperada de fazê-lo se recordar de momentos mais leves. De início, talvez Ichi tivesse pensado no mesmo também. No entanto, aquele beijo havia sido bem diferente dos dois anteriores.

Oso tinha esquecido por um momento o motivo de estar ali, uma sensação pacífica tinha se espalhado em seu peito. O beijo era lento, calmo, como uma medicina para curar suas dores. Ele tinha agarrado com um pouco mais de força o moletom roxo do irmão, Ichi sobre si, até que percebessem o que estavam fazendo e o quanto aquilo era “estranho”. Logo Osomatsu se lembrou de Choromatsu, e aquela avalanche de sentimentos depressivos veio a si outra vez.

Ichi foi embora, assim como Kara, que tinha lhe prometido que voltaria quando conseguisse se tornar alguém melhor do que era no momento. Ichi tinha ido embora, mas, provavelmente, não tinha nenhum lugar para ir. Ele poderia ter se preocupado. No entanto, Oso ficou em seu quarto remoendo sobre muitas coisas, e esqueceu por completo aquilo de tudo, era melhor não lembrar.

Puxar tanta informação de sua mente nunca foi uma boa ideia, pois, como em outras vezes que tentou algo similar, estava chegando ao seu limite. Oso já estava começando a sentir uma tontura que o fez apoiar a cabeça sobre as palmas da mão.

Karamatsu se sentia como uma bomba prestes a explodir. Estava despreparado para aquela torrente de emoções positivas do quarto irmão para si. Tinha uma certeza quase absoluta que Ichimatsu se sentia daquela forma por Osomatsu e apenas ele.

Afinal, quando o mais velho o elogiava, o quarto irmão parecia muito contente, muito mais do que quando Kara tentava algo assim. Por isso, ainda que quisesse ser retribuído, tinha se resignado a ficar feliz com as migalhas de afeto que recebesse. Desse modo, quando soube que Ichi tinha se declarado em seu nome, porque ele mesmo não teria coragem de se declarar a Oso, ficava aflito se deveria responder a declaração por Ichi ou não.

Ichimatsu não parecia querer revelar que era ele naquele dia. Só que ali estava seu irmão que enfim contou tudo e, ainda por cima, tinha-lhe dito que sentia o mesmo por ele. Gostava de Karamatsu? Sinceramente, depois de várias palavras ácidas e olhares tortos, o segundo irmão não via como isso ser possível, ainda que dissesse acreditar em Ichimatsu.

No entanto, quando por fim viu o estado de seu irmão mais velho, rapidamente questionou se Oso precisava de alguma coisa. Ichimatsu, também, nunca lhe pareceu tão mal em sua vida, uma vez que parecia que ia sufocar em culpa. Não havia tempo para Karamatsu remoer suas incertezas. Dessa forma, segurou as mãos dos dois irmãos, com força, e lhes disse palavras encorajadoras.

Suas palavras enfeitadas nunca tiveram tanto efeito em seus irmãos. Quando viu, estava sendo abraçado pelos dois, o que lhe mostrou ser uma tarefa impossível de continuar em equilíbrio. Então, os três vieram ao chão. Apesar de estar dolorido pelo peso dos irmãos sobre ele, Kara sorriu contente, pois pareciam um pouco melhores, ainda mais por causa dele.

Por causa dele e apenas dele. Era o suficiente para que não tivesse mais dúvidas quanto ao que faria a seguir. Karamatsu deu um beijo na testa dos dois, antes de fazer aquela declaração do fundo de seu peito, mais dolorosa que qualquer uma. Espantou-se ao ver que Ichi e Oso começaram a chorar em cima de si. Preocupou-se que tinha ferido seus sentimentos.

— Não é nada disso, idiota! — Osomatsu disse, ao ouvir seu pedido de desculpas — Isso apenas foi doloroso demais, ai, eu acho que nem consigo sobreviver.

— Também não... — Ichi disse, com dificuldade, pois estava espumando pela boca.

HELP!

 

Com o passar dos dias, Jyushi teve uma notícia que abalou toda a produção de BL que tinha feito até então: agora tinha um shipp canon de três de seus irmãos que estava à disposição para novo material. Seus fãs iriam enlouquecer. Um deles sendo um Matsuno de rosa que frequentemente checava o site do irmão, apesar de desmentir esse fato.

Quanto ao Matsuno verde, continuava ignorante a tudo aquilo. Porém, de certa forma, ao ver o rosto contente de Osomatsu e de seus outros irmãos ao voltarem da tal conversa, concluiu que não tinha com o que se preocupar, pelo menos, não por hora.


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Notas finais do capítulo

Usei um headcanon (novo) meu da Homura em que ela já conhecia o Jyushi e os irmãos antes, mas como ela tinha uma aparência diferente na escola, os irmãos (fora o Jyushi) não a teriam reconhecido depois.

Tentei dar uma conclusão que faltou no episódio 16 do anime, mas vai saber. q Espero que tenham gostado. Nos vemos! ♥