De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 10
O coração de Rin transborda.


Notas iniciais do capítulo

E aí, vamos ver quem reconhece todas as lendas presente no capitulo de hoje? Digam nos comentários as que reconhecerem! E para aqueles que não conseguiram descobrir alguma podem perguntar também, algumas têm histórias bem interessantes. XD



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O poço foi encontrado por eles em um dos vários becos sem saída do labirinto, as paredes do labirinto eram feitas de papelão e revestidas de cartolina, com aranhas, e morcegos de plástico grudados aqui e ali, com um “teto” baixo — que ficava a pouco mais de vinte centímetros da cabeça de Sesshoumaru-Sama — feito de um tecido semi transparente branco que lembrava uma espessa teia de aranhas, mas Rin não sabia do que era feito o poço, e muito menos o que ele estaria fazendo ali em um “Labirinto de Terror”.

Aquele beco parecia exatamente igual a todos os outros que ela e Sesshoumaru-Sama haviam encontrado antes — aliás todos os caminhos ali pareciam acabar em um beco sem saída — exceto pelo poço abandonado ali que, mesmo estando sujo, com o balde quebrado, e encoberto de “ervas daninhas” — que pareciam ser feitas de plástico — parecia extremamente deslocado.

No corredor atrás deles pessoas passavam rindo ou murmurando baixinho umas com as outras sem dar atenção, ou mesmo uma segunda olhada para o poço, mas Rin estava tão intrigada com a presença daquele poço num lugar com aquele que não conseguiu deixá-lo de lado, e largou a mão de Sesshoumaru-Sama para se aproximar um pouco mais.

Sesshoumaru-Sama por sua vez estava pouco se lixando para o que acontecia ao seu redor, simplesmente seguia por ali segurando a mão de Rin e deixando que ela o levasse para onde bem entendesse com uma cara de tédio perpetuo, sem se importar com isso Rin apoiou ambas as mãos na borda do poço e inclinou-se para olhar o que havia lá dentro... E uma mão branca como mármore veio assoviando de lá e agarrou seu pulso.

Rin exclamou surpresa e tentou puxar a mão de volta, mas o aperto estava firme como uma algema em seu pulso.

Outra mão, tão pálida quanto a primeira, surgiu de dentro do poço e agarrou-se à borda, logo em seguida içando para cima uma garota de corpo magro e frágil vestida em um kimono branco, com cabelos oleosos longos e negros escorrendo pelo rosto.

Nove moedas... — a garota gemeu dolorida, como se a própria voz arranha-se em sua garganta — Nove moedas...!

Assustada — pela primeira vez desde que entrou naquele lugar — Rin tentou novamente puxar a mão de volta, sacudindo-a e gritando em desespero, mas a garota fantasma continuava mantendo-a firme em seu aperto e puxava-a para si, como se quisesse levá-la consigo para dentro do poço.

—Nove moedas...! — repetiu, naquele seu mesmo gemido áspero e dolorido, ainda tentando a puxar para dentro do poço — Nove moedas...!

Ainda gritando Rin continuava tentando puxar o braço e fugir dali até que finalmente conseguiu escapar — ou talvez o fantasma a tenha soltado — e voou para trás caindo sentada no chão aos pés de Sesshoumaru-Sama.

E ficou ali tremendo, temendo que o fantasma saísse rastejando de dentro do poço para agarrar seu pé... Mas ao invés disso ela simplesmente deslizou novamente para dentro do poço, com um ultimo sussurro atormentado:

—Nove moedas...

Ainda tremendo no chão e com olhos arregalados Rin engoliu em seco.

—Por que está tão assustada? — ouviu Sesshoumaru-Sama perguntar, e ergueu o rosto para vê-lo — Não era um fantasma verdadeiro, só uma colegial fantasiada qualquer, nesse exato momento ela com certeza está sentada lá dentro lendo uma revista de fofocas esperando o próximo curioso aparecer.

Rin sorriu tremula, é verdade, por um segundo ela tinha se esquecido de que tudo ali era falso.

—Acho... Acho que me empolguei um pouco. — desculpo-se corando.

—Talvez um pouco. — ele concordou.

Ainda corada de vergonha Rin levantou-se e passou as mãos na saia para limpar a poeira dali.

—Vamos continuar? — perguntou sem encará-lo — Ainda não achamos uma saída...

Sesshoumaru-Sama deixou que ela agarrasse sua mão novamente e, sem dizer uma palavra, moveu-se dali para procurar a saída — mas era mais provável que eles encontrassem outro beco sem saída assombrado.

Algum tempo depois eles se depararam com uma caveira presa à parede por correntes em seus pulsos, não era o primeiro esqueleto que encontravam, havia vários deles espalhados em diferentes posições — alguns com retalhos de roupas, outros não — espalhados pelo labirinto, e mais de uma vez Sesshoumaru-Sama praguejara ao quase cair por ter tropeçado em um crânio jogado à deriva no chão, mas aquela estava no meio de uma bifurcação: de cada lado seu havia um caminho diferente a seguir, e Rin olhou para os dois lados vendo-os exatamente iguais e sem saber qual deles escolher... Não até ouvir uma voz vinda uivando pelo caminho da esquerda:

—Onde estão os meus filhos...?

Logo depois ouviu também uma série de gritinhos agudos e um grupo de garotas apareceu correndo daquele corredor, meio gritando meio rindo e, sem parecer notá-los ali, seguiram ainda correndo pelo caminho do qual eles tinham vindo.

—Onde estão os meus filhos...? — uivou a voz se aproximando pelo caminho da esquerda.

Rin viu a figura dobrando o corredor, uma mulher usando um longo camisolão branco que vinha andando com passos arrastados, se apoiando nas paredes... Agarrou a mão de Sesshoumaru-Sama e correu para o caminho da direita.

O que...? O que era aquilo? perguntou ofegante apoiando as mãos nos joelhos e curvando-se para frente algum tempo depois, quando acreditou que já estavam seguros.

—Uma aluna. — Sesshoumaru-Sama respondeu da forma mais simplista possível.

Pelo canto dos olhos Rin o olhou de forma irritada, em seu ambiente natural Sesshoumaru-Sama era uma criatura extremamente sarcástica e fria, fora dele então ele tornava-se, praticamente, insuportável.

Será que era pecado pensar assim do pai?

—Eu sei que era uma aluna. — respondeu, porque não queria que ele pensasse que ela tinha se esquecido de novo que tudo ali era falso, bem, ela tinha se esquecido sim, só um pouquinho, mas ele não precisava saber — Me refiro à lenda, Sango-chan disse que muito do que está aqui dentro se refere a alguma lenda do Japão e do mundo.

—Hum... — Sesshoumaru-Sama pareceu pensar sobre aquilo e, por um segundo, Rin realmente achou que ele responderia algo a sério. — Não sei que lenda era aquela então, mas com certeza era um bom exemplo do por que muitas pessoas não querem ter filhos: eles acabam com a gente. — Rin virou-se, pronta a chutar a canela do pai por dizer algo tão horrível como aquilo sobre filhos, antes dele continuar: — Foi o que Kagura me disse uma vez.

Rin ergueu os olhos.

 —Kagura? — repetiu — A Mangaká que escreve “A mestra dos Ventos” e que você namorou?

Sesshoumaru-Sama confirmou.

—Nós dois tínhamos isso em comum: Não queremos filhos. — comentou — Ela dizia que ter filhos ocuparia na vida dela um tempo do qual ela não dispõe, sua paixão é desenhar e ela não irá abrir mão disso por nada, nem que ela tenha que injetar café na veias para conseguir cumprir seus prazos.

—E... E o senhor? — atreveu-se a perguntar — Também não quer ter filhos por causa de sua carreira?

Sesshoumaru-Sama sentou-se no chão, provavelmente cansando de tanto andar em círculos por ai, dobrando as pernas e apoiando os antebraços sobre os joelhos.

—Não sou como Kagura, geralmente uma das coisas da qual mais disponho é tempo, não sei quanto aos outros escritores, mas eu não consigo estabelecer um horário ou um ritmo fixo para escrever, eu simplesmente escrevo quando me vem a inspiração para isso, mesmo que tudo o que eu tenha a mão seja um guardanapo e uma caneta.

Rin aproximou-se.

—Então qual o problema? — colocou as mãos nos quadris — Por que não aceita que sou sua filha?

Sesshoumaru-Sama olhou para o chão umedecendo os lábios com a língua.

—Não ter filhos foi simplesmente uma escolha que fiz, não há nenhuma razão especial para isso, eu acho, eu só nunca quis e nem quero, ser pai, assim como Kagura também: mesmo se não fosse por sua carreira, ela não gostaria de ser mãe, essa foi sua escolha. Mas claro, embora nossa escolha tenha sido a mesma, por ser mulher, a sociedade julga muito mais a ela do que a mim. — e então a olhou — E eu não aceito que sou seu pai porque é a verdade: Eu não sou seu pai Rin.

Ele tirou a carteira de cigarros do bolso e pegou um para si, os punhos de Rin fecharam-se, seu sangue ferveu.

—Mariko disse...!

—Não sei por que Mariko te disse uma coisa dessas, mas eu não sou seu pai. — ele a interrompeu, virando o rosto para o outro lado enquanto ascendia o cigarro com um isqueiro, e então Rin ouviu algo que, com alguma imaginação, poderia muito bem ser um principio de um leve riso, como se ele houvesse acabado de se lembrar de algo bom — Já Mariko era de uma espécie diferente de nós, de Kagura e eu quero dizer, ela gostava de crianças, realmente as amava.

Esquecendo a raiva passageira, Rin sorriu para o pai.

—Mamãe... Sonhava em ser mãe? — perguntou serena.

Seria bom saber que Mariko havia conseguido realizar, pelo menos um de seus sonhos.

Mas, ainda sem encará-la, Sesshoumaru-Sama deu de ombros e soltou a fumaça, o cheiro de cigarro era repugnante, por que ele gostava daquilo?

—Quase. — respondeu — Na verdade ela queria abrir uma creche.

—Uma... Uma creche? — repetiu desconcertada.

—Quando estávamos “juntos”, ou sei lá o que foi aquilo, ela não falava de outra coisa. — tragou o cigarro novamente.

—Mariko nunca teve uma creche. — murmurou.

Rin suspirou virando-se e recomeçando a caminhar, era proibido fumar dentro de terreno escolar, mas ela não se sentia com vontade de repreendê-lo agora, Mariko fora uma jovem de muitos sonhos... Antes dela nascer.

—Eu achei que esse lugar seria mais assustador. — comentou — Estou ficando entediada aqui...

—Jura? — Sesshoumaru-Sama perguntou de detrás dela apagando o cigarro em seu cinzeiro portátil — Essa não seria a minha primeira resposta lá atrás quando você começou a gritar com a garota no poço, e depois quando saiu correndo apavorada porque viu uma colegial vestida de fantasma procurando pelos filhos.

—A-aquilo era só atuação! — exclamou cruzando os braços — Eu só estava entrando na brincadeira, mas eu não estava com medo.

As luzes apagaram-se.

O grito de Rin misturou-se ao de dezenas de adolescentes que estavam espalhados pelo labirinto, sem enxergar absolutamente nada ela virou-se e voltou correndo até tropeçar em algo no chão que agarrou seus braços.

Se debatendo para soltar-se ela começou a gritar novamente e as mãos em seus braços a apertaram com mais força.

—Rin! Rin! — chamou a voz de seu pai a centímetros de seu rosto, o cheiro de nicotina ainda era forte. — Pare de gritar garota, sou eu!

Rin parou.

—Papai?

—Não, Sesshoumaru.

—Foi o que eu disse. — afirmou acalmando-se.

—Não. — ele a afastou para trás e a soltou — Você disse “papai”.

—Eu sei o que eu disse.

Logo depois sentiu uma mão apalpar sua bochecha esquerda, que desceu para o pescoço e ombro até achar o braço e descer por ele, quando encontrou sua mão ele a segurou e se ergueu.

—Deve ter acabado a luz. — afirmou Sesshoumaru-Sama — Ótimo, agora mesmo é que nunca sairemos daqui.

—Eu ainda tenho meu celular, se o senhor quiser posso tentar iluminar o caminho com ele. — sugeriu.

—Então faça.

Pequenas luzes vermelhas ascenderam-se ao longo de todo o corredor.

Rin piscou.

—O que é isso?

—A saída eu espero. — Sesshoumaru-Sama respondeu. — Nós, e suponho que várias outras pessoas também, já estamos presos aqui há muito tempo, talvez se seguimos as luzes encontremos a saída.

Mas Sesshoumaru-Sama ficou decepcionado ao chegar ao final do corredor em que estavam e perceber que as luzes continuavam iluminando todas as quatro direções que podiam seguir.

Rin engoliu em seco e segurou um pouco mais firme na mão dele.

—Sesshoumaru-Sama. — chamou — O senhor está com medo?

—Não. — ele respondeu, escolhendo aleatoriamente um dos caminhos para seguir — Acho que há coisas mais assustadoras do que um bando de adolescentes usando fantasias feitas em casa e maquiagens mal feitas.

Mas mesmo que Sesshoumaru-Sama tenha dito isso, Rin não conseguiu deixar de ficar apreensiva com todos os gritos/risadas e passos de pessoas correndo que começou a ouvir no labirinto ao redor deles.

Eles pararam de caminhar alguns minutos depois quando, de repente, um rapaz passou correndo por eles arrastando consigo duas garotas que riam divertidas, embora ele mesmo não estivesse rindo.

Rin puxou a mão de Sesshoumaru-Sama.

—Eu não quero ir por esse lado! — recusou-se, pois estavam indo exatamente pela direção da qual os adolescentes haviam vindo.

—Por que não? — ele questionou. — Está com medo?

—Eu não! — respondeu enchendo-se de uma coragem que não sentia — Eu... Só acho que a saída não é por ali. Só isso.

Sesshoumaru-Sama a olhou por alguns segundos, e mesmo que ele não tivesse acreditado nela, ele também estava perdido, então apenas encolheu os ombros e virou-se.

Para dar de cara com o palhaço.

—Ah! — Rin exclamou saltando para trás.

Mas não foi parar muito longe porque sua mão ainda estava presa à de Sesshoumaru-Sama.

—Oi. — o palhaço deu um sorriso que estava mais para macabro do que para alegre.

Rin engoliu em seco, as luzes vermelhas faziam sua peruca vermelha parecer feita de fogo, e davam um aspecto muito mais sombrio ao nariz de plástico e a maquiagem em volta da boca, ambos vermelhos, isso sem falar do destaque especial que elas davam às várias manchas de sangue em suas roupas e no facão que ele segurava na mão direita.

—O-oi. — gaguejou.

Os olhos do palhaço focaram-se nela.

—Que linda garotinha nós temos aqui... — disse aproximando-se um passo — Você tem nome?

Rin acenou afirmativa com a cabeça, mas ao invés de responder preferiu se esconder atrás do pai.

—O nome dela é Rin e estamos procurando a saída. — seu pai respondeu sem rodeios.

—A saída é? — repetiu o palhaço com o olhar fixo nela — Então venham comigo, eu a mostro para vocês.

Sesshoumaru-Sama concordou e deu um passo a frente para segui-lo, mas Rin o puxou de volta,

—Não podemos ir com ele! — chiou.

—Por que não?

Estava na cara que ele não via muitos filmes de terror.

—Como assim “por que não?”?! — exasperou-se — Porque ele parece um personagem saído diretamente de um dos livros de Stephen King!

—Essa possivelmente é a intenção. — Sesshoumaru-Sama olhou-a sem se preocupar muito com aquilo. — Um bando de colegiais com fantasias feitas em casa e maquiagens mal feitas, lembra?

Em desespero Rin agarrou a mão dele com a outra mão também e balançou a cabeça fortemente.

—Mas e se não for? — agoniou-se — E se, na verdade, ele for um psicopata se aproveitando de todas as pessoas fantasiadas aqui para se infiltrar, e aquilo não for sangue falso? Nossos corpos esquartejados estarão no jornal das seis!

—Que tipo de coisa sua mãe te deixava assistir? — agora ele a estava olhando estranho.

—Isso não vem ao caso! — respondeu.

Até porque não era o que Rin assistia quando sua mãe estava em casa que tinha importância, e sim o que ela assistia quando a mãe ficava trabalhando até tarde da noite — o que era quase sempre — seus avós nunca a impediam porque eles sempre iam dormir cedo.

Sesshoumaru-Sama girou os olhos.

—Eu não tenho tempo nem paciência para suas besteiras agora Rin, estou cansado, com fome e com sede e quero ir para casa. — e içou-a do chão para pô-la debaixo do braço.

Mas quando se viraram o palhaço já haviam sumido.

—Rin! —Sesshoumaru-Sama grunhiu. — Ele era nossa chance de sair daqui!

—Sim, em sacos plásticos pretos gigantes! — Rin cruzou os braços.

Do ângulo em que estava ela não conseguia ter absoluta certeza, mas parecia que ele tinha girado os olhos e, sem dizer nada, continuou caminhando sem rumo até que foram parar em outro beco sem saída.

—Que surpresa! — o ouviu resmungar.

De repente algo agarrou o pé de Rin, ela gritou e tentou puxá-lo, mas a coisa não a soltou, e quase em desespero Rin começou a sacudir as pernas, levando Sesshoumaru-Sama a quase deixá-la cair, e abraçou, da melhor forma possível na posição em que estava, a cintura de Sesshoumaru-Sama, até que finalmente conseguiu chutar a mão que agarrara seu tornozelo fazendo-a soltá-la.

Sesshoumaru-Sama soltou algum tipo de palavrão e virou-se.

Atrás deles postava-se um homem usando algum tipo de armadura antiga — mas sem dúvida não era japonesa! — e sandálias que se amarravam às panturrilhas.

No lugar da cabeça havia uma cabeça de touro.

O homem touro atacou, Rin gritou, mas Sesshoumaru-Sama segurou seu pulso.

—Pare com isso! — ordenou.

O homem touro livrou-se saltando para trás, virou-se e fugiu correndo.

—Você o derrotou! — Rin arregalou os olhos. — Sesshoumaru-Sama, você é o maior!

—Rin, quantas vezes vou ter que te explicar? — ele reclamou saindo do beco sem saída — São apenas colegiais querendo nos assustar, assim que eles conseguem isso eles vão embora para procurar por outra vítima.

—Mas o senhor não se assustou. — pontuou.

—Mas você sim, e até gritou, então ele foi embora.

Enquanto Rin corava em baixo do braço de Sesshoumaru-Sama, ele parou olhando de um lado para o outro numa encruzilhada, escolheu o caminho da esquerda e seguiu, a certo ponto quase a derrubou quando tropeçou, novamente, em outro “crânio” jogado pelo chão.

—O que você está fazendo? — ele perguntou-lhe depois de algum tempo.

—Mandando uma mensagem para o tio Inuyasha e os outros. — respondeu já acostumada em estar sendo carregada como um saco de batatas — Avisando que não conseguimos sair daqui.

—Não conseguem sair? — perguntou alguém vindo pelo corredor — Então estão perdidos, é isso?

Sesshoumaru-Sama parou, e Rin ergueu os olhos do celular, alguém vinha dobrando o corredor.

Era provavelmente um garoto, mas tinha cabelos muito longos que lhe caiam sobre o rosto enquanto ele aproximava-se de cabeça baixa, estava descalço e nu da cintura para, vestindo apenas uma calça que parecia feita de pele, e nos dedos haviam longas garras negras.

—Estamos. — Sesshoumaru-Sama respondeu — E você quem seria?

A criatura ergueu a cabeça e sorriu aproximando-se, seu sorriso se estendia de uma orelha a outra, literalmente, havia sido pintado assim.

—Eu sou o Mahaha — respondeu sombriamente. — Eu sou um monstro das frias terras árticas que sorri enquanto tortura e mata suas vítimas... Principalmente criancinhas desobedientes.

Rin tinha certeza que ele estava inventando essa última parte.

—Ah, é isso? — ela cruzou os braços tentando parecer confiante, não podia parecer assustada na frente de Sesshoumaru-Sama de novo — Então eu não tenho com o que me preocupar, porque eu sempre fui...

Mas, quando menos esperava, seu pai a tirou de debaixo do braço e a estendeu para o monstro gelado.

—Toma. — ele ofereceu — Pode levar.

—Ei! — Rin esperneou — Como assim? Eu nunca fui uma menina má!

—Claro que não. — ainda a segurando no ar ele a virou para si — Porque fugir da casa dos avós para ir morar com um completo estranho é coisa que só uma boa garotinha faria.

—Isso foi diferente, você é meu pai! — defendeu-se.

—Que eu seja ou não o seu pai, ainda lhe era um completo estranho.

—Mas é diferente! — insistiu — Não é verdade Senhor Mahaha?

Só que quando olhou por cima do ombro o monstro já tinha desaparecido.

Rin piscou.

—Onde ele foi?

—Procurar alguém menos complicado de assustar, com certeza. — Sesshoumaru-Sama respondeu finalmente a colocando no chão. — Para onde agora?

Ela olhou de um lado para o outro, pegou a mão do pai e seguiu reto.

Rin achou que se continuasse seguindo reto iria, alguma hora, chegar à saída, mas, como já era de se esperar, só acabou em mais um beco sem saída dez minutos depois, suspirou e já estava fazendo o caminho de volta quando, de repente, um trio de garotas passou correndo pelo corredor de onde haviam vindo gritando algo como “que nojo!”.

Rin e Sesshoumaru-Sama olharam curiosos para a direção da qual elas haviam vindo.

—O que será que elas viram? — perguntou.

Um “Argh!” foi ouvido vindo daquela direção e um garoto tropeçou para fora de um corredor caindo de bunda no chão e olhando com raiva para o corredor de onde tinha vindo.

—Qual é cara! — reclamou se levantando e saindo na direção oposta a qual as meninas tinham seguido.

Rin viu Sesshoumaru-Sama franzir o cenho.

Oh-oh.

—Não! — disse imediatamente — Não vamos até lá ver o que está acontecendo! — só que ele já estava indo — Sesshoumaru-Sama o senhor realmente não vê filmes?! — reclamou correndo atrás deles — Quando se vê pessoas gritando e fugindo de alguma coisa, nós não vamos até lá ver o que é nós fugimos juntos!  Sesshoumaru-Sama!

Ele fez que nem a ouvi.

Rin agarrou sua mão no momento em que viraram no tal corredor... Mas ele estava vazio.

Ela inclinou a cabeça de lado.

—Afinal, o que é que tinha aqui? — perguntou-se confusa.

—Seja o que for já se foi. — Sesshoumaru-Sama encolheu os ombros, entrando naquele corredor.

Ela concordou seguindo-o, mas mal havia dado cinco passos e algo puxou seus cabelos, gritou surpresa levando a mão à cabeça, mas quando se virou não havia nada ali.

Sesshoumaru-Sama a olhou.

—O que houve?

—Algo puxou meu cabelo. — respondeu tentando encontrar quem tinha feito aquilo.

Ele também procurou.

—Seu cabelo deve só ter engatado em alguma coisa. — sugeriu quando também não encontrou nada.

Mas Rin balançou a cabeça.

—Algo puxou o meu cabelo! — reafirmou com absoluta certeza.

Rin viu seu pai observar atentamente o corredor pelo qual eles haviam passado, mas ele era exatamente igual a todos os outros pelos quais havia passado antes.

—Não tem nada aqui. — disse por fim — Você apenas imaginou, vamos embora.

—Mas...!

Sesshoumaru-Sama colocou uma mão em seu ombro e levou um indicador aos lábios.

Rin franziu o cenho, mas o seguiu quando ele virou o corredor.

Mas mal havia dado dois passos e Sesshoumaru-Sama virou-se para ela, abaixou-se para se por a sua altura e, colocando as mãos em seus ombros, puxou-a para perto, para falar em seu ouvido:

—De que lado veio o puxão de cabelo?

Ela afastou-se uns centímetros para olhá-lo nos olhos e, sem entender o que ele pretendia, ergueu a mão e tocou o lado esquerdo da cabeça, concordando com um aceno Sesshoumaru-Sama voltou a trazê-la para perto para poder falar-lhe ao ouvido:

—Eu vou levantá-la, e você será meus olhos.

— Como? — sussurrou de volta.

—Você tenta abrir uma fresta entre o teto de tecido e a parede de cartolina com papelão para tentar ver o que está acontecendo. — ele explicou — De acordo?

—De acordo.

Pondo as mãos debaixo de suas axilas Sesshoumaru-Sama a ergueu no ar e acima da cabeça, Rin fez o possível não fazer nenhum som e, principalmente, conter-se para não mandá-lo fechar os olhos, mas quando o olhou por cima do ombro viu que não era necessário, pois Sesshoumaru-Sama tinha os olhos fixos no chão.

Acenando com aprovação ela virou-se novamente, para se encarregar do trabalho que ele lhe havia designado: ser os olhos dele.

Muito cuidadosamente ela enfiou as pequenas mãozinhas por entre o tecido e o papelão afastando um do outro para poder espiar por ali.

Ali dentro havia uma pequena saleta de, talvez, dois metros e meio de comprimento por um de largura, e dentro dessa saleta estava um garoto com uniforme escolar sentado em uma cadeira parecendo, da mesma forma que ela, espiar por alguma fresta na parede a sua frente, que ia dar justamente no corredor pelo qual eles tinham passado.

Porém não conseguiu conter a exclamação surpresa quando reconheceu o garoto sentado ali dentro:

—Miroku-kun!

Lá dentro Miroku levantou-se surpreso ao ouvir a voz dela, olhando espantado para todos os cantos, mas o fez tão depressa que acabou derrubando a cadeira.

Sesshoumaru-Sama baixou-a de volta para a altura de seu peito.

—Tem alguém aí, não tem? — perguntou olhando fixamente para a parede à sua frente, ouvindo, assim como ela, os resmungos de Miroku-kun lá dentro e a cadeira sendo arrastada para ser colocada de pé.

Rin confirmou.

—É Miroku-kun. — revelou.

Sem demonstrar qualquer traço de surpresa, e ainda a carregando nos braços, Sesshoumaru-Sama voltou ao corredor do qual eles haviam acabado de sair e parou, mais ou menos, no mesmo ponto onde ela havia sentido o puxão de cabelo.

Na idade dela era um pouco constrangedor ser carregada com uma criancinha pequena, mas Rin ignorou isso e passou os braços ao redor do pescoço de Sesshoumaru-Sama, ela afinal não tivera a chance de estar no colo dele quando ainda tinha idade para isso.

—Miroku. — chamou — Saia daí. — Por longos segundos tudo ficou em silêncio, como se Miroku-kun quisesse fingir que não estava ali, Sesshoumaru-Sama suspirou e voltou a falar: — Nós sabemos que você está ai, Rin o viu por cima da parede falsa.

Houve então mais alguns segundo de silêncio, até que, quase imperceptivelmente, uma parte da parede escura começou a deslizar lenta e silenciosamente para o lado, e continuou a deslizar até que um vão, do tamanho de uma porta, se abrisse ali e revelasse um Miroku-kun com um uniforme escolar, e estranhas luvas de lã negra olhando para eles com um sorriso sem jeito.

Tirando os braços do pescoço de Sesshoumaru-Sama Rin cruzou os braços para Miroku-kun.

—Bem. — ele levou uma das mãos enluvadas à nuca — Parece que fui apanhado.

—Mas afinal o que você está fazendo? — Sesshoumaru-Sama perguntou arqueando uma sobrancelha.

—Trabalhando no labirinto do terror.

—E o que você é, algum tipo de fantasma da parede? — ironizou Sesshoumaru-Sama. — Onde está sua fantasia?

Miroku-kun olhou de um lado para o outro, havia vozes por todo o labirinto, mas eram tantas que não se podia saber se estavam indo ou vindo, por fim virou-se para eles.

—Vamos. — sussurrou. — Entre aqui, eu explico.

Sesshoumaru-Sama girou os olhos e soltou um suspiro exageradamente alto, mas por fim acabou entrando, parecia ter se esquecido de que ainda a tinha no colo.

Miroku-kun fechou a passagem atrás deles, e virou-se.

—Eu sou um espírito caseiro típico da Escócia! — disse antes de qualquer coisa.

Rin piscou surpresa.

—Você é o que?!

—Um espírito caseiro típico da Escócia. — repetiu só que dessa vez mais devagar — Isso é o que eu estou representando hoje no labirinto.

—Estamos ouvindo. — afirmou Sesshoumaru-Sama e, para infelicidade de Rin, a colocou no chão.

Miroku-kun voltou a passar uma das mãos enluvadas pela nuca.

—Na Escócia costuma-se acreditar num tipo muito comum de espírito que habita alguns lares.

—Como um Zashiki-Warashi? — Rin sugeriu.

—Quase. — Miroku-kun encolheu os ombros — Só que esse espírito escocês não está lá para cuidar nem dar boa sorte a ninguém, na verdade o que ele mais gosta de fazer é atrapalhar o sono dos moradores da casa na qual se instala, ele é invisível e ronda as camas e costuma puxar orelhas e cobertores.

—E cabelos? — Rin cruzou os braços.

—Na verdade isso foi um improviso meu. — Miroku-kun admitiu com um sorrisinho amarelo — Mas ele também gosta de passar suas mãos suadas na vítima para acordá-la, é por isso que estou usando essas luvas, para deixar minhas mãos bem suadas.

Rin contraiu o rosto.

—Que nojo!

—Foi por isso que aquelas garotas saíram correndo. — concluiu Sesshoumaru-Sama.

—Foi. — concordou Miroku-kun.

—Mas acontece que você não está atrapalhando o sono de ninguém aqui Miroku-kun. — Rin observou.

Novamente Miroku-kun limitou-se a encolher os ombros.

—Quanto a isso é que nós não podíamos simplesmente colocar uma cama aqui e esperar que alguém caísse no sono em pleno labirinto do terror.

—É verdade. — Rin concordou pensativa.

—Então você se enfiou em uma parede falsa e esperou os desavisados passarem para poder assustá-los dando uma de espírito invisível? — Sesshoumaru-Sama perguntou, num tom que sugeria que tudo aquilo era muito estúpido. — Um espírito que gosta de passar a mão nos outros, aposto que, como o bom pervertido que é você está adorando esse papel... Até posso imaginar onde você está colocando essas mãos.

—Não estou fazendo nada inapropriado, eu puxo orelhas, e às vezes até roupas e cabelos, eu já cheguei até a empurrar alguém também. — Miroku-kun defendeu-se.

—Sei, empurrando os homens, puxando as orelhas e cabelos dos homens e garotinhas, e levantando as saias das garotas é o que você quer dizer. — Sesshoumaru-Sama o acusou.

Rin olhou chocada para Miroku-kun sem conseguir acreditar que ele realmente fazia aquele tipo de coisa como passar a mão nas meninas e levantar suas saias.

—Puxei algumas saias, só uma puxãozinho, não olhei debaixo de nenhuma! — ele defendeu-se.

—Me pergunto. — continuou Sesshoumaru-Sama — O que vai fazer certa vizinha minha quando eu contar a ela de que maneira você está se aproveitando de seu papel.

—Eu já disse que não estou...!

—Essa será a minha versão. — Sesshoumaru-Sama deu de ombros.

Mesmo que só suas mãos devessem suar uma gota de suor escorreu pela lateral do rosto de Miroku-kun.

—O que você quer?

Sesshoumaru-Sama foi categórico:

—Uma saída.

Miroku-kun piscou sem entender.

—Como foi que disse?

—Eu quero saber como fazemos para sair daqui. — Sesshoumaru-Sama explicou — Estamos perambulando por esse maldito labirinto há horas e nada, me diga como saímos daqui.

—E... Se eu disser você não vá contar histórias para a Sangozinha?

Sesshoumaru-Sama encolheu os ombros.

—Não. De qualquer forma o que vocês fazem ou deixam de fazer não é da minha conta.

—Então tudo bem. — Miroku-kun rendeu-se com um suspiro, tirando o celular no bolso — Todos nós recebemos por mensagem esses mapa do labirinto, deixa que eu envio para o celular de um de vocês.

Imediatamente Sesshoumaru-Sama colocou a mão no bolso e entregou seu celular para Miroku-kun.

Alguns minutos depois estavam os dois saindo de dentro da parede falsa de Miroku-kun, agora em posse de um mapa do labirinto no celular de Sesshoumaru-Sama, quando Rin lembrou-se de algo.

—Miroku-kun! — chamou virando-se, antes que ele pudesse fechar a parede novamente.

—O que?

—Esse espírito escocês. — disse — Como ele se chama?

Miroku-kun sorriu.

—Isso eu não posso te contar Rin-chan.

—Por que não?

Miroku-kun olhou de um lado para o outro antes de inclinar-se para frente e sussurrar para ela

—Porque se seu nome for dito ele nunca mais irá embora.

E então a parede deslizou e fechou-se.

—Claro que sim. — Sesshoumaru-Sama estalou a língua de forma descrente — Ele na verdade deve ter esquecido o nome da criatura. — Rin inclinou a cabeça de lado, tratando-se de Miroku-kun isso parecia bem possível. — Vamos. — Sesshoumaru-Sama pegou sua mão e a puxou junto consigo — Nós ainda temos que sair daqui.

Fazia apenas uns dois minutos que eles estavam seguindo o mapa de Miroku-kun quando encontraram a mulher de branco.

Foi algo que aconteceu do nada, eles tinham acabado de fazer uma curva à esquerda quando, de repente, ela surgiu e saltou sobre Sesshoumaru-Sama, no susto Rin pulou para trás — mas, como foi com o palhaço, não foi muito longe porque sua mão ainda estava presa a de seu pai — Sesshoumaru-Sama, porém, não teve nenhuma reação.

—Por favor. — sussurrou a mulher encostando o topo da cabeça ao tórax de Sesshoumaru-Sama, com as mãos firmemente agarradas aos seus ombros — Por favor... Me leve para casa... — implorou ainda sussurrante — Eu só quero ir para casa.

Sesshoumaru-Sama nem deu atenção a ela, estava com os olhos fixos na tela do celular por cima dos ombros dela.

—Saia do caminho. — ordenou a afastando com o braço e seguindo em frente sem uma segunda olhada.

Rin, no entanto, acabou por olhar para trás depois que eles passaram por ela, e deu um sorriso compadecido.

—Nós também estamos tentando voltar para casa. — explicou.

Sesshoumaru-Sama a puxou de lado.

—Rin. — disse — Não fale com eles, ou nunca te deixarão em paz.

Rin o olhou de canto, Sesshoumaru-Sama até podia dizer isso, mas ela só gostaria de lembrar que era ele é que havia parado para pedir informações a um palhaço homicida e não ela.

Mesmo assim Rin não conseguiu deixar de olhar para trás até dobrarem na próxima esquina e ela perder a garota de branco de vista, Sesshoumaru-Sama não havia percebido isso porque nem sequer dera àquela garota a chance de erguer o rosto, mas ela parecia realmente ter se esforçado naquela maquiagem que transformava metade de seu rosto em uma caveira.

Será que ela não havia ficado chateada com a desconsideração dele?               

A maquiagem dela estava realmente bem feita...

—Ei Sesshoumaru-Sama. — chamou — Por que você nunca tenta ser gentil?

Sesshoumaru-Sama parou de caminhar.

—Gentil? — repetiu

Era como se ele nunca tivesse ouvido aquela palavra.

Pensando bem, Mariko já havia falado muito de Sesshoumaru-Sama, mas nunca o chamara... De gentil.

—O senhor... — hesitou — Sabe o que é uma pessoa gentil, não é?

—Que coisas estranhas são essas que você está falando agora Rin? — lentamente ele abaixou a mão que segurava o celular com o mapa e virou-se para ela — Por acaso deu tantas voltas nesse labirinto que ficou tonta? — Não. Ele definitivamente não sabia ser um homem gentil. — De qualquer forma... — Sesshoumaru-Sama rapidamente deixou de prestar atenção nela e voltou a observar o mapa em seu celular — Já estamos quase no final do labirinto, se seguirmos em frente e dobrarmos na terceira curva a direita e depois...

Quase sem perceber Rin apertou sua mão com um pouco mais de força.

—Todos se esforçaram muito para construir o labirinto do terror. — ouviu-se dizer — E também para se fantasiarem e entrarem nos personagens, mas o senhor não dá a mínima para isso.

Quando ergueu os olhos Sesshoumaru-Sama a estava olhando novamente.

—Estou procurando a saída, supõe-se que seja isso que as pessoas fazem em um labirinto. — afirmou. — Acho que estou seguindo com o propósito do jogo.

Rin balançou a cabeça e puxou a mão.

—O objetivo... Do festival cultural, é mostrar aos alunos a importância do trabalho em equipe e também fazer com que as pessoas se divirtam.

Era isso que Mariko sempre dizia a ela.

Mariko amava os festivais culturais.

—O objetivo de festivais culturais como esse. — ele lhe deu as costas e começou a se afastar, pouco se importando se ela o seguia ou não — É obrigar os alunos a interagir, fazerem-nos trabalharem de graça, mais do que já trabalham, e lhes mostrar o espírito da competição, as pessoas convidadas são meramente o meio de arrecadar fundos.

Ela não sabia se era de propósito, mas Sesshoumaru-Sama estava começando a fazê-la chorar.

Com raiva enxugou as lágrimas no antebraço.

—Pare. — soluçou.

Seu pai se aproximou.

—Você está chorando?

Rin recuou.

—Por toda a minha vida... — disse por entre os dentes — Eu o conheci e sonhei com você através dos olhos de Mariko, eu vi as outras crianças com seus pais me virarem as costas porque eu não tinha um. Eu tive uma mãe, e ela era a melhor pessoa do mundo, ela era minha heroína, mas eu queria ter um pai... E agora eu tenho um, só que não tenho mais mãe. — o olhou furiosa — Você não pode ser um pouco mais sensível, e ao menos fingir, só por uns minutos, que gosta de estar comigo? Eu quero ter minhas próprias boas memórias de meu pai, e não só as que mamãe me deu, mesmo que elas sejam falsas!

Sesshoumaru-Sama não precisava amá-la, nem sequer gostar dela de verdade, para Rin bastaria se ele ao menos fingisse isso por um dia, ou até mesmo por algumas horas, céus, estava tão desesperada que até alguns minutos de seu carinho lhe bastariam.

Ele podia ter compreendido ao menos aquilo.

Mas não, porque aquele homem não tinha coração, então, ao invés de passar a mão em sua cabeça e lhe dizer que ficaria tudo bem — mesmo que não fosse ficar — ele virou-lhe as costas e disse:

—Eu vim até aqui com você e lhe comprei doces. — a olhou por cima do ombro — Dê-se por satisfeita com isso.

Os punhos de Rin fecharam-se apertados.

—Sesshoumaru-Sama... — sibilou por entre os dentes. — Idiota.

Sesshoumaru-Sama parou onde estava.

—O que você disse?

—Eu disse. — ela ergueu os olhos, vermelhos e furiosos — Sesshoumaru-Sama idiota!

Gritou com todas as forças de seus pulmões e, antes que ele pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, fugiu passando correndo por ele.


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Notas finais do capítulo

Crianças são complicadas e nem sempre é fácil cuidar delas, elas podem ser emotivas e difíceis de compreender, choram, riem e deixam você perdido, mas coitadinha da Rin, bem que o Sesshoumaru podia ser mais gentil, não é?
E para aqueles que gostam de folclore e cultura japonesa eu tenho uma nova história recheada dessas coisas: https://fanfiction.com.br/historia/776602/A_Lenda_da_Raposa_de_Higanbana



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