O Olho de Jade escrita por xPrimrose


Capítulo 15
Eve




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Por Shae, as duas sairiam correndo do museu e iriam direto para as montanhas, mas Eve havia conseguido convencê-la de que era melhor parar para almoçar primeiro.

Elas compraram frango no primeiro restaurante que viram e, depois de terminarem a refeição, seguiram para o Leste.

Eve não disse nada, mas estava preocupada de o dinheiro acabar muito cedo. Depois de sua viagem, ela própria não tinha muita coisa e mesmo juntando com as economias de Shae, ela sabia que não duraria muito tempo. Elas precisavam conseguir pagar por moradia e alimentação por mais alguns dias e, depois, ainda conseguir dinheiro para chegar ao Primeiro Reino, estava obvio que não tinham o suficiente. Shae não parecia nem um pouco preocupada com isso.

— Estou tão ansiosa. Se conseguirmos pegar a espada hoje...

— Eu sinto que isso está parecendo tão fácil. — Eve estava incomodada com isso fazia algum tempo, parecia que algo estava errado. — Por que Stev contaria para nós a localização da espada? Se ele sabia não era melhor pegar para si mesmo?

Shae, que estava alguns passos na frente, parou para esperar Eve.

— Stev parece ser um medroso. Você não ouviu o que ele disse? Que não era uma boa ideia pegar a espada? Ele acredita que ela está com um desequilíbrio ou algo assim.

— E se ele estiver certo? — Agora elas andavam lado a lado. — Artefatos mágicos podem ser frágeis, eu já disse. E se Stev está certo esse existe há centenas de anos, pode estar desgastado. Se esses espíritos fugirem...

— Não seja pessimista. Tudo vai dar certo, a não ser que você fique nos agourando desse jeito.

Eve observou a garota, era mais alta e tinha um corpo muito mais bem desenvolvido que o seu. Os cabelos completamente lisos já estavam escapando do coque. As vezes não sabia o que achar daquele otimismo de Shae, para ela tudo sempre daria certo. Eve achava aquilo incrível, classificaria até mesmo como atraente, apesar de ser algo descuidado que poderia coloca-las em certas dificuldades.

Mantiveram um ritmo rápido de caminhada e pegaram uma pequena carruagem no centro. Eve se opôs a gastar dinheiro com isso, mas Shae insistiu tanto que ela acabou aceitando. Em poucas horas elas estavam no pé das montanhas Maly.

Se de longe Eve as tinha achado enorme, agora ela não sabia nem como descreve-las. Imensas não parecia o suficiente. Levariam a tarde toda para subir aquilo, ela tinha certeza.

— Não seria melhor voltarmos amanhã de manhã?

— Não, você não vai me convencer disso de novo. — Shae parecia determinada. — Quero subir isso hoje e vamos encontrar essa maldita espada hoje. Não aceito voltar para casa antes de olhar cada uma dessas cavernas.

Eve suspirou, mas começou a seguir a menina pela trilha.

Mais uma vez ela se arrependeu por ter aceitado ajudar Shae em seu plano de vingança. Não estavam subindo a montanha há vinte minutos e ela já sentia suas botas apertando seus pés. Com uma hora de caminhada todo o seu corpo doía, elas já haviam bebido toda a água que levavam e agora sofriam com a boca seca.

Passaram pela abertura de várias cavernas, mas Shae sempre dizia que ainda não era aquela. Antes de começarem a subir, ela havia olhado bem qual era a caverna que Stev havia mencionado e Eve nem mesmo pensara em se certificar, deixou que Shae tomasse conta de tudo.

— Vamos continuar — Shae chamou Eve. — Você está ficando para trás.

Apesar de parecer cansada, Shae não desanimava. E Eve não fazia a menor ideia de como ela mantinha esse ritmo, ela mesma queria se jogar no chão e permanecer ali até o dia seguinte, mas pensou que deveria ser a vontade de vingar o pai.

Pela primeira vez se colocou no lugar de Shae, se alguém tivesse feito algo com qualquer um de sua família, até mesmo com sua mãe, ela cruzaria os Quatro Reinos, enfrentaria Cersey e suas irmãs, participaria de uma competição de arco e flecha contra Omir ou o que fosse, mas conseguiria sua vingança.

Esse pensamento deu força para que continuasse por mais um tempo. Shae era atormentada pela morte do irmão e do pai, Eve sabia disso, ela podia morrer tentando tomar o trono, mas tinha certeza que se morresse após consegui-lo conseguiria descansar em paz.

— Estou indo, estou bem atrás de você. Continue, eu te alcanço — gritou.

Após algum tempo pararam para descansar. Mesmo Shae, com toda sua energia, não era feita de ferro. Comeram algumas maçãs que haviam levado na mochila e o sumo da fruta ajudou a aliviar um pouco a boca seca.

Quando recomeçaram a andar, Eve estava tão cansada e anestesiada que não conseguia pensar em mais nada. Nem mesmo na visão que tivera mais cedo.

 

Shae as levou por pelo menos três cavernas erradas antes de encontrar a certa. No fundo dela, assim como Stev havia dito, havia um buraco no chão que levava para uma segunda caverna, embaixo da primeira.

Eve não queria descer até lá, era difícil, teriam que se pendurar pela borda e tentar se apoiar na parede e, caso não conseguissem, seria uma boa queda. Além disso, não tinha a menor ideia de como poderiam voltar para a primeira caverna depois, mas Shae continuou insistindo.

Foi mais difícil descer do que Eve imaginava. Pular sua janela para se encontrar com Kaylan sempre lhe parecera trabalhoso, mas nem seus anos de prática com isso a ajudaram. Suas mãos ficaram suadas e escorregando, e ela ouvia seu coração batendo acelerado. O medo a preenchia por inteiro, mas não podia desistir, então no fim conseguiu descer ralando apenas um joelho e a palma de uma das mãos.

De alguma forma, Shae teve menos dificuldade.

— Está vazio! — ela reclamou.

— O quê? — Eve não entendeu.

— A caverna, está vazia!

Eve olhou em volta, havia pedras espalhadas por todo o canto, mas apenas isso.

— Claro, você esperava o quê? Um pedestal para a espada?

— Quase isso. — Dava para sentir a frustração de Shae no ar. — Venha, me ajude a procurar.

Eve começou a andar de um canto para outro, olhando atrás de pedras e chutando a terra do chão a procura de algo, estava escuro e ela não tinha muita certeza se veria a espada mesmo que estivesse diante de seus olhos. Perdeu o equilíbrio quando sentiu seu pé tropeçar em algo e por pouco não caiu. Ajoelhou-se no chão e começou a tatear no escuro enquanto apertava os olhos para ver melhor, era uma escada de madeira caída, havia muita terra em cima dela e em alguns pedaços a madeira estava esfarelando, parecia que não era usada há muito tempo.

— Acho que alguém já esteve por aqui, Shae.

— Eu também acho — Shae gritou do outro lado da caverna.

Meio hesitante, Eve foi até o lado da companheira. Ela estava ajoelhada no chão olhando para um buraco que havia sido cavado, era um pouco fundo e tinha o tamanho parecido com o de uma espada.

— Não posso acreditar nisso. Depois de todo o trabalho que tivemos, alguém chegou antes?

Eve não sabia o que dizer, sabia o quão importante isso era para Shae.

— A espada foi retirada há muitos anos, eu acho. A escada utilizada para descer até aqui é a prova, não havia nada que pudéssemos fazer, mesmo que tivéssemos chegado aqui mês passado ainda não conseguiríamos encontrá-la.

— E agora? O que vamos fazer? — Mesmo na pouca claridade que a caverna oferecia, Eve percebeu que a garota morena estava chorando. A abraçou, meio sem jeito.

— Acalme-se, nem tudo está acabado. Ainda podemos encontrá-la, foi apenas nossa primeira tentativa.

— Mas ninguém mais sabe sobre essa espada.

— Ninguém aqui no Quarto Reino sabe sobre o Olho de Jade, e aqui estou eu. — Eve usou o antigo nome que havia recebido quando se tornara oficialmente um oráculo.

— Você está certa. — A outra se soltou do abraço e se levantou. — Vamos usar aquela escada para sair daqui e vamos procurar a espada em outro lugar.

— Não é uma boa ideia usar aquela escada, Shae.

— Você está vendo outra opção?

Realmente, não havia outra opção. Elas levantaram a escada, de alguma forma não estava em uma condição tão ruim assim, ainda assim a mantiveram próxima da parede. Shae subiu primeiro e Eve a seguiu, com o coração na mão. A escada rangia e balançava, dando a sensação de que ela cairia a qualquer momento.

Quando saiu da caverna, percebeu que já estava anoitecendo. O céu escurecera de repente.

A descida pela trilha era muito mais fácil que a subida. Comeram outra maçã na metade do caminho e continuaram descendo. Já estavam próximas ao fim quando Eve começou a se sentir tonta, havia perdido o controle de suas pernas e sua visão escureceu de repente.

 [...]

Um campo de flores, era ali que Eve estava. Não fazia a menor ideia de como tinha chegado naquele lugar. Primeiro pensou que fosse uma visão, mas não parecia isso. Era, de alguma forma, diferente.

Logo uma corça apareceu correndo pelo meio das flores roxas. O animal saltava, se aproximando e se afastando de Eve. Agora tinha uma ideia do que estava acontecendo. Já tinha ouvido histórias de pessoas que encontraram Cersey. Sempre pensara que eram apenas isso, histórias. Mas parecia que havia chegado sua vez.

A corça parou bem na frente de Eve. Encarando-a, ela olhou no fundo dos olhos do animal e por um momento perdeu a percepção do que estava acontecendo ao seu redor, quando conseguiu voltar a se concentrar, havia uma mulher do lado da corça.

Era alta e usava um vestido azul, que combinava perfeitamente com as pedras em sua coroa. O cabelo loiro estava trançado com flores também azuis.

— Eve, minha querida! — Ela sorriu e abriu os braços, como se quisesse abraçá-la, mas Eve não se moveu, não achava que aquele seria um encontro amistoso. — Está zangada comigo?

— Você me condenou a ser perseguida por todo o Segundo Reino e a terminar meus dias louca. Além de não poder mais ver Kaylan. O que você acha? — Ela pretendia não demonstrar suas emoções, mas percebia que já tinha falhado.

— Você prometeu servir a mim e apenas a mim. Prometeu abandonar a companhia dos homens e o que fez? Na primeira oportunidade se deitou com um. Você sabia quais eram as consequências de quebrar seus votos.

— Eu fiz esses votos com doze anos! Era uma criança, não sabia o que queria da vida.

— As crianças são as mais puras, por isso é nessa idade que devem decidir seu futuro. — Sua expressão não havia se alterado nem um pouco.

— Isso é cruel!

— De fato. — Ela acariciou os pelos do animal ao seu lado. — Mas é o preço pelo dom que eu te dei.

— Não é um dom. É uma maldição, você sabe disso. — Eve não conseguia conter sua raiva.

— Chame como quiser, mas ainda assim foi o que te salvou de um destino muito pior.

— Como?

A deusa balançou a cabeça e olhou Eve de cima a baixo.

— Não importa, não sou eu quem deve lhe contar isso. — Sorriu. — Estou orgulhosa de você, Eve. Sempre foi a seguidora que mais me rejeitou, mas sempre foi uma das minhas preferidas. — Seu rosto endureceu por um momento, mas logo o sorriso terno voltou aos seus lábios. — Eu tinha planejado grandes coisas para você, é claro que com sua traição as coisas mudaram um pouco. Ainda assim, você está destinada a grandes coisas.

— Você gostava tanto assim de mim? Então não irei enlouquecer?

— Oh minha querida criança, não é assim que as coisas funcionam. Você me traiu e deve pagar por isso. Mas de todos os meus oráculos você foi uma das que mais sofreu até agora. Sei que as visões com sua amiga não são fáceis. Você acha que não, mas eu estou te ajudando. Estou retardando sua maldição, suas visões não estão tão fortes como deveriam ser, mas não posso fazer isso por muito tempo.

Eve não estava entendendo, suas visões não estavam fortes? Estavam piores do que jamais estiveram. Ainda assim ela acreditava no que Cersey dizia, achava que de veria estar vendo muito mais coisas do que estava.

— Estou fazendo meu melhor para cuidar de você. Acredite em mim quando digo que estou. Mas ao escolher aquele garoto ao invés de mim, você não me deu muitas opções. Não sou um monstro como dizem, posso ser piedosa, às vezes. Sei que você nunca quis me servir e, apesar de você ainda não saber isso, foi a melhor coisa que fez.

Eve estava desnorteada. Cersey a estava ajudando? Como isso era possível? De alguma forma não conseguia desconfiar daquela mulher que estava em sua frente. Por um momento sua imagem tremeluziu e então ela voltou.

— Não posso permanecer aqui por muito mais tempo, meu querido Olho de Jade. Mas tenho alguns avisos para te dar antes de ir, você me promete que vai segui-los?

— Prometo. — Eve não conseguiu se segurar, novamente estava prometendo coisas que não sabia se poderia cumprir.

— Primeiro e mais importante de tudo: Não confie em ninguém! E não deixe Shae confiar também, qualquer um que parecer que quer ajuda-las provavelmente está tramando algo.

 Ela assentiu, nunca confiara muito facilmente nas pessoas, não seria difícil.

— Além disso, não use a Invocadora de Almas. Não há outra forma de vocês alcançarem o que desejam se não for com essa espada, mas deixe que sua amiga a use, não você. Qualquer um que a utilize a espada irá direto para o inferno após sua morte. As próprias almas aprisionadas a levarão para lá. Além disso, devido as suas visões, pode ser demais para você usa-la. NaKagiso, apesar do que a história conta, não era uma vítima. Ela é maligna.

—  Então Shae não deve usa-la também!

Novamente a imagem da deusa tremeluziu.

— Não me interrompa, eu já avisei que não tenho muito tempo. Mas respondendo sua pergunta: Sua amiga terá de usar a espada, se ela quiser vingar o pai, ela terá de usa-la. E, por último, não tente mudar o destino de Shae. Eu sei que é difícil, mas você não conseguirá! Por favor, não tente.

— Então ela vai conseguir vingar a morte do pai e do irmão, mas morrerá para isso? — Eve sabia que ela estava certa, mas ainda tinha esperança de conseguir mudar isso.

A deusa assentiu.

— Isso não é justo! Você pode mudar as coisas.

— Também não é justo que você enlouqueça por ter encontrado o amor. Também não é justo todo o ódio que dirige à sua mãe, mas é exatamente assim que a vida é. E diferente do que você acha, eu não posso mudar o futuro, criança. Eu sou a guardiã do futuro, eu cuido dele, eu o mostro a você, mas não posso muda-lo. Me desculpe.

— Se realmente achasse que não é justo não faria isso comigo! — Eve se sentia uma criança mimada falando desse jeito, mas não encontrava outra forma.

— Não é assim que as coisas funcionam. Tudo possui um preço, suas visões tem um preço e o preço que você tem agora por não o pagar é ainda maior. No fim, foi escolha sua, você sabia as consequências. — Novamente ela sumiu e voltou, dessa vez ficou desaparecida por mais tempo, não havia nem sinal de sua corça. — Não posso ficar mais aqui. Só se lembre de tudo o que eu disse. E não conte para Shae sobre a morte dela, as coisas podem se complicar se você disser isso, ela não vai aceitar muito bem. Eu enviei uma pessoa para ajudá-la. É um dos meus oráculos, você está na casa dela nesse momento. Boa sorte, meu Olho de Jade.

[...]

Os olhos de Eve se abriram.

— Até que enfim você acordou! — Ela ouviu a voz de Shae.

— Vou preparar outro chá. — Uma voz desconhecida disse, se afastando.

— Você estava chorando? — Shae apareceu em seu campo de visão.

Rapidamente Eve passou a mão pelos olhos, tentando limpar as lágrimas em seu rosto.

— Teve outra visão?

— Quase isso. — Ela se sentou. — Onde estamos?

— Essa é a casa de Esmée. Ela é uma vidente, oráculo, não sei. Segue Cersey, assim como você. Ela disse que a deusa mostrou para ela onde estávamos. Eu fiquei um pouco desconfiada, mas estávamos numa montanha e você tinha desmaiado de novo.

— Você pode confiar nela, Cersey me disse.

Os olhos de Shae se arregalaram.

— Você se encontrou com Cersey?

— Sim.

Antes que Shae pudesse dizer algo, uma velha apareceu. Tinha os cabelos presos embaixo de um pano e usava um vestido roxo.

— Seja bem-vinda à minha casa — ela disse entregando uma xícara de chá para Eve. — Eu sou Esmée

— Obrigada. — Agradeceu. O chá era amargo, mas de alguma forma muito bom.

— Como foi sua conversa com Cersey? — Eve não sabia como Esmée sabia disso.

— Ela disse que eu não deveria confiar em ninguém e que você nos ajudaria.

— Eu ainda não entendi por que ela quis que eu te ajudasse, você obviamente a traiu. — Ela apontou para os olhos de Eve.

— Eu também não entendo. — Eve foi sincera, toda sua conversa com Cersey havia sido estranha, ela jamais pensou que depois de tudo a deusa teria qualquer interesse em ajuda-la.

— Ela poderia ter feito o mesmo pela minha irmã, ao invés de apenas jogá-la num canto.

— Como? — Eve não entendeu.

— Venha, vou mostrar.

Eve terminou seu chá e se levantou.

— Eve, acho que você não vai querer ver isso. — Shae colocou a mão em sua frente, impedindo que ela passasse.

— Seria bom se ela visse! — Esmée afirmou.

— Alguma de vocês pode explicar? — Ela começou a ficar irritada, sobre o que elas estavam falando?

— Só não fique muito impressionada com isso. Pode ser chocante, mas não significa nada, não tem nenhuma relação com você!

— Não significa nada... — A velha começou a resmungar enquanto as guiava pela casa.

Saíram do quarto por onde estavam e foram para a cozinha, depois passaram por uma cortina de panos colocada onde deveria ter uma porta e entraram em um outro quarto mal iluminado.

Numa cadeira de balanço havia outra idosa, era muito parecida com Esmée, com suas bochechas grandes e caídas. Uma manta estava colocada em cima de suas pernas e a mulher possuía um olhar vidrado, não parecia ver nada, baba escorria de sua boca quase sem dentes.

— Essa é minha irmã, Sanne. Como você pode ver, nós duas somos gêmeas. Nós duas éramos seguidoras de Cersey, Sanne optou pelo caminho da traição. É assim que ela está agora.

Eve sentiu como se seu coração fosse retorcido. Era assim que passaria o final de seus dias? Olhando para o nada? As lágrimas quentes voltaram a escorrer por sua bochecha, ela não sabia o que dizer. Ela só queria sair dali. Deu meia volta e correu para a cozinha.

Shae foi atrás e colocou a mão no ombro dela, mas esta se afastou.

— Não quero falar sobre isso.

— Eu entendo, mas isso não quer dizer nada, Eve. Nada mesmo! Se Cersey falou com você, mandou alguém para te ajudar talvez ela não faça isso com você.

Eve negou com a cabeça enquanto assoava o nariz na barra da camisa.

— Ela mesma disse que tudo tem um preço e que não iria interferir nisso, ela está retardando o efeito da maldição. Mas no fim dos meus dias eu irei terminar igual San.

— Sanne. — Esmée corrigiu.

— Que seja. — Ela deu de ombros. — Não entendo como ainda pode seguir Cersey depois disso.

— Eu sirvo Cersey exatamente por que não quero que isso aconteça comigo. Se Sanne não tivesse sido amaldiçoada, provavelmente eu teria cometido o mesmo erro. É o destino de quase todos os oráculos.

— Ela me mandou aqui somente para ver sua irmã? — Parecia muito cruel fazer isso, após dizer que se importava com Eve.

— Não. Na verdade, eu sei onde podem encontrar a espada que tanto querem.

— Como? — Mais uma vez Eve limpou as lágrimas. Não iria se render a essas emoções, tinha que ajudar Shae com sua vingança, a própria Cersey havia dito isso.


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