Jacaré Clements escrita por Fye DyoGo


Capítulo 1
Riley Clements




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Riley Clements era um simples garoto de 20 anos. Fazia faculdade de ciência de computação na Faculdade Pública e apesar de não ser um aluno que se destaca dos outros nas notas, ele sempre tirava notas razoáveis o bastante para passar no final do semestre; alguns podem dizer que ele não faz mais do que sua obrigação, outros podem dizer que se ele se esforçasse mais um pouco, poderia se destacar dos demais; mas para ele, se ele fez o melhor de si, isso já era o suficiente, sem se importar se a nota era muito alta ou muito baixa e quando ele fazia as coisas sem sentir que dava o melhor de si, seu esforço parra melhorar praticamente dobrava.

Fazer as coisas sentindo que deu o melhor de si sempre ajudava na autoestima dele. Ele havia se autodiagnosticado como distímico. Distimia, ou depressão leve crônica, consiste em uma série de sintomas que qualquer um poderia facilmente confundir com a famosa depressão: mau humor, insônia ou hipersonia, falta de apetite ou hiperfagia, fadiga, fraca concentração, dentre outros sintomas e Riley sentia tudo isso. Quando ele não sofria com horas sobre a cama sem conseguir dormir, ele dormia 14 horas seguidas. Quando não estava sem vontade de comer, comia dois pratos cheios seguidos.

Apesar disso tudo, as pessoas o viam como uma pessoa alegre. Ele sempre achou que fosse uma daquelas raras ocasiões onde o usuário de depressão tentava constantemente esconder sua insegurança, se recusando a deixar as outras pessoas saberem como ele se sente, para não fazer elas se sentirem mal também. Algo parecido aconteceu com um ator famoso que cometeu suicídio há alguns anos, mas aqueles que viram Riley crescer, sempre dizem que ele é uma pessoa totalmente diferente de quando ele era uma criança e isso é verdade. Quando criança, ele era totalmente extrovertido, capaz de fazer amizade com qualquer pessoa, até quem botava ele para trás, aquelas crianças que só conseguiam se sentir bem fazendo outra pessoa se sentir mal.

Talvez por conta disso, hoje ele é a pessoa que é, quase que incapaz de confiar nas pessoas. Anos tentando agradar pessoas que sempre o desprezavam, fez dele uma pessoa fria. O interessante do bullying é que as pessoas sempre compartilham histórias nas redes sociais de pessoas que superaram e que foram capazes de perdoar o bully, mas o que as cortinas dessas histórias escondem são pessoas completamente inseguras, exatamente como Riley: Perdoar, sim. Esquecer, nunca. Por isso pessoas que sofreram bullying quando crianças geralmente se tornam adultos introvertidos e que tem dificuldade de fazer amizades ou de participar de qualquer atividade social. Mas isso foi apenas uma conclusão que Riley tirou de algumas pesquisas na internet, ele não poderia ter certeza, pois não era especialista no assunto, mas ele sentia-se exatamente dessa forma.

Agora, você pode estar olhando a história desse garoto introvertido e pensar que ele tem traços de sociopatia, ou até mesmo de psicopatia. Esse é o problema das pessoas, elas sempre julgam antecipadamente e depois que conhecem bem as pessoas, elas se sentem completamente arrependidas. Riley não gostava de se arrepender. Se arrepender de algo significa que você cometeu um erro, talvez até um erro grave e cometer erros graves fazia ele se sentir um lixo. Em outras palavras, sua autoestima baixava.

Riley não gostava de julgar por dois motivos bem simples. Primeiro, ele evitava se arrepender, como já foi dito nos parágrafos acima. Segundo, ele passou a vida inteira sendo julgado. O negócio de ser julgado demais, é que as pessoas acham que isso vai fazer a pessoa se tornar alguém melhor. “Ele vai perceber que está fazendo algo de errado e vai tentar fazer o certo da próxima vez” é o que as pessoas pensam, mas quando você se sente uma pessoa muito julgada, você se torna alguém paranoico.

No caso dele, Riley se tornou alguém tão paranoico a ponto de evitar fazer coisas simples na frente dos outros como, por exemplo, coçar o nariz. “As pessoas podem achar que eu estou tirando ranho e vão me julgar alguém nojento” é o que se passa na mente dele. Você pode pensar que é normal alguém evitar fazer certas coisas na frente dos outros, algumas coisas só se podem ser feitas quando se está sozinho, certo? E evitar coçar o nariz não é algo tão grave assim, certo? Alguns podem achar que sim, mas lembre-se que se sentir alguém paranoico não ajuda a melhorar a baixa auto-estima dele, apesar disso, ele faz todo o possível para não ser julgado, mas ele sempre sente que está sendo.

Agora, voltando ao assunto de sua saúde mental. Riley havia se autodiagnosticado com distimia, como já foi mencionado e o que o fazia pensar que era alguém distímico era um fato bem curioso. Pessoas que tem depressão às vezes se tornam incapazes de fazer coisas simples, como lavar a louça, estudar para a prova do dia seguinte, tomar banho e até mesmo se levantar da cama se torna uma luta, mas para ele, isso não acontecia dessa forma. Apesar de ser capaz de fazer todas essas coisas mencionadas, ele não via razão para fazer. Do mesmo jeito que alguém diagnosticado com depressão se torna alguém sem motivo ou entusiasmo nenhum para viver, ele continuava vivendo, mesmo sem saber o porquê.

Mesmo com todos esses problemas, Riley tinha um problema bem maior. Muito mais grave que distimia (ou depressão, ele nunca teve certeza, pois nunca procurou um psicólogo) e esse problema era: Riley era incapaz de ser amado. Nunca alguém poderia nem sequer se apaixonar por ele. Só para deixar as coisas bem claras, deixe-me acrescentar isso: Ele não era alguém conhecido como “arromantico”. Ele era capaz de amar as pessoas, mas não de ser amado.


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