Os Sussurros da Meia-Noite. escrita por Lubkn


Capítulo 1
Capítulo Único: Os Sussurros da Meia-Noite.


Notas iniciais do capítulo

Nessa noite de 30 de outubro, um dia antes de completar um ano após A Dinastia Decapitada, eu lhes trago uma "continuação" baseada em LA Devotee. (só não postei de madrugada porque tem The Walking Dead pra assistir hoje)
Para um melhor entendimento da história, assista ao clipe a seguir antes de ler: https://www.youtube.com/watch?v=r5dNcKTcnPA
Sei que eu ando sumida e não trouxe muito conteúdo ultimamente, mas né. Correria.

Bem, go go power rangers!

Todos morrem no final.



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Eu me sinto superior a qualquer forma de vida existente. A alma que antes me pertencia, hoje não passa de um fantasma pronto para assombrar a vida de todos.

Quando você assiste filmes de terror, normalmente eles contam com crianças porque a imaginação sempre está presente na mente delas. É um clichê que faz sentido; usar crianças para seus propósitos. Elas são maleáveis e minha experiência ao ter minha coroa de volta me mostrou isso. Atormentar a vida dos que ainda a tem, isso é diversão. Bem-vindo ao meu mundo de diversão. As crianças são úteis para esse meu tipo de distração. Eu posso habitar a mente delas e conquistá-las como minhas devotas. E pensar que pelo decorrer de suas vidas elas julgam-se como devotas de Los Angeles.

Faz sentido, até porque, apesar de a alma daquele que me trouxe ao trono das trevas com sua morte estar entre os fantasmas, ele vive em mim. Eu não posso negar que eu acabei ficando com muitos costumes dele. Eu ainda sou Brendon Urie, mas sem nenhum traço sentimental. O curioso disso é que quando eu assombro as pessoas, eu utilizo minha imagem em vida e não o monstro que eu me tornei.

Governar as trevas e ouvir os lamentos dos mortos virou uma rotina da qual eu gosto muito, mas voltar ao mundo dos vivos e destruir seus psicológicos com a minha presença em seus interiores é como tirar férias para um lugar excepcional. Assistir a vida desses seres medíocres que estão sempre na caçada por um pouco mais de tempo é hilariante. Todos eles morrem no final.

De todo o tempo que eu passei mexendo na mente de crianças e fazendo-as ver coisas inimagináveis que acabavam por transformá-las, apenas uma me chamou a atenção. Era um menino chamado Noah. Ele ofereceu uma resistência absurda e acabou morrendo sem atender meus pedidos. Essa foi a única ocasião na qual eu experimentei a decepção.

Antes de decidir utilizar a mente de Noah, eu havia criado um monstro em forma de menina, e eu nunca soube o nome dessa minha subordinada. Foi ela quem o trouxe para mim; minha serva traiu a amizade com o menino Noah por lealdade a minha imagem. É isso o que eu faço com a mente dos que se tornam meus servos.

Quando Noah acordou do transe imposto pela minha escrava, a percepção da minha presença quase fez com que ele enlouquecesse. Seus dois olhos roxos por amar as pessoas a sua volta com tamanha intensidade encaravam minha face em uma tela; um rosto que há muito aprendera a evitar sentimentos.

Meus poderes com relação ao domínio mental em crianças tendem a ser instantâneos, mas não com Noah. Seus olhos eram como piscinas sob os céus do deserto, ele lutava contra o meu controle com uma força inacreditável para um mero ser humano. Porém, seu rosto desesperado dedurava seus sussurros da meia-noite; ele conhecia meu rosto.

Com a audácia que o menino tinha em me afrontar, vasculhei seus pesadelos e fiz com que eles se tornassem reais. Eu sou o pior demônio com o qual você poderia brincar. Ao seu redor, visões desagradáveis preencheram a vista de Noah e eu ri. Minha risada reverberou em seus ouvidos e eu transformei-a em música. Mais um dos costumes de Brendon Urie vivos em mim.

Os olhos do pobre menino Noah foram descoloridos pela areia do vale e sua esperança se foi. Ele não tinha forças para me enfrentar com todos os seus medos reunidos à sua frente. Entretanto, seu cérebro insistia em resistir a todas as minhas investidas. Ele se achava importante demais para perder para um demônio.

Minha serva acaba por intervir obrigando-o a beber da taça lavada com o sangue dos vagabundos bastardos há muito falecidos, o que faz com que a mente antes sã do garoto perca seu controle. Eu poderia acabar com a sua vida em menos de um segundo. Invadindo a consciência de Noah, percebo que ele gostava do meu eu em vida; ele gostava de Brendon Urie. Mas por quê? Ele não passava de um ser grotesco que nunca conseguiu fugir de seus fantasmas.

A criança começou a entrar em desespero e a gritar, recebendo toda a dor que eu lhe impus. Sua mente criava analogias a vida com ambas as minhas imagens, e isso era uma insolência tremenda. A imagem à sua frente o induzia a desistir, com toda forma possível de amedronta-lo. E as palmeiras negras de seus pesadelos continuavam choramingando seu nome.

E então, a resistência inútil de Noah destruiu completamente a paciência que um demônio como eu poderia ter: eu decidi que ele iria morrer. Sua alma talvez fosse usada com o mesmo propósito da minha, destruir a vida das pessoas. Porque esse é o verdadeiro conceito de diversão, você só precisa aprender a enxergá-lo.

Reuni todos os seus medos em um só e recriei uma cena de ritual que muitas vezes eu obrigava meus subordinados a realizar. Aquele menino ia sofrer até não sobrar nenhuma gota de vida naquele corpo fraco e sem propósito. Ele iria morrer de uma forma tão grotesca que ele nunca tinha imaginado em vida. Noah nunca iria se casar, nunca teria filhos. Não teria a chance de constituir uma família e muito menos de experimentar os gêneros e descobrir em qual se encaixa. Ele nunca saberia o que é ser amado por alguém.

Noah não teria uma vida porque na verdade, ele nunca existiu.

O maior castigo que um demônio pode aplicar sobre um ser humano é apagar sua existência. Esse menino não passa de um aborto; sua mãe nunca poderia ter filhos. Noah era uma mentira, nunca existiria. Ele era apenas uma miragem em meio à um deserto. Agora, o menino vive no mundo dos pesadelos. Sua alma nunca alcançará a paz. Apenas o tormento e a solidão, porque eu sou uma tempestade no centro de tudo. Eu sou o caos.

Um último olhar de esperança passou pelo rosto do menino antes de sua mente criar pesadelos intermináveis ao meu comando, seu corpo que logo estaria inerte tremia e era tomado por convulsões. Aquele seria o último registro de sua existência no mundo dos vivos. Todos os seus pesadelos passaram por ele e foram compartilhados para mim. Enquanto sua vida ia se esvaindo eu sorria e percebia o quão fracos são os seres humanos comparados a qualquer coisa.

Noah soltou seu último suspiro e eu saí da tela na qual meu corpo humano estava preso. Com um estalo, tudo ficou escuro; nada daquilo havia acontecido porque Noah nunca existiu. Sua voz é apenas mais uma voz invisível ao santuário de Hollywood. Todos morrem no final.

As pessoas são aprisionadas pelo medo e não sabem como lidar com isso. E é por isso que eu existo: eu sou o medo. Eu sou todas as coisas ruins. Eu sou o homem de terno bebendo seu vinho branco na luz enrubescida. Eu sou o monstro embaixo da sua cama ou escondido dentro do seu guarda-roupa. Eu faço parte desses sussurros da meia-noite.

E você deveria tomar cuidado porque talvez o próximo a deixar de existir seja você.


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Notas finais do capítulo

Então, gente.
Talvez vocês tenham considerado um pouco pesado, assim como A Dinastia Decapitada, mas esse é o propósito.
Sei que essa história não chega aos pés do que eu fiz com ADD, mas eu gostei e achei que vocês talvez curtissem uma continuaçãozinha marota.

Beijos,
Luana Bankersen.



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