Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 23
Capítulo 23




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Capítulo 23 - Apollo

Estávamos com sorrisos de loucos no rosto quando entramos na casa de Freyre. A corrida tinha sido do caralho, muito diferente da que tínhamos na cidade no pequeno círculo, nada se comparava com o que faziam ali.

— Nada disso, tirem essas coisas sujas antes de entrarem se não quiserem lavar o chão! – Amy grita da entrada da cozinha com as mãos na cintura.

Sorrio para ela e tiro minhas botas cheias de lama.

— Podemos entrar com o macacão ou devemos tirar também? – Brian pergunta rindo.

— Podem entrar com eles, mas vão direto para o banheiro. – Ela avisa.

— Tudo bem, mãe. – Corbin brinca e ela sorri carinhosamente para ele.

— Aonde estão as meninas? – Pergunto, vendo a casa estranhamente silenciosa.

— Estão no campo de flores.

— Campo de flores? – Questiono curioso.

— Fica à uns dez minutos daqui, é só descer por aquela direção que você vai ver aonde fica. – Amy aponta para o lugar que deveria tomar para chegar ao campo. – É o lugar preferido de Freyre.

— Vou até lá depois. – Digo acenando.

— Nós vamos também. – Brian diz, incluindo ele e Corbin.

Eu bufo e subo as escadas, indo diretamente para o banheiro.

Rapidamente tomo banho e me visto, iriamos voltar para a cidade no dia seguinte e eu realmente já tinha começado a me acostumar com a fazenda. Em alguns momentos eu me pegava pensando em como as coisas seriam quando o ensino médio terminasse.

Freyre tinha suas responsabilidades agora, e eu sabia que a fazenda sempre seria sua primeira escolha, era seu lar e eu realmente a entendia. Nunca ficaria entra ela e sua escolha, isso nunca iria acontecer.

Tinha que fazer uma escolha também quando fosse o momento, mas eu sabia que sempre escolheria ficar com Freyre. Eu já a amava com todo meu coração, ela foi a primeira garota a me afetar como ela tinha feito.

Enfrentaria tudo e todos para tê-la comigo, esta era minha escolha o resto seriam consequências que enfrentaríamos juntos.

Encontro meus irmãos na sala quando desço, os dois também estavam prontos.

— Vocês podem dizer a elas para voltarem, não vai demorar para anoitecer e elas devem estar em casa. – Amy diz enxugando suas mãos no pano de prato. – Frey e Vivian também precisam arrumar suas roupas para a viagem de amanhã.

— Falaremos para ela, também tempos que arrumar nossas coisas, então não vamos demorar. – Falo.

— Tobias saiu com Jorge, mas logo estarão de volta também, se apressem.

Seguimos pelo caminho que Amy havia indicado sem muita dificuldade já que a grama na fazenda não era alta e nem dificultava a caminhada. Era meio assustador como aquele lugar fazia coisas comigo, realmente nunca tinha pensando que poderia me apegar a um lugar do interior.

— É tão lindo aqui, tudo é tão verde. – Corbin diz. – Não queria voltar para casa.

— Talvez a sestra nos arrume um emprego por aqui. – Brian fala sorrindo.

— Do jeito que você a atormenta ela provavelmente de colocaria para catar as merdas dos seus cavalos. – Debocho.

— E você seria seu prostituto da cidade grande. – Brian rebate.

— Não seria uma má ideia, aceitaria sem reclamar. – Digo rindo.

Depois de alguns minutos avisto o campo de flores, era simplesmente de tirar o fôlego.

— Puta merda! – Brian exclama.

O sol estava se pondo, desaparecendo lentamente entre o denso campo cheio de diversos tipos de flores, e mais abaixo sobre um forro, Freyre, Vivian e Ana estavam deitadas abraçadas enquanto dormiam.

— É uma pena que temos que acordá-las, estava apreciando esse silencio feminino. – Brian diz quando me alcança perto delas.

— Você é um idiota. – Corbin murmura.

— Não posso discordar. – Digo me abaixando para me aproximar de Freyre.

Sua respiração era leve e suas bochechas estavam levemente coradas pelo sol, ela era a coisa mais linda do mundo e ainda sim era minha.

— Freyre, amor. – Murmuro perto de sua orelha, tirando seus cabelos que estavam espalhados pelo seu rosto.

Olhos grandes e castanhos se abrem e me encaram um pouco alarmados, mas isso logo passa quando ela me reconhece e sorri.

— O que você está fazendo aqui, bonito? – Ela pergunta com a voz rouca.

— Viemos buscar vocês, está quase anoitecendo e temos que voltar para a cidade amanhã cedo.

Ela me olha um pouco triste mas concorda com a cabeça e se vira para Vivian, que estava deitada entre ela e Ana.

— Ei, acorde Vi!

Brian já tinha conseguido acordar Ana, que tinha um olhar mortal para ele.

— Eu juro que se você fizer isso novamente arranco sua língua da sua boca! – Ana ruge para ele.

— O que foi desta vez? – Freyre pergunta a sua amiga.

— Eu a lambi, nada demais. – Brian responde sorrindo.

— Ele me beijou e depois lambeu minha bochecha! – Ana diz, muito vermelha.

— Isso tá pior que novela mexicana, ninguém aguenta mais tanto drama. – Freyre fala segurando minha mão para se levantar.

— A culpa é dela que fica se fazendo de difícil. – Meu irmão dá de ombros. – Aposto que vai sentir minha falta.

Ana bufa e se levanta, ignorando Brian, mas sua expressão dizia que ele estava totalmente certo.

— Eu realmente não queria voltar, esse lugar é tão lindo. – Vivian suspira.

— Também não queria ir, mas talvez possamos voltar em dezembro. – Corbin diz, sem dúvidas como sugestão para Freyre.

— Eu adoraria ter vocês em minha casa novamente. – Freyre fala entrelaçando seus dedos nos meus. – Não quero que se afastem de mim, nunca.

— Jamais faríamos isso. – Digo beijando o topo da sua cabeça.

— Bem, já que estamos todos entendidos sobre isso vamos embora, odeio quando me acordam. – Ana fala mal-humorada.

Rimos quando Brian passa a mão em sua cintura, a puxando para ele e ela bate em seu braço e logo acompanhamos uma Ana irritada correndo atrás do meu irmão.

— Tá na cara que ela quer que ele a pegue de jeito, não sei pra que tanta frescura. – Vivian diz ao nosso lado.

— É complicado para ela, Ana não é tão vamos dizer, solta como nós. – Freyre responde. – Quando contei que te beijei pensei que seus olhos cairiam do seu rosto.

— Aquilo foi quente pra caralho. – Falo lembrando com clareza daquele momento.

— Foi bom, então é melhor garantir seu acento ou irei me sentar em seu lugar. – Brinca Vivian.

— Oh, ele o tem garantido! – Freyre olha para mim e dá uma piscadela, sorrindo abertamente.

Engolindo forte com sua sugestão eu solto sua mão e passo meu braço por sua cintura, colocando nossos corpos o mais perto o possível.

E era assim que eu queria que fosse, para sempre.

                                    Freyre

Ainda sorria a cada vez que olhava para Apollo e me lembrava de como ele tinha ficado encantado com o campo de flores. Eu entendia aquele sentimento, o sentia toda vez que o via.

Apesar do dia ter sido maravilhoso, sentia uma pontada de tristeza em meu peito, estávamos voltando para a cidade, teria que me despedir mais uma vez de Ana.

Corbin tinha montado Bron quando tínhamos chegado a fazenda, seu riso era contagioso quando ela trotava e o sorriso brilhante de Tobias assistindo seu filho só alimentava a ideia que eu tinha para depois que eu me formasse na escola.

— Um centavo para cada pensamento? – Ana fala, chamando minha atenção para as malas que arrumávamos.

— O aniversário de Apollo é daqui 14 dias, quero fazer algo para ele então vocês devem ir. – Falo para ela.

— Isso pode ser complicado, você sabe como meu pai é sobre deixar a fazenda sozinha. – Ana diz suspirando. – Eu adoraria ir até a cidade, tem alguns bons meses que não vou até lá.

— Discutir sobre isso não é uma opção, e bem, até lá já coloquei mais alguns peões na fazenda.

— Você está contratando mais gente? – Ela pergunta surpresa.

— Sim, estou fazendo isso, ainda não contei para mais ninguém além de você e seu pai então fique calada sobre isso. – Peço. – Não está sendo fácil fazer tais escolhas, ainda mais depois de ter me apegado tanto a Apollo e sua família, então estou tomando algumas medidas para fazer as duas coisas acontecerem.

— Eu até perguntaria o que você tem em mente, mas não vou já que não vou obter nenhuma resposta. – Resmunga Ana. – Apenas saiba que vou te apoiar sempre, não importa qual seja sua decisão.

— Obrigado Ana, de verdade. – Respiro fundo e olho para ela. – Você vai ficar bem, certo?

— Claro Frey, não vai demorar até você estar de volta e sem dúvidas com suas exigências meu pai vai aceitar o convite para ir ao aniversário de Apollo.

Tento sorrir sem vacilar para ela e continuo a dobrar todas as roupas que levaria de volta.

Depois de uma hora tenho tudo pronto e arrumado perto da minha cama, os meninos provavelmente terminaram primeiro já que não tinham muitas roupas para levar, Vivian tinha trazido apenas uma mochila então estava na cozinha ajudando Amy com o jantar.

Teríamos apenas mais algumas horas antes de voltar, e eu já sentia meu coração apertado novamente. Não era apenas por partir no entanto, sentia naquele momento que o meu maior pesadelo estava voltando para me assustar.

E não sabia se estava preparada para enfrentá-lo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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