Segundos do Coração escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais vez estou aqui de novo para postar uma nova história!
Espero que quem ler goste e acompanhe, estarei aberta a dicas e opiniões desde que sejam respeitosas.
Obrigado!



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Capítulo 1 - Freyre

Ás vezes eu me perguntava se existia mesmo um ser divino que olhava por todos nós no céu ou qualquer que seja o lugar em que ele se encontrava.

Hoje era um dia em que eu me perguntei por várias vezes sobre isso enquanto viajava para a casa dos amigos dos meus pais. Sim, você deve estar se perguntando o porquê disso estar acontecendo, mas eu vou explicar.

Há dezessete anos minha mãe morreu após me trazer ao mundo, sim, esse exato clichê. Mas apenas para ficar um pouco mais cômico, há exatos três meses meu pai teve um ataque cardíaco enquanto dormia. O pior é que, para minha infelicidade, minha única tia morava do outro lado do país, na Flórida.

Acho que teria que agradecer aos meus avós paternos e maternos por isso na próxima vida.

Sim, eu era nada mais que uma garota do interior sozinha e forçada a ficar sobre tutela de um dos amigos mais próximos dos meus falecidos pais até completar maior idade para poder voltar para minha vida na fazenda, de onde eu nunca queria ter saído.

Meu coração se apertou tão forte quando me despedi de Amy, Jorge e Ruan, mas eles cuidariam de tudo até eu voltar e principalmente, cuidariam da minha preciosa Bron, minha égua. Ter que me despedir da minha melhor amiga também não foi diferente, aliais havia sido a coisa mais dolorosa que tinha me acontecido depois da morte do meu pai.

Ana era filha de Amy e Jorge, que desde que eu era criança trabalhavam na fazenda da minha família, eu cresci ao lado de Ana, crescemos como irmãs e ter que abandonar todos eles para viver com uma família que não vi o suficiente para conhecer tão bem trazia um forte amargor em minha boca.

Eu queria poder questionar a escolha dos meus pais, o motivo pelo qual eu teria que ficar com eles e não com Amy e Jorge. Era simplesmente maluco pensar sobre isso, isso, meus pais eram malucos.

Forço um sorriso assim que desço do ônibus e encontro Tobias, o grande amigo de infância do meu pai, parado ao lado a poucos passos de distância.

— Freyre, minha querida! – Ele me saúda e caminha até mim para me abraçar. Me mate por favor. – Que bom que você está aqui, esperamos muito por sua chegado.

— Acho que não esperaram muito já que são apenas três meses desde a morte do meu pai. – Digo sem conter minha língua.

— Sei que você não queria estar aqui, mas vai ser apenas por alguns meses e vamos fazer o possível para ser um tempo agradável para você. – Tobias fala sem jeito e me arrependo por ser tão rude. – Eu sinto muito por sua perda querida, seu pai era um grande amigo e vai fazer muita falta.

Olho para baixo e aceno com a cabeça, sentia medo de encará-lo e começar a chorar, e provavelmente demoraria para parar.

— Vamos pegar suas coisas, o carro não está longe daqui. – Ele fala e espero até que ele pegue minhas malas.

Seguimos em uma BMW na cor branca que me deixou impressionada, eu tinha um certo amor por carros que não conseguia entender, nada comparado com cavalos mas ainda era um grande amor.

Tobias e eu permanecemos em silencio e eu estava grata por isso. Para começo eu não sabia como manter uma conversa com ele, não o conhecia bem o suficiente para isso.

— Então você estava em uma escola católica? – Ele pergunta.

Mantenho meus olhos na janela, observando a paisagem de prédios e casas e respondo.

— Sim, era uma boa escola.

— Você vai gostar da escola que temos perto de casa, vai se adaptar rapidamente. – Diz Tobias e eu não posso fazer nada mais que acenar.

De um certo ponto eu me sentia no filme “Mean Girls”, e quase podia esperar por uma vaca malvada que se sentiria superior a mim. A vadia da cidade, contra a caipira do interior.

Mordo o lábio para segurar uma risada, meu Deus isso era um completo desastre. Mas essa era minha vida agora.

— Chegamos. – Tobias me tira dos meus pensamentos. – Hora de conhecer toda família.

Desço do carro e encaro a enorme casa na minha frente, toda bege com várias janelas na cor marrom, uma sacada na parte de cima cercada por uma grade personalizada branca e supôs que tinha uma escada por dentro. Esperei Tobias entrar com o carro pelo portão automático e por fim também entrei.

Havia um incrível jardim por dentro e nele além de várias espécies de flores e rosas, tinha um enorme pé de manga, e em um dos grossos galhos um balanço que parecia muito velho.

Esperei minhas malas serem retiradas do carro e peguei uma antes de seguir Tobias para dentro da sua luxuosa casa.

— Meninos? – Ele chama e eu congelo no lugar. Sim, meninos no plural.

Merda, não é possível que eu estava indo viver em uma casa cheia de mauricinhos.

Observo com os olhos semicerrados as três cabeças que apontam no alto da escada, e resolvo ignorar os detalhes da sala para focar minha atenção naqueles três rapazes que tinham expressões sérias em seus rostos.

Bem, um certamente era mais velho que eu, o do meio possivelmente da minha idade e o outro deveria estar em torno dos seus quatorze anos, uma bela escadinha.

Bela até demais.

Os três se pareciam muito com Tobias, cabelos escuros em diferentes cortes, eram todos altos mesmo o mais jovem, e tinham um bom porte físico. Engoli em seco enquanto eles me encaravam.

— Está é Freyre, a filha de Matthew, meu amigo. – Apresenta Tobias então ele aponta para os três garotos e se vira para mim. – Esses são meus filhos, Apollo, Brian e o mais novo Corbin.

Trocamos olhares e nos encaramos por alguns minutos, ninguém queria ser o primeiro a falar, mas Tobias deu um olhar sério para os filhos e Apollo – o mais velho lindo filho – resolveu dar o primeiro passo e pegar minha mão em cumprimento.

— Sinto muito por sua perda, meu pai sempre falava do seu. – Ele aperta minha mão e então se afasta para se juntar aos seus irmãos.

— Obrigado. – Falo e acho que eles se assustam com minha voz pois eles me dão um olhar estranho.

Minha voz é um detalhe para se apreciar em mim, não, eu não sou arrogante ou convencida, apenas passei toda minha vida ouvindo os melhores elogios sobre ela.

Me volto para Tobias para não mostrar como todos aqueles olhares curiosos estavam me afetando.

— Aonde está sua esposa? – Pergunto querendo mostrar alguma educação, mas logo me arrependo pois sento o ar sendo sugado mais rápido pelos quatro.

— Acho que seu pai não comentou com você, mas Helen morreu há quatro anos. – Ele responde tristemente.

Cave um buraco e me enfie dentro dele, por favor!

— Oh eu sinto muito. – Falo apressadamente. – Eu realmente não sabia sobre isso.

Ele acena e então coloca um sorriso no rosto.

— Você deve estar cansada, Apollo vai te levar até seu quarto e Brian e Corbin levaram suas malas a seguir. – Ele fala e posso sentir que não havia discussão sobre aquele assunto.

Mais uma vez aceno para ele e sigo Apollo que me deu um sorriso de predador enquanto me indicava para subir a escada. Passamos por um corredor no andar de cima com algumas portas que supôs serem também quartos, não seguimos por ele mas sim para outro corredor mais curto a esquerda, aonde havia uma única porta e o restante das paredes eram coberto por fotos e quadros.

Apollo abre a porta e me dá acesso para entrar, não podia deixar de dar uma conferida, e não negaria que o filho mais velho de Tobias era quente como o inferno.

— Tem um banheiro ali – Ele aponta para o lado direito me mostrando a porta e tento disfarçar meu embaraço porque eu realmente não prestei atenção em nada do quarto.

Era delicado, pintado com cores claras e uma enorme cama ocupava boa parte do quatro, ao seu lado tinha uma penteadeira e um tapete creme felpudo aos pés da cama.

— Obrigado por me mostrar o quarto. – Agradeço e quando viro, percebo que ele estava me analisando.

— Se eu não fizesse meu pai me daria umas boas duas horas de sermão. – Ele dá de ombros e me bate que ele não estava feliz com minha chegada. – Por quanto tempo você ficará aqui?

Ai estava minha certeza.

— Apenas até eu completar dezoito anos. – Que seria dali a seis meses, eu sobreviveria.

— Espero que isso não demore, assim você pode voltar para suas galinhas. – A voz vem da porta e vejo que foi Brian quem falou.

Ele era um idiota se achava que eu guardaria desaforos.

— Antes as galinhas de lá, do que as daqui eu vejo. – Atiro de volta com um sorriso. – Não posso fazer nada se seu pai, o cara que eu mal conheço, foi titulado como meu tutor. Se vocês três tem alguma reclamação, faça a ele.

Os três trocam olhares cheios de segredos e percebo que até mesmo o jovem Corbin seguia os irmãos.

Estou prestes a pedir para os três saírem do quarto quando eles caem na risada. Eu cruzo meus braços sobre o peito e espero alguma explicação.

— Estamos apenas brincando com você, Freyre. – Fala Apollo e chega mais perto de mim, me encarando com aqueles olhos intensos. – Queríamos apenas ver com quem estávamos lindando, bom saber que você não é de  guardar palavras.

Eu abro minha boca para responder, mas logo a fecho em surpresa quando Corbin deixa minha mala no chão e corre até mim para me abraçar.

Eu estava mais que confusa.

— Vai ser bom ter uma garota para limpar minhas merdas. – Fala o garoto Brian.

Eu olho para os três e fico zonza, eles se pareciam tanto que se fossem todos da mesma idade eu certamente não saberia diferencia-los.

— Vai sonhando. – Murmuro respondendo e eles sorriem.

— Vamos deixar você descansar até o jantar. – Diz Apollo, e como mais velho ele empurra os outros dois para fora. Antes que ele saia completamente do quarto, ele para perto da porta e sorri para mim. Puta merda. – Seja bem vinda Freyre, espero que você esteja pronta para lidar com uma casa cheia de homens.

Não, eu fodidamente não estava pronta para isso.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem.



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