A morte se apaixonou a primeira vista pela vida.

Ela era belíssima. Os cabelos em um tom de rosa inconfundível, as sardas sob os hipnotizantes olhos verdes, o sorriso contagiante e as covinhas que tinha a faziam encantadora.

Ele a conheceu enquanto andava pela praia durante a noite. Ela estava com os amigos reunidos em roda, cantando acompanhados pelo vento e pelas ondas. Os olhos ônix dele observaram os jade dela e as borboletas invadiram seu estômago, o coração bateu mais rápido e a respiração acelerou. Descobriu que seu nome era Sakura.

Sakura não o viu, no entanto. Ela não poderia ver, da mesma forma que todos. Ninguém jamais havia o enxergado e ele estava destinado a ser invisível para toda a eternidade, perambulando sem rumo ou objetivo e, agora, fadado a sofrer por um amor platônico pela eternidade.

Ele a seguiu por todos os lugares por meses, com medo de perdê-la de vista e nunca mais encontrá-la. A acompanhava em sua rotina diária, admirava suas expressões, seu corpo, suas roupas, sua voz, sua risada, sua dança, seu choro.

Sakura era uma obra-prima que parecia ter sido moldada perfeitamente para ele, porém com uma cruel intervenção do destino para que eles não pudessem jamais de fato se encontrar. Ele sofria ao vê-la beijar os lábios de outros homens e de vê-la confidenciar para suas amigas as suas paixões e as noites que passava acompanhada, sabendo que jamais poderia fazer o mesmo ou tê-la somente para si... Até um certo dia.

Sakura havia ido para uma boate com seus amigos e estava sentada em uma mesa sozinha enquanto os outros dançavam. Sasuke, como sempre, acompanhou-a e manteve sua distância habitual, a admirando de longe e se contentando apenas a vê-la aproveitar sua noite com as pessoas que gostava.

Mas então, de repente, Sakura estava olhando na direção dele. Os olhos jade cravados em seu rosto, o olhar curioso e a cabeça tombada levemente para o lado. Seus lábios cobertos de batom vermelho curvaram-se em um sorrisinho convidativo.

Sasuke se levantou do sofá de couro em que estava sentado e caminhou até ela, o olhar esperto da mulher seguindo-o durante todo o processo. Sasuke não entendia como ela o enxergava, como ela estava interessada nele, mas não faria objeção alguma àquilo.

Se apresentaram, conversaram e Sasuke mal se deu conta de quanto tempo havia passado quando seus lábios encontraram os dela pela primeira vez. Ele a beijou com paixão, desejando que o tempo parasse e só os dois existissem naquele lugar.

Ela o levou para sua casa após muitos beijos e se amaram juntos. Sasuke sentiu a textura de sua pele nua, seu gosto, a música que a voz de Sakura produzia ao chamar por seu nome, os cabelos macios percorrendo seus dedos, se deliciou com o rosto da bela moça ao chegar ao clímax consigo.

Sakura pediu-o para ficar naquela noite e ele ficou, como ficava todas as outras noites em que ela não poderia vê-lo. Daquela vez, deitou-se ao seu lado e pôde envolvê-la em seus braços, sentir o cheiro dela enquanto ela tinha um sono tranquilo. Sakura era finalmente sua, como ele tanto havia sonhado.

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Ino berrou irritada. Ela não havia visto Sakura pelo restante da noite e ela também não atendia aos seus telefonemas pela manhã. Aquilo já havia acontecido antes quando sua amiga encontrava pessoas interessantes, mas ela não tinha nem um pouco de noção que elas tinham que ir trabalhar hoje?!

Cansada de ser ignorada, a loira dirigiu até o apartamento de Sakura e, quando não foi atendida, usou a chave reserva que ficava sob o tapete. Viu os sapatos de Sakura jogados logo na sala e soube que ela tinha passado por lá. Mais adiante encontrou seu vestido e em seguida o sutiã na porta de seu quarto.

A mulher dormia serenamente em sua cama, completamente nua. Ela tinha algumas marcas roxas pelo seu pescoço e, com certeza, havia feito sexo intensamente pela noite. Ino deu um risinho malicioso e tocou em Sakura para acordá-la.

Ela estava gelada e não acordou. O sorriso permanecia em seu rosto pálido. Ino gritou de horror.

A vida havia correspondido ao amor da morte e resolveu segui-la para não se separarem nunca mais.