Jovens Bruxas: O Quinto Elemento escrita por AlexW


Capítulo 9
Capítulo 9




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Ally nunca havia ido a uma festa antes. Como poderia? Ela era a garota problema, um imã de confusão, ninguém quer esse tipo de pessoa nas festas.

        Mas ela finalmente estava a caminho de uma festa. Bem, isso se conseguisse passar pela Sra. Wilson.

        – Tchau, mãe, beijo, te amo. – Ally pegou a jaqueta e atravessou a sala em passos rápidos.

        – Ally, aonde você vai?

        Ela não era tão rápida assim.

        Ally parou à porta, essa foi por pouco. Ela quase colocou um pé do lado de fora, a rua tinha cheiro de liberdade.

        – Grupo de estudos na biblioteca.

        – Grupo de estudos? – Desconfiada, a Sra. Wilson ergueu uma sobrancelha. – Após o primeiro dia de aula? Ally, eu posso ser velha, mas eu não sou burra. Desembucha.

        Ally respirou fundo.

        – Um garoto me convidou para uma festa.

        A Sra. Wilson começou a retorcer a boca, Ally já sabia o que viria a seguir.

        – Mãe, por favor, não pense nisso como uma festa, mas como um lugar onde eu vou poder me socializar e fazer alguns amigos.

        – Querida, eu sei que você está doida para se misturar, mas pense um segundo: é mesmo uma boa ideia?

        – Sim! É uma ótima ideia.

        A Sra. Wilson sorriu. Ally não era uma criminosa, ela só era uma garota que estava tentando viver a vida. Ela não tinha noção de quanto a sua vida estava prestes a mudar, a Sra. Wilson sabia disso.

        – Você pode ir, mas esteja avisada: se você não estiver de volta antes das onze, eu vou buscar você, provavelmente com a polícia. – A Sra. Wilson soou como uma mãe normal. – Ah, e você não tem permissão para ficar bêbada, você ainda é muito jovem pra isso.

        – Obrigada – e antes que a mãe pudesse mudar da ideia, Ally já estava do lado de fora.

        Ally não era cheia de vaidades, ela nem sequer sabia a diferença entre as roupas vendidas na Gap e as roupas vendidas na Zara. Mas, naquela noite, ela abriu a câmera frontal do celular só pra se certificar de que estava bonita.

~

Bonnie era boa com deduções, ela conseguia captar as pistas no ar antes das outras garotas. Desde o incidente nojento com a maçã no refeitório, ela estava com uma pulga atrás da orelha. 

        Mas, por hora, ela não tinha certeza se deveria ou não persistir no assunto. Afinal, poderia muito bem ser nada e ela não queria levantar suspeitas e criar caso em cima de nada.

        A festa era na casa de Sarah Parker, a garota mais popular de Mystic High desde que a irmã dela, Louise Parker, se formou no ano passado. Nenhuma das garotas foi convidada para aquela festa, mas isso não era um problema.

        – Regan virá? – Skylar perguntou.

        – E desde quando ela perderia a oportunidade de tirar sarro da cara de algum adolescente bêbado? Por favor, isso aqui é Wonderland pra ela. – Bonnie respondeu.

        – Ela e Finn vão chegar mais tarde.

        Bonnie, Marissa e Skylar caminharam juntas até a entrada da casa. Skylar tocou a campainha e um rapaz do time do time de futebol abriu a porta e fez cara de desdenho quando encarou as três calouras esquisitas.

        – Nada de calouros. – Ele estava prestes a fechar a porta na cara das garotas, mas Skylar foi mais rápida.

        – Tem certeza? – Ela trazia consigo um pacote com seis cervejas. Agora o garoto estava impressionado, até seduzido.

        – Entrem. – Ele pegou o pacote de cervejas. – Bebidas e salgadinhos estão na cozinha. Divirtam-se.

        A casa estava cheia de adolescentes com copos de plástico nas mãos, a música estava alta, tudo o que elas precisavam fazer agora era se enturmar. Quando Marissa avistou um casal se beijando na escada, ela se encolheu e teve certeza de que deveria ter ficado em casa.

        Na cozinha, elas deram de cara com Ally servindo-se do ponche. Ela sorriu quando avistou as garotas.

        – Ei, vocês.

        – O que você está fazendo aqui? – Marissa perguntou. No fundo, ela desejou que Ally estivesse se sentindo tão deslocada quanto ela.

        – Bebendo. Eu adorei o seu suéter!

        Marissa estava usando um suéter preto com o desenho de uma coruja. Era novo, então a ocasião deveria ser especial.

        – Ah, obrigada.

        – Parece que alguém já está se divertindo. – Skylar comentou.

        – Eu preciso ir até o banheiro. – Ally deixou o copo em cima da mesa. – Não saiam daqui, bebam um pouco, eu volto já. – Ally saiu da cozinha.

        – É melhor você ir com ela. – Skylar disse a Bonnie.

        – Por quê?

        – Se ela for vomitar, vai precisar de alguém pra segurar o cabelo dela.

        – Por que não vai você? Ou a Marissa?

        – Você é a motorista da vez. Por isso, é sua obrigação cuidar de todos os outros e isso inclui também a garota que acabou de sair daqui. Eu sei que você se odiaria se algo acontecesse a ela. Além do mais, eu não sou tão boa quanto você. Nenhuma de nós é.

        – Foi estranho, mas até que eu me senti especial. – Bonnie foi atrás de Ally.

        – Certo. – Skylar encarou Marissa. – Você quer ponche? Eu estou com sede. – Skylar começou a encher um copo.

        – Será que devo? Eu li que as pessoas colocam rum, às vezes até conhaque dentro dessas coisas. Eu não quero chegar bêbada em casa.

        Skylar entregou um copo com ponche para Marissa.

        – Esse ponche não é desse tipo. – Skylar tomou um gole. – Esse foi feito com chá, açúcar, limão e um pouco de vinho. É quase suquinho de bebê.

        – Seu paladar é ótimo.

        – É um dom. – Skylar tomou outro gole e percebeu que Marissa ainda estava hesitando. – Você não vai me deixar beber sozinha, vai?

        Marissa encarou o líquido dentro do copo e disse “Que se dane!” mentalmente. No minuto seguinte, ela já estava provando o ponche.

        Não era tão ruim quanto ela pensou que fosse.

        – Mais um copo? – Skylar ergueu uma sobrancelha.

        – Sim, por favor. – Marissa sorriu.

~

Ally nunca estivera antes no quarto de uma rainha. Sarah Parker não era de fato uma, mas ela era muito popular, então dava pra fazer de conta. Infelizmente, o quarto de Sarah era tão cor-de-rosa que fazia o quarto da pantera cor-de-rosa parecer coisa de amador.

        Ela estava admirando o próprio reflexo no espelho de Sarah e Bonnie estava no banheiro. Felizmente, ninguém precisou vomitar. Seria até um pecado, o banheiro da anfitriã tinha cheiro de pinheiros.

        – Então, Bonnie, você e essa tal de Sarah são amigas?

        Bonnie gargalhou dentro do banheiro.

        – Até parece. – Ally escutou do outro lado. – Embora uma vez ela tenha me perguntando que dia era. Foi o mais próximo que chegamos de amigas.

        – Eu sinto muito.

        – Não sinta. – Bonnie abriu a porta do banheiro. – Não sinta, eu sou amiga de quem preciso ser. Como é aquela frase? Eu talvez não tenha muitos amigos, mas os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter.

        – Eu não sabia que você era fã de frases pré-fabricadas.

        Bonnie deu de ombros.

        – Você está bem? Está se sentindo melhor?

        – Sim, obrigada.

        – Vamos. – Bonnie puxou Ally pelo braço. –Skylar disse que ia embebedar Marissa, eu não quero perder isso por nada.

         Bonnie deu de cara com Jake Stowe subindo a escada.

        – Oi. – Ele sorriu.

        Bonnie sorriu de volta.

        – Aposto que agora você não quer ver Marissa bêbada. – Ally sussurrou.

        – Eu estava indo atrás de você, sua amiga de cabelo azul me indicou o caminho.

        – Pois é, eu estava ajudando Ally com... uma coisa.

        – Eu sou Ally, oi – ela disse atrás de Bonnie.

        – Prazer. – Jake voltou a encarar Bonnie. – Eu ia te entregar isso. – Ele tirou o lápis nº 2 de dentro do bolso da calça. Bonnie sorriu.

        – Você lembrou.

        Ally passou por Bonnie e Jake abriu caminho para que ela fosse embora.

        – Eu te vejo mais tarde. – Bonnie gritou para Ally.

        Na cozinha, Ally encontrou as meninas. Infelizmente, Regan estava com elas.

        – Você. – Regan disse.

        Marissa deu um tapa no braço de Regan.

        – Seja agradável.

        – Oi pra você também. – Ally se aproximou.

        – Cadê Bonnie? – Skylar perguntou.

        – Ela ficou conversando com aquele garoto, Jake alguma coisa.

        – O quê? – Regan perguntou.

        – Não brinca! – Marissa sorriu.

        – Como isso aconteceu? – Skylar perguntou.

        – Eu meio que sou culpada. – Ally começou a explicar. – Hoje, no corredor da escola, Jake perguntou se eu tinha um lápis extra. Eu tinha, mas eu sabia que Bonnie também tinha. Daí eu disse que não e mandei-o falar com ela, o resto vocês podem imaginar.

        – Boa garota. – Skylar comentou.

        E para a surpresa de todos:

        – Mandou bem, Ally. – Regan disse e em seguida ofereceu um copo com ponche, que Ally aceitou de bom grado.

        – Oi de novo – cauteloso, Finn se aproximou.

        – O que você quer? – Regan suspirou. – Algum garoto já implicou com você? Ou pior, foi uma garota?

        – Eu não estou falando com você. – Finn dispensou a irmã. – Estou falando com a Ally. – Ele então sorriu e Ally ficou muito tentada a sorrir de volta.

        – Vocês se conhecem? – Marissa perguntou, mas foi ignorada.

        – Você quer conversar em particular? – Finn propôs.

        Ally tomou o ponche de uma única vez.

        – Tudo bem.

        Ally e Finn saíram pela porta dos fundos.

        – O que acabou de acontecer? – Regan perguntou.

        – Eu não tenho certeza. – Skylar balbuciou.

        – Ally e Finn são um casal. – Marissa disse casualmente. O pouco álcool do ponche já estava fazendo efeito.

        – Chega de ponche pra você. – Regan arrancou o copo das mãos da amiga.

~

Na copa de uma árvore uma coruja piou, anunciando sua presença, enquanto Ally e Finn faziam uma caminhada silenciosa até a cachoeira.

        – Eu preciso saber, por isso vou perguntar. – Finn quebrou o silêncio. – Você está chateada comigo? Eu fui idiota com você? Se fui me desculpe, eu costumo dizer muita bobagem.

        – Não, você não foi desagradável nem nada do tipo. Eu só acho que já saquei que tipo de garoto você é, Finn.

        – Sério? – Finn estava interessado. – E que tipo de garoto eu sou?

        – Você é um conquistador. – Ally não estava de brincadeira. – Eu vi a maneira como aquela garota da aula de Educação Física estava confortável com você. E me desculpe se estou parecendo paranoica, mas me pareceu que vocês tiveram, ou têm algo. E hoje à noite, com Regan...

        – Regan? – Finn gargalhou. – Regan é minha irmã, que nojo!

        Ally nunca assumiria, nem mesmo sob juramento, mas ela estava feliz por escutar que Finn e Regan eram irmãos.

        – E a garota que você viu, – Finn parou a caminhada e encarou Ally – nós não temos nada, eu juro. Ela só é uma cliente, eu arrumo cola de Matemática pra ela na época das provas, nada mais do que isso.

        Ally cruzou os braços. De duas, uma: ou Finn estava mesmo sendo sincero, ou ele era um ótimo mentiroso.

        – Ainda assim. – Ally manteve os braços cruzados. – Eu tenho a sensação de que você é confusão.

        – Que bom. – Finn sorriu e afastou uma mecha de cabelo loiro da testa de Ally. – Porque eu sinto o mesmo em relação a você.

        Finn segurou o rosto de Ally entre as mãos e a beijou nos lábios. O beijo de Finn tinha gosto de chiclete de melancia. 

        Ally escutou o barulho de algo se mexendo na mata, atrás de Finn. Ela abriu os olhos e teve o deslumbre de um pequeno vulto preto correndo de um lado para outro, depois ela viu outro vulto indo de uma moita para outra. 

        – Você viu aquilo? – Ela interrompeu o beijo.

        – O quê?

        – Eu não sei ao certo, era um vulto. – Ally então viu de novo o vulto se mexendo logo à frente. – Ali! Você viu? – Ela então começou a correr pelo caminho de volta.

        – Ally, aonde você vai? – Finn gritou.

        – Eu volto já, não saia daí.

        Enquanto ela corria de volta para a casa, viu pequenos vultos escuros se movimentando há alguns metros à frente. Nos fundos, Ally viu quando alguém, ou melhor, alguma coisa, entrou pela porta de trás. De volta na casa, ela fez uma varredura rápida pela cozinha e não encontrou nada suspeito e nem estranho. Infelizmente ela não podia chamar atenção, alguns jovens estavam bebendo na cozinha. As meninas, por outro lado, não estavam mais lá.

        De lado, Ally viu a porta do porão sendo aberta, mas ninguém entrou. Em seguida, ela escutou o barulho de passos na escada. Parada à porta, ela não viu nada, o porão parecia estar vazio. Ela então escutou um barulho similar ao ronco de um porco lá em baixo. Ally decidiu investigar por conta própria, entrou sem chamar atenção e fechou a porta atrás de si.

        O porão estava em ordem, nada parecia aparentemente estranho. Ela olhou ao redor e, como não viu nada fora do comum, resolveu ir embora.

        Foi então que ela ouviu o ronco mais uma vez, mas dessa vez não foi apenas um roncar. Parecia que o porão estava cheio de porcos, só que havia nada lá.

        Ally se virou para ir embora e deu de cara com uma figura grotesca em cima da máquina de lavar: baixinho, esverdeado, narigudo, cabeçudo, orelhas pontiagudas, boca larga, dentes afiados e brilhantes e pequenos olhos vermelhos.

        – Cailleach!— A coisinha grotesca gritou a plenos pulmões. Ele então pulou para cima de Ally, mas ela desviou a tempo. Ele caiu no chão e começou a roncar.

        Outros bichos grotescos saíram da escuridão. Todos pareciam estar raivosos, alguns até estavam babando. 

        Um deles pulou em cima de Ally, mas ela foi mais rápida e afastou a criatura com um soco. Outro tentou agarrá-la pela perna, mas foi afastado com um chute na barriga rechonchuda.

        As criaturas pareciam agora mais bravas.

        – Cailleach! Cailleach! — Outra criatura gritou, insistentemente.

        Cailleach significava bruxa em irlandês, mas Ally não sabia disso.

        – Que droga!

        Ally correu para a escada, mas caiu antes de chegar à porta, pois duas criaturas estavam segurando-a pela perna. Ela conseguiu se virar e começou a distribuir chutes com a perna livre, acertando-as no rosto.

        Uma criatura pulou em cima da máquina de lavar e depois em cima de Ally. Ela já estava pronta para acertar o mostrinho quando uma luz azul emanou da palma da sua mão e mirou a coisa, fazendo-a cair sem vida no chão. A criatura ferveu e borbulhou e tudo o que restou foi uma gosma esverdeada no chão.

        Ally se pôs de pé e agarrou o primeiro objeto que viu, era um esfregão. Não seria tão útil quanto uma espada, mas não era totalmente inútil.

        – Certo, podem vir, coisas feias.

        E então as criaturas avançaram.

~

Skylar correu e entrou no quarto de Sarah Parker, fechando a porta com força atrás de si. Se a música não estivesse alta na sala, as outras pessoas teriam escutado a confusão das garotas.

        Jake Stowe estava desmaiado na cama.

        – Ai, meu... Ele morreu? – Perguntou.

        – Não! – Bonnie gritou. – Quando os Goblins me atacaram, eu fiz um feitiço do sono e ele apagou.

        Era até irônico. Regan não acreditava em Goblins, isso até aquela noite, quando ela estava do lado de fora e viu alguns deles subindo pela calha d’água e entrando na casa.

        A janela do quarto explodiu e vidro quebrado se espalhou pelo chão. Três Goblins entraram no quarto. Um deles tentou agarrar Regan, mas ela o atingiu com uma bola de fogo. O outro tentou pegar Marissa, mas, mesmo um pouco bêbada, ela conseguiu jogá-lo para trás com seu vento. O terceiro tentou agarrar Bonnie, mas com o taco de basebol ela acertou a criatura, como se ele fosse apenas uma bolinha indefesa.

        – Praesidium. – Marissa invocou o feitiço de proteção. – Um campo de energia estava agora protegendo as janelas do quarto. – Ah, meninas, é melhor que alguém tenha alguma ideia, eu não acho que posso segurar por muito tempo.

        Vários Goblins estavam agora do lado de fora, lutando para destruir o campo de energia.  

        Ouviu-se um estrondo. As criaturas explodiram um buraco na porta do quarto e começaram a passar por ele. 

        – Cailleach!— O Goblin gritou.

        – Foramine. — Bonnie pronunciou. Em seguida, um buraco maior abriu-se no meio do quarto e as criaturas começam a cair lá embaixo.

        – Marissa, por favor, aguente só mais um pouco.

        – Aqua in carcerem. — Skylar disse. Em seguida, alguns Goblins foram presos em círculos d’água. Marissa estava afogando as criaturas e os corpos sem vida dos Goblins derreteram dentro dos círculos d´água.

        – Nós precisamos levar essas coisas para longe da casa. – Regan disse. – Não é seguro, com todas aquelas pessoas lá embaixo.

        – Eu concordo. – Marissa disse. Em seguida, ela teve abaixar os braços, pois já não conseguia manter o campo de energia ativo.

        – Bonnie e Marissa, desçam pelas escadas e saiam pela porta dos fundos. Eu sei que vai ser difícil, mas tentem não chamar atenção, façam alguma coisa. Sky e eu vamos sair pela janela. Vão! – Regan gritou. – Agora!    

        Marissa e Bonnie correram juntas e diminuíram o passo enquanto desciam as escadas. Naquele momento, Marissa teve uma ideia.

        – Me imita – disse.

        Bonnie prestou atenção.

        – Somno. – Marissa pronunciou. Sem ninguém prestar atenção nela, parte dos adolescentes que estava na sala começou a cair, dormindo, no chão. Bonnie repetiu as mesmas palavras que Marissa e a outra parte dos convidados começou a cochilar no chão.

        Elas então puderem apressar o passo.

        Ally saiu do porão com a blusa toda suja de uma gosma esverdeada e o cabelo dela parecia um ninho de passarinho. Ela então viu Marissa e Bonnie correndo e saindo pela porta dos fundos, foi aí que ela se lembrou de Finn. 

        Quando Ally estava prestes a seguir as colegas, um Goblin pulou do nada em cima dela e cravou os dentes pontiagudos em seu ombro. A dor foi dilacerante e a fez fraquejar. Sangue fresco começou a escorrer da ferida.

        Mesmo ferida, Ally conseguiu acertar a criatura com um raio de luz brilhante, através da palma de sua mão. A criatura começou a ferver e borbulhar no chão, sobrando apenas restos que poderiam ser confundidos com vômito.  

        Ally se levantou, pressionou a ferida com a palma da mão e correu para o lado de fora. Mesmo um pouco fraca, ela conseguiu apressar o passo e ir na direção da cachoeira.

        – Bonnie, atrás de você! – Ally ouviu Regan gritar.

        Ao invés de seguir o caminho de antes, Ally entrou no mato e se escondeu atrás de um arbusto. Bonnie, Regan, Skylar e Marissa estavam lutando contra as criaturas que vinham de todos os lados.

        Bonnie ergueu algumas pedras, sem sequer tocá-las, e jogou-as contra as criaturas, acertando algumas.

        Os punhos de Regan pareciam duas tochas. As criaturas que pulavam em cima dela caíam em chamas no chão. Quanto o fogo se apagava, tudo o que restava era um monte de carvão.

        Skylar estava na parte rasa do rio. Sempre que uma criatura se atrevia a atacá-la, ela utilizava escudos d’água, chicotes d’água e bolas d’água contra os Goblins. Parecia até um balé.

        Ally viu Marissa brincar com o ar. Ela fazia pequenos tornados, onde prendia e girava algumas criaturas. Ela os erguia bem alto e depois os deixava cair na parte mais pedregosa da cachoeira.  

        Ally prestava atenção, sem piscar. Ela sequer estava acreditando nos próprios olhos, só desviava o olhar quando a ferida ainda aberta começava a latejar.

        O que aquelas garotas eram? E mais importante, o que Ally era? Ela acertou duas criaturas com uma luz que emanou da palma da mão dela. Aquilo não era normal e, muito menos, humanamente possível.

        A fraqueza começou a abatê-la. Ally então se afastou e fez todo o caminho de volta para a casa. Mas dessa vez ela não entrou: deu a volta pelo lado, tirou a chave do carro do bolso da calça e com muita dificuldade entrou no veículo.

        A música ainda estava tocando dentro da casa. Como era possível? Como as pessoas ainda estavam festejando quando criaturas demoníacas haviam, há pouco tempo, invadido a casa? Como os outros jovens estavam alheios a tudo o que tinha acontecido?

        Ally ligou o carro e, cantando pneu, saiu daquela festa dos infernos.


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