Jovens Bruxas: O Quinto Elemento escrita por AlexW


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Cada uma das pontas do pentagrama possui um significado particular:

PONTA 1 - ESPÍRITO: representa a criadora, a deusa mãe dos cinco elementos, pois ela guia a nossa vida e nos ajuda na realização dos ritos e trabalhos mágicos. O espírito é a fonte de energia para os outros elementos, o guia.

PONTA 2 - TERRA: representa as forças telúricas e os poderes dos elementais da Terra, os gnomos. É a ponta que simboliza os mistérios, o lado invisível da vida, a força da fertilização e do crescimento.

PONTA 3 - AR: representa as forças aéreas e os poderes dos silfos. Corresponde à inteligência, ao poder do saber, a força da comunicação e da criatividade.

PONTA 4 - FOGO: representa a energia, a vontade e o poder das salamandras. Corresponde às mudanças, às transformações. É a força da ativação e da agilidade.

PONTA 5 - ÁGUA: representa as forças aquáticas e os poderes das ondinas. Está ligada às emoções, ao entardecer, ao inconsciente. Corresponde às forças da mobilidade e adaptabilidade. Portanto, o bruxo que detém conhecimento sobre os elementos usa o pentagrama como símbolo de domínio e poder sobre os mesmos.



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Ally Wilson tinha 15 anos, 1,57m de altura, pouco mais de dezesseis dólares na carteira, um cartão expirado do Frozen Yogurt e poucas (ou quase nenhuma) conquistas escolares. Mas o fato mais marcante sobre essa garota talvez fosse que, nos últimos dois anos, ela já havia sido expulsa de duas escolas.

Ally não era uma garota normal. Todos sabiam disso, incluindo a própria Ally.

A primeira expulsão aconteceu no final de outubro, quando ela estava frequentando uma escola pública no centro de Cleveland há pouco mais de um ano. Antes do grande evento que culminou na expulsão de Ally, ela já havia sido responsável por pequenos desastres que haviam chamado a atenção da diretoria da escola. Por exemplo, ela odiava ter que dissecar sapos na aula de Biologia, os pobres animais eram inocentes e não faziam mal a ninguém. Por que dissecá-los? Ally não entendia. Os sapos ficavam guardados em aquários no laboratório de Biologia. Um dia, antes de o professor entrar na sala, quando todos os alunos estavam esperando para cortar os pobres sapos ao meio, Ally pensou como seria maravilhoso se os sapos pudessem fugir, sair daquele aquário. Bem, tudo o que ela precisou fazer foi se concentrar. No instante em que o professor entrou na sala, houve uma explosão. BAM! O aquário explodiu, voou vidro por toda a sala, e pronto, os sapos estavam livres.

Ally foi expulsa quando tentou ajudar um garoto, o nome dele era Carson. Ele vinha sofrendo com a perseguição de outros dois garotos, mas ninguém parecia se importar, ninguém além de Ally. Um dia os dois valentões arrastaram Carson até a quadra da escola, que estava vazia, e começaram a dar uma surra nele. Um deles até fechou as portas da quadra com um esfregão. Ally viu tudo: viu quando Carson foi encurralado em um canto e obrigado a ir até a quadra. Ela então seguiu os garotos de perto e resolveu ajudar Carson por conta própria.

Um dos garotos se chamava Bryan Miller. Ally quebrou o braço dele quando, com um único empurrão, conseguiu jogá-lo do outro lado da quadra. Só precisou de um empurrão para que o garoto voasse até o outro lado. O segundo valentão se chamava Mark Levi. Ally conseguiu jogá-lo no meio das arquibancadas e o golpe causou uma lesão na medula espinhal do garoto. Ally não queria nada daquilo, não era a intenção dela. Ela só queria ajudar Carson, dar um susto nos garotos e não machucá-los.

Ally foi expulsa no dia seguinte. Aquela foi a primeira vez.

Antes de ser expulsa pela segunda vez, Ally estava muito confiante com relação à escola nova, animada até. Ela estava crente que as coisas seriam diferentes em Minneapolis. Depois do “incidente” em Cleveland, a mãe de Ally fez questão que elas mudassem de cidade. Minneapolis não era longe o suficiente, mas era o que a Sra. Wilson podia pagar naquela época.

Em Minneapolis, Ally causou uma tremenda confusão durante a festa de Halloween da escola. Algumas garotas saíram de lá com erupções no rosto e as fantasias rasgadas. Foi tudo muito similar à noite do baile de Carie, só que a versão de Ally foi menos sangrenta e massacrante do que a original.

Ally acabara de se mudar para Mystic Village, uma pequena cidadezinha no estado da Virgínia. Ela já estava matriculada para frequentar a Mystic Village High School com outros jovens da idade dela. A Sra. Wilson recebeu de herança uma casa no estilo vitoriano na Flower Street, pois sua mãe, a avó de Ally, havia falecido há pouco mais de dois meses. Ally nem sequer sabia que a avó materna estava viva, já que a Sra. Wilson nunca mencionara a mãe no passado. Mas um dia elas receberam uma carta do advogado da Sra. Wilson, informando que ela havia falecido e que estava deixando a casa e todos os bens dela para a única filha.

Agora, mais do que nunca, Ally estava cheia de dúvidas, todas elas a respeito da avó desconhecida. Qual foi o motivo que levou a Sra. Wilson a se afastar da mãe permanentemente? Por que a Sra. Wilson não gostava de Mystic Village? Mas, acima de tudo, por que ela decidiu voltar?

~

— Pode ser a Teddy Rudetsky, você não acha? – Marissa Stone, de 15 anos, perguntou a Regan Weathers, de 16. – Eu sei que parece um absurdo, mas pode ser ela, eu acho que sim. – Marissa não tinha tanta certeza assim, Regan conseguia farejar o cheiro da incerteza.

— Sério? – Descrente, Regan ergueu uma sobrancelha. – Teddy Rudetsky? Nós estamos assim tão desesperadas?

— Quem está desesperada? – Bonnie Cox, de 15 anos, se aproximou até onde as amigas estavam. Ela ainda conseguiu escutar o finalzinho da conversa, mas já sabia do que se tratava: há algum tempo Bonnie e as amigas só falavam a respeito de um assunto específico.

— Marissa acha que Teddy Rudetsky é o espírito. – Regan respondeu.

Shh! Vocês enlouqueceram?! – Quem repreendeu as garotas foi Skylar Robinson, de 16 anos. Ela estava se aproximando quando ouviu Regan mencionar a palavra com E. Skylar temia o que as outras pessoas pensariam se escutassem a conversa das amigas. – Nós combinamos nunca falar do espírito aqui na escola. Já é difícil ser a estranha sem nenhum motivo aparente. 

— Você acabou de mencionar a palavra com E. – Regan estava zombando dela.

Skylar fechou a cara. Ela não conseguia entender como Regan nunca se preocupava. Ela não tinha medo de represálias, nem de ser tratada como uma estranha. Regan nunca se importava com a opinião dos outros e isso deixava Skylar furiosa.

Marissa, Regan, Skylar e Bonnie estavam no corredor da escola. Marissa estava pegando livros no armário e guardando-os na mochila. O corredor não estava vazio, alunos e professores iam e vinham. Skylar estava certa, era arriscado falar sobre o espírito com tantas pessoas ao redor.

Regan era a mais alta do grupo, ela também era a garota mais “barra pesada” de toda Mystic Village (pelo menos era o que Marissa achava da amiga). Regan era ruiva, o que, nesse caso, dadas as habilidades dela, não poderia ser descrito como uma coincidência.

Ela tinha o colar com o pingente da salamandra.

Marissa era míope, por isso usava óculos, e a garota tinha uma coleção de suéteres com estampas de animais. Skylar não se lembrava de ter visto a amiga usando outra coisa que não fossem suéteres nos últimos dois anos. Marissa vivia com a cara enfiada nos livros, ela era a garota que fazia as pesquisas.

Ela tinha o colar com o pingente dos silfos.

Skylar quase nunca estava de brincadeira, ela estava sempre em estado de alerta. Regan costumava dizer que, se trolls existissem em Mystic Village, Skylar já os teria espantado com um grito. O maior medo de Skylar talvez fosse que as pessoas descobrissem o que ela e as amigas eram.

Ela tinha o colar com o pingente das ondinas.

Bonnie era a mais recente descoberta do grupo. Ela tinha cabelo curto, escuro e repicado. Marissa costumava dizer que ela tinha o tamanho de um gnomo, o que deixa claramente implícito que Bonnie é a mais baixa do grupo. Ela era a garota negra de personalidade forte.

Ela tinha o colar com o pingente dos gnomos.

— Marissa, eu nunca te pedi nada – disse Bonnie –, mas eu preciso que você me deixe fazer uma poção de amor, tipo, imediatamente.

— O quê?! – Sem querer, Marissa acabou batendo a porta do armário. Isso chamou a atenção de algumas pessoas. – Pra quem?

— Jake Stowe. – Bonnie nem estava mais olhando para Marissa, ela já encarava Jake, que caminhava tranquilamente pelo corredor com outros rapazes do time de basquete.

Jake Stowe era a mais nova paixonite de Bonnie. Ele era capitão do time de basquete e ela já estava de olho nele há dois meses. Bonnie dizia que estava esperando o momento perfeito para falar com Jake, mas sempre que o momento perfeito aparecia, ela amarelava.

— Bonnie, o que eu lhe disse a respeito da poção do amor? – Marissa tocou no ombro da amiga.

— A poção do amor funciona como um alucinógeno. – Bonnie revirou os olhos enquanto repetia as palavras que Marissa dissera mais de uma vez. – O efeito não é real. A vítima acha que está apaixonada por quem lhe deu uma dose da poção, mas na verdade ela só está delirando.

— Por que você não vai falar com ele? – Skylar sugeriu.

— Veja, ele está sozinho. Eu não perderia a oportunidade, se fosse você. – Regan instigou a amiga.

— Falar é fácil.

— Vá falar com ele. O que de pior pode acontecer? – Marissa empurrou Bonnie para frente.

Pela primeira vez, Bonnie tomou uma decisão com relação a Jake. Ela iria falar com ele naquele momento. Ela diria “Oi, Jake, você mandou muito bem no jogo da semana passada”. Bonnie conseguiria.

Regan observou Bonnie se aproximar de Jake. Ele estava tirando alguns livros de dentro da mochila e guardando-os no armário. Ele não viu Bonnie se aproximar, porém ela foi suficientemente corajosa para cutucá-lo no ombro. Mas, antes mesmo que Jake pudesse reagir, Bonnie apressou o passo e se misturou entre os alunos. Jake olhou para um lado e depois para o outro, procurando quem acabara de tocá-lo no ombro. Quando não encontrou ninguém por perto ele deu de ombros, fechou o armário e foi embora.

— Melhor sorte da próxima vez. – Regan sorriu.

Ela nem percebeu quando Finn se aproximou. Ele fazia parte do grupo dos “pouco populares” ou “quase estranhos”. Em todo caso, Regan achava que Finn era tão estranho quanto qualquer outra irmã considerava seu irmão gêmeo estranho.

— Mamãe disse que sou quem vai ficar com o carro hoje à noite.

— É mesmo? – Regan assumiu a postura que Marissa conhecia muito bem. – Ela também disse que você precisa aprender a dar descarga antes de sair do banheiro.

Alguns alunos escutaram o que Regan disse e, em consequência, começaram a rir do constrangimento de Finn.

Ele não se deixava abalar. Embora estivesse envergonhado, ele fez questão de estender a mão e esperar até que Regan desistisse e entregasse as chaves do carro.

— Regan, eu posso te dar uma carona hoje à noite. – Skylar disse.

— Hoje é seu dia de sorte. – Regan enfiou a mão no bolso da calça e depois entregou as chaves do carro a Finn.

Ele se afastou assoviando alegremente, enquanto brincava com as chaves do carro entre os dedos.

— Talvez Finn seja o espírito. – Marissa disse.

Regan e Skylar encararam-na como se ela tivesse dito um absurdo.

— Ok, é oficial: você está louca – declarou Regan.

— Totalmente. – Skylar concordou. As duas foram embora juntas, depois que o sinal tocou.

Marissa torceu a boca, podia ser que Regan estivesse certa. Talvez Finn não fosse o espírito, talvez a Teddy Rudetsky também não fosse o espírito. Mas, quem quer que fosse, era bom que ela ou ele estivesse por perto. Marissa tinha a sensação de que as coisas não permaneceriam calmas por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Comentem!



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