Guernica escrita por Elizabeth


Capítulo 1
Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Eu dedico este capitulo ao Castiel



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Coral

A casa rosa… A grande mansão compartilhada há décadas estava sendo destruída para que se construísse um shopping. Já que os antigos proprietários morreram sem deixar descendentes, o banco leiloou o terreno para uma grande empresa: Construtora B.E.

Coral, uma menina tão linda quanto o nome, os pais eram biólogos marinhos, portanto concordaram de imediato com o nome, além disso, ele remetia ao nome de sua tia avó paterno, foi a decisão perfeita.

—Não temos direito a contestar a casa? Nossa avó morava lá há tanto tempo...

—Infelizmente não, querida, era alugada.

—*suspiro*

—Ah, não se preocupem meninas, estamos quase chegando!

Na realidade, eles acabaram de passar pela fronteira da cidade, a viagem ainda demoraria quatro horas.

A paisagem era linda, no entanto, Coral não estava animada para ficar longe de seus amigos. Aqueles bons dias de outono irão acabar... Afinal, aonde seus pais estavam indo? E por que ela tinha que ir junto... Não, ela entende sim, precisavam buscar estabilidade e foi na pequena cidade de Gibberich que o encontraram.

Os sonhos-------------------------------

Coral estava deitada no banco traseiro, tinham muitas coisas no chão do carro, seus pais tinham vendido tudo para começar do zero, até as roupas foram doadas para a caridade.

Ela observava o céu passando sobre sua cabeça, depois de um tempo começou a escurecer e todas as estrelas vieram lhe dizer olá. As nuvens cobriam a lua com um abraço gentil. Então ela começou a sonhar... O teto do carro sumiu, ou será que sua alma se elevou? Era tão bom... E continuava subindo, como um balão de hélio, logo estava olhando a terra de muito longe.

Uma música de piano começou a tocar, uma senhorita de cabelos ruivos a chamava para dançar.

‘’Eu não sei dançar’’

Não adianta... A moça colorida já a segurava pelos braços e rodopiava graciosamente.

‘’Eu estou enjoada, me solte’’

Ela era branca e tinha um sorriso lindo, mas os rodopios começavam a incomodar e Coral sentiu vontade de vomitar. A dama continuava a sorrir sadicamente observando a menina enjoar. A música para... A dama ruiva começa a abrir os olhos e, agora, está horripilante, suas garras seguravam com força a menina.

‘’ME SOLTE!’’

Coral já estava ficando desesperada, é o meu sonho, tenho que conseguir fazer parar, pensou. Uma voz suave falou como se estivesse correndo para ajudá-la, mas não conseguia se aproximar.

‘’Corvo albino de Gibberich, você consegue, tente soltar as mãos dessa bruxa!’’

Ela percebeu que era muito maior que a dama encantada, então soltou suas mãos e as duas foram lançadas pela força centrípeta criada, entretanto, a bruxa não conseguia sobreviver sem Coral e logo se desintegrou.

Coral estava enjoada e com medo, era um pesadelo... Acorde... Chegamos... Vamos, por favor...

—Acorde, chegamos, querida!

Gibberich---------------------------

‘’Uma cidade bem molhada’’ é a única coisa que eu posso escrever sobre aqui, talvez eu só a peguei num mal dia... Ela nem teve chance de mostrar o seu melhor, ou talvez o esteja fazendo agora, pois por mais que a chuva caia dramaticamente, as crianças saíram para tomar banho de chuva. A nossa casa ficava um pouco mais adiante, era um terreno grande, a casa ficava mascarada pelas árvores.

Chegando lá o cheiro de mofo era insuportável, mas tínhamos que ficar ali, era a nossa nova casinha. Mamãe foi resolver as coisas do trabalho e eu fiquei com o papai limpando tudo, bem... Primeiro tivemos que passar num mercadinho e comprar os materiais de limpeza, ainda dava tempo, não eram nem oito horas.

Pulamos para um pequeno comércio, pegamos tudo o que precisávamos e até mesmo duas tendas de acampamento, as camas seriam providenciadas no dia seguinte. Um menino gordinho e negrinho olhava para mim.

—Você é nova aqui não é?

—Sim, chegamos hoje.

—Ahhhh sim, é a moça da casa 14!

A cidade era bem pequena, todos já sabiam os nossos nomes e onde meus pais iam trabalhar.

—Não se preocupe você vai amar aqui.

Depois do processo da compra e da limpeza, eu estava morta de cansaço, dormi no segundo andar e meus pais dormiram no quarto de baixo, eu realmente não quero saber o que eles fizeram aquela noite, pois escutei uns barulhos estranho quando ia pegar água na cozinha.

No dia seguinte nos dividimos e cada um de nós foi as compras, eu recebi uma boa quantia para comprar meu material escolar e algumas roupas, eles não tinham nenhum problema em me deixar fazendo compras sem eles. Meu pai foi comprar a mobília e roupas e mamãe foi comprar tinta, utensílios e algumas roupas.

Quando nós estávamos nos despedindo na porta, o garoto que eu tinha conhecido no mercado estava a me esperar.

—Oh finalmente chegou! E bem na hora, que prestativo.

Eu olhei para o garoto e dei bom dia, depois me virei para o meu pai um tanto indignada, achei que eu fosse sozinha, disse, e ele apenas respondeu que como eu não conhecia a cidade muito bem, que era melhor eu ir acompanhada.

Seguimos nossos rumos, nos encontramos aqui as seis da noite para o jantar, mamãe disse.

Ben tinha 19 anos, formou-se ano passado. Ele era baixinho mesmo, ou eu que era muito alta, o fato é que eu não havia percebido que ele não era um garotinho.

Fomos até o mercado e eu pedi as coisas que eu precisava:

—Seus pais deixaram dinheiro com você?

—Deixaram o cartão.

—Ah sim, eles devem ser muito ricos né, compraram a casa mais cara da cidade.

Eu ri um pouco, aquela era uma cidade bem pequena, então a casa mais cara não deve ser tão esplendida assim.

—Talvez, nós nos acostumamos de vender tudo ao nos mudarmos, eu dormi num colchão inflável noite passada.

—Nossa, eu acho essas camas bem ruins.

Concordei com a cabeça. Depois fomos à loja de roupas e eu comprei o básico: um uniforme escolar, um pijama, uma roupa para sair, uma roupa casual, sapatos, calcinhas, etc. Eu realmente não tinha nada, meus pais são loucos.

Tomamos sorvete na pracinha, mas ainda tinha que comprar umas coisas, o que não demorou muito já que ele conhecia todas as lojas.

—É tudo? São muitas sacolas... Ainda bem que a cama eles entregam hahaha eu não agüentaria carregar aquilo.

—Realmente... Mas hey, Ben, a quanto tempo você mora aqui?

—Desde que eu nasci, mas eu viajo bastante, então posso dizer que já morei em vários lugares.

Perguntei mais algumas coisas, ele tinha uma vida muito interessante, viajou até para Moscou! Voltei pra casa e descarreguei tudo, nesse momento mamãe estava terminando de pintar as paredes da sala. Faltavam alguns cômodos, mas isso foi resolvido em uma semana.

A escola era normal, tínhamos armários para guardar os livros, treze matérias para passar, provas e atividades extras... Algo me incomodou a partir da terceira semana, quando eu estava lendo um livro no jardim, sozinha. Alguém me observava por trás dos muros de planta. Fingi que não tinha percebido, fiquei imóvel, pensei que fosse mostrar um pouco do cabelo, mas foi-se antes que eu percebesse.

Depois, uns dois meses mais tarde eu andava no shopping com Ben e enquanto ele observava alguns sapatos, percebi um estranho nos olhando, mas não consegui ver quem era, tinha muita gente. Após alguns acontecimentos mais freqüentes, na janela da escola,  quando estava passeando pela rua n°5, ao passar na casa de Cassey... Decidi falar com o Bem sobre isso, chamei ele pra minha casa após a escola.

—Bem, eu venho percebido uma coisa muito estranha.

Ele me escutava com atenção.

—Acho... Que tem alguém me stalkeando...

—Como?

Olhei em minha volta, tive a sensação novamente.

— Acho... Que tem alguém me stalkeando...

—Coral, assim eu não escuto, se vai me tirar de um encontro com o Nandinho que seja algo mais importante.

Ah é, na sociedade parece que é importante alertar a sexualidade das pessoas, mas bem, ele é gay, o que não me importa muito, é só para deixá-los antenados. Eu estava com um pouco de medo, escutava meu coração saltitar, tomei coragem e abri a boca para falar:

—Acho que tem alguém me stalkeando, Ben.

Ele ficou pasmo, olhou-me fixamente por alguns minutos. Eu estava estática, esperava atentamente ele resolver falar. Então, Ben tirou os óculos e disse:

—Quem?

—Eu não sei, mas senti que alguém estava me observado a pouco tempo, suponho que seja alguém da escola.

Ben olhou para os lados.

—Já foi.

—Você tem certeza, garota?

Balancei a cabeça, não podia ser mais verdade e talvez fosse algo da minha mente, mas eu o vi quando estava na pizzaria com meus pais, só sabia que tinha cabelos ruivos. Ademais, era alto.

—Arrasastes hahaha arranjou um stalker alto e ruivo, eu aproveitava.

—Não ri, é sério, eu fico com medo, você tem que me ajudar.

—Calma aí, era só pra descontrair, existem poucas pessoas ruivas aqui, eu vou pesquisar um pouco, eu tenho prova essa semana na faculdade, mas vou reunir uns dados, é melhor que você evite andar sozinha.

—Entendi.

Fiquei uma semana sem ver o Ben. Enquanto isso eu andava com Cassey e Amanda quando meus pais não estavam por perto, além disso, procurava sair menos e sempre me trancava dentro de casa com o telefone por perto.

Eu sentia os olhares, ou talvez estivesse ficando louca de vez. Todo aquele silêncio me perturbava, estava me afogando em meus medos... De repente algumas memórias voltavam a me atacar. Escutei alguém bater a porta com cuidado. Abri a porta e era o Ben com o Nando, o namorado dele. Abracei ele bem forte e o Nandinho ficou sugando o resto do suco.

—E aí Coral, solta o meu boy.

—Desculpa, você ganha um abraço também haha.

Fomos todos para o jardim. Ele foi logo abrindo o computador pra me mostrar alguma coisa.

—Essa é a lista de suspeitos, tentei pegar gente que não ia muito pra escola e gente que já saiu dela.

Tinham cinco pessoas na lista. O primeiro era o Tordo, é o nome dele mesmo, estuda computação ou coisa assim, mas ainda está na escola. O segundo se chamava Bergson, cuidava do comercio de seus pais e já tinha saído da escola há dois anos. O terceiro e o quarto eram os gêmeos Bordingon, estavam no último ano da escola também. O quinto se chamava Guilherme e estava na faculdade de artes.

Eu não sabia o que dizer, olhava pras fotos e tentava detalhar em minha mente as poucas imagens do meu stalkeador. Era uma cidade pequena, Ben conhecia ali como ninguém, e alguma dessas pessoas estavam me perseguindo. Subitamente um barulho de folhas e galhos quebrando, eu olho para trás e...


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