Reconstrução escrita por Desiderio


Capítulo 1
A chegada




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Eram exatamente cinco da tarde, o sol quente e então eu entendi o que os meus primos queriam dizer com “moro em um país tropical, abençoado por Deus e climatizado pelo capeta”, mas mesmo com esse calor insuportável eu estava segura no Brasil, até porq quem iria me procurar em uma cidadezinha do interior do estado de São Paulo? Quem poderia imaginar que eu estaria aqui? Então eu estou a salvo, e por mim tudo bem!

                Ao chegar minha nova casa reparei que ela era maior que meu pequeno apartamento em Lisboa, na verdade, só a sala dava meu agora abandonado apartamento. Renan meu primo mais velho me guiou até a porta do meu quarto quando eu abri perdi a fala e a respiração, o quarto era perfeito, se colocar um fogão e uma máquina de lavar roupas ali eu moraria dentro do meu quarto, além de enorme, o quarto era equipado com um frigobar, televisão e caixas de som. Meu banheiro era lindo, pisos pretos e um espelho que me fazia parecer bela.

Meu primo me entregou a chave do quarto e saiu sem dizer uma palavra. Fechei a porta, abri as malas e comecei a desfaze-las, coisa que eu particularmente odeio, depois de arrumar as roupas fui arrumar minhas coisinhas de beleza, quando peguei as primeiras coisas reparei que tinha um bilhete com as bordas prateadas colada em um vidro de perfume.

                - O mundo pode ser grande, mas uma hora eu te        encontrarei, quando você menos esperar!

             D.

                Por um breve minuto eu fiquei preocupada, mas logo relaxei novamente, até porq como eu disse no começo, ninguém pensaria em me procurar no interior do estado de São Paulo, principalmente em uma cidade mediana como Bauru, era ilógico eu estar em uma cidade dessas, fui criada em uma pequena cidade alemã e depois fui para a capital, nunca fui de meio termo, ou moro em uma cidade pequena ou em uma cidade grande.

                Me preparei para o banho, que estava realmente delicioso, nunca pensei que agua gelada seria tão gostosa assim.

                Sai do banho e me deitei na cama, de baixo do ventilado, era realmente a melhor sensação do mundo, tão boa que acabei adormecendo, acordei com as batidas na porta de meu quarto, era meu primo chamando para o jantar.

                Desci para a sala de jantar e estava farta, o que era engraçado, pois todo esse tempo que morei na Europa acostumei a comer pouco e não fazer nada em excesso, pelo menos esse foi o ensinamento que recebi de uma senhora belga, não havia nada em excesso, tudo exatamente na medida certa. Ela dizia “Il est préférable que manque, que sur et aller à déchets cher Abigail” que queria dizer “Antes falte do que sobre querida Abigail”, consigo imaginar a desaprovação dela diante dessa mesa farta, ela não fazia tudo na medida exata por conta de pobreza ou por ser mão de vaca, mas sim por ser a cultura belga e francesa comer somente o necessário.

                Juntei-me aos meus primos na mesa e minha tia veio até a sala dizendo que não jantaria conosco nessa noite por ter um compromisso importante, iria conhecer o filho do novo namorado, e nos alertou que se o menino aprovasse o namoro um jantar seria oferecido no dia seguinte para que nós pudéssemos ser apresentados para o namorado e seu filho.

                Depois disso ela saiu e nos servimos, meu jantar foi rápido e silencioso, não comi muita coisa, sabe como é, velhos costumes nunca morrem, terminei meu jantar e esperei por meus primos.

                - É, então Abigail, estamos pensando em sair hoje, mas se você estiver muito cansada, deixamos para outro dia – meu primo esboça um sorriso animado.

                - Onde nós vamos? – Dou um sorriso para demonstrar empolgação.

                - Vamos leva-la para o melhor lugar da cidade, a banda de um psicólogo amigo meu vai tocar lá hoje. – Minha prima Luana conhecia bastante músicos, meu primo já tinha me falado algo sobre ela ser “groupie”, é um termo usado para referir-se as garotas quem buscam intimidade emocional ou sexual com músicos.

                Saímos da mesa e subi direto para o meu quarto, minha prima disse que sairíamos as onze e meia, pois o show do seu amigo começaria meia noite.

                Entrei no chuveiro novamente, pois, não estou acostumada com o calor que faz no Brasil, sai do banho e me arrumei, coloquei um vestido preto justo que minha prima deixou sobre minha cama, o vestido realçava meu quadril e definia a curva da minha cintura, fui até meu guarda-roupa e escolhi o salto mais alto que eu tinha e desci.

                Meu primo estava no final da escada, olhando para o celular, quando ele olhou para cima, sorriu, e sorriu com malicia.

                - Nunca te vi num vestido tão curto e justo, você deveria usar mais vezes, ou não, não sei se consegui controlar meus instintos perto de você.

                - Nenhum homem seria meu irmão, nenhum homem seria. – Olhei para cima e minha prima estava num vestido branco, e assim como o meu, ele era justo nos lugares certos, para realçar as partes mais bonitas do corpo da minha prima.

                A campainha tocou – Eu atendo! – Minha prima se apressou para descer os degraus, e abriu a porta, quando ela abriu eu entendi o motivo dela querer atender, era um rapaz lindo, pele morena, cabelo preto penteado pra cima, em um topete.

                - Oi Lu, você ta gostosa! – ela olhou pra ele e sorriu.

                - Se não for pra ir gostosa, eu nem vou. – Os dois se beijaram.

                - Ah! Vão para o quarto! – ele riu e parou na minha frente – Você precisa ver quando acaba o show, os dois ficam numa “exibição” para mostrar pras tietes que ele tem dona.

                - Ou pra mostrar para os otários da vida, que a mulher mais gostosa do lugar tem dono, Abby, esse é meu guitarrista, Diego, Diego, essa é minha prima Abby, ela vai morar com a gente.

                - É um prazer Abby! – Diego me olhou de cima em baixo, fazendo pequenas pausas, o que me deixou completamente sem jeito.

                - Igualmente.

                - Ta legal, vamos, Abby, você vai comigo, vamos apostar corrida hoje, quem chegar por ultimo paga a bebida dos primeiros, e nós vamos ganhar.

                Entramos no carro – Espero que você goste de velocidade! – ele sorriu, acelerou e deu a partida.

                - Eu gosto de velocidade, mas cara, eu prefiro motos! – Ele pisou fundo no acelerador, chegamos primeiro. – Outro dia eu mostro a sensação de correr com uma moto, agora vamos entrar, para que eu desfile com você enquanto eu posso.

                Eu ri – Enquanto você pode?

                - É, eu sei que logo você vai se enroscar com alguém, e eu não poderei mais desfilar com você.

                - Me exibindo você quis dizer?

                - Olha priminha, você é linda, gostosa, tem um quadril não muito largo, mas tem seios fartos, qualquer garota que entrar aqui vai querer ser você, elas vão querer qualquer coisa que seja sua, no caso, elas vão me querer, desculpa, mas se você achar que é muito abuso de minha parte, eu não faço isso, não quero ser machista, opressor ou nada disso ok?

                - Você não precisa de mim, qualquer garota que você quiser você vai ter você é lindo, gostoso, tem esses olhos verdes com essa pele morena de quem passou o dia na praia, com toda certeza, isso é um ótimo conjunto, e te deixa irresistível, então meu querido primo, você não precisa exibir sua prima para conseguir ficar com as garotas, você só precisa deixar alguns botões da camisa aberto.

                Ele sorriu, e nos entramos no pub, não tinha nada a ver com os pubs da Europa, mas era um lugar gostoso, escuro, frio, estava tocando The Jack do AcDc, o Dj tem bom gosto para musica devo dizer.

                Puxei meu primo para perto e disse no seu ouvido – Você não pode me exibir, mas pode dançar comigo, e essa musica é ótima para isso.

                Nós dançamos e minha prima chegou quase no final da musica, eu acabei deixando meu primo de lado e dançando com minha prima, quando a musica acabou o Dj anunciou que a banda cover já ia começar, o que fez minha prima dar pulinhos.

                Eu e meu primo fomos até o bar e pedimos sete shots de tequila, ele resolveu que ia testar meu fígado e o quanto eu aguentava beber, pobre coitado, eu aguento bem mais do que ele pensa, virei os sete copinhos, sem pensar duas vezes, foi sem limão e sem sal.

                - Ow, eu acho que eu queria beber também!

                - Ops! Sinto muito priminho, mas você vai voltar dirigindo, eu gosto de velocidade, mas quando a pessoa que esta dirigindo está sóbria!

                - Eu não vou voltar dirigindo prima, outra pessoa vai  ao meu lugar pode ficar tranquila!

                Ele pediu mais tequila, e continuamos a beber, meu primo ficou surpreso em ver que depois de 10 doses, eu não estava alta, e ele resolveu pedir uma drink local, chamado “juneta flamejante”, eu não gosto muito de misturar bebidas, pois se eu misturar eu fico bêbada rapidamente, acabei tomando a tal juneta, depois de cinco segundos eu já estava me sentido feliz, por assim dizer, começamos a dançar quando um garoto se aproximou de mim e do meu primo.

— Renan!! – o tal garoto gritou, e imediatamente paramos de dançar.

O garoto sorriu, e meu Deus, que sorriso, ele olhou pra mim que estava um pouco atrás do meu primo, eu parecia um bicho desconfiado e tímido, e quando me dei conta de como isso era ridículo, me coloquei lado a lado com meu primo e apoiei no seu ombro.

— Quem é sua amiga, Nan? Não vai apresentar?!

— Ela não é minha amiga! – meu primo passou a mão na minha cintura, e o garoto ergueu uma das sobrancelhas, como se estivesse se perguntando “quem eu era afinal”.

— Eu sou prima dele!

— A francesa?

— Na verdade, canadense! Eu sou Abby, e você? É?

— Castiel, enchanté!

— Tu parle français?

— Um petit peu!

— Ok! Vocês podem falar a minha língua! – Olhei para o meu primo sem graça, com um sorriso.

— Desculpa primo, aparentemente seu amigo fala um pouco de francês.

— Percebi gatinha! Tudo bem, agora que vocês já se apresentaram, eu vou pegar mais bebida Abby, tudo bem?

— Yeah!

Meu primo saiu e eu comecei a dançar, Castiel foi se aproximando até começarmos, a dançar juntos, meu primo do bar fez sinal para mim, ele tinha pedido mais uma dose de juneta, eu fui até ele e nos viramos mais um shot, passou apenas um minuto e eu estava ainda mais animada.

— Hey! Cas? Você não bebê querido?

— Se eu beber você não volta pra casa hoje!

—Ah é você que vai nos levar pra casa?

— É, eu vou ter a honra de levar você pra casa delicinha!

— Hey! Não de em cima da minha prima! E Abby, da onde você tirou “Cas”?

— Eu não falei “Cas”! – Se não fosse a bebida eu estaria constrangida, mas só dei de ombros.

Os dois começaram a conversar, enquanto eles dançavam, eu ouvi Cas dizendo algo relacionado a minha tia, o que me soou bizarro, mas eu estava muito doida, e tudo que eu queria era dançar, eu virei de costas para os dois e dancei com minha prima, enquanto a banda tocava, quem disse que rock não dava pra dançar não sabia se divertir.

Senti uma mão passar pela minha cintura, e ouvi Castiel falando no meu ouvido.

— Acho que o Nan já dançou bastante com você, será que você se importa se eu dançar com você agora?

Eu me virei de frente com ele, e ele estava tão colado em mim que eu precisei de um alto controle tremendo para não beijar aquela boca, eu me afastei um pouco, sorri e mordi o lábio, o analisei de cima em baixo.

— Hoje não Cas! – Virei-me e fui atrás do meu primo, dançamos de frente um para o outro.

— Atrapalho dançando com você Nan? – Fiz beicinho

— Nunca Abby! Mas achei que você ia querer dançar com o Cas!

— Ah não, prefiro dançar com você, você está tão bêbado quanto eu!

Meu primo riu, passou a mão na minha cintura e me trouxe pra mais perto, sussurrou em meu ouvido – O que fazemos bêbados, é esquecido quando ficamos sóbrios ok?” – Eu assenti com a cabeça e ele beijou meu pescoço, fiquei arrepiada, continuamos dançando e bebendo até o fim do show, bebi tanto que eu estava mole, acabei escorando nos ombros de Cas, até o carro.

Não vi sinal da minha prima, muito menos do tal Diego quando o show acabou meu primo disse que ela estaria com o namorado na casa dele.

Quando chegamos em casa eu estava tão mole que não tinha condições de descer do carro, e meu primo estava um pouco melhor que eu, mas não conseguiria me ajudar, decidi ficar no carro e dormir por lá mesmo, não comuniquei a ninguém, só suspirei e fechei os olhos.

Foi quando ouvi a porta do carro abrindo e alguém me puxando, abri os olhos e vi Castiel sorrindo para mim, ele estava me carregando, encaixei minha cabeça em seu pescoço e senti seu perfume, ele tinha um sorriso lindo, e uma voz maravilhosa, e era cheiroso, eu involuntariamente ergui minha mão e passei pela sua barba, eu senti ele rindo.

— Abby, eu preciso que você me diga onde fica seu quarto...

— Primeiro andar, a terceira porta a direita... – Eu falei baixo, e com os lábios em seu pescoço.

— Olha, eu não entendi, direito, desculpa... – Ele me movimentou em seu colo e colocou o ouvido na minha boca, e eu sussurrei novamente onde meu quarto ficava.

— Foi o que pensei ter ouvido mesmo!

Eu sorri, e mordi os lábios.

— Sabe eu fique decepcionado por você ter escolhido dançar com seu primo...

— Eu não danço com pessoas sóbrias... – Meu Deus, o quão tosco soou isso?

— Se eu soubesse eu teria bebido e deixado seu primo sóbrio!

Ele parou na frente do meu quarto, abriu a porta e me deitou na cama, senti ele desenhando meu rosto com os dedos, ele ia da maçã do rosto até o final do meu pescoço.

— Eu tenho duas garrafas de vinho naquela mala... – Ele sorriu e fez menção de levantar – Mas é claro que é deselegante eu te deixar beber sozinho, e se eu colocar mais uma gota de álcool na minha boca, não ficarei nada bem, mas fique a vontade para vir amanha, e me ajudar com ressaca!

Ele sorriu – Você é muito esperta! Até amanhã então Abby! – Ele piscou para mim, levantou-se e foi embora.


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