Lost In Time escrita por VitóriaWolf


Capítulo 20
Lost in our "first" kiss


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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     Não combinamos a hora para que eu voltasse para o jantar, mas já está escurecendo, e mesmo não imaginando que seja possível que Arthur tenha feito o jantar, o tempo eu o dei  já foi suficiente para que ele arranjasse um jeito de trazer alguma comida para a mesa. Inspiro fundo, ser ter ideia do que esperar nesse momento e muito menos suas intenções. Ouço o barulho no lado de dentro e abro a porta, mas a única coisa que vejo é Arthur, parado em frente a mesa, me esperando com um sorriso. Velas deixam o cômodo mal iluminada, em um breu. Perfeito. Não consigo ver muito nitidamente, mas sinto os cheiros das flores no ar.
    _Gwenevere. Na hora certa. - caminho em sua direção e ele puxa a cadeira para que eu sente. Como um cavalheiro, e depois segue para seu assento.
    _Obrigada.
    _Espero que goste. - ele me olha apreensivo e olho para a comida pela primeira vez. Bom, ela não parece envenenada. Hesitante, levo o garfo à boca e surpreendo ao perceber que está realmente bom.
     _Está muito bom. - Não tenho certeza do que é isso, aprendi aqui que não devo perguntar o que como antes de digerir ou eu provavelmente morrerei de fome. Acho que nunca senti tantas saudades de um hambúrguer na minha vida. - Não sabia que cozinhava.
     _Eu também não. Mas acredito que você saiba. - coro e agradeço por estarmos no escuro.
     _Eu costumava saber. A culinária de vocês aqui é tão... Estranha. - tento procurar pelas palavras certas e ele me olha confuso. - Eu não tenho ideia do que é isso, mas sei que nunca comi na minha vida.
      _É frango, Gwenevere, frango. - específica.
      _Ahh. - olho para comida e presto atenção no gosto em minha boca. Tem gosto de frango mesmo.
      _Então que tipo de tempero vocês usam?- eu estava perguntando sério, realmente gostaria de saber, mas ele logo riu, acreditando que fosse uma piada, e mudou de assunto.
      _Tenho mais algum hábito irritante que devo saber?- paro e penso por um momento. Bem, têm muitos, mas não sei se seria correto falar.
      _Não. Nenhum. - respondo de cabeça baixa.
      _Há mais alguma coisa, não há. O que é?- Já que ele insiste.
      _Bem, você ronca. - ele abre a boca, possesso, e por um momento acho que passei dos limites.
      _Eu não ronco. - ri e me alivio.
      _Sim, você ronca. Na primeira noite achei que um porco tivesse entrado aqui.
      _Então agora também sou um porco. Muito obrigada, Gwenevere. - sinto a ironia.
      _Eu nunca disse isso, só falei que parece com um porco. - conserto e ele me olha, abismado, como se não fizesse nenhuma diferença entre uma coisa e outra.- Acho melhor eu parar de falar!
      _Não pare! Adoraria saber os outros animais que pareço. Porque, quando ver minha imitação de galinha, eu juro, não vai nem saber nos diferenciar. - a esse ponto já tinha completamente esquecido da comida em meu prato, assim como ele.
      _Eu adoraria ver isso. - e eu adoraria possuir uma câmera também, mas nem todos conseguimos o que queremos.
      _Quem sabe um dia. - seus olhos azuis cravam no meu e mesmo estando praticamente no escuro, é como se seu rosto brilhasse na escuridão.
      _Eu vou...- me levanto para retirar os pratos, mas ele me antecede.
      _Eu faço isso. - se oferece. Que tipo de magia eu usei para que Arthur Pendragon se ofereça, em livre e espontânea vontade, a lavar a louça.
      Com o prato antes cheio de comida, não pude perceber o desenho inscrito, mas agora que ele o pega vazio na minha frente, noto.
      _Onde conseguiu estes pratos?- ele se vira para mim. - Eles têm o selo real. - comento e ele olha para o prato, com um ar de surpresa.
      _Como estes pratos vieram parar aqui?- se faz de inocente.
      _Eu os lavei o bastante para reconhecer. Suponho que nossa comida veio de lá também. - cruzo os braços e espero por sua explicação.
     _Eu tentei. Juro que tentei. Merlin ficou comigo aqui o tempo todo, com a desculpa de que ia tomar conta para que eu não explodisse sua casa. - sorrio, mas logo fico séria de novo. - O que eu particularmente não sei como, porque ele explodiria junto. Mas já estava na hora de você chegar e a única coisa que eu tinha para comermos era os sacos de trigo e cevada que você fez de cama, e eu não achei que gostaria de jantá-los. Nós tivemos uma ótima refeição, do que importa de onde veio?
      _Porque pensei que havia mostrado humildade! Havia feito algo amável para mim mesmo sendo uma criada. Um bom rei deve respeitar seu povo não importa quem sejam. - o dou as costas, sem saber exatamente para onde iria, só queria me afastar, mas ele segura meu braço antes e me faz virar para si.
       _Gwenevere. Sei que tenho muito a aprender. Coisas como humildade, companheirismo, modéstia e simplicidade.  Nós aprendemos com nossos erros, e até hoje ninguém nunca havia me mostrado que estava errado. Eu provavelmente já tinha que saber? Talvez. Mas fui criado em um mundo onde todos me dizem que estou certo em tudo o que faço, então me desculpe por não agir do modo como espera de um príncipe, como conheceu antes de chegar aqui. Eu sou terrível em muitas coisas, cozinhas é uma delas, e eu tentei. Isso não vale para alguma coisa?- ele fica em silêncio, como se tomasse para coragem para dizer algo que morre de medo. - Outra, é saber o que dizer a alguém que me importo.
    Ai meu deus. É agora. Porque todas as coisas sempre acontecem do mesmo jeito? Seus olhos estão fixos em mim, mas não de um jeito assustador, mais par delicado e apreensivo, como se esperasse para ver o que eu faria depois disso. Tive a maior vontade do mundo de dar uma joelhada em sua virilha, exatamente como fiz com Maxon, mas achei que seria estranho e nostálgico. Então em vez de partir para a violência, escolho a saída mais pacífica.
     _Quer dançar?- me olha como se não tivesse entendido o que eu disse, mas logo sorri, terno e me estende a mão.
      _E a senhorita sabe dançar?- ele faz uma reverência.
      _A sua dança ou valsa?
      _Eu imagino que saiba dançar a sua. Então conhece a dança típica da corte de Camelot?- nego com a cabeça. - Então qualquer dia teremos que repetir isso e a ensinarei nossos costumes.  Merlin trará a comida. - completa e respiro aliviada. - Hoje você me ensinará essa valsa?- ele tem dificuldade em dizer o nome.
      _Primeiro, ponha sua mão na minha cintura. - ele não faz nada, me observa atentamente. Então pego uma de suas mãos e a deslizo até o lugar apropriado.
      _Em que tipo de eventos ela é dançada?
      _Casamentos em festas em gerais, eu acho. - respondo sem dar muito importância. - A outra fica na minha. - Dou um paço para frente e começo a me movimentar, seus pés seguindo os meus. - Agora você só escolhe para qualquer um dos lados que quiser se movimentar e dá um passo. - o mostro como fazer primeiro e em pouco tempo ele já me guia pela casa.
      _Nossa! Isso é muito fácil!- ele parece admirado.
      _Você pode me girar a hora que quiser. - giro em meu próprio eixo, sem desgrudar de sua mão e depois volto. - Ou pode me deixar cair, deixando sua mão em minha cintura para que eu não caia de verdade.
      _Então uma falsa caída?- ele pergunta e faz exatamente o que eu havia acabado de detalhar.
      Seu braço forte me segura, facilmente, como se eu fosse uma pena, e a luz das velas refletem em seu cabelo loiro, que no momento parecem brilhar dourados. Sinto meu coração acelerar e me pergunto como ele não nota. Respiro forte, completamente embasbacada, sabendo o que acontecerá agora, mas sem encontrar um jeito possível de prevenir. Seu rosto está a milímetros do meu e consigo sentir sua respiração leve no meu pescoço.
       _Agora sei por que se dança valsa em casamentos. - Sua voz sempre foi rouca assim?
       _Eu não sou uma boa dançarina. - confesso e ele sorri.
       _Você é boa em muitas coisas, Gwenevere. - ele olha fundo em meus olhos e sinto seu braço ao redor da minha cintura ficar mais firme. Ele me puxa para mais perto de si e se inclina em minha direção.
      Quando seus lábios tocam o meu, não tenho forças para impedir. Estou completamente imóvel, sem saber o que fazer. Instintivamente fecho meus olho e me agarro a seu corpo enquanto ele me eleva novamente e me puxa mais para perto de si. Me agarro ao seu corpo e peço passagem com a língua. Ele hesita, mas acaba por ceder, surpreso por tornar tudo melhor. Nossas cabeças se movimentam no ritmo da música que escuto em minha cabeça e nos separamos quando o ar se faz necessário. Sua mão toca seus lábios, surpreso e sorrio.
      _Onde aprendeu isso?
      _É melhor mostrar do que dizer. - respondo misteriosa.
      _Concordo. -segura minhas bochechas com suas mãos e sela nossos lábios novamente, dessa vez com mais vontade e voracidade. Subo uma das minhas pernas ao redor do seu quadril e ele dá um impulso para cima e enlaço minhas pernas em sua cintura, em seguida ele me prensa na parede, para ter mais apoio, tudo sem descolar nossas bocas. Não tenho ideia do que poderia ter acontecido a partir daquele momento de não tivéssemos sido interrompidos. Merlin escancarou a porta e entrou, respirando pesado, como se tivesse corrido até aqui. Arthur me solta, completamente assustado, e preciso de um tempo para conseguir me manter equilibrada de novo entre ele e a parede.
      _Interrompi?- pergunta e negamos. Gaguejo várias vezes tentando dizer não, mas desisto quando não consigo. - Tudo bem. - Acho que é impossível que eu me sinta mais constrangida e envergonhada do que estou no momento.


      _Eu acho melhor ter uma ótima desculpa para estar aqui. - Arthur ralha.
      _Claro. Hum... Seu pai descobriu que você não está na fronteira do Norte.
      Arthur xinga em alguma língua estrangeira que não conheço e vai embora, não sem antes murmurar um pedido de desculpas e que eu deveria dormir na minha cama hoje.
      _Então... O que foi aquilo?- Merlin espera que Arthur já esteja longe o bastante para nos ouvir e se senta em minha cama como se fosse a sua. - Não tente negar. Eu vi. - coro.
      _Eu não sei, para falar a verdade. - me sento do seu lado.
      _Eu sei. Isso é chamado de beijo. E um dos grandes. - o empurro da cama e ele ri. - Mas eu achei que tivesse um namorado em casa.
      _Como sabe disso?
      _Arthur me disse. - ele nota meu rosto de confusão. - Para ele estar me contando coisas o relacionamento de vocês deve estar muito sério. -o olho brava e ele para de fazer piada.
      _Importa se eu tenho ou não? Eu estou aqui não estou? Milhares de anos de distância e não há jeito de voltar. - ele tenta argumentar, mas continuo antes. - Eu já aceitei a verdade, Merlin, você deveria também.
      _Mas você ainda o ama?
      _Sim. Com todo o meu coração. - encosto a cabeça na parede, sonhadora.
      _Então porque beijou Arthur?
      _Eu não sei. -respondo sinceramente. - Eu tenho o direito de seguir em frente, sabe. Ele me largou e eu não posso ficar sofrendo por ele. Mesmo que já tenha passado mais de seis meses desde que o vi pela última vez, e mesmo que ainda sonhe com seu sorriso todos os dias, eu nunca mais o verei e preciso seguir em frente.
      _Então está usando o príncipe?
      _Não, não! Arthur pode não ser perfeito, está muito longe disso. - completo. - Eu só me sinto diferente quando estou com ele. Eu o odiava quando o conheci, mas nesses meses fui vendo que ele não é quem eu acreditava que fosse, e você, mesmo que minta, sabe disso. Ele provavelmente não é o amor da minha vida, mas é pecado querer aproveitar o momento, aqui e agora? Mesmo com todos os defeitos, ele me faz sorrir. Não estou pensando no futuro, mas sim no presente, e sofrer por um coração partido não faz parte dele, Arthur faz.


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