A Médica e o Monstro escrita por Ragnar


Capítulo 4
IV




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Durante o dia depois da conversa entre ambos, chamaram Soldier e os três esperaram o irmão de Hanzo. Genji voltou em poucos minutos e contou não sentir a presença de nenhum espirito, nem mesmo a criatura que derrotaram no dia anterior tinha alguma presença espiritual, como se fosse apenas um fantoche.  

Depois do ocorrido, todos voltaram para a vila, cada um seguindo eu caminho e Angela não perguntou nada com Hanzo em seu encalço. A casa de Anúbis ainda devastada e as coisas tinham sido apenas juntadas para ninguém jogar para longe, talvez Pharah tivesse tido ajuda de alguém para aquilo, ela nunca ficava tanto tempo para arrumar as coisas. 

Então Hanzo a ajudou depois do silêncio, tocando levemente o ombro dessa e a acompanhando casa adentro. Em poucos tempo os livros de seu quarto foram deixado todos em um canto na parede e os moveis apenas ajustado de onde deveriam ficar, a magia dela também contribuiu para restaurar janelas quebrada. 

Não foi tão difícil quanto Angela achava que seria. Sentia-se um pouco mais leve e com a desconfiança menor sobre o monstro japonês chamado Hanzo, como se depois daquele monologo suas diferenças conseguiram ser deixadas de lado e as inseguranças de Angela conseguissem serem curadas sem esforço. 

O acordo ou ajuda com Hanzo era faze-lo conseguir a paz e perdão do próprio irmão pelos seus erros do passado e com os atuais que conseguiam incluir o marido de Genji, o skull que Hanzo tinha um preconceito a ser desconstruído de forma gradual. Auxilia-lo não era o problema, andar com esse durante a noite no vilarejo movimentado, com os olhares voltados para ambos e cochichos que Angela já se acostumou a muito tempo, mas o contrário podia se falar de Hanzo. 

Ela não sabia se ele sentia vergonha por andar ao lado de uma bruxa como ela, Angela tinha sim sua fama que muitos a temiam, mas eram temiam até mesmo ao ajudar os moradores dali, mas poucos que a conheciam sabiam que ela tinha mudado e se arrependia com todas as forças do seu passado. 

Consistiu em tentar conversar de forma amigável com Zenyatta ao pedir algumas ervas novamente, mas claro, ocultando suas reais intenções com isso que era conversar sobre Hanzo. 

— Como você e Genji se conheceram? — Ela perguntou de forma amigável, ajudando com uma cesta sendo levitada com sua magia enquanto Zenyatta colhia raízes de alguma planta na sua horta pequena. 

O skull a olhou de soslaio e suspirou, indo um pouco mais devagar que o costume até Angela que estava sentada em sua vassoura, sorrindo gentilmente e fazendo a cesta lhe acompanhar. 

— Parece que foram semanas, mas apenas nos conhecemos por um século — Contava, sua voz tranquila, mas fraca — Eu o ajudei quando estava vagando pelo Nepal, um shinigami em território de monges omnicos era uma ofensa... Mas não foi para mim — Pausou, a mão tocando o peito e Angela conteve a vontade de perguntar se era algum resquício da praga — Sou um omnico mestiço com skull, não sou totalmente descendente do Nepal, mas se me aceitaram, deveriam o mesmo com Genji. 

— Você o abrigou? O escondeu no templo? — Angela o interrompeu, cobrindo a boca pela interrupção e ouvindo a fraca risada de Zenyatta — Desculpe-me... Continue, por favor. 

— Não conseguiria tal façanha, meu irmão Mondatta conseguiu me manter com todos por ser apenas seu irmão, mas não conseguiria a caridade de abrigar Genji conosco — Falou, a mão pegando algo em sua bolça de pano, um amuleto que tinha um dragão verde forjado em ferro — Ele me deu isso em sinal de confiança, é um símbolo dos irmãos dragões, da antiga família dele... — Contou, o dando para Angela segurar e apenas com o toque, sentia a carga de magia antiga, essa que conseguiu agarrar as emoções de seus portadores através dos anos. 

— Não tem como estimar o valor desse gesto, Zenyatta — Ela falou, passando o dedo numa marca de arranhão — O que você fez para ajuda-lo? — Perguntou, voltando a história. 

— Eu o abriguei nas extremidades da vila — Contou — Fiz o que pude, nos omnicos não precisamos de recursos como um ser de carne... Pensei que ele morreria pelo frio e que meus esforços fossem em vão, mas isso não aconteceu. Aconteceu que o tempo entre nós nos fez conhecermos melhor e meu mantra e conhecimento de que omnicos tem alma foi além... Eu me vi amando Genji — Contou. 

— Mas é perceptível que você tem alma — Angela novamente o interrompeu, a cara confusa pelas palavras de Zenyatta — Senti isso ao tocar esse amuleto, ele carrega suas emoções e as de Genji depois de anos, séculos se for para contar. 

— Doutora Angela, quem não garante que minha alma não seja uma ilusão? — Indagou, tendo ainda cara de confusa de Angela — Quem não garante que eu seja apenas uma programação com IA de reconhecimento e simule emoções?  

— Isso seria impossível, reconheço um ser com vida quando vejo um — Ela falou séria — Mas você parou na parte em que estava amando Genji... — Voltou, entregando o amuleto para Zenyatta. 

— Se me interromper novamente, terminarei apenas amanhã — Brincou, atraindo uma risada de Angela — Genji não ficou muito tempo depois de se recuperar, então me vi o seguindo para onde ele fosse...  

— Você deixou seu irmão e tudo que viveu para viver com um forasteiro? — Ponderou a cabeça para o lado, sorrindo fracamente. 

— Viver no desconhecido com o forasteiro da qual ajudei a melhorar durante cinco meses? Sim, deixei — Apertou o amuleto em suas mãos, o guardando — Mas você não veio apenas me ajudar por paciência e boa vontade — Falou e Angela disfarçou a vergonha da abordagem de Zenyatta. 

— É complicado, mas gostaria fazer companhia depois de ver seu estado e com Genji tendo me ajudado com o problema no vilarejo vizinho, sentia de longe que ele não queria ter me ajudado — Contou e Zenyatta ponderou a cabeça um pouco para o lado, confuso — Ele queria estar do seu lado — Explicou, dando uma risadinha. 

— Ele consegue não ser discreto, sinto muito por isso — Falou, atraindo novamente uma risada de Angela — Mas ele é um bom homem, diferente do irmão. 

Ela tinha chegado no assunto, poderia aproveitar e seguir o rumo da curiosidade para dar abertura as perguntas, mas seria cautelosa com cada uma delas, não queria a inimizade de Zenyatta. 

— Parece que esse irmão do Genji matou alguém — Brincou, mas parando com o olhar de Zenyatta sobre si — Ele matou alguém? — Perguntou cautelosa. 

— Ele quase matou o próprio irmão — Contou, a voz sombria e fraca — Sinto raiva por esse ainda ousar me desafiar sendo que ele mesmo fez mal ao irmão dele... E ele deu a desculpa de que não checou para ver se Genji estava vivo, apenas o deixou para ser acolhido pelo destino. 

Então essa era a raiz de tanta raiva, nem mesmo Angela escapou dela até o momento em que manteve a calma e terminou de ajudar Zenyatta, o acompanhando até a casa desse antes que começasse a chover. Se apressou para voar até a casa de Pharah, vendo que essa não estava sozinha e sim na companhia de Satya. 

Dando uma explicação rápida enquanto subia até seu quarto, Angela explicou que não ficariam com ambas, tinha um assunto para resolver e tentaria voltar o mais cedo possível, ela tinha um assunto pendente a tratar e que não sabia que envolvia a ajuda dela com um certo monstro. 

Perto do vilarejo vizinho, Angela seguiu caminho pelo bosque até onde tinha sido tratada por Hanzo, o encontrando meditando e de olhos fechados, mas o cenho franzido ao notar a presença dela tão perto. Se levantando, ela não deu chance dele começar a falar, o encarando séria. 

— Matar o próprio irmão? — Disparou, zangada — Hanzo, achava que tinha sido algo da família de vocês por serem orientais e não envolver ter matado o irmão! — Mãos na cintura, Angela travou a mandíbula para conter a raiva enquanto o outro não a encarava, apenas olhava o chão — Olhe para mim, Hanzo Shimada! 

Ele não a olhou, a vergonha que ele deveria sentir deveria ser maior do que o peso da culpa no momento, mas ela não queria saber, se ofereceu a ajudar e o que recebia era uma informação que poderia dificultar a paz entre os dois irmãos. Sentia impotente e confusa por aquilo, fosse desumano demais ou frio para alguém com ligações familiares, talvez por ser sentir decepcionada, mas essa decepção não tinha cabimento, não fazia nem um mês que se conheceram e lá estava ela, dando bronca no monstro. 

— Era eu ou meu clã que colocaria Genji na linha — Ele explicou num sussurro — Não me perdoaria ficando de lado. 

— E você preferiu fazer isso com as próprias mãos? — Ditou furiosa, se aproximando dele e puxando o rosto dele para olha-la, vendo o branco do olhar dele a fitar surpreso — Você apenas se mostrou ser o monstro que aparenta ser por fora, mostrou ser pior... 

— Eu não tinha escolha... — Lamentou. 

— Sim, você tinha — Ela sussurrou, com pena e decepção — Todos tem escolha e você escolheu o que estava apenas a sua vista e não o que poderia beneficiar ambos, você escolheu perder tudo que tinha. 

— Se eu deixasse meu clã o fazer, não teria mudado nada — Falou no mesmo tom e Angela travou a mandíbula novamente antes de falar. 

— Se tivesse sido o seu clã, você não estaria aqui e sim sendo um líder vazio e atormentado como muitos outros — Ela falou, num sussurro — Eu já vi reis caírem, impérios desmoronarem, rainhas irem a guilhotina e mulheres inocentes queimarem, você não teria um destino diferente deles, mas sua dor não seria física — Contou, respirando fundo — Eu achei que você seria diferente... — Murmurou, sua mão afastando do rosto dele, mas sendo mantida pelo mesmo. 

— E sou diferente — Falou convicto — E quero provar isso, quero ser e mostrar que sou diferente do mesmo yokai de séculos atrás, isso não é ser diferente para você? — Indagou — Doutora, você mesma disse que iria me ajudar, mas recua com algo da qual quero me redimir — Falou — Você consegue ver, mas se recusa. 

— Foi desumano o que fez ao seu irmão — Ela falou. 

— Nem ao menos sou humano, Doutora — Hanzo falou, negando — Sou um monstro, mas você me provou que eu poderia ser mais do que isso... Me ajude. 

Angela não conseguia recusar um pedido de ajuda, não quando já estava envolvida. Sua mão foi solta pela de Hanzo, sem nenhuma palavra sendo proferida por ambos até Angela dar o primeiro passo que se seguiu a semana inteira.  

Sendo cautelosa, Angela continuou auxiliando Zenyatta quando Genji não estava, mas também para nãos atrair desconfiança e sumir, do skull omnico acha-la interesseira. Dando falta no fim da semana o pote com a praga que tirou de Zenyatta, se alarmando com a ausência desse na sua bolsa de couro e se perguntando se não tivesse caido pela casa ou em alguma parte do vilarejo. Aquilo teria o mesmo grau de perigoso como a pedra azul, mas ela tentou manter a calma, mas não escondendo completamente sua preocupação diante de Hanzo quando o encontro no centro do vilarejo. 

Tentou despreocupa-lo e mesmo que o outro tentasse acreditar, deixou as perguntas de lado para o alivio de Angela. Na parta afastada de todo o movimento, Angela ficou sabendo por Zenyatta que Genji estaria com ele numa pequena venda do plantio de sua horta, mas ela esperava que não acontecesse nada de errado, esperava muito. 

Ela conseguia sentir a tensão do homem ao seu lado, conseguiu ver o olhar de Genji para ambos e fitar mais Hanzo, falando algo para Zenyatta e se aproximando deles.  

— Hanzo? Deixarei vocês conversarem a sós... — Angela chamou a atenção de Hanzo, tocando brevemente seu ombro antes de se afastar até onde Zenyatta estava. 

Ele olhava para Genji curioso e até mesmo para Angela, mas não perguntou nada, talvez ele soubesse que logo saberia e isso só foi comprovado quando Genji abraçou Hanzo. 


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Notas finais do capítulo

Sabe uma coisa que pensei ao fazer esse cap? Foi o pensamento do Zenyatta, tipo, tem fotos de dois casais de humano com omnico no mundo de overwatch e um deles e no curta "Alive" e outro na apresentação da Sombra, onde aparece um omnico nos Los Muertos (estranho que eles são contra os omnicos), mas Genji e Zenyatta são o casal secundário.

E outra, no curta "Dragons", o Genji perdoou Hanzo pelo que ele fez e que o irmão deveria perdoar a si mesmo pelo passado, eu queria puxar um pouco disso para cá na fic.

Espero que tenham gostado e obrigado por acompanharem.



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