Primavera escrita por Fadaravena
Notas iniciais do capítulo
Campanha em prol de aumentar o blmatsu no fandom brasileiro, que venham todas as combinações do arco-íris.
Sol de primavera:
Um conjunto de cores
Borboletas no céu
— Por aqui mano Ichimatsu. - Jyushimatsu exclamou ao longe
Ao seu próprio ritmo, Ichimatsu atravessou a rua na faixa de pedestres até um extenso campo florido. Seu irmão mais novo carregava em uma mão um balde amarelo e na outra uma rede de apanhar insetos. Assim que o alcançou uma forte fragrância adocicada envolveu seus sentidos e fez pinicar seu nariz.
— Foi aqui que viu o besouro rei?
— E o mano Ichimatsu vai poder ver ele também. Não é empolgante? - ele balançou a rede no ar de um lado ao outro.
Ichimatsu soltou um riso fraco.
— Sim, empolgante.
Os dois começaram a explorar o campo. Boa parte dele era em céu aberto com a grama à altura do joelho, um pouco mais distante, porém, podia-se avistar o começo de um bosque com suas árvores altas e exuberando cores.
Jyushimatsu ia à frente, quase se arrastando pela grama alta, enquanto ele ia atrás observando o irmão. O primeiro inseto que Jyushimatsu capturou foi uma pequena borboleta de listras azul-arroxeadas, no final das suas asas se estendiam dois alongamentos como a manga das vestes de verão, suas antenas eram bem compridas, era magnífica. Ichimatsu arregalou os olhos, admirado.
— É uma fraque, cauda de andorinha. - disse Jyushimatsu, concentrado, parecia um especialista examinando uma espécime exótica, as pupilas dilatadas.
Ichimatsu apenas balançou a cabeça, assentindo.
— Lembra quando fomos para o festival e o mano Karamatsu estava usando um quimono todo aberto atrás?
— Tem razão, parece o Merdamatsu.
Como confirmando, a borboleta se soltou da rede e deu várias voltas no ar, exibindo-se para os dois espectadores. Eles acompanharam a bela borboleta até esta pousar numa orquídea branca, quando se aproximaram ela alçou vôo e se despediu elegante pelo bosque. Os dois irmãos se colocaram um ao lado do outro olhando-a se afastar como a um avião na despedida de um amigo de longa data.
Ficaram por um tempo absortos até um espirro de Ichimatsu os chamar de volta à caçada.
— Vamos ver por aqui. - chamou Jyushimatsu.
Os dois caminharam até perto de alguns arbustos na extremidade direita do campo. Ambos se agacharam e começaram a afastar as folhagens. Enquanto faziam isso, sem perceberem, suas mãos se encontraram e os fizeram virar o rosto rapidamente um para o outro. O largo sorriso não abandonava Jyushimatsu, mas Ichimatsu sentiu a temperatura do corpo subir e se concentrar em suas bochechas. Desviou o rosto para o lado pigarreando.
— Talvez esteja próximo do bosque. - arriscou.
O irmão balançou com vigor a cabeça para frente e para trás, junto com as mangas de seu casaco.
Na metade do caminho Ichimatsu deu outro espirro, dessa vez mais forte. E então uma sucessão deles o acometeu de uma tal forma que sentiu os seus olhos coçarem.
— Seu nariz tá escorrendo, mano. - disse com simplicidade, estendendo-lhe um pano.
Ichimatsu olhou para ele, depois para o rosto sempre sorridente de Jyushimatsu.
— Obrigado. - pegou o lenço e agora não só seus olhos, mas também seu rosto ardia. Assou o nariz e lhe devolveu o lenço.
O sol ia caindo no horizonte tingindo o céu de laranja e vermelho. O doce aroma da manhã deu lugar ao sutil cheiro de terra da tarde. Jyushimatsu se aproximou do irmão que aguardava próximo de uma laranjeira e lhe estendeu o balde, lá dentro estava uma lagarta verde e cheia de pelos engatinhando de um lado a outro e subindo a parede do balde.
— Essa é uma kemushi.
— Kemushi. - repetiu.
— É o mano Choromatsu quando fala de trabalho, seus pelos do traseiro pegam fogo!
Ichimatsu deu uma risada sonora.
— E esse aqui? - apontou para uma joaninha escarlate no fundo da rede.
— É o mano Osomatsu, e tá vendo aquela mariposa peluda no tronco, quase não dá para ver, né? É o Totty se disfarçando para não ser pego por um predador!
Ichimatsu teve que concordar com essa.
Mais para o finzinho da tarde, quando achavam que não iriam alcançar o seu objetivo avistaram em cima de uma rocha, num canto sombreado, um besouro maior que a palma da mão, escuro, com um chifre comprido se dividindo em dois menores na ponta.
Ichimatsu ficou boquiaberto e soltou uma exclamação de espanto. Seu irmão colocou o balde no chão e com as duas mãos segurou o besouro.
— É incrível, Jyushimatsu.
— Não é? Agora o mano Ichimatsu também pode ver o maior inseto do Japão.
Ichimatsu assentiu.
— É.
Assim que voltaram para casa seus outros irmãos já se preparavam para dormir. Jyushimatsu contou empolgado sobre a pequena aventura e Ichimatsu prestava especial atenção à narrativa.
— Ei, Ichimatsu, seu nariz tá vermelho. - observou Osomatsu apontando para o seu rosto. Ichimatsu o cobriu no mesmo instante.
— Que é isso? Alergia? - seu irmão mais velho soltou uma gargalhada.
Ichimatsu abaixou a cabeça e bem de leve confirmou.
— Isso não é bom. - Jyushimatsu disse, precipitado.
Rapidamente arranjou um jeito de evitar o desconforto, veio por trás do irmão, e, com destreza, colocou uma máscara cirúrgica à altura do seu nariz. A sensação de incômodo de antes foi sumindo, virou-se para Jyushimatsu surpreso.
Agradeceu uma vez mais.
Quando todos já estavam dormindo, Ichimatsu ainda acordado acariciou com carinho a máscara, recordando-se do dia, e algo dentro de si despertou aquecendo seu peito.
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