I still walk escrita por Claymore


Capítulo 14
Capitulo 14




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O lugar estava com uma luz fraca piscando e pelo o que parecia ainda estava funcionando. O ar era gelado e saia fumaça pela minha boca. Atrás de mim a porta suportava as batidas e protestos das criaturas querendo minha carne, caminhei alguns passos para tentar ver ao final, mas era muito grande e coberto por inúmeros plásticos brancos com peças de animais mortos congelados por toda parte.
Então eu o vi. Ele era tão grande como uma parede. Enorme. Talvez dois metros de músculos. Ele estava todo de branco com galochas e luvas. Ele ainda vestia um avental de plástico com sangue seco grudado. Estava de pé parado me olhando. Me encarando com aqueles olhos mortos. Dei um passo para a esquerda e ele me seguiu , mais dois e ele deu um. Parei paralisada . Era o maior Walker que eu havia visto na vida. Talvez o maior humano que eu havia visto.
Mas eu cometi um erro, dei mais um paço para trás em direção as prateleiras que estavam agora atrás de mim. Mas foi meu erro mortal ele disparou em minha frente. Para minha surpresa ele estava acorrentado pelo pés do outro lado da parede, o impedindo de colidir contra mim, tentou uma, duas, três vezes, quando soltei o ar ele avançou novamente. A corrente estalou e quebrou e ele veio com tudo na minha direção. Um grito saiu da minha boca abafado pelo impacto. Ele veio com tudo com as mãos esticadas em minha direção e me agarrando pelos ombros.
Eu não sabia o que era, mas colidimos com alguma coisa dura e fez eu sentir uma dor agonizante no meu ombro direito. Ele tentou morder meu rosto, mas eu o segurei com tudo o que eu tinha. Mesmo sabendo que minha força não duraria para sempre como a dele eu sabia que precisava lutar.
Tentei agarrar minha besta na minha coxa, mas ele se aproximava. Aqueles dentes podres e a boca aberta na direção do meu rosto. Seu bafo morto e seus olhos congelados. Pequenos cristais de gelo estavam sobre seu cabelo longo que caia sobre seus ombros.
Um ruído alto de metal o fez desviar a atenção então eu aproveitei. E peguei minha besta atirando no seu queixo atravessando seu crânio de baixo para cima. Ele caiu sobre os meus pés então eu entendi que ele havia me levantado e meus pés estavam suspensos , por algum motivo eu não cai no chão, mas senti as pontadas fortes do meu ombro. Minha visão estava turva, eu ia desmaiar.
— Beth...Beth...
Ouvi a voz do meu anjo. Daryl me segurou forte e me despregou da parede me fazendo sentir uma onda de náusea .
Na próxima vez que abri meus olhos, estava deitada em movimento. Abri meus olhos e a primeira coisa que eu vi foi o Daryl em cima de mim. Virei meu rosto e ele estava pressionando uma espécie de tecido sobre meu ombro.
— Dar....- Não consegui dizer seu nome completo. Agora sentia a dor percorrer meu corpo me fazendo sentir calafrios.
— Não se mecha, estamos chegando.
— Spencer.
— Ele esta no outro caminhão. O que aconteceu?
— Eu preciso dizer.
— Depois.
— Não tenho tempo. Eu vou....
— Não. Você não vai. Cale a boca e descanse.
Meus olhos se fecharam de novo. Me lembro de sentir ele me carregando e a voz de muitas pessoas depois. Alguém gritando com Spencer e depois minha irmão gritando meu nome. Não sei por quanto tempo fiquei apagada, mas eu senti alguém esfregar meu ombro e depois dizerem que eu tive sorte. Eu não me sentia com sorte.
— Você precisa de um banho. - Era a voz de Carol.
— Não vou deixa-la.
— Eu aviso quando ela acordar.
Daryl... era ele. Ele não queria ir embora? Eu não queria que ele fosse embora.
— Você sabe o que aconteceu?
— Pergunte a seu filho. - Rick e Dianne discutiam , alguma coisa sobre porque Spencer não estava falando. Alguma coisa sobre esconder alguma coisa.
Quando meus olhos se abriram o sol estava se ponto e o crepúsculo estava descendo pela janela do meu quarto. Eu estava vestida com uma camisola de alças e a temperatura estava baixa. Me levantei da cama com dificuldade e ninguém estava por perto. Caminhei até a porta e ao abrir Daryl estava sentado apoiado em frente a minha porta com a cabeça baixa. Calça Jeans preta, botas pretas e um moletom de capuz preto. Como uma sombra na baixa luz do corredor.
— O que você esta fazendo? Eu consegui dizer com a voz falhando pela boca seca.
Ele abriu os olhos e se levantou.
— Você acordou?!- Não sei se pareceu uma pergunta ou uma declaração de alivio.
— Nunca vi você de moletom. - Eu disse voltando para o quarto. Sentei na cama e ele me seguiu.
— Uma vez para tudo na vida.
— Você parece mais jovem. - De fato ele parecia mais jovem com a barba feita e o cabelo limpo.
Ele ficou me olhando e eu me perguntei o que fazia ele me olhar assim as vezes. Como se uma pergunta não dita estivesse voando entre mim e ele.
— Oi. - A loira apareceu na porta e entrou com uma enorme jarra de metal com uma xicara. - Que bom que você acordou. Vim trazer um pouco de chá de morango para o Daryl. -Então era por isso que ele não se afastava da mesa de Chã? Ela fazia o chá . - Você nos deixou preocupados.
— Mesmo? - Não pude deixar meu tom sarcástico cortar a sala. - Estou realmente cansada, podem me dar licença? Me virei e deitei para o lado da janela.
— Bem ...se precisar de alguma coisa.
— Não obrigado.
A ouvi sair do quarto dando um "tchau" baixo para o Daryl.
—Você poderia sair também?
— Você quer que eu saia?- Quase podia ouvir o tom de desapontamento em sua voz, mas eu sabia que era o que eu queria ouvir e não a verdade.
— Saia.
Pelos próximos dias eu me senti apagada. Meu corpo estava se recuperando. Rick me disse que o Walker havia praticamente me prendido na parede em um apoio de prateleira quebrado. Mas que o ferimento apesar de ter passado pelo meu ombro não havia pegado nenhuma artéria e que logo eu ficaria bem. Eles queriam saber o que havia acontecido. Rick me disse que Spencer estava se escondendo do Daryl, que se ele o visse iria mata-lo. Mas eu duvidava, Daryl deveria estar com a namorado em um hora dessas. Contei que vi Spencer pelos monitores e corri, quando ele entrou a porta deveria ter trancado. Eu sabia que eu havia deixado ela aberta e que mesmo que ele tivesse fechado ele poderia abrir. Mas eu não queria causar mais confusão do que o que já estava acontecendo. Eu não queria fazer com que os outros perdessem a confiança no Spencer, mas eu não confiava mais. Deixei no ar que talvez ele pudesse arranjar algum serviço por aqui e não sair mais em missões. Que ele ficou muito nervoso e não soube lidar com a situação. Acho que Rick entendeu o que eu queria fazer, pois disse que não iria sair mais em missão com ele. Dianne concordou e falou que eu poderia substitui-ló. Rick disse que Daryl não ia gostar da ideia, mas eu deixei claro que não me importava.
Passei os dias seguintes no meu quarto me recuperando. Mas eu me sentia fisicamente ótima, o que incomodava era esse enorme buraco no meu peito. Como eu poderia lidar com a traição de Spencer, ele era um covarde e quase havia me matado. E pior, como lidar com Daryl e a Barbie Malibu? Eu não podia suportar vê-los juntos, como eu ia lidar com isso. Esgotei as horas dos meus dias de folga brincando com a Judit no meu quarto, mas no inicio do dia eu ouvia a porta do quarto do Daryl abrir e fechar quando ele saia. No terceiro dia a neve estava caindo e o condomínio estava como um sonho de natal. Completamente branco.  Fui a primeira a acordar na casa e me vesti com roupas quentes que eu havia ganhado.  Calças e casaco preto, mas a cachecol e as luvas eram roxas escuras. Hoje decidi deixar meu cabelo solto por causa do vento. Estava decidida a sair do quarto mesmo que eu tivesse que ver o Daryl. Mas não custava nada sair antes dele.
Senti o vento gelado e a brisa congelar os poros do meu rosto, mas era bom. Andei até a casa seguinte e a Barbie Malibu estava novamente brigando com outro galho que caiu na caixa de luz.  Caminhei até ela e mesmo que eu quisesse que ela morresse de frio sem energia eu me lembrei que ela tinha um filho.
— Precisa de ajuda?
— Á Beth... você já esta melhor?
— Estou perfeita.
— Eu já ia chamar alguém para me ajudar. Mas esta tão cedo.
— Eu ajudo você.
— Tem certeza? Não acho uma boa ideia você forçar seu ombro.
Ignorei ela e puxei o outro lado do galho, demorou cerca de quase uma hora para conseguirmos retirar o galho e aparar os galhos seco próximos a caixa.
— Acho que até a próxima primavera você não vai ter problemas com os galhos.
— Acho que sim. E com sorte com as flores.
— Flores?
— Sim...essa é uma arvore de laranjeira, linda. Mas solta muita pétalas e pólen, qualquer pessoa que se aproxima dela acaba com pólen nos olhos. A ultima vitima foi o Daryl.  Geralmente com um simples assopro ele sai, mas o coitado quase ficou sego.
Foi ai que por algum motivo eu me virei para a casa do Rick. Minha janela ficava em um belo ângulo para a lateral da casa da Barbie. Por isso eu havia visto o beijo naquele dia. Mas prestando atenção em nossas posições eu acho que estava exatamente no lugar onde Daryl estava naquele dia. Inclinei minha cabeça e percebi que a arvore estava acima de mim.
— Posso te fazer uma pergunta . Pode ser um pouco estranha, mas preciso que você seja sincera.
— Claro.
— Você tem alguma coisa com o Daryl?
— Alguma coisa?
— Você sabe o que quero dizer.
— Você quer saber se eu estou namorando ele?
— Sim. Eu vi vocês dois se beijando naquele dia que você foi pedir ajuda com a arvore.
Ela me olhou com uma expressão confusa que eu acho que seria difícil de fingir, se fosse mentira ela era uma ótima atriz
— Naquele dia fui procurar o Rick. Ele que sempre me ajuda por aqui deis de que meu marido morreu. Daryl é bastante reservado. Na verdade esses dias que você esta por aqui são os primeiros que eu o vejo por ai. Ele nunca tinha falado comigo pessoalmente até aquele dia. Depois ele se ofereceu para podar a arvore para evitar que o pólen caísse nos olhos das crianças. Não sei o que você viu naquela noite, mas posso dizer com certeza que eu não o beijei.
Então por algum motivo eu entendi. Como um estalo na minha cabeça eu sabia exatamente o que ele estava fazendo.
— Obrigada . - Não fiquei para saber o que ela estava dizendo, talvez agradecendo, mas eu corri em direção a minha casa novamente. Eu estava pronta para a briga.


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