Striker - A Bruxa, Os Deuses, Anjos & Mortais. escrita por Lucas Chroballs
Dentro do edifício administrativo
Após alguns minutos observando sua oponente no chão, Viper gira seu olhar para ver onde a bruxa poderá ressurgir. A terrorista estranha que nada esteja acontecendo, mas ouve um barulho estranho vindo da bruxa. A pele dela descamava por onde não estava coberta, criando um novo corpo e retirando a espada do peito no processo.
“Ela não usa muitos feitiços, mas quando usa é sempre uma bizarrice.”
Viper continua a se surpreender ao ouvir outro som atrás dela. Trata-se de milhares de borboletas que saem dos corpos das pessoas embaixo dos destroços.
“De novo isso?”
O corpo feito de pele e o real de Striker levantam-se, e o feito de sua epiderme desaparece quando ela pega na espada.
— Demorou bastante para eu entender como você funciona, mas acho que te decifrei. É o seu olho que te protege da minha magia, e agora eu sei que nenhum dos meus ataques vai te fazer efeito — diz a bruxa.
— Este olho foi um presente. Graças a ele que eu continuo viva, sem sofrer com efeitos do experimento que me atingiu.
Ela esboça um sorriso ao encarar Striker.
— Quando vir a rainha, agradeça a ela por tudo.
Naquele momento, Striker se lembra de quando Hardy falou da ligação entre Aine e o Esquadrão Escarlate.
— Deveria tomar mais cuidado com quem chama para o seu time.
— Dica de confiança? De você? — pergunta a bruxa.
— Existem muitas peculiaridades a meu respeito, mas uma coisa que eu não faço é mentir.
Viper saca uma faca e joga contra sua inimiga, que para o ataque no ar.
“Como eu pensei, existe um certo limite para essa proteção mágica. Agora eu sei de onde vem essa magia.”
— Bem. Alguma coisa você tinha que ter...
Striker crava sua espada no piso, criando uma rachadura gigantesca que consome todas as borboletas, transformando-as em energia pura e brilhante; limitando a visão de Viper sobre o local.
— Isso não vai funcionar! — grita a terrorista ao jogar uma bomba de fumaça, mas a bruxa é ágil e desaparece em seguida. — O quê?!
Sem ver por onde veio, Viper e Striker se jogam pela janela do edifício com a bruxa fincando sua espada na barriga da terrorista. Elas despencam juntas, digladiando no ar, até que ambas caem em cima de um buggy de guerra do exército.
— Apocalipse! — grita a bruxa para os céus, enquanto recebe os raios lunares em seu corpo.
O som de trovões ecoa pelo céu, as nuvens giram como se fossem fazer um tornado e, de repente, um raio poderoso rasga o tecido da realidade e cai em cima das duas, causando uma enorme explosão.
Em frente à Igreja Central
Todos os soldados abrem os olhos e, confusos, começam a observar o que acaba de acontecer.
— Estamos vivos? — pergunta um deles
Leona, que acaba de retornar, também demonstra surpresa ao ver que não houve tantos estragos, mas logo entende do que se trata ao olhar para o lado.
— General Ares? Como você...
— Guarde suas perguntas para outra hora, oficial — ele caminha tranquilamente, trajando um terno vermelho escuro e de barba feita. — Eu irei.
O militar observa o enorme buraco causado pelo impacto da explosão e se joga dentro dele para ir atrás de Striker e Viper.
Dentro dos esgotos
Mesmo com o forte odor e a água suja passando pelas suas canelas, Striker e Viper continuam a se confrontar pelas estreitas galerias.
— Deadly Skyte! — A bruxa dispara raios luminosos de suas armas, ao mesmo tempo que desvia das agulhas grossas de sua oponente.
A terrorista levanta a perna em 180° e passa o salto de titânio sobre o teto da galeria, usando o concreto que cai como bloqueio. Em contato com os disparos, as pedras se transformam em pó, e do meio da cortina de fumaça sai jatos de líquido ácido contra Striker.
— Que nojo, querida — ela estende a mão e transforma a substância em gelo, para depois quebrá-la em um chute giratório e se defender de um soco inesperado. — Tourmente!
Ao proferir este encantamento, as paredes da galeria se retorcem e viram brocas enormes, que perfuram os membros abaixo da cabeça da terrorista, deixando-a imobilizada.
A bruxa apenas observa um pouco e concentra sua energia, apontando uma pistola para a testa dela.
— Você é, o que posso dizer hoje, o meu maior desafio. Matou gente pra caramba, ameaçou a vida dos meus amigos e rasgou meu conjuntinho preferido... — Ela puxa o cão da arma. — Só que sei te dizer como eu ainda não tenho vontade de estourar a sua cabeça.
Esboçando um leve sorriso, Viper faz pequenos movimentos para se livrar das brocas de concreto, mas para segundos depois e encara Striker.
— Talvez seja porque somos muito parecidas. Você, mais do que ninguém, entende como é viver no mundo de hoje; sem ter certeza do que é, sem família para apoiá-la e sendo perseguida por nada. Querendo ou não, você sabe que o faço para este mundo é o certo.
— Vivemos em uma era onde esperança é dada como material raro e o dinheiro continua como o maior troféu de conquista. Guerra após guerra, nada muda. Tudo que tememos, tudo que passamos e tudo que somos hoje devemos a eles... Este é o mundo dos homens, minha querida — diz Viper.
Sem palavras e bastante pensativa, Striker muda seu foco ao ver um corvo parado em uma das grades da galeria. Eles se encaram por um tempo, até o animal gralhar para confundi-la mentalmente.
Em algum lugar do Vietnã, 1973.
Numa região cercada de capim, soldados americanos disparam para todos os lados, enquanto oficiais vietnamitas retrucam a chuva de balas. No meio do fogo cruzado, desperta Striker, com as roupas intactas e aparentemente ignorada por todos.
— Como? — Ela nota que as balas atravessam seu corpo sem danos, e entende que está dentro de uma guerra.
Em seguida, a bruxa avista um corvo nos céus que aterriza onde as tropas americanas partem. Ela segue a criatura e avista duas mulheres discutindo entre os soldados.
— Isso é tão previsível... hm? — Striker observa as duas atentamente e nota que são Aine e Viper, muitos anos antes.
— Muito além daqueles soldados, existe uma cidade cheia de pessoas que não estão aqui para pagar pelo que você acha que é certo! — berra Viper.
— Devia ter pensado nisso antes de se juntar a mim neste solo — responde Aine, bastante efusiva, ao se virar contra sua colega.
— Você se vendeu para os Estados Unidos. Está vendendo seus ideais por alianças políticas que não surtem efeito nenhum para nós.
Dando uma leve suspirada, Aine passa a mão no rosto da Viper e dá um l sorriso malicioso.
— Estou fazendo isso porque nós duas sabemos o quanto é necessário. Vai muito além do nosso acordo com nações poderosas; nós temos de nos impor. O Esquadrão Escarlate é uma organização diplomática, mas nem sempre a diplomacia ajuda a resolver conflitos ideológicos — diz Aine, ao abaixar sua mão. — Algumas coisas devem ser feitas pelo bem de outras. Espero que um dia entenda o que eu digo.
Ela caminha em direção a uma barca, onde um soldado americano espera para levá-las.
— Vamos, Miranda, fizemos nossa parte nesta guerra.
Viper, olhando sua colega e pensando no quão errado aquilo era, decide retirar os longos tecidos de seu corpo e mostrar a eles seu uniforme de combate, feito com uma malha de aço bastante flexível.
— Miranda? — Aine a encara bastante receosa.
— Desculpe, mas eu não me vendo fácil como você. — Viper infla o peito e as bochechas, liberando uma névoa ácida pela boca.
Logo em seguida, a fada avança contra ela, mas Miranda já havia escapado. Soldados feridos, sentindo os efeitos do ácido na pele, foi tudo o que restou no local.
Striker ouve uma movimentação na mata e segue até o campo de batalha. Era Viper, que corria e apunhalava os soldados americanos, arrancando membros de seus corpos com bastante brutalidade, apenas com as mãos. A bruxa estranha que Aine não tenha vindo atrás de sua colega e continua assistindo ao massacre. Os soldados vietnamitas se aproximam, quando viram que era seguro.
— Ban là ai?
A Viper o encarou com desprezo e limpa o sangue do rosto, causando uma reação de medo nos soldados, que apontam suas armas para ela. Viper interpreta aquilo com um afronte, cospe no rosto daquele que fez a pergunta e avança contra os demais, não deixando um vivo.
— Ela foi o exército de uma mulher só... Mas eu ainda não consigo entender — diz Striker.
O corvo que ela havia visto antes retorna ao seu lado.
— Por que me trouxe aqui? O que isso me importa? — pergunta ela.
“Eu achei que poderia ser útil para a senhorita”, diz a criatura, com a voz de Christian na cabeça nela.
— Em que sentido isso me serve?
“Você verá”.
A visão dela começa a ficar distorcida e embaçada, sendo levada a Saigon, mas pela perspectiva de Viper, que caminha pelas ruas da cidade, com as roupas cobertas de sangue.
As pessoas olham para ela com medo, não entendem o que ela é e muito menos porque está assim, então se afastam e a deixam passar.
Depois de uma longa caminhada, ela vai até o edifício do Comitê do Povo e joga os restos dos soldados no chão da entrada.
— Lavagem para os porcos.
Sua atitude chama a atenção de dezenas de soldados. Mas ao verem ela coberta de sangue e sentirem um frio na espinha, eles recuam e a deixam ir embora.
De volta aos esgotos
Viper usa sua força para quebrar o feitiço e depois arrancar a pele, onde estava ferida, para se regenerar com mais rapidez.
“Tem alguma coisa errada. Eu não deveria ter sido afetada por isso.”
— Então, os boatos sobre sua capacidade destrutiva não eram falsos... É muito bom ver a mais formidável de meus peões de guerra pessoalmente, e devo lhe agradecer por ter-me poupado de esforços contra a bruxa — diz o general Ares, que surge atrás dela. — Agora, caia.
Ele faz um movimento com a sobrancelha e Viper é prensada no chão. Depois a ergue dentro de uma bolha de água suja e encosta o dedo indicador em sua testa.
— As duas virão comigo!
Ares reproduz a técnica em Striker e leva as duas do esgoto, sem deixá-las se mexer.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
"Ban là ai?" significa "Quem é você?" em vietnamita.