A Little More Love in the World escrita por Stained Eyes


Capítulo 1
Seul


Notas iniciais do capítulo

O que aconteceu depois da cena da ala hospitalar do enigma do principe e como Tonks e Remus estavam juntos no velório de Dumbledore.



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*~.

 

— Está vendo?! – exclamou uma voz cansada. Tonks olhava aborrecida para Lupin. – Ela ainda quer casar com Bill, mesmo que ele tenha sido mordido! Ela não se incomoda!

— É diferente – respondeu Lupin, quase sem mover os lábios, parecendo subitamente tenso. – Bill não será um lobisomem típico. Os casos são completamente diferentes...

— Mas eu também não me incomodo, nem um pouco! – retrucou Tonks, agarrando Lupin pela frente das vestes e sacudindo-o. – Já lhe disse isso um milhão de vezes...

E o significado da alteração no Patrono de Tonks e seus cabelos sem cor, e a razão por que viera correndo procurar Dumbledore quando ouvira falar que alguém fora atacado por Greyback, tudo se tornou repentinamente claro para Harry; afinal não tinha sido por Sirius que Tonks se apaixonara...

— E eu já disse a você um milhão de vezes – respondeu Lupin evitando os olhos dela, encarando o chão – que sou velho demais para você, pobre demais, perigoso demais…

— E tenho lhe dito o tempo todo que a sua atitude é ridícula, Remus – interpôs a sra. Weasley por cima do ombro de Fleur, em quem dava palmadinhas carinhosas.

— Não estou sendo ridículo – respondeu Lupin com firmeza. – Tonks merece alguém jovem e saudável.

— Mas ela quer você – interpôs o sr. Weasley com um sorrisinho. – Afinal de contas, Remus, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim.

— Ele fez um gesto triste para o filho, deitado entre eles. – Este não... não é o momento para discutir o assunto – replicou Lupin, evitando os olhares de todos e olhando, aflito, para os lados. – Dumbledore está morto...

— Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo – disse secamente a professora McGonagall, no momento em que as portas da enfermaria tornaram a se abrir e Hagrid entrou. A pequena parte de seu rosto que não estava sombreada por cabelos ou barba estava molhada e inchada; o pranto o sacudia, na mão trazia um enorme lenço manchado.

Tonks soltou as vestes de Remus, murmurou um pedido de licença, caminhou até as portas pelas quais Hagrid acabara de entrar e se retirou pelo corredor. Ela não poderia suportar mais daquilo. A metamorfomaga andou de um lado para o outro no corredor que abrigava a porta para a ala hospitalar, suspirando e lutando contra as lágimas que brigavam por cair.

Ela não iria chorar, não mais uma vez. Ela já chorara muito nos últimos meses, ela já chorara muito por Remus e a ela não iria permitir-se chorar por ele novamente. Não quando Dumbledore tinha acabado de ser morto por um dos membros da Ordem. Não quando um dos Weasley haviam quase perdido a vida. Não quando ela tivera que lutar com sua tia até perto da morte, mais uma vez, e quase perdera. Haviam motivos mais importantes pelo qual ela poderia chorar, Remus Lupin e seu estúpido altruísmo não eram um desses motivos.

Tonks respirou fundo, cogitando a hipótese de voltar para a ala hospitalar, decidiu o contrário, visto que achou que não aguentaria uma nova enxurrada de olhares de pena. Ela andou por alguns corredores, pensando para onde ir em seguida.

Há cerca de sete anos (quando ela era uma sextanista em Hogwarts), ela correria fungando pelos corredores até a andar da cozinha, bateria no segundo barril a partir do chão, entraria correndo em seu quarto, pularia dentro de seu beliche e choraria por cerca de sete horas, antes que Charlie Weasley fosse até lá e puxasse-a para fora da Sala Comunal da Lufa-lufa.

Há cerca de quatro anos (quando ela estava em seu treinamento de auror e era aluna de Alastor Moody), ela iria se esconder em um dos banheiros do Ministério e choraria o mais baixo que pudesse porque ela se sentia um fracasso por não conseguir manter-se em pé no treino de Vigilância e Rastreamento, isso até que Moody chegasse e mandasse ela sair imediatamente do banheiro e parar de agir como um hipogrifo com diarreia, ela riria pela comparação, sairia do banheiro e, apesar dos protestos, abraçaria seu professor.

Há cerca de um ano e meio (quando Remus ainda conseguia olhar para ela sem desviar os olhos e Sirius ainda estava vivo), ela andaria até a sala de estar ou até a cozinha do Largo Grimmauld e se sentaria ao lado deles, bebendo até tarde da noite e então iria para a cama um par de horas antes de Molly aparecer para fazer o café, certas vezes Remus a acompanharia para seu quarto e eles se esqueceriam de tudo por algum tempo.

Mas os tempos haviam mudado, Charlie Weasley não era mais seu melhor amigo, Alastor Moody estava ocupado demais para ser seu Protetor e secar as suas lágrimas, Remus Lupin não era mais seu… (ok, ela tinha um substantivo para chamar o que ele era para ela) e Sirius Black estava morto.

Todos eles estavam lutando em uma guerra importante demais, todos eles estavam tentando combater Lord Voldemort e suas forças. Era egoísmo pensar assim, mas ninguém tinha tempo para ela. Nem ela tinha tempo para ela, porra! Nymphadora respirou fundo, deixando-se cair em baixo de uma árvore próxima ao lago, onde ela estava de pé a cerca de meia-hora, presa em seus próprios pensamentos. Ela tentou absorver o cheiro do lago enquanto mantinha os olhos fechados e a cabeça apoiada na árvore.

— Nymphadora? – chamou a voz familiar. Tonks ergueu os olhos para ver Remus encarando-a a alguns poucos passos de distância. – Eu posso…

— Tanto faz – disse ela, desviando o olhar para o lago, sentindo Lupin sentar ao seu lado.

— Como você está se sentindo? – indagou ele.

— Bem.

— Pare de mentir.

— Pare de ser presunçoso – pediu ela, ironia manchando sua voz.

Remus riu amargamente, encostando-se no tronco largo da árvore com ela.

— Você não precisava ter feito aquilo.

— Olhe, – começou Tonks, seu tom irritado – se você veio aqui para me dar um sermão, você pode ir embora. Eu estou cansada de lidar com você.

Foi a vez de Remus suspirar.

— Você realmente pensa que eu me sinto bem com tudo isso? – questionou, encarando o perfil dela.

— Sim, sim, eu penso – afirma Tonks. – Você se sente muito bem com isso e digo mais, – sua voz subiu um oitavo – se sente bem porque insistente em achar que está fazendo o bem, quando sabe que não está. Você diz que isso é para o meu bem e que está sendo altruísta. Abnegado, talvez. Mas você sabe muito bem que só está mentindo para si mesmo. Você só está machucando a nós dois e está sendo egoísta, não só comigo, mas com você também.

Remus inclinou-se para a frente, os cotovelos apoiados nos joelhos e o rosto escondido em suas mãos. Tonks, por sua vez, encarou-o, o sentimento frio de raiva substituindo-se por arrependimento. Deuses, como ela era trouxa, pensou.

— Ei, me desculpe – Tonks disse em não mais que um murmúrio cansado, passando a mão esquerda em suas costas. – Eu estou certa. Mas eu não devia ter falado assim.

Lupin virou-se para ela, os olhos dedilhando-a, a sombra de um sorriso triste brincando com os cantos de seus lábios. Ele endireitou-se, ainda encarando-a.

— Eu sinto muito – disse ele. Arrastando-se para sentar-se mais perto, em seguida.

— Pare de dizer isso – pediu ela, deixando que ele passasse o braço por seus ombros.

— Eu sou um idiota.

— É mesmo.

— Eu esperava que você discordasse – contou ele. Tonks podia ouvir o sorriso triste em sua voz.

— Eu estou com raiva de você – disse ela, olhando os olhos castanhos (do mesmo tom que os dela, ultimamente). – Eu estou com tanta raiva de você.

Os olhos dele escureceram, magoa passando por lá.

— Você tem todo o direito de estar.

— Eu sei que eu estou – falou ela, a voz neutra, aconchegando-se mais em seu abraço. – Eu deveria te odiar, se você quer saber. Quero dizer, sumir por meses para fugir para missões extremamente perigosas com Greyback, porque tem medo dos seus sentimentos por mim? Ah, eu devia te afogar ali.

— Você devia.

— Pare de concordar comigo – mandou. – Aliás, você devia era parar de falar comigo. Eu não devia te deixar sequer olhar para mim. Quero dizer, olhe o que você fez comigo. Você sabia que meu patrono mudou?

— Sabia.

— Ah, claro que você sabia. Você sabe sempre sobre absolutamente tudo.

Ele passou a mão pelo ombro dela, depositando um beijo casto em sua nuca.

— Eu não consigo sequer mudar minha forma mais. Por sua causa!

— Eu sinto muito.

— Pare! – ela exclamou. – Eu não posso ficar furiosa com você quando você está pedindo desculpas.

— Eu sei.

— Era seu plano desde o início, não era? – perguntou ela, sarcasmo manchando a sua voz. – Fazer com que eu me apaixonasse por você e depois ir embora.

— Eu não acho que esse tenha sido o objetivo, de verdade.

— Eu te amo – ela sussurrou, tentando não rir com como suas palavras soaram desesperadas para ela.

— Eu também te amo – disse. – Mas…

E foi aí que ela percebeu que chorava, deixando-se fungar e limpando o rosto com as costas da mão.

— Você é velho demais, não é? Ah, e é claro, eu nunca poderia amar alguém tão pobre. Quero dizer, olhe para as suas vestes – disse ela, sarcástica, cutucando um remendo em sua camisa que ela mesma costurara há algum tempo. – Fora o problema de ser um lobisomem. Eu jamais poderia viver com o fato de que você se transforma em um lobo uma vez por...

— Eu sinto muito – falou ele, de novo.

E Tonks não pode deixar de sentir uma ponta de irritação ao perceber que ele estava se desculpando porque a beijaria, desta vez. Ele segurou o rosto dela com uma mão, inclinando seu queixo para cima, para que seus lábios pudessem se encontrar mais rápido. Era um beijo suave e ela não pode deixar de notar a saudade presente em seu toque. Merlin, haviam meses desde seu último beijo. O coração de Tonks pulou uma batida, como ele sorriu levemente em seus lábios.

Parecia cedo demais, mas seus lábios separaram-se, eventualmente.

— O que isso significa? – pergunta ela, fechando os olhos e apoiando a cabeça em seu ombro.

— Eu não vou mais sair por aí em missões perigosas.

— Eu prefiro não comentar o fato de que isso provavelmente está sendo dito porque seu disfarce com os lobisomens caiu, ainda – falou ela, assumindo uma carranca e um cabelo rosa chiclete. – Mas, se eu precisar jogar algo contra você em algum momento, saiba que isso estará em pauta.


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Notas finais do capítulo

Isso é o que acontece quando você tem uma ideia de angsty mas está de ótimo humor. Vira uma comédia boba.



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