A colecionadora de cicatrizes escrita por Triz Quintal Dos Anjos


Capítulo 6
A lenda dos amantes eternos.


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu, um pouquinho atrasada, mas tudo bem. Vou fazer prova no domingo de novo e estou estudando, então acabei não tendo tempo de vir postar antes.
Bom, aqui teremos o primeiro capítulo que não é narrado pela Emma ~ salva de palmas ~. O cap será narrado pela Regina (viram a coroinha?) e toda vez que os caps forem narrados por ela ou pelo Killian vai ter um pouquinho do passado deles, assim como alguns fatos que já aconteceram sob o ponto de um dos dois OU não. Tipo assim, alguns capítulos muita coisa vai se repetir, mas sob o ponto de vista de outro personagem. Eu fiz muito isso nos caps do Killian, por eles serem um pouco mais difíceis para mim e por eu ainda não estar muito acostumada com ele, enfim, não sei explicar, mas com o passar do tempo isso vai ir diminuindo (a não ser que vcs gostem, né :p).
Bom, espero que gostem ;)



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"Cicatrizes são lembranças Killian. Elas podem ter um lado bom, mas apenas se você quiser vê-lo."

— Carol (Lady cisne) - Looking for a home

                                            ♛ ♛ ♛

   O céu nunca tinha estado tão lindo, o rosa se misturava ao violeta e ao amarelo de uma forma deslumbrante.

  Lembrei-me de como Daniel gostava de assistir ao por do sol. As tardes debaixo daquela macieira, observando a noite chegar jamais seriam, por mim,  esquecidas.

    Com cuidado abri a porta de meu quarto, coloquei a cabeça para fora e olhei para os dois lados do corredor. Nenhum sinal de minha mãe. Essa era a minha chance!

  Com muito cuidado saí do cômodo e caminhei na ponta dos pés até o fim do corredor, onde havia uma escada que levava até o térreo. Antes de descer espiei para ver se minha mãe estava lá. Aparentemente não estava. Continuei meu caminho, desci as escadas e atravessei a porta da cozinha, deixando minha casa para trás.

  O céu já começava a adquirir um tom rosado. Eu tinha conseguido, e bem na hora.

  Avistei os estábulos, e logo mais a frente a nossa macieira. Ele estava lá, me esperando com um sorriso no rosto. Não pude evitar correr até seus braços com o coração acelerado.

—Calma mocinha! –Ele brincou enquanto me girava no ar. –O mundo não vai acabar se você andar calmamente até mim.

—Mas aí não teria graça! –Entrei na brincadeira acariciando seu rosto.

  Seus olhos castanhos pareciam mais brilhantes hoje, transmitindo-me algo raro em minha vida: alegria.

—Venha –Ele disse me puxando para sentar-me ao seu lado na toalha que estava estendida sobre a grama verde e fresca. –você veio bem a tempo hoje, está começando agora.

  Encostei minha cabeça em seu ombro macio e ele me abraçou de lado, como sempre fazia.

  Ficamos vendo o sol ir embora, dando lugar a lua. O céu mudando de azul claro para azul marinho, passando por várias transformações de cores.

—Não entendo porque gosta tanto disso. –Sussurrei olhando-o pelo canto dos olhos.

  Ele deu uma risadinha e começou a brincar com a ponta da minha trança.

—É por causa de uma história que minha mãe costumava me contar todos os dias, nesse mesmo horário. – Ele parou de mexer no meu cabelo, se afastou um pouco e perguntou:

—Quer ouvir?

—Com toda certeza. –Respondi com um sorriso.

—Bom, há muito tempo, num pequeno vilarejo que ninguém conhecia, vivia uma garota tão linda e bondosa que era impossível não amá-la. Todos admiravam-na por sua elegância e riqueza. Seu nome era Noite, ela era filha do homem mais poderoso e rico do lugar, um homem temido por todos.

—Continue. –Incentivei-o, me interessando pela história.

  Daniel abriu um sorriso que fez meu coração se derreter.

—No fim de uma tarde, um jovem chamado Dia estava voltando da pescaria com os irmãos, quando avistou Noite dançando com algumas camponesas. Ele imediatamente apaixonou-se pela menina sorridente que rodopiava elegantemente com as outras.

—E o que aconteceu? Ele falou com ela? –Quis saber.

—Ah, sim. –Confirmou Daniel. –Ele convidou-a para passear no lago onde costumava pescar. E eles passaram a fazer isso todos os dias, no fim da tarde. Que era quando o pai de Noite saía para beber e quando Dia voltava da pescaria. Com o passar do tempo se tornaram amigos ...

—...e depois perceberam que estavam apaixonados. –Completei, já imaginando que era isso o que aconteceria.

—Como você sabe que é isso o que acontece? –Daniel perguntou surpreso.

—Bom, as histórias de romance são sempre assim. A mesma coisa acontece em todas.

—Parece muito previsível quando você não é um personagem. –Daniel comentou olhando o horizonte.

—Termine a história. –Pedi colocando a mão em seu braço.

—Certo. Onde eu parei?

—Eles se encontravam todos os dias e estavam se apaixonando.

—Ah, sim.  Não demorou para que o pai de Noite descobrisse que ela andava se encontrando com um camponês e a proibisse de voltar a vê-lo. Noite não concordou, disse que o rapaz era de boa família, que era bem educado e que ela o amava. O pai então, tomado pela ira, trancou a filha em seu quarto. Sendo assim, Noite não conseguia mais ir aos encontros quando a tarde caía. Com saudades do abraço quente e amoroso de Dia , do seu sorriso caloroso, de sua voz gentil; ela começou a comer cada vez menos. Até que um dia, quando o pai abriu a porta do quarto, deu de cara com o cadáver da filha ao lado da janela gradeada, onde ela ficava constantemente assistindo a tarde indo embora,  chorando por não poder estar ao lado daquele que amava.

—Coitada! –Levei minhas mãos a boca, sem conseguir acreditar. –Mas e Dia? Ele se casou com outra?

  Daniel negou, melancólico.

—Como Noite deixou de comparecer aos encontros, ele pensou que ela havia desistido dele. E acabou tendo o mesmo fim que a pobre menina.

—Não pode terminar assim! –Reclamei. –É injusto! Poxa, eles se amavam!

—Bom, eu não disse que era o fim. –Daniel pigarreou antes de continuar. – Deus, triste por uma história de amor tão linda ter terminado tão tragicamente, criou o pôr do sol. Que é quando a alma de Dia se encontra com a alma de Noite. Dizem que em alguns lagos pode-se ouvir os dois gargalhando e jurando seu amor um ao outro.

  Limpei uma lágrima que eu nem tinha percebido que estava passeando pela minha face.

—É uma linda história. –Comentei.

—É sim. –Concordou. – Eu gosto de pensar que, quando duas pessoas se amam verdadeiramente – Ele olhou no fundo dos meus olhos. – nem mesmo a morte pode separá-las.

  Fechei os olhos com força, reprimindo a vontade de chorar.  Precisava pensar em outra coisa, a primeira que viesse a minha mente.

  Pensei em Emma. Coitada. Estava lá naquele quarto, abandonada há quase dois dias.

   Killian tinha me dito que ela se desculpara e que pedira comida há exatamente um dia, mesmo assim ele não levou.

  Eu gostaria de poder ter feito algo a respeito, talvez tirá-la deste navio, talvez levar ao menos uma maçã para ela, porém tudo o que fiz foi insistir para que Killian levasse comida para a coitada. Não foi de todo ruim - aposto que ele a deixaria morrer de fome -  graças a minha chatice Emma teria algo para comer.

—Srta. Mills? –Chamou-me Smee.

  Senti a raiva chegando. Algo estava errado. Eu sentia que algo tinha acontecido. Estava preocupada com Emma. Precisávamos dela viva ou então adeus dinheiro.

—Sim? Algum problema?

—O capitão...

  Antes que ele terminasse de falar fui até a cabine de Killian. Com certeza ele tinha feito algo com Emma, ou a menina tinha desmaiado de fome. Praguejei internamente.

—O que diabos você fez dessa vez? –Perguntei, entrando de qualquer jeito em sua cabine.

—É assim que você fala com o capitão? –Perguntou erguendo a sobrancelha esquerda.

  Revirei os olhos.

—Faça-me o favor Killian! Diga logo: o que houve com Emma?

—Como sabe que é com Emma? –Perguntou com o cenho franzido. Pus minhas mãos na cintura e lancei lhe um olhar de “faça-me o favor.”. -Veja você mesma. –Ele disse ao abrir a porta coçando a nuca, com um ar preocupado.

  Lá estava Emma, caída no chão de uma forma que fazia parecer que estava dormindo. Mas a julgar pela cadeira caída ao seu lado e sua aparência, era possível perceber que não era exatamente isso que estava fazendo.

   O cabelo loiro estava completamente esparramado no chão, de forma que nenhum fio estava em seu rosto, os olhos fechados e a face sem qualquer cor. Um dos braços estava por baixo do corpo, como se ela tivesse tentado se proteger, enquanto o outro estava jogado ao seu lado.

  Virei-me para Killian com sangue nos olhos. Minha vontade era de jogá-lo no mar agora mesmo.

—Se ela estiver morta eu acho bom você aprender a se tele transportar. –Avisei com ódio.

Ele não precisa saber. Se dissermos que a garota está viva, crocodilo acreditará.

—Já parou para pensar que estamos lidando com alguém extremamente poderoso?

—Céus Regina, até parece que é só você que acaba na pior!

  Fingi que não ouvi e fui até onde estava Emma, abaixei e chequei seu pulso. Ela estava viva.  O estranho é que estava muito quente.

—Está viva. – informei. - Deve ter desmaiado de fome. Mas já devia ter acordado.

  Com cuidado coloquei-a de peito para cima e tive uma surpresa nada agradável. A manga da blusa estava levemente suja com um fluído amarelado. Rasguei a mesma vendo um curativo improvisado em seu braço, que rapidamente foi desfeito por mim. Praguejei alto ao ver o machucado infeccionado. Isso explicava porque estava desacordada.

—Venha aqui Killian. –Falei de olhos fechados tentando não atirar uma bola de fogo naquele imprestável. Às vezes ele agia como uma criancinha mimada.

—O que foi? Ah...

  Killian passou as mãos pelo cabelo repetidas vezes.

—Quando foi que isso aconteceu? –Perguntei cerrando a mandíbula.

—Faz uns dias. Mas não é profundo Regina, era só uma liçãozinha.

—Liçãozinha? –Rugi. – Poderia tê-la matado seu idiota!

  Ele jogou charme.

—Eu sei exatamente o que faço com o meu gancho, amor.

—Eu poderia jogá-lo para os tubarões agora!

  Ele se aproximou com fogo nos olhos.

—Mas não vai. Sabe por quê? Porque você precisa de mim.

   Respirei fundo. Odiava quando ele estava certo.

—Me ajude a leva-la para a cama.

—Oi?!

—Obedeça. –Ordenei rangendo os dentes.

  Killian ajudou-me a coloca-la na cama, depois limpei seu machucado e fiz um novo curativo, desta vez mais adequado.

—Vou preparar algo para ajuda-la. Enquanto isso cuide da febre, suponho que pelo menos com isso o senhor saiba lidar.

  Saí sem esperar uma resposta. Estava morrendo de ódio de Killian. Como ele podia arriscar tudo tão facilmente? Se ele soubesse quanta coisa estava em risco...

 Não mudaria nada. Killian não tinha nada a perder, eu é que tinha. E muito.

 Desejava não precisar dele para conseguir o que queria.

                                   ♛ ♛ ♛

—Olá Emma. Fiz isso aqui para ajuda-la a melhorar, tudo bem? Beba tudo.

  Eu me sentia uma idiota falando com uma menina desacordada que eu nem conhecia.

  Dei-lhe a poção que havia feito. Tinha aprendido muito sobre poções medicinais com minha mãe, de modo que as minhas eram até mais eficazes que as dela. Porém minhas ervas estavam chegando ao fim, ultimamente estava fazendo poções demais.

   Eu tinha esperanças de que logo Emma melhoraria, talvez amanhã ela já acordasse e em cerca de dois ou três dias estaria pronta para outra.

  Organizei minhas coisas e sentei na cabeceira da cama enquanto a observava.

   Não parecia ser uma pessoa ruim. Apesar de termos trocado poucas palavras no dia em que a levei comida, eu sentia que Emma não tinha absolutamente nada a ver com o monstro que a criara. Sua voz doce e seu jeito transmitiam uma calma que era até mesmo estranha, pelo menos para a filha do senhor das trevas.

  Peguei sua mão e utilizei minha magia para ter uma ideia de como ela estava. Senti a boca seca, uma dor enorme no braço esquerdo e o estômago implorando por comida. Soltei sua mão, me senti um pouco atordoada. Coitada da menina, pensei .

—Não se preocupe, vou te dar algo para comer.

  Levantei e peguei a bandeja onde estava o prato de mingau que Killian iria dar para Emma. Não sei por que não deu.

—Vamos lá Emma. –Falei pegando mais uma de minhas poções e colocando-a no mingau. –Isto vai repor todas as vitaminas de que precisa. Vai ser como se todo este tempo estivesse comendo muito bem, e também ajudará sua desidratação.

    Após alimentá-la molhei a toalhinha com água fria e coloquei-a em sua testa novamente. A febre já estava cedendo.

  Sentei-me na escrivaninha de Jones e organizei as poções que Emma deveria tomar. Logo seria o turno dele que precisava saber qual poção deveria dar para a menina. Eu ainda duvidava que fizesse isso, mas precisava tentar. Emma melhoraria de qualquer forma, mas seria mais rápido se nós dois cuidássemos de sua saúde.

  Algum tempo depois voltei a checar como ela se sentia. Estava bem melhor, mas seu braço ainda doía e ela sentia sede. Dei-lhe um pouco de água com outra poção e me sentei esperando Killian chegar.

  Já havia escurecido, eu iria conduzir o navio durante esta noite, portanto logo Killian viria.

  Ouvi um barulho. Algo parecido com um murmúrio. Será que Emma estava acordando? Mas assim tão rápido?

  Caminhei até a jovem, observando-a de braços cruzados. Continuava exatamente na mesma posição, o semblante calmo. Devia ter sido impressão minha.

—Me diga, por favor, que ela já acordou e pode voltar para o quarto. –Killian brincou ao entrar.

  Continuei olhando Emma. Em um determinado momento vi seu peito subindo e descendo rapidamente, como se algo a assustasse. Será que ela podia nos ouvir e estava com medo de Killian? Não tinha como saber até ela acordar.

—Regina?

  Virei-me para Killian. O que ele estava falando mesmo?

—Sim? –Perguntei disfarçando minha preocupação.

  Ouvi outro murmúrio, virei para Emma. Ela continuava da mesma forma que antes.

—Quer saber, esquece.

   Desviei o olhar da menina, ainda achando aquilo muito suspeito, e saí do quarto.

                                      ♛


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Notas finais do capítulo

Sobre esse trecho que coloquei no início do cap, é de uma fanfic de captain swan maravilhosa ♥ Vcs podem achar lá no Social Spirit, Looking for a home. Triz recomenda :v
Então gente, o que vcs acharam da primeira aparição da diva master? :p
Um beijão no core de vcs e até a próxima!



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