A colecionadora de cicatrizes escrita por Triz Quintal Dos Anjos


Capítulo 29
Um par.


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi! FELIZ ANIVERSÁRIO PRA ACDC! FELIZ NATAL! FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MIM! FELIZ 2018! ~ Tudo atrasado vdjkvndjkvnd
Digamos que eu tive um bloqueio criativo e não conseguia terminar a primeira parte do capítulo de jeito nenhum. Mas graças à insistência da amiga egípcia eu tentei de novo e ontem e FINALMENTE SAIU! Infelizmente a internet me odeia e só consegui vir postar agora, mas espero que não estejam me odiando e gostem do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712964/chapter/29

"Era engraçado, refletiu mais tarde, como a vida de alguém podia mudar num único instante, como tudo podia ser de um jeito num minuto e, no seguinte, simplesmente se transformar em algo... diferente."

— O visconde que me amava, Julia Quinn

                            ❤ ❤ ❤

—Rápido, por favor! – Elsa gritou, em algum lugar.

  Eu estava em choque, parecia que o mundo todo girava e que todos estavam distantes demais de mim. Só conseguia pensar em Killian, e talvez fosse por isso que eu sabia para onde ir.

  Logo a frente, Kristoff e Robin carregavam-no, subindo as escadas do prédio. Eu sequer sabia onde estávamos, mas seguia os homens a minha frente como se minha vida dependesse disso.

  E talvez dependesse mesmo.

  Irrompemos em uma sala de estar simples, porém muito jeitosa, todos juntos numa gritaria e afobação que teria assustado qualquer um.

—O que está havendo?! – Smme gritou, alarmado. Então viu que não éramos estranhos, olhou para Killian e simplesmente completou: –Tem um quarto no fim do corredor, vou buscar Whale, acho que ele está em casa hoje.

—Eu realmente espero que não esteja com Regina, que os céus me perdoem, mas espero mesmo. – Murmurou Anna, quase chorando.

—Emma, não venha conosco. – Kristoff pediu.

—O que?! – Praticamente gritei. – Eu vou, sim! De onde tiraram essa ideia?

  Continuei os seguindo até o quarto, onde colocaram Killian com cuidado na cama.

—Não nos interprete mal, Emma, mas muita coisa aconteceu hoje. É demais pa...

—E para vocês não foi demais, também?! O que aconteceu comigo, aconteceu com todo mundo. Eu estou ótima e não vou sair.

  Robin suspirou e segurou meu braço com delicadeza quando fui tentar ajudar Kristoff.

—Você não vai ficar aqui. – Disse com firmeza. – Quem estava nos atacando era alguém que te fez muito mal, isso tudo é pior para você, não é hora de se fazer de forte. Vá para a sala, Killian vai ficar bem.

  Nesse momento Whale entrou correndo no quarto, com uma aparência péssima, mas disposto a ajudar.

—Emma. – Robin fez um sinal para mim e me empurrou levemente até a porta, fechando-a atrás das minhas costas.

  E então uma avalanche caiu sobre os meus ombros. Sentimentos demais para serem processados, lembranças demais para suportar. Teria sentado no chão e chorado se Smee não tivesse aparecido.

—Vamos, menina, Mike e aqueles rapazes – disse se referindo aos cocheiros. – Estão preparando um banho para a princesa, e depois vocês todas podem fazer o mesmo. Ela não está nada bem.

—Acho que nenhum de nós. – Sussurrei.

—Você tem razão. –  Ele estalou a língua. –  Acho que vou fazer alguma coisa para comer, uma sopa, talvez. Quem sabe um chá?

  Eu teria perguntado desde quando ele sabia cozinhar, mas o corredor acabou antes que eu tivesse tempo. E minha atenção foi inteiramente transferida para a princesa de Arendelle.

  Anna estava péssima. Encontrava-se abraçada aos joelhos, escorada na parede escura de madeira e sequer havia andado muita coisa, a julgar que estava a um palmo de distância da porta pela qual havíamos entrado.

  Elsa estava ao seu lado, com a cara inchada e os fios claros grudando nas bochechas, ainda assim tentava acalmar a irmã.

  E Tinker, ela estava deitada no sofá, sem sequer piscar. Quase como se estivesse morta.

  Deixei meu corpo cair ao lado de uma pequena estante e escorei a cabeça ali, fechando os olhos e tentando apenas respirar, sem pensar em nada. Mas o pânico que eu sentira antes havia voltado.

  No momento em que senti meu corpo inteiro doer, como se estivesse sendo rasgada ao meio, eu soube que Rumple tinha nos achado. Conhecia muito bem seus métodos de tortura.

  Só não conseguia entender o objetivo daquilo tudo. Por que vir atrás de mim agora? Antes eu não era importante? E por que levar um exército? Ele podia vencer todos nós num piscar de olhos. Sozinho.

  Eu sabia que algo muito pior estava a caminho, porque nós estávamos vivos. E Rumple teria nos matado se fosse isso o que queria.

—Emma? Tudo bem? – Mike chamou.

  Olhei para cima, vendo seu sorriso preocupado e a mão estendida. Não havia sinal de Elsa ou Anna, e Smee tentava conversar com Tinker. Quanto tempo havia passado?

—Como está Killian?

—Whale disse que vai ficar bem. – aceitei a ajuda de Mike. – Não vai comer nada? Tomar um banho, trocar as roupas? Robin trouxe uns vestidos da ex-mulher para vocês.

—Onde ele está? – Perguntei.

—Foi buscar Regina e os meninos, e levar alguém que capturaram para as masmorras.

—O que?

  Como podiam ter capturado alguém? Eles quase tinham morrido! Saímos com a última carruagem que prestava e eu não me lembrava de ninguém junto conosco.

—Não sei mais que isso, perdão. Mas você pode, pelo seu melhor amigo aqui, comer aqueles biscoitos estranhos do Smee?

—Não são meus! – Smee se pronunciou ao chegar mais perto. – Robin que trouxe! Eu só fiz o chá!

  Abri um pequeno sorriso, porque realmente sentira muita falta dos dois. Era bom vê-los novamente e até me sentia um pouco melhor agora.

   Acabei comendo os tais biscoitos e bebendo o chá, na verdade fiz todas as vontades de Mike e Smee. Simplesmente deixei que cuidassem de mim, como se eu tivesse voltado a ter dois anos.

  Era tarde quando Robin chegou com Regina. Ela ainda estava magra demais, pelo menos para mim, mas parecia melhor. E, considerando que estava andando, provavelmente aquela confusão de magia roubada estava lhe dando uma trégua.

  A primeira coisa que Robin fez foi obriga-la a se sentar na poltrona velha e rasgada de Smee, enquanto levava Roland e Henry para o quarto onde estavam Anna e Elsa.

—Emma, querida, como você está? Robin me contou tudo, fiquei morrendo de preocupação.

—Estou bem. Não aconteceu nada de muito grave conosco, exceto por Jones.

  Ela se levantou e me deu um abraço, ao qual eu tive certo medo de corresponder, graças a costela que ela havia quebrado, mas o fiz mesmo assim.

—Ele vai ficar bem, Killian é um pirata. Piratas estão acostumados com esse tipo de coisa.

  Assenti. Regina podia até estar certa, mas eu não me importava. Só iria sossegar quando pudesse vê-lo e ter certeza de que estava bem.

—O pessoal daquele quarto já está no décimo sono. – Comentou Robin ao voltar.

  Regina sorriu e eu percebi que isso era uma espécie de técnica para desviar a atenção dele, já que ela não estava mais sentada.

  Robin puxou-a para mais perto com carinho e depositou um beijo em sua testa.

—Acho que devíamos fazer o mesmo, não? – Gina sugeriu, recostando a cabeça no ombro do homem.

—Foi um péssimo dia para todos nós. – Ele concordou.

  Então eu simplesmente assenti e saí de perto, talvez de modo brusco, mas sabia que estavam dizendo aquilo para desviar a minha atenção de Jones. Estava preocupada demais e isso era óbvio para qualquer um.

—Mocinha, porque não vai para o quarto? É bem grande lá, deve ter espaço ainda. – Dizia Smee para uma Tinker aérea.   

  Observei quando Whale o afastou e lhe disse algo, tentando ajudar a fada em seguida.

—Vá dormir, Emm. –  Falou Regina. – Você precisa de um pouco de descanso.  

  Eu queria discutir. Queria sair batendo os pés até o quarto onde estava Killian e vê-lo, mas não tive coragem. Primeiro porque ninguém sabia mais o que significava a palavra “bem” depois de tudo aquilo, segundo porque eu mesma estava exausta e, talvez, no dia seguinte estivesse com um psicológico melhor para aguentar o que fosse.

  Então eu fui para o quarto onde estavam os meninos, Elsa e Anna, me deitei no primeiro lugar que vi e dormi.

                                              

  Quando acordei uma doce música soava e o sol morno entrava por uma fresta entre as cortinas velhas e sujas do quarto. A manhã tinha um cheiro de recomeço, como se algo estivesse prestes a mudar.

  Percebi que Regina estava certa, foi bom eu ter ido dormir. Me sentia mais leve, como se os eventos do dia anterior tivessem sido apenas mais um de meus pesadelos.

  E quando cheguei até a sala e vi Robin tocando flauta para sua família – porque eu não conseguia mais ver Regina, ele e os meninos de outra forma – me senti em casa. Estava entre amigos, por pior que fosse tudo aquilo.

—Bom dia, tia Emma! – Cantarolou Roland.

—Bom dia, Roland. – Retruquei, bagunçando o cabelo dele ao passar ao seu lado.

—Como foi a noite? – Mike perguntou, preocupado.

—Tudo bem. Mas acho que dormir no chão foi uma péssima escolha.

   Fiz uma careta para as caras de repreensão de Smee e Mike.

—Podem parar com isso, eu estou ótima. – Suspirei, sentando na mesinha de madeira da cozinha. – Bem, não exatamente ótima. Como está Killian?

—Ele acordou essa noite. – Disse Smee ao me entregar uma xícara de café.  – Kristoff disse que chamou por você.

—E porque ninguém me acordou? – Perguntei indignada.

—Emma, você pode vê-lo agora.

  Me levantei, mas o velhinho colocou a mão sobre o meu ombro e sorriu:

—Quando terminar de comer.

  Obedeci e voltei a me sentar, sem saber ao certo se devia.

—Vou arrumar alguma coisa para você levar para ele, hm?

  Apenas assenti, levando a xícara aos lábios e tentando beber os mais rápido que podia. Infelizmente aquilo estava fervendo e minha velocidade não era muito satisfatória em situações como esta.

—Ei, bom dia, Emma! –  Cumprimentou-me Kristoff. – Killian está bem, acordou de noite perguntando de você.

—Smee me falou. – Cruzei os braços. – O senhor deveria ter me chamado.

—Mas foi o próprio Killian que desistiu quando eu disse que você estava dormindo!

—Não adianta discutir com essa teimosa, Kristoff.

  Olhei para Mike com fogo nos olhos.

—Eu não sou teimosa.

  Eles riram.

—Claro que não, Emma. Nem você, nem Killian. – Riu Smee.

  Me levantei ajeitando o vestido verde água que Robin havia trazido. Parecia com um dos meus favoritos. Infelizmente meu cabelo estava embolado demais para que eu pudesse trança-lo, porque teria ficado lindo com a peça.

—Ótimo. Vou vê-lo agora, já que acabei meu café e que ninguém me acordou a noite.

—Ah, Emma, pare com isso. Sente aí de novo e coma alguma coisa. Além do mais eu nem terminei o café da manhã do pobre do seu noivo.

  Revirei os olhos.

—Nós não somos noivos, Smee.

—Porque são teimosos. – Retrucou baixinho.

—Smee!

  Então todos voltaram a rir, até mesmo Regina e Robin que nem na cozinha estavam.

—Vocês são ridículos. – Resmunguei.

  Não comi nada, apesar da insistência dos meninos, apenas esperei pelo café da manhã de Killian. Não estava com fome, na verdade.

  Talvez depois de ver Killian.

  Tinha de admitir pra mim mesma que aquilo não era só preocupação. Eu tinha certa necessidade de ficar com ele, gostava de Jones. Gostava de verdade, certamente mais do que tentava demonstrar.

   Suspirei de leve, tentando deixar o assunto de lado. Porque não parecia exatamente certo gostar de Killian daquele modo, quando ainda havia um noivo me esperando.

  Por Deus, eu nem sabia o que pensar ou fazer sobre a vida que tinha deixado para trás.

  Esperava que eles ao menos sentissem minha falta...

                                          

  Deve ter demorado no máximo dez minutos para que Smee me entregasse um copo com suco e uma tigela com alguns pêssegos e biscoitos murchos do dia anterior.

—Vá logo acalmar esse coração, menina. – Sussurrou para mim, com um sorriso maroto no rosto.

   E ao passar pela sala e caminhar pelo corredor, percebi que todos os olhares recaíam sobre mim. Nos olhos de todos havia um certo brilho, como se soubessem exatamente o que ia acontecer, eu não sabia explicar.

  Eram olhares que me deixavam assustada e ao mesmo tempo me acalmavam.

  Por que eu estava tão nervosa? De repente percebi o quão forte meu coração batia, me senti até meio tonta.

  Tentei me focar em como aquilo me lembrava da época do navio, quando nosso relacionamento melhorou consideravelmente. Ri comigo mesma ao me atrapalhar para abrir a porta.

  Tudo parecia acontecer tão devagar que chegava a ser irritante. Eu queria entrar, queria me livrar daquela comida e simplesmente me jogar nos braços de Jones.

  Infelizmente não poderia fazer isso. Primeiro porque ele devia estar com fome e segundo porque estava ferido.

  Quando finalmente entrei, quando vi Killian dormindo como um anjo, meus olhos se encheram de lágrimas e todo o ar fugiu dos meus pulmões. Uma sensação de alívio me envolvia, uma euforia sem fim.

  Ele estava bem, meu Deus! Era tão bom poder concluir isso por conta própria!

  Deixei a tigela e o copo na mesa de cabeceira escura e fui fechar a porta correndo.

—Killy? – Chamei, tentando controlar o tremor de felicidade em minha voz. – Jones, sou eu, acorde, vamos!

  Ele virou a cara devagarinho, mas não acordou. E, por um instante, eu hesitei em tocá-lo, porque tive medo de estar sonhando.

—Killian, querido? – Chamei, sentando-me ao seu lado na cama e tocando seu rosto com carinho.

  Ele piscou os olhos, finalmente, e então me viu.

—Swan? – Sussurrou, a voz ainda mais rouca por ter acabado de acordar.

  Tentei me conter, mas foi impossível. Num instante estávamos os dois rindo e abraçando um ao outro como se não nos víssemos há uma eternidade.

—E-eu trouxe, céus o que foi que eu trouxe? – Ri, meio perdida.

  Jones me acompanhou.

—Acho que tem alguém perdendo a memória. – Ele brincou.

—Só se for de alegria. – Deixei escapar, corando na mesma hora e tentando desviar a atenção para outra coisa. – Eu, hã, o que eu ia dizer naquela hora era que eu, hm, trouxe seu café.

  Killian ergueu uma sobrancelha, deixando claro que não ia deixar aquela passar.

—Então a senhorita sentiu a minha falta?

—Ah, por que você não pode simplesmente prestar atenção na comida? – Perguntei cobrindo o rosto com as mãos.

—Essa informação me importa muito para deixar passar assim.

  Meu coração deu um salto e eu podia jurar que meu ventre fazia o mesmo há meia hora.

  Tirei as mãos do rosto, vendo sinceridade em seus olhos. Não sabia se devia seguir o exemplo, mas foi o que fiz.

—Se te importa tanto, – mussitei. – Sim, senti. Muito.

  Ele sorriu.

—Que bom...

—Se for para me fazer ficar sem jeito e ser egocêntrico, eu juro que te deixo sozinho aqui! – Ameacei, apenas por estar nervosa demais e sem saber o que fazer.

—Calma, eu não terminei. – Ele fez um sinal para que o ajudasse a se sentar. – Como ia dizendo, senhorita Swan, que bom que sentiu minha falta. Porque eu também senti a sua.

  Estava me afastando quando ouvi suas palavras e, do modo que estava, parei. Sentada na cama, perigosamente perto dele, me perguntei como o assunto tinha chegado naquele ponto.

—Fiquei preocupado quando acordei essa noite, seu pai...

—Nos quer vivos por enquanto. –  O interrompi. – Estou bem, não tinha que ter se preocupado, não fui eu que terminei com uma espada no peito.

—Aquele cara tinha uma péssima pontaria. Não acertou nenhum órgão vital e isso teria sido fácil, era só ter ido um pouco além com a arma. Kristoff disse que foi por pouco.

  Neguei.

—Meu pai nos quer vivos, Killian. Eu não sei o motivo daquele ataque, mas não era para matar ninguém.     

—Bem, eu sei.

  Franzi as sobrancelhas, meio assustada.

—Sabe?

  Ele assentiu, com certa calma.

—Acho que ele queria te assustar, Emma. Você tem medo dele, acho que Rumple queria garantir que isso não morresse.

—Não faz sentido, Jones. Se ele sabe onde estou, qual o motivo disso?

—Pabbie disse que ele deseja lançar uma maldição, não? Então, se você é a única que pode impedir, faz sentido te deixar com medo o suficiente para não interferir nos planos dele.

—Não é o que vai acontecer. – Engoli em seco.

—Eu sei que não. – Ele me puxou de leve para mais perto. – Você jogou aquele cara longe depois de eu ser atacado. Precisamos explorar esse seu lado mágico, pode ser uma vantagem.

—Era disso que Pabbie estava falando. – Suspirei.

—E Tinker.

  Eu ri, num misto de medo e nervosismo.

—Acho que não consigo. – Confessei.

—O que? Vencer aquele crápula?  Ah, Swan, é claro que consegue! – Ele sorriu fraco, colocando a mão em meu rosto. – Você reparou como mudou da água para o vinho em determinado momento? Você foi muito corajosa, sim! Foi forte.

—Isso foi porque machucaram alguém que eu amo. Eu tinha de fazer alguma coisa.

  De repente Killian ficou paralisado, os olhos pareceram maiores e mais azuis, me olhando intensamente.

—O que foi? – Perguntei, confusa. – Eu falei alguma coisa?

  Então, ao rever minhas palavras, eu percebi. “Isso porque machucaram alguém que eu amo”, havia dito tão naturalmente que sequer percebera a intensidade que aquilo carregava.

  Amor era o nome. Toda a preocupação, todo o nervosismo, toda a alegria, cada batida mais forte, cada borboleta no estômago.

  A hora havia chegado. O que eu sentia não era amizade, era muito mais. Killian merecia saber. Não parecia justo desmentir o que eu já havia deixado claro, o que eu mesma relutara para admitir.

—Ah... – Foi tudo o que saiu da minha boca.

—Emma... Você... Você falou isso só por falar?

  Neguei, me inclinando mais para frente, lentamente. Os olhos cravados nos dele. Um milímetro de distância nos separava, e eu esperava que não durasse muito tempo.

  A verdade é que eu desejava tanto aquilo, que ele me puxasse para um beijo, como quase aconteceu dois dias antes, que chegava a doer cada segundo que se passava sem que isso acontecesse.

  Killian afastou alguns fios de cabelo do meu rosto, com os olhos repentinamente pregados em minha boca. Sua respiração quente se misturava com a minha, arrepiando todo o meu corpo.

  _Acho que estou te devendo uma coisa desde anteontem. – Sussurrei uma última vez, antes de unir nossos lábios, meio desajeitada.

  Ainda assim, quando Jones reagiu e a coisa toda se arrumou, nada pareceu mais certo.

  Os lábios dele tinham um gosto meio ácido, um sabor gostoso para quem tinha acabado de acordar. Tive que me controlar para não rir ao pensar nisso.

  Não era nada parecido com o que as pessoas falavam. Eu não ouvia sinos de igreja ou fogos explodindo, também não parecia com o que eu sentia ao beijar Neal. Era único, completamente especial. Nada do que eu pudesse dizer iria descrever o momento com clareza.

  Na verdade, não era nada claro. Era confuso, meio turvo, um buraco negro de sensações incríveis.

  Killian me puxou para mais perto, aprofundando o beijo, que se tornava voraz. Eu não conseguia entender como não tínhamos feito aquilo antes, como não tínhamos assumido logo o sentimento que compartilhávamos.

  Agora tudo parecia tão simples! Todos os impedimentos que eu teimava em colocar no caminho eram claramente idiotas! O que eu estava pensando? Desde quando eu me importava com o noivado ridículo entre mim e August?! Pelo amor de tudo!

  Ah, eu não queria que aquele pequeno instante acabasse nunca. Mas infelizmente acabou.

  E quando nos separamos, arfando, que eu finalmente entendi o que era o tal brilho no olhar dos meus amigos. Era admiração. Admiração pelo amor que eles sabiam que havia entre mim e Jones.

  Ah, céus, todos eles sabiam, todos eles diziam e eu sequer dava ouvidos.

  “Vá logo acalmar esse coração, menina.”, Smee dissera. E, mais do que nunca, agora ele estava calmo. Batendo no mesmo ritmo de seu par, confirmando que, sim, eu amava Killian Jones.  

                                                 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O QUE VOCÊS ACHARAM? ESSA BAGAÇA FICOU DECENTE? GENTE, EU TÔ MORRENDO DE MEDO, PELO AMOR DE OZ!
Quem vocês acham que foi capturado? #QueroTeorias
Ah, gente, obrigada por cada favorito, cada comentário, já temos mais de um aninho aqui e eu espero que eu consiga terminar essa história antes de completar mais um, porque a lista de fics que eu quero escrever só cresce vjfdhvdfjhb JÁ TEM UMA QUASE NO ESQUEMA, SÓ ESPERANDO ACDC ACABAR PRA NASCER!
Triz ama cada um de vocês!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A colecionadora de cicatrizes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.