Sol POV´s

Acordei antes que todo mundo, ansiosa para começar a treinar com alguém tão poderosa quanto Victorique, agora que enxergava um sentido na magia e sabia que ela poderia me ajudar a conquistar uma vida melhor para a minha família e todas as outras raças, mal podia esperar para me tornar boa naquilo.

A porta da sala da feiticeira estava aberta, podia ver que ela mexia em alguns frascos, parecendo procurar por algo específico. De repente, como se tivesse sentido minha presença – e provavelmente foi o que aconteceu - ela se voltou para mim, fazendo sinal para que entrasse.

— Ah, que bom que chegou, vai poder me ver preparar a metamfíesi fíltro! Ela nem precisou ler minha mente para perceber minha confusão.

— É o nome original da poção de disfarce, para encobrir o cheiro de vocês...

— Ah, claro! E como eu posso ajudar?

Exclamei, empolgada, sem conseguir parar de olhar para todas as coisas diferentes que haviam naquela sala. Vicky, no entanto, me olhou com pena.

— Você não vai me ajudar, vai me ver preparar. Não me leve a mal, mas não está pronta ainda.

Assenti com a cabeça, meio decepcionada, pensei que já aprenderia alguns feitiços... Como não sou louca de descordar dela, peguei meu inseparável caderninho – sempre no meu bolso – e uma caneta, sentei em um banquinho próximo, preparada para anotar, se tinha que avançar de nível para ser uma boa feiticeira, iria fazer aquilo rápido!

Aurore POV´s

Minhas dores de cabeça estavam aumentando...Isso me lembrou que o dia da transformação estava próximo, logo seria lua cheia e eu me tornaria um monstro, mesmo vivendo isso desde criança e já acostumada, nunca era confortável saber que acordaria no dia seguinte sem saber o que aconteceu e com o temor de ter feito mal a alguém inocente...

Mais do que nunca, estava preocupada agora, por estar entre várias pessoas e sem poder fugir, tendo que ser discreta, para não chamar a atenção dos deuses... Seria muito difícil passar pela transformação dessa vez.

Me sentei no chão, encostando as costas na parede, e dei um longo suspiro, tentando espantar esses pensamentos e relaxar um pouco, desejando, mais do que tudo, estar de volta na minha cabana.

— Oi.

Levantei a cabeça para ver quem me chamava e encontrei Layla, que exibia um sorriso tímido. Ainda não entendi o que aconteceu com ela para aparecer aqui naquele estado, mas sei que ela estava arrependida... Só não conseguia confiar em vampiros, para mim eles sempre indicavam problema.

— Queria pedir desculpas se te assustei ontem... Não queria que nada daquilo tivesse acontecido, é que lidar com quem eu sou tem sido difícil desde que fugi da floresta.

Ela lançou um olhar para mim, como que pedindo permissão para sentar do meu lado, apenas indiquei que sentasse com a mão. Ainda não confiava nela, mas entendia a dor de não se sentir pertencente a algum lugar melhor do que ninguém.

— Nunca deixe que os outros digam quem você é, lembre-se que a única responsável por suas ações é você, e pode controla-las, é só não esquecer disso.

Não falamos mais nada, permanecemos sentadas uma ao lado da outra, tentando lidar com nossos problemas.

Anthea POV´s

Já passara da hora do almoço e Layla ainda não tinha voltado para o apartamento, se fosse outra pessoa não me preocuparia, mas tinha algo de diferente nela, era como se tivesse vindo de outro mundo.

Já havia ligado para o mercado e ela não tinha passado lá, resolvi ir até o bar onde teria sido seu encontro na noite anterior e ver se conseguia alguma informação sobre o tal Eduardo.

Embora ainda fosse menor de idade, os bares da região nunca negaram uma oportunidade a mais de ganhar dinheiro, sendo muito fácil entrar. Estava cheio para 3 horas da tarde, olhei ao redor e não havia o menor sinal de Layla, me aproximei do caixa almejando pedir alguma informação a ele, mas havia um garoto à minha frente fazendo o mesmo.

— Com quem o Eduardo estava quando você viu ele pela última vez? – o loiro praticamente interrogava o empregado.

— Com licença, por acaso você está se referindo ao Eduardo guitarrista? – não consegui me conter e me intrometi na conversa, muito curiosa.

O loiro se voltou para mim, me permitindo pela primeira vez enxergar seu rosto – o qual, eu não posso negar, era bem atraente.

— É, acho que tocava guitarra... Você sabe com quem ele estava?

Ele me lançou um olhar interessado e conquistador ao mesmo tempo, talvez a parte do conquistador já estivesse na sua essência.

— Eu acho que sim... – disse, olhando nos olhos dele.

Ele abriu um sorriso e - sem se despedir do caixa – indicou que eu o seguisse até uma mesa.

— Que coincidência! Sente-se... – ele puxou uma das cadeiras para que eu sentasse, indo em direção a outra.

Abri a boca antes que ele falasse qualquer coisa.

— Da onde você conhece o Eduardo?

Ele pareceu meio relutante em responder.

— Bem, é um amigo meu... Você é a namorada?

— Não! Na verdade, minha amiga saiu com ele e não voltou para casa, por isso vim até aqui.

— Sua amiga?

— Sim... – respondi, sem entender o propósito da pergunta.

— Bom...

Dessa vez, ele me lançou um olhar puramente conquistador, me fazendo esquecer por um instante do real motivo daquela conversa.

— Me desculpe, esqueci de perguntar, qual o seu nome?

— Anthea, e o seu? – perguntei, meio desconcertada.

— Alex.