You know love? escrita por Beatriz Santos


Capítulo 1
Capítulo Único - I forgive you, my love.


Notas iniciais do capítulo

Olá. Espero que gostem. ♥

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712710/chapter/1

Encostado com a cabeça em uma parede de madeira branca, sentado ao chão, observando algo no teto como se fosse a coisa mais interessante a se fazer. Uma dor forte no peito e fotos espalhadas ao meu lado, faziam-me companhia naquele instante. Uma lágrima em meu olho, que insistia em sair sem a minha permissão. Consequências de um relacionamento que por conta de tantos problemas, explodiram-se como fogos de artifícios. Tantas brigas bobas, tantos desencontros, tantas diferenças de personalidade. — “Mas eu gosto de flores azuis, por que me trouxeste vermelha?” “Se não gosta de nada que eu faço por você, irei embora.” – Resultaram em um eu sozinho, sentindo saudade sem poder admitir. Orgulho não me deixava ir atrás.

Já fazia duas semanas desde que as brigas constantes nos separaram. Que fez nosso namoro recente e imaturo se acabar tão depressa.

A cada dia que acordava, era como uma facada no coração estar longe dele. Demoramos tanto para percebemos o que sentíamos um pelo outro. Um amor de infância, uma amizade que se transformou em amor, e urgíamos em não acreditar no que realmente estava acontecendo entre nós dois.

Assim que compreendemos o que se passava, que as coisas entre ambos estavam indo algo além de apenas um companheirismo, acabamos apressando demais, não éramos mais crianças, porém não tínhamos tanta experiência com relacionamentos.

Mas o que isso importava agora, já que ele havia terminado comigo? Ele quis isso, então eu não poderia ir atrás. Era sempre ele, o que começava as brigas, o que se irritava facilmente comigo. Minha personalidade peculiar o deixava chateado, sempre me dizia que eu não sei agir com as pessoas ao meu redor, não sabia usar as palavras corretas com ele. Eu até tentei pedir desculpas, perdão pelas vezes que o chateei, mas o mesmo não me deu atenção, estava ocupado demais reclamando e falando sobre meus defeitos. E as minhas qualidades? Não eram importantes pra você?

Nem sei quantas vezes peguei o celular para ficar apenas observando seu número ainda salvo como “Amor” em meus contatos, e sentindo aquela vontade imensa e desconfortável de ter ligar, como sempre fazíamos, e não poder.  Nas inúmeras ocasiões que eu ficava encarando fortemente as nossas fotos juntos, como estava fazendo agora mesmo.

Nós tínhamos cada um uma pequena caixa retangular, e nela, juntamos coisas que fazia lembrar um do outro. Na minha, estavam as fotografias, de nós juntos e até dele sozinho, apenas fazendo alguma careta em que eu adorava rir, ou somente sorrindo, um sorriso que eu estava completamente acostumado e apaixonado. Havia também, presentes que ele tinha me dado, como uns óculos que eu queria muito, e um pequeno dinossauro de pelúcia, pois segundo ele, queria me dar algo diferente do que os namorados costumavam se presentear. Era onde guardávamos nossas lembranças, o lugar onde era nosso refúgio quando achávamos que as coisas estavam se esgotando. Nossa promessa era: “Sempre que achar que o amor está acabando, abra a caixa e a contemple.” Por que ele simplesmente deixou tudo isso de lado e me abandou tão rapidamente? Sua cabeça devia estar quente, mas até hoje não me procurou.

Eu como uma pessoa extremamente confiante e forte, fico apenas aqui em casa chorando, me lamentando. Não vou atrás porque não fiz nada, não vou atrás porque sei que a culpa não foi só minha. Estava cansado de ser o culpado de tudo, e sempre pedir desculpas pelos ataques dele em cima de mim. Isso era errado, e entre os seis meses de namoro, eu sabia disso.

Recordo-me exatamente do dia em que brigamos ao ponto de ele me fazer ir embora, o entregando a aliança que o mesmo me deu. Eu entreguei-a em suas mãos, virando meu rosto lentamente, esperando que ele me puxasse, pedindo para que eu não fosse, mas isso não aconteceu. O olhei de relance enquanto caminhava para longe daquele pequeno bosque em que nos encontrávamos todo fim de semana, pois foi aonde tudo aconteceu. Foi o local do primeiro beijo, e infelizmente, do primeiro término também. Ele jogou a nossa aliança com toda força no chão, se perdendo junto às folhas que tomavam conta totalmente dos nossos pés, misturadas com a grama, caídas por causa do outono presente aqui em Seul. 

Depois daquele dia, não teve mais mensagens, não teve mais visitas, muito menos ligações. Ainda calçava os tênis que ele me dera, porque gostava, ele viu o sorriso em meu rosto quando recebi. Não só dos calçados, mas dele também. Meu sentimento pelo mesmo não foi embora, está aqui presente, praticamente fincado em meu coração. Até porque, não faz muito tempo, foi um término recente, repentino, impossível esquecer tão rápido. Ainda mais eu, que fico regando o amor para que não vá embora, porque não quero esquecê-lo. Algo em mim ainda tem esperança de que ele volte. Algo em mim ainda quer que ele volte.

Estava me sentindo vazio, uma pessoa que eu conhecia desde a infância, mais que um amigo, era meu melhor amigo. Aquele que você corre para dizer como foi o dia, ou passava o dia inteiro ao lado dele. Aquele que você conta seus maiores segredos, suas maiores inseguranças, dúvidas e dividia a cama para assistir filmes. Desde a inocência, e juntos até hoje, estando ambos com 21 anos, por sermos chingu, nascidos no mesmo ano. Isso já foi o maior motivo para nos aproximarmos enquanto jovens, e não nos desgrudarmos a cada ano que passava. A afeição que crescia, como uma flor sendo regada todos os dias por um jardineiro, ou por uma pessoa apenas amante da primavera.

Isso tudo resultou em isso que sou agora. Incompleto sem ele, incompleto sem nós. Apenas sentado no chão observando a janela, onde um vento forte balançava as árvores magras que estavam quase sem suas folhas. Com as mesmas fotografias de sempre em mãos, sem saber o que fazer.

Ele disse que meu amor esfriou e que eu tinha mudado. Mas não foi isso, muito pelo contrário, o que sinto só cresce, a cada dia. Eu só estava cansado, e o respondi dessa maneira. Mas o mesmo dizia: “Você só pensa em si mesmo!”, e a irritação logo voltava. Eu queria respirar, esgotado das brigas, exausto das reclamações. Sempre nos damos tão bem, não entendi o porquê o amor estragou a bela amizade. Acabo sentindo que não conheço o amor, apenas conheço a mim mesmo e que somente eu me entendia nesse mundo. Ele me fazia chorar, mesmo sem saber, e muitas vezes parecia não se importar. Talvez não conseguisse se expressar da forma correta. 

“Vamos terminar, vamos terminar isso!”. Suas palavras perambulavam a minha mente, não me deixando fazer nada direito, porque me lembrava a todo o momento. Ele disse essas coisas ruins tão facilmente, não conseguia entender. Se me amava tanto, como conseguiu me deixar tão rapidamente? — Mas, por favor, pare! – Minha voz já não saía tão compreensível, devido às lágrimas que haviam tomado meu rosto, e desciam até a minha boca. Estava eu aqui, mais um dia, recordando-me de um dos acontecimentos mais tristes pra mim. Pode parecer imaturo, mas ele era tudo, e eu acabei ficando sem nada.

Acabo me levantando, estava fatigado de tanto drama, e precisava seguir em frente. Para isso, teria que ter um ponto final. Levanto-me daquele cômodo gelado, recolhendo os pertences jogados ao meu redor no momento de raiva e chateação vinda de mim, coisa que raramente acontecia. Juntei de volta à mesma caixa, todos os presentes, tudo. Assim que termino, fecho-a segurando em mãos, vou em direção à porta de entrada, e saio de casa.

No caminho, admiro a rua, e como o dia estava bonito. Justo hoje, tinham casais com suas roupas combinando passeando pelas ruas em que eu passava, felizes e sorridentes. Até mesmo de idosos, não estava entendendo muito bem, já que nem era dia dos namorados. Talvez eu estivesse delirando.

Não demora muito, e logo eu estava chegando ao bosque, muito bem conhecido por mim. Acabo rapidamente me lembrando de quando corríamos todo o local quando éramos crianças. Praticamente crescemos ali. O lugar continuava lindo, era daqueles perfeitos para se gravar um drama. As folhas eram de uma cor amarronzada, e havia diversas arvores que enfeitavam o pequeno lugar, tão aconchegante.

Vou caminhando, arrumaria algum jeito de colocar a caixa lá, como um ato de despedida. Deixaria no exato local que a merecia. Talvez enterrasse, ainda estava pensando. Conforme dava meus passos, ocorria um conflito mental em minha cabeça, tentando me convencer de que isso era o certo a se fazer, que esquecê-lo seria o melhor, mesmo que eu não quisesse. A questão não era o que eu queria, e sim a necessidade do que estava acontecendo. A cada movimento, meu coração apertava mais e mais, desesperado, gritando: “Vai atrás dele, pare com todo esse orgulho!”. Mas não podia me entregar dessa forma novamente, realmente estava uma confusão dentro de mim.

Olho em toda a minha volta, contemplando o lugar, e assim que chego ao exato local de toda a briga, meu coração dispara. Olhos arregalados, não estava mais em mim mesmo, muito menos entendia o que eu mesmo vi. Miragem?

— Ji-Jimin? –Digo assustado, minha voz sai tremula, e provável que saiu mais alto do que o esperado.

— Olá, Tae. –Diz com um sorriso pequeno, sem mostrar os dentes, se aproximando de mim.

Ele também estava com a sua caixa, com provavelmente, os pertences que eu dei ao mesmo.

— O que faz aqui? –Pergunto, estava realmente confuso.

— Digo o mesmo a você.

— Eu... Eu vim trazer essas coisas, iria deixar em um canto qualquer. –Digo, tentando parecer despreocupado.

— São as coisas que te dei? –Diz um pouco assustado, vejo uma expressão de tristeza em seu rosto.

— Sim. Preciso esquecer-me de tudo, e não vou conseguir com tudo isso me perseguindo todos os dias...

Acabo me perdendo em seu tão lindo rosto, era muito bem desenhado. Seus lábios carnudos que eu sentia tanta saudade de ter colados aos meus. Os cabelos alaranjados, que se balançavam com a brisa. Ele estava vestindo um moletom cinza que eu dei no nosso aniversário de seis meses juntos.

— E você, por que está com essa caixa? –Pergunto após um silencio incomodo que ficou no ar.

— Ah, eu tinha alguma esperança de que você estivesse aqui. Vim lhe trazer isso. –Ele se vira, abre a caixa que deixa ao chão próximo às raízes de uma árvore que estava bem ao nosso lado. Não consigo ver exatamente o que ele estava pegando dentro da mesma, mas percebo que está escondendo entre sua roupa. Depois, fica procurando algo pelo chão que estava repleto de folhas. Vejo um pequeno brilho, que ele pega, e percebo um sorriso vendo seu rosto de perfil. Quando ele vira, vejo que em suas mãos estava a flor azul. Aquela mesma que eu questionei quando ele me deu a vermelha. Ela era linda, e tão viva. Abro um pequeno sorriso espontâneo, retribuindo-o o sorriso que também era presente em sua face. Era impossível não ter expressões com aquela linda atitude. Ele esticava os braços em uma curta distância, pois estávamos próximos.

— Jimin... –Digo calmamente, esticando meus braços para minhas mãos irem em direção ao pedúnculo de minha flor favorita, após deixar a caixa de lado também. Surpreendo-me mais ainda, quando vejo sua mão tão pequena abrindo-se lentamente e caindo nas minhas, a aliança que ele mesmo tinha jogado no chão alguns dias atrás.

— Eu te amo, Tae. Não quero viver sem você. Desculpe se fui um idiota, e lhe tratei mal naquele dia. Posso parecer indiferente, mas no meu coração você está presente, fincado, e está tatuado seu nome. Me perdoa... –Ele diz entre um abraço. Sua cabeça se encaixava perfeitamente em meu ombro, pela diferença de altura facilmente vista. Escuto sua voz tão próxima aos meus ouvidos, que sinto um leve arrepio com a combinação do vento gelado que acaba de passar. Era tão calma e serena, como uma canção favorita que eu ouviria cinquenta vezes sem enjoar.

Observo aquela aliança em minhas mãos, a flor que eu tanto gostava, e o homem que eu amo, em meus braços. As pessoas merecem uma segunda chance, e quem ama, perdoa. Pode ser uma, duas, três vezes. Em um relacionamento temos brigas, desentendimentos. Ninguém disse que a vida a dois era fácil. Mas o amor é bonito do seu jeito. E todos sabem que ter alguém para se compartilhar um sentimento recíproco, é maravilhoso. Não importa o que aconteça, eu estarei sempre aqui por ele. Sempre aqui por nós dois.

— Eu te amo também, Jimin. Com todas as minhas forças, e com toda a sinceridade do mundo. Senti muito a sua falta. –Digo em um suspiro, e logo nossas testas se colam, fazendo um efeito perfeito com o vento, e as folhas que passeavam por nossos sapatos. Eu o olhava diretamente nos olhos, e ele fazia o mesmo. Nossas respirações próximas faziam uma linda sincronia. –Eu te perdoo. –Sinto nossos lábios selarem lentamente, como se não fizéssemos isso há anos. Era como a primeira vez, o vento colaborava, e tudo conspirava num ritmo perfeito. Nossas línguas se chocavam, matando as saudades de cada canto de nossas bocas. Sua mão acariciava meus cabelos, seu toque é essencial na minha vida. Era um grande amor sendo cultivado.

Eu amava Park Jimin.

Park Jimin me amava.

E era isso que importava, não só naquele momento, mas em todos os outros futuros que estavam por vir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Foi isso, digam o que acharam, se gostaram.

Bye ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "You know love?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.