No dia seguinte faria três semanas que Maite tinha pisado naquela boate e invadido sua vida. Nunca mais Christian a viu desde então, mas continuava pensando nela e havia mudado o caminho de casa de forma que sempre passasse em frente à casa dela. Nunca teve a sorte de vê-la ali, mas não conseguia evitar.

Continuava a se alimentar do que sentia por ela, sem lutar, apenas imaginando que um dia aquilo cessaria.

Quando saiu da boate naquela manhã, assustou-se quando a viu escorada em seu carro, há poucos metros de distância dele.

— Sabe, Christian – ela começou dizendo, enquanto enfiava as mãos no bolso do casaco -, eu encontrei o que buscava uma hora depois que nos despedimos naquele dia, quer dizer, encontrei antes, mas só me dei conta nessa hora.

Ele não conseguia sair do lugar, embora desejasse se aproximar.

— Isso é bom – ele conseguiu dizer.

— Sim, foi muito bom. E é por isso que estou aqui. Do que adianta encontrar o que buscava e deixar isso escapar?

— Onde você está querendo chegar, Maite?

—  No começo eu quis acreditar que me descobrir capaz de me apaixonar por alguém fosse tudo de que precisava e me bastou por uns dias, mas aí começou a doer demais...

Ela parou de falar e respirou fundo, aquilo parecia difícil de dizer.

Christian pensou em caminhar até ela, mas percebeu que sua proximidade podia intimidá-la ainda mais e deu apenas mais alguns passos, ainda mantendo-se distante.

— Não existe nenhuma regra que diga que sexo sem compromisso tem que ser cada vez com uma pessoa diferente, certo?  - ela prosseguiu - Nem mesmo que há algo errado em você sair de manhã do seu trabalho e ao invés de ir direto para casa, passar na casa da tal pessoa para fazerem o que tiverem vontade de fazer, não é? Porque a pessoa pode ser estagiária e não ter dinheiro para bancar ir sempre ao seu trabalho. Então, mesmo que isso seja tudo que vocês tenham durante muito tempo, pode dar certo, não pode?

A risada de Christian podia passar a mensagem errada, mas ele não conseguiu evitá-la. Era o som do seu peito explodindo e afastando toda a angustia dos últimos dias.

— Ah, Maite...

Ainda com um sorriso no rosto, caminhou até ela, que parecia querer fundir-se a lataria do carro.

Quando parou a sua frente, estava ciente de que qualquer coisa que dissesse ou fizesse seria definitiva.

— Isso é um acordo? – ele perguntou.

— É uma promessa, se você quiser.

E ele queria.

FIM