Garotas Boas Viram Más escrita por deboralopes


Capítulo 4
Tô legal, mermão




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Antes fosse a única coisa que fiz naquela bendita festa – brigar com Jacob foi só a ponta do iceberg de loucuras daquela noite.

Pra começar, eu bebi muito. Confesso também que nunca havia bebido antes e que me descobri um pouco fraca pra álcool e afins. Outra coisa: beijei mais garotos do que já havia beijado a minha vida toda, e eu nem precisei contar para confirmar isso. Mas, de longe, a maior loucura foi acordar na casa de um mais ou menos desconhecido.

Calma, eu posso explicar.

 

A festa estava lotada, ponto. Não era possível andar direito, e demorei um pouco para achar o open bar.

Mesmo assim a presença do Jacob fazia notar-se a todo o momento. Eu o via me observando de longe, às vezes de perto e, outra vez, cheguei a me assustar quando me virei pra trás topei com seu rosto quase colado ao meu.

_ Jacob! – gritei, já alterada.

_ O que pensa que está fazendo? – ele perguntou com o cenho franzido e um ar de bem poucos amigos.

_ Eu estou... – tive que parar e pensar no que diria. Cara, como eu estava bêbada – Me divertindo, não está vendo?

_ Divertindo? – seu tom era de raiva contida – Pensa que ficar se esfregando nesses imbecis é diversão, Camila?

Então ele pegou meu braço bruscamente e me puxou pra cima, como se quisesse que eu visse a raiva fluir pelos seus olhos. Eu vi, mas não me importei muito. Aliás, as coisas já estavam meio fora de foco mesmo...

Fingi que processava o que ele me falava enquanto esquadrinhava seu rosto.

Por que você tem que ser tão bonito, desgraçado? Era o que eu pensava a todo momento.

_ Quer saber? – respondi me livrando do seu aperto e rindo em seguida – Acho sim. Não é estranho? Eu vou me esfregar em todos os caras daqui... lá lá lá lá...

Completei, sumindo na confusão de luz e cores da pista de dança. Aposto que Jacob ficou com uma cara completa de tacho, me vendo rebolar até desaparecer. Porque além de tonta eu estava gata, e homem sempre é homem.

Bem, o que fiz em seguida é um ponto escuro. Desconfio de que tinha mais do que vodca no meu copo, mas é algo que não posso provar. São duas horas de falha total, e nem quero imaginar o que posso ter feito nesse meio tempo já que a minha memória só volta quando estou sentada no banco do bar.

Sentada não é bem a palavra certa. Eu parecia uma boneca de pano que fora jogada em um canto qualquer – e que feliz essa comparação, não? - O que quer que tenha acontecido nessas duas horas, foi o suficiente para me deixar detonada.

Minha cabeça descansava na mão e eu não via muito mais do que a madeira do balcão. Não conseguia nenhum músculo e meu corpo já pedia cama.

_ Mais alguma coisa, moça? – o garçom perguntou, tirando o copo vazio da minha frente.

_ S-sim... – gaguejei, levantando a cabeça devagar e encarando o cara. Provavelmente eu estava preste a dizer “qualquer porcaria”, mas vendo o quanto ele era gato, reformulei – Um beijo, pode ser?

Ele riu, guardando algumas garrafas embaixo do balcão e limpando as mãos no avental. Pensei que ele ao menos me zombaria, mas nem falou nada e virou-se de costas pra mim.

Bufei, um fora de um garçom.

Deixei a cabeça cair nas mãos novamente. Alguma noção de que eu deveria ir embora, que deveria achar Jacob - ou qualquer resquício de sanidade, começou a vagar pelos meus pensamentos. Mas eles estavam muito confusos.

Descobri porque as pessoas bebem para esquecer os problemas.

_ Como é o seu nome, garota? – o garçom gato perguntou, me assustando.

_ E isso importa? – murmurei ainda de cabeça baixa.

_ Quer dizer que não se lembra.

_ Mais ou menos isso, gatinho.

_ Camila!  - alguém me chamou, reconheci a voz de imediato.

O garçom riu, talvez por descobrir meu nome, e me deixou sozinha novamente. Ou quase, já que Jake se aproximava de mim com uma expressão furiosa.

_ O que aconteceu, Jake? – perguntei realmente confusa.

Afinal, eu realmente não me lembrava que havia brigado com ele. Isso me faz rir até hoje.

_ O que aconteceu, Camila? Que INFERNO! – ele gritou mesmo, tão alto que mesmo com a música algumas pessoas olharam pra gente – Eu estou te procurando faz horas, a Alissa está puta comigo porque eu só estou preocupado com você, ouço falar que uma “gostosa do caralho” estava dançando em cima da mesa, e que uma tal de Camila está andando por aí muito louca; e quando eu te acho você me pergunta o que PORRA está acontecendo?

_ Legal, Jake, agora me compra uma caipirinha, por favor.

Se alguém, algum dia, já conseguiu explodir de raiva, esse alguém estava em um estado muito próximo ao que o Jake ficou assim que soltei minha última pérola.

Quero dizer, acho que ele esperava que eu me desculpasse, ou começasse a chorar e até que eu ficasse calada. Mas não que eu dissesse nada parecido com “Legal” ou ainda “você pode me embebedar mais, por favor?”.

Sinceramente cheguei a pensar que ele me enforcaria, ou me daria um murro e tudo o mais. E, sinceramente, talvez ele o fizesse se alguém não tivesse nos interrompido na hora.

_ Jacob? – era o Pedro, que no momento eu havia classificado como “aimeudeusdocéu de onde surgiu essa escultura grega viva?”, já que não sabia seu nome ainda.

_ Ah, Pedro – Jake o cumprimentou, tentando esconder a raiva e me lançando um último olhar mortífero – Tudo bem?

_ Está tudo ótimo e... Meu Deus, quem é? – ele apontou pra mim.

_ Camila – me apressei em dizer antes que Jake soltasse uma das suas – E você é muito gato, hein?

Não se esqueçam que eu estava totalmente alterada. Normalmente não vou dizendo que as pessoas são ou não são bonitas logo de cara. Pensando melhor, também não pedi muitos beijos para garçons. Enfim, Pedro só riu da minha afirmação e estendeu a mão.

_ Não vou considerar isso um elogio, visto o seu estado – brincou, me levantando na cadeira com um puxão – Mas posso considerar outras coisas como sendo reais, é só me dar um chance.

Sua boca já estava no meu pescoço e suas mãos na minha cintura quando Jake me arrancou com um único puxão.

_ Ei, idiota! O que é isso? – reclamei, tirando suas mãos de mim.

_ Vamos embora – ele rosnou pra mim, depois virou-se para o Pedro – Desculpe, cara, mas ela está bêbada demais pra responder por seus atos.

_ Não estou não! – contestei, mas minha afirmação ficou um pouco falha depois que eu tive que me escorar no Jake para não cair.

_ Tudo bem, a gente se vê por aí – Pedro concordou em um tom quase de desculpas.

_ Não, não. Eu não vou embora – reclamei – Ei, Pedro, espera aí.

Então pulei em cima dele e o beijei.

Acho que não restam dúvidas de que o “quase desconhecido” é o Pedro.

Ou seja: arrumei um lugar novo, que não minha casa, para curtir a ressaca do outro dia.

Seria ainda melhor se eu ao menos estivesse com as minhas roupas quando acordei.

 


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