Amores de uma vida escrita por SaturnBoy


Capítulo 4
O Artista Incompreendido que eu amei, L.


Notas iniciais do capítulo

"Me perguntas como eu me sinto, me sinto cheia de amor para dar, mas ao mesmo tempo tão impossibilitada de se doar. Fragilizada, magoada, dilacerada pelo tempo, pelos amores que se foram e que levaram um pedaço de mim, um pedaço de inocência talvez, a inocência de acreditar no outro, de acreditar que tudo pode ser diferente e que não vou me mutilar ou arrancar aquele amor incompreendido do peito." — Viviane Amaral



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Eu lembro perfeitamente no começo do ano quando ambos estávamos ainda estudando. No momento em que você adentrou a sala de aula para o seu primeiro dia. Eu já estava sentado próximo a porta com a minha amiga olhando para aqueles novatos que andavam de um lado para o outro, perdidos com as salas.

Você entrou, se sentou e ficou calado em seu mundo pelo resto do dia. E eu, sem interesse fiquei te olhando de longe para saber mais sobre você. Naquele momento eu tinha a estranha fascinação de entender as pessoas sem mesmo conhece-las, tentar descobrir algo que elas não possuíam o habito de falar.

O ano se passa e você se torna amigo da minha amiga e amigo meu também. Conversávamos, riamos, brincávamos um com o outro. Era uma amizade de mão dupla, não existia exploração.  Mas, me apaixonei. Com aconteceu? Não sei, mas lembro que foi tão leve como um aroma de um perfume francês.

Me afastei de vocês com medo de mim mesmo, por sentir umas estranhas sensações que nunca havia sentido antes aflorar dentro de mim. Mas invés de seguir o que a minha cabeça falava, segui meu coração e continuei próximo.

Me apaixonar foi fácil, seguir o caminho que foi difícil. Lembro que todo o caminho parecia feito de ópio, não consegui sentir nada, nenhuma tristeza. Mas você me ensinou que o que eu sentia não era exatamente paixão e sim fascinação. Eu me apaixonava pelo o artista que você estava se tornando, pela pessoa não compreendida com pensamentos a frente do seu tempo, pela pessoa que você se tornou naquele momento.

Lembro-me do ódio que senti por você não sentir o mesmo por mim, por não ser suficiente para você, por não conseguir suportar a dor e a leveza que você possuía. Me senti um inútil por tanto tempo, até que você de alguma forma me ajudou de tantas maneiras que hoje, se eu te falasse, você provavelmente ainda não conseguiria entender.

Nas noites de nostalgia ainda me pego lembrando daquele beijo que mesmo não possuindo nenhum sentimento, foi com todos os sentimentos que trocamos naquele momento que ele se tornou memorável. Tão quente, tão solicito, tão mágico. E no final, você me abraçou, mas quem agradeceu, foi eu. É provável que eu nunca entenda exatamente o que houve, o que aconteceu ou o motivo de ter acontecido tudo isso, mas eu agradeço por tudo, até por compartilhar esse mundo... Pelo menos por um tempo.


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