Civil War: Moon. escrita por Barbs


Capítulo 4
Controle.




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Sentia o vento bater em meu cabelo enquanto eu olhava para baixo sentada na beira do prédio de mais dez andares. Balançava minhas pernas lentamente enquanto olhava para dentro do beco em que estávamos há alguns minutos. Virei meu rosto para fitar Peter quem estava completamente calado sentado ao meu lado, mas ainda sim sorria amigavelmente toda vez em que nossos olhares se encontravam. Ele havia me contado seu maior segredo e por mais que eu não compreendesse realmente o porquê estava grata por ele tê-lo feito. 

— Olha…

— Eu…

Começamos a falar no mesmo instante e nossas risadas sem graça atrapalharam a continuação, ele estendeu a mão e balançou a cabeça indicando que era pra continuar: 

— Isso é realmente louco. 

Peter riu – É. É bem louco.

— Você não tinha que estar salvando Nova York? Sei lá… O mundo? – ri o fitando. 

Ele olhou para baixo retirando seu celular de dentro do bolso da jaqueta, ele acendeu a tela deslizando seu dedo para desbloqueá-la e foi quando vi um mapa da cidade repleto de luzes verdes. 

— O que é isso? – perguntei observando os pontos verdes no mapa.

— Os pontos maiores são as delegacias, os menores são dos rádios dos policiais. Quando algo fica vermelho eles recebem uma chamada – ele levantou o rosto para me olhar – e eu também – ele falou como se fosse uma observação e eu apenas ri ainda tentando não parecer tão boba quanto antes – e se for um caso com o qual eles não consigam lidar ou desconhecido eu vou e ajudo. 

— Então você meio que cuida dos casos pesados? 

Ele riu balançando a cabeça negativamente – Não. Todo crime é pesado e todo criminoso merece ser pego e ter uma segunda chance. Eu não sou o amigo dos policiais então não é como se eu pudesse realmente confiar neles. 

— As pessoas na internet adoram você. 

Ele sorria enquanto guardava o celular – É complicado. Não posso culpar o pessoal de terem medo de mim ou não confiar. Acontece que sempre tento fazer o meu melhor pra deixar as pessoas em segurança. Não quero substituir ninguém e muito menos tomar o lugar de policiais. 

— As pessoas pensam isso? – perguntei. 

Ele balançou a cabeça positivamente ficando de pé na área externa. Virei meu corpo em sua direção ficando de costas para o prédio de comida chinesa, apoiei meus pés no chão enquanto o escutava. 

— Sim. Tem muitos de nós por ai e mesmo que não se ouça falar muito, as pessoas se assustam. 

— Você… Você é um herói – fiquei de pé andando em sua direção, meu sorriso havia sumido, estava confusa com o que ele dizia – você ajuda as pessoas, você… Não acredito que é tratado como um criminoso. 

Peter riu chutando uma das pedrinhas no chão enquanto olhava para seus pés – Relaxa que já tô meio acostumado com isso. Mas é como alguém muito importante disse pra mim uma vez: quando você tem a oportunidade de fazer a diferença, de fazer o bem, você não deve desperdiçar – ele fez uma breve pausa e ergueu o olhar até mim – quando se tem a chance de fazer o bem, não importa como seja, você não pode ignorar isso, você só vai e faz o bem. 

O fitei parada na sua frente. Não estávamos muito próximos, mas eu podia escutar sua respiração tranquila enquanto ele sorria me fitando. Sentia como se ele estivesse me mandando uma indireta bem direita e ligava uma coisa na outra. 

— Não sou uma heroína. 

— Não é todo mundo que pensa isso de mim também – ele deu de ombros. 

— Por que me contou isso, Parker? – perguntei cruzando os braços enquanto o fitava séria – você quer me transformar em uma heroína? 

— Você não se transforma em herói, ou você é um ou não. 

— Então você acha que sou uma heroína? Tipo aqueles caras da televisão? – ri nervosa sentindo meu estômago embrulhar só de me imaginar exposta daquela maneira – como você? 

— Luna… - ele tentou falar.

Mas o interrompi – Não, Parker. Você só me contou seu segredo porque acha que sou como você. Porque acha que só porque usei meus poderes naquela maldita loja pra nos ajudar eu sou uma heroína que vai salvar o mundo? 

— Eu não disse isso – ele me fitava confuso – e não te contei nada disso pra te convencer a ser algo que você, claramente, não quer. 

— Então por que, Parker? 

— Porque é um saco guardar isso só pra mim, tá legal? – o sorriso também havia sumido de seus lábios – eu não devia ter te contado também, sei disso, e não é porque eu não confio em você, porque eu confio, mas sim porque agora suas chances de estar em perigo são maiores. Eu simplesmente não podia deixar você pensar que não tem ninguém que te entenda. 

O fitei em silêncio sem descruzar os braços. Ele prosseguiu após uma breve pausa:

— Você sentia como se não pudesse confiar em mim e não tiro sua razão. Mas o porquê de te mostrar que sou o Homem Aranha não tem nada a ver com querer que você arrisque sua vida todo santo dia com medo de não conseguir voltar pra sua casa e seus amigos – ele respirou fundo umedecendo os lábios – porque é assim que parece. Despeço da Tia May toda manhã e noite pedindo que não seja a última vez que eu a veja. Mas não posso ignorar o fato de que eu tenho esses poderes e com eles eu posso e devo fazer algo pra ajudar as pessoas. Mas esse sou eu, Peter Parker, o Homem Aranha. Não você. E eu não quero que seja, não te mostrei quem realmente sou para convencê-la de que ajudar as pessoas é algo ótimo e sem perigo algum. 

— Peter… - novamente tentei falar algo, mas em vão já que ele parecia não querer me escutar. 

— Tá tudo bem, sério – ele ergueu uma mão em minha direção como quem estivesse me tranquilizando para poder prosseguir – olha… Você é especial, Luna. Você tem poderes, você é diferente. Somos diferentes. A única razão pela qual mostrei, enfim, que sou o Homem Aranha é porque eu não encontrei outra maneira de fazer você entender que pode confiar em mim. E sei como é se sentir sozinho e confuso diante dos poderes e responsabilidades que batem na sua cara dado momento. Agora estamos quites – ele forçou um sorriso me fitando – eu sei seu segredo, porque você me salvou e salvou aquela garota da loja, e você sabe o meu. 

O fitei em silêncio. Ele não estava mais soltando a enxurrada de palavras em cima de mim, mas eu me sentia culpada por ter duvidado de Peter. Mas ele não podia me culpar totalmente, afinal, não é como se fossemos melhores amigos de anos. Infelizmente não o conheço e meus problemas com confiança são realmente perturbadores. As circunstâncias dos nossos poderes fizeram com que estivéssemos tendo aquela conversa naquele momento, conversa a qual parecia bem verdadeira para mim. 

— E é isso – Peter pegou sua mochila do chão mais uma vez colocando-a nas costas, me ignorou por alguns segundos enquanto retirava seu celular de seu bolso, ele fazia um barulho baixo, mas audível, reconheci ser um chamado para os policiais de plantão. Peter guardou o celular no bolso o bloqueando mais uma vez e me fitou com a expressão mais séria que tinha visto em seu rosto desde quando o conheci ao chegar atrasado no primeiro dia de aula. Ele pigarreou dizendo:

— Tá rolando um assalto no centro e preciso de ir pra lá, agora.

Balancei a cabeça positivamente o fitando.

— Você vem? – ele lançou a teia no prédio mais a frente – pra casa, quero dizer. Te dou uma carona. 

— Você não é um homem.

Peter virou seu rosto para me olhar, as sobrancelhas estavam tão próximas que ele parecia estar fazendo uma força enorme para me fitar. Ele estava com os olhos cerrados e mexia a boca tentando falar algo, apenas segurei o riso ao ver sua cara de confuso.

— Eu não sou um homem? – ele perguntou confuso – até onde eu sei e graças as aulas de biologia, eu sou sim um homem com…

Ri o fitando – Homem Aranha. 

— Esse é meu nome de herói – ele me fitava confuso, mas o sorriso tornava a surgir em seus lábios – e esse sou eu também. Pelo menos da última vez em que chequei. 

Soltei a risada – Você não é um homem. Você é só um adolescente nerd que chega atrasado nas aulas todo dia. 

— Alguém tem que salvar o mundo, não é? – ele colocou sua mão livre na cintura fazendo uma pose de herói com o nariz empinado.

Ri o fitando e andando até ele – Obrigada por confiar em mim.

Ele sorriu passando o braço em volta da minha cintura ao perceber que estava mais próxima – Te digo o mesmo.

Passei os braços em volta de seu pescoço sentindo-me completamente insegura, afinal, nós iriamos voar pela cidade com sua teia e por mais que eu saiba que ele sabe o que está fazendo, estava com medo. Olhei para sua mão erguida e ouvi um barulho molhado onde, logo em seguida, a teia saiu, pude ver seu lançador de teias por baixo da manga de sua jaqueta e então fechei os olhos evitando soltar um pequeno grito no instante em que Peter deu um pequeno impulso para frente fazendo com que o frio em minha barriga, daqueles que acontecem quando andamos de montanha russa, tomasse conta de meu corpo. Senti o vento bater em meu rosto com mais violência do que no restante do corpo, estava com certa dificuldade de respirar devido ao vento, mas me esforçava para puxar o ar para meus pulmões. 

A risada de Peter fez com que eu saísse de minha concentração em respirar enquanto balançava na teia do Homem Aranha atracada em sua costela. Dei um berro perguntando do que ele estava rindo o que fez com que ele soltasse mais uma risada.

— Você devia abrir os olhos.

— Eu não consigo – berrei mais uma vez.

— Por que você tá gritando? – ele  perguntou.

— Você consegue me ouvir? – perguntei ainda berrando e forçando os olhos a ficarem fechados – achei que o vento…

— Já me acostumei – ele respondeu – ainda te aconselho a abrir os olhos. 

— Por quê? 

— Porque a cidade vista de cima é ainda mais bonita.

Ele tinha razão. Estávamos saltando pelos prédios balançando em teias de aranha, quando eu teria esta oportunidade novamente? Provavelmente nunca. Mesmo com Peter sendo meu vizinho e agora amigo confidente eu sabia que não gostaria de balançar com ele pela cidade novamente, a não ser que fosse realmente preciso. Era uma experiência única e esperar pelo futuro, para então abrir os olhos e observar a cidade tão de cima, era loucura. 

Abri os olhos lentamente e olhei para a rua lotada de carros de Nova York, soltei um grunhido e cerrei os olhos me esforçando para não fechá-los, pude sentir meu corpo pesar para baixo e então me apavorei prendendo a respiração, Peter tornou a lançar a teia em outro prédio nos mantendo no ar, olhei para ele abrindo um enorme sorriso e ele apenas riu voltando sua atenção para frente. 

Sentia o vento em meu rosto e desta vez com os olhos abertos. O Sol brilhava levemente sendo coberto, vez ou outra, pelas nuvens carregadas. Passamos por cima do túnel que nos levaria até o nosso bairro e olhei para baixo vendo os carros em congestionamento, como de costume. Aquela sensação era a melhor que eu já havia experimentado, o frio na barriga era constante e ver a enorme cidade de Nova York do topo fazia com que ela ficasse menos cinzenta e sem graça do que andando no meio daquela multidão. 

Peter passou pelo início de nosso bairro lançando sua última teia em uma antena telefônica próxima a nossa casa, rapidamente ele inclinou seu corpo em direção aos fundos de minha casa nos deixando com os pés na grama fofa e curta. Soltei uma gargalhada um tanto desconcertada no instante em que ele retirou o braço da minha cintura colocando a mochila em seus próprios pés enquanto a abria. 

— Foi bom abrir os olhos, não foi? – ele perguntou me lançando um breve olhar enquanto pegava seus óculos dentro de sua mochila

Balancei a cabeça positivamente.

— Você tá bem? – ele perguntou colocando suas luvas de Homem Aranha.

— Sim – respondi observando Peter Parker se tornar o Homem Aranha.

— Ótimo – ele riu fechando a mochila e colocando-a nas costas – te vejo por ai.

Em menos de um segundo Peter já não estava mais no meu quintal cercado, ele havia lançado a teia em direção ao centro de Nova York indo salvar a cidade mais uma vez. Lembrei-me de J. J. Jameson o repórter mau humorado quem passava grande parte do seu dia falando sobre como o Homem Aranha era perigoso para a cidade, sobre como os Vingadores destruíram a cidade e, especialmente, sobre como o Homem Aranha – seu assunto base – era uma farsa e precisava ser detido. Mas lá ia ele, o cara que tanto falavam mal, salvar Nova York mais uma vez sem ninguém pedir ou sem querer nada em troca e, o mais surreal de se pensar dentre todo esse ódio pelo Homem Aranha era o simples fato de que ele era nada mais do que um adolescente simples do Queens. 

Travei em pensamentos e quase morri do coração quando escutei a porta de vidro dos fundos ser socada com força e diversas vezes. Virei-me para trás assustada, mas me tranquilizei assim que vi Jullie com seu sorriso largo e seus cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo me fitando com seus olhos verdes. Arfei aliviada abrindo a porta pelo lado de fora após pegar a chave em meu bolso, a fitei com um pequeno sorriso ainda sentindo meu coração acelerar devido ao passeio inusitado. 

— Ei, Jullie.

— Olá querida amiga ou devo chamar de traidora?

A fitei erguendo uma sobrancelha e cruzando os braços. Ela me chamava de traidora com aquele sorriso imenso nos lábios, ela parecia tranquila e não irritada o que estava me deixando confusa.

— Não vai falar nada? – ela perguntou sorridente – então você admite que é uma traidora?

— Não – respondi indo em direção a cozinha.

— Quando você ia me contar do Parker, hein? 

Abri a geladeira procurando pelo leite – Do que você tá falando? 

— De vocês dois sendo pegos em flagrante no ginásio – ela bateu palmas – não se faça de boba!

— Jullie – falei pausadamente retirando o iogurte de dentro da geladeira – não tem nada entre eu e Peter.

— Você sabe que não precisa mentir pra mim, não sabe? 

Sua voz estava fria e assim que me virei encontrei Jullie com um pequeno sorriso nos lábios e as sobrancelhas juntas de modo que eu soubesse o quão amigável ela estava tentando ser. Jullie era uma excelente amiga, nos tornamos amigas assim que cheguei na escola, foi algo instantâneo, principalmente por sermos vizinhas. Sabia que ela só queria fazer parte de minha vida e entender o que estava acontecendo entre Peter e eu, mas eu não podia simplesmente dizer a ela que tinha poderes assim como Peter e que ele era o Homem Aranha. Jamais a colocaria em tal perigo e muito menos contaria um segredo que não era meu.

— Jullie, é sério – a fitei enquanto abria o iogurte de caixinha – não tem nada entre Peter e eu. Estávamos conversando e não vimos a hora, sério. Eu precisava falar com ele sobre um exercício que ele me ajudou e você sabe como sou. 

— Precisava levar ele pro ginásio pra isso?

— Você veio falando, com as meninas do seu lado, sobre eu estar a fim do Peter e eu fiquei com vergonha. Foi só isso. Você sabe que eu não esconderia nada de você.

Ela cruzou os braços me fitando. Ficou um tempo séria e em silêncio, mas logo tornou a falar de Flash Thompson após dizer que acreditava em mim. Eu até gostava de ouvi-la contar suas histórias com os garotos que ela se apaixonava, eu ria mais do que tudo e ela se divertia contando o quanto os garotos eram bobos com ela, mas como ela gostava de tal fato. Porém naquela tarde tudo o que eu queria era dormir um pouco antes de sair pelas ruas durante a noite como de costume, fora a quantidade de informações sobre Peter Parker ser o Homem Aranha que eu tinha que absorver. Mas não consegui acabar com a euforia dela contando sobre Flash, não consegui, também, prestar muita atenção no que ela dizia, mas sorria e tentava ser simpática a todo instante.

Jullie saiu de minha casa pela noite quando beirava as dez horas e, de certo modo, não me importei por tê-la por perto, ela me contou sobre como Flash Thompson era cavalheiro quando estavam sozinhos em seu carro, sobre como ele “desprovido de inteligência” quando a perguntava sobre alguma matéria, sobre como ele era infantil ao falar de alunos como Peter e Harry, e sobre como ela tentava desconstruir a parte imbecil que o dominava. Jullie era uma ótima amiga e, acima de tudo, pessoa, sabia que ela não se deixaria levar pelas atitudes estupidas de Flash enquanto estivesse com ele, e me sentia orgulhosa dela estar tentando mudá-lo neste sentido, pelo menos um pouco. 

Assim que Jullie fechou a porta subi para meu quarto e abri a janela fazendo com que a luz do luar entrasse em meu quarto, deitei-me na cama, onde ela iluminava mais forte, e fechei os olhos sentindo a luz entrar por minha pele de modo que eu me sentisse cada vez mais forte e firme. Era estranho até mesmo para mim explicar o modo como me sentia vívida quando estava sob a luz do luar, era como se eu me sentisse a pessoa mais forte e capaz do mundo, era aquela sensação que você tem quando cria coragem pra fazer algo inusitado e a adrenalina está a mil em seu corpo, ou quando escuta uma música tão boa que você simplesmente não consegue ficar parado porque sabe que tem que dançá-la. Mas, ao mesmo tempo, eu me sentia calma e tranquila como quando somos pequenos e ninados com alguma música infantil. É difícil explicar.

Abri os olhos fitando meu teto enquanto sentia como se todo meu cansaço estivesse indo embora e eu parecesse cada vez mais recuperada. O bom da noite, para mim, é que ela recupera todas as minhas energias de modo que, caso eu queira, posso ficar alguns dias sem dormir, mas após certo tempo nem apenas a luz do luar é suficiente, ou seja, eu não posso trocar o sono. Não que eu queira.

Tentava pensar em outras coisas, mas não conseguia parar de pensar em Peter, não do modo que Jullie e o restante da sala pensavam em relação à nós dois, mas sim em relação a troca de segredos que havíamos partilhado, mesmo que em caso de vida ou morte como havia acontecido comigo. As coisas faziam um pouco mais de sentido agora que eu sabia de seu segredo, especialmente em relação aos atrasos e as mentiras para May sobre estudos. Parecia até injusto Peter ficar na detenção tantas vezes na semana simplesmente porque chegava atrasado nas aulas devido ao fato de estar salvando a cidade de caras estúpidos. 

Era estranho pensar que Peter era o Homem Aranha, por trás daquela máscara e daquela roupa era realmente difícil de acreditar que um nerd invisível salvava as pessoas sem que elas pedissem porque ele se deu conta de que com aqueles poderes ele podia e deveria fazer algo pelos demais. Talvez ele fosse uma das pessoas que eu jamais diria que estavam por trás daquela máscara, não que eu tenha parado para pensar muito nisso, na verdade tento ignorar todas as notícias de pessoas com habilidades especiais de modo que não seja uma lembrança para mim e para meu pai sobre eu possuir poderes – como os intitulados heróis – e ter cegado um garoto na infância porque isso acarreta milhares de outras lembranças de acordo com o passar dos anos e creio que nem ele, e muito menos eu, queira lembrar do ocorrido. 

Talvez isso fosse algo que Peter devesse saber. Era algo realmente difícil de se dizer e expor para outra pessoa. Era difícil para mim mesma, no passado, falar com o terapeuta sobre, era mais difícil ainda falar com minha família e então só de pensar em contar para um amigo eu já me apavorava, de certo modo. Mas nenhum destes compreenderam por não estarem nas mesmas condições do que eu, o contrário de Peter, pois ele obviamente deve saber algo sobre como perder o controle, mesmo que sem querer.

Pela primeira vez, em anos, eu sentia que precisava compartilhar com alguém sobre o que eu tinha feito e Peter parecia ser a pessoa perfeita para isso e eu não conseguia explicar muito bem o porquê. Talvez por ele ser o primeiro cara com superpoderes que eu realmente conheço e converso e não apenas vejo nos noticiários ou em vídeos na internet. Mas, obviamente, ele tinha coisas mais importantes para fazer como prender alguns criminosos e devolver alguns dinheiros enquanto se esquiva da polícia que crê no fato de que ele pode ser uma ameaça, como J. Jonah Jameson prega em seu jornal e telejornal todos os dias. 

Pensando na ideia de contar à Peter o passado que tanto fujo adormeci decidida a contá-lo no dia seguinte na escola, fosse em algum intervalo ou no fim da aula. Eu só precisava manter essa coragem até o fim para confiar nele da mesma maneira que ele havia confiado em mim para contar seu maior segredo. Amigos são para essas coisas, eles tiram um peso de seus ombros quando se mais precisa e sobre isso, por mais que eu ache que o peso de minha história não seja possível retirar de meus ombros, sei que tudo daria certo de um jeito ou de outro.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado e não deixem de comentar!



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