Thank You for Being a Friend escrita por Just a Girl
Will Halstead
A rotina do Med é sempre bem movimentada, acidentes de carro, troca de tiros, acidentes domésticos, o de sempre. Mas hoje especificamente foi um daqueles dias em que o que mais ansiamos é o fim do turno, poder ir para casa e esquecer que esse dia aconteceu, ou pelo menos tentar esquecer. Já pela manhã tivemos um paciente, Ana Rodrigues, uma mexicana que acabara de conseguir o visto de permanência dos Estados Unidos, para ela e sua filha de apenas 7 anos, ela havia descoberto a pouco tempo um câncer de pulmão em estado avançado e hoje as 14:32 ela não resistiu e sucumbiu à doença. Sua filha Emma tem um sério problema cardíaco, que foi a causa da vinda delas para os Estados Unidos, e agora sozinha no mundo seu tratamento vai ficar ainda mais complicado.
— Tudo bem, pode deixar que eu cuido disso – Escuto Rhodes ao telefone, provavelmente tratando do velório e enterro, afinal ele é o único conhecido de Ana aqui em Chicago, pelo que sei ela trabalhava como faxineira na faculdade que ele frequentou no México e acabaram ficando amigos.
— Hey, Connor!! – Chamo-o assim que ele deixa a sala de descanso onde estávamos – Como Emma está?
— Ela ainda não está falando com ninguém, Miss Goodwin já contatou a assistência social eles devem estar aqui logo – A voz dele expressava um cansaço imenso e seus olhos uma dor ainda maior.
— Eu sinto muito pela Ana.
— Eu também.
Quatro horas depois meu turno chega ao fim e no caminho para o estacionamento encontro com Connor de novo, mas dessa vez ele parecia ainda mais distante do que quando o vi a tarde.
— Oi, Connor, você está bem? – Ele se sobressalta ao me ouvir e se vira para mim.
— Estou, eu estou bem, obrigado.
— Bem, se você precisar de alguma coisa, é só avisar, talvez uma companhia no Molly’s, eu te pago uma bebida.
— Obrigado, mas eu acho que vou para casa.
— Ok então, Boa Noite.
— Boa Noite Will.
Não sei porque, mas alguma coisa me dizia que ele não iria direto para casa e isso me deixou um tanto preocupado. Mas ele já é bem grandinho sabe o que faz.
Quando cheguei em meu apartamento fui direto tomar um banho e tentar tirar toda a tensão acumulada do dia. Tentei preparar algo para comer, mas como meu relacionamento com a cozinha é horrível, acabei por pedir comida mesmo. A comida demorou para chegar e quando eu acabei de comer já era tarde. Enquanto arrumava minha bagunça na cozinha a campainha tocou, eu não estava esperando ninguém, mas pensei que poderia ser o Jay ou talvez a Nat e resolvi abrir, o que eu não esperava era encontrar um Connor bêbado e quase desmaiando à minha porta.
— Eu acho que aceito aquela bebida agora – Sua voz estava arrastada e ele se apoiou no batente da varanda para não cair.
— Eu acho é que você já bebeu demais, isso sim, vem vamos entrar antes que você desmaie na minha varanda.
Eu guiei um cambaleante Connor até o meu sofá e o fiz se sentar lá enquanto eu buscava alguma roupa pra ele, visto que ele ainda estava com a roupa que havia saído do hospital e ela estava com um cheiro forte de bebida, o que indica que as coisas estão bem feias pro lado dele.
— Nós somos amigos não somos? – Ele me pergunta acabando de vestir meu moletom que é o dobro do número dele.
— É, creio que sim.
— Que bom, senão isso seria estranho, não seria?
— Eu acho que isso é estranho de qualquer modo.
— A vida as vezes é uma droga – Connor faz menção de se levantar, mas logo o empurro para o sofá de novo, a última coisa que preciso é um bêbado quebrando minha casa.
— É as vezes ela é.
— Mas que droga.
Depois disso ele já não falava mais muita coisa com coisa, eu tentei fazê-lo comer alguma coisa mas ele não quis, nem beber também, água no caso, porque aposto que se oferecer um whisky ele aceita na hora.
Já está tarde e eu tenho que levá-lo até o quarto de hospedes, porque meu sofá é um assassino de coluna e não seria bom deixa-lo dormir na sala, ainda mais perto da cozinha e consequentemente perto das bebidas.
— Ok, porque não vamos lá pra cima, hein? Aí você dorme descansa um pouco.
— É uma ótima ideia
Me sentei a seu lado no sofá em uma falha tentativa de fazê-lo se levantar, já que ele estava todo largado no sofá.
— Vem vamos lá pra cima – Chamei-o de novo, puxando-o, fazendo que se desencosta-se do sofá.
— Meu Deus você tá girando pra caramba.
— É nisso que dá quando se bebe quase um bar inteiro.
— Não foi um bar inteiro – Ele protesta.
— Tá, tá, tá, vem logo.
— Will... – Ele começa mas sua voz falha e um segundo depois sinto-o desmoronar em cima de mim, a cabeça caindo em meu peito, ele já inconsciente.
— Ah, que ótimo, agora sim vai ser divertido levá-lo para o quarto de hospedes.
Depois de várias vans e falhas tentativas de arrastar o inconsciente Dr. Rhodes para o andar de cima resolvi deixa-lo no sofá mesmo, afinal do jeito que está só vai acordar amanhã, e olhe lá.
Eu o arrumei melhor no sofá e o cobri com um coberto, por mais que não nos déssemos muito bem no começo, creio que agora estamos melhorando e ele nem é tão chato assim, pelo menos não quando o conhece melhor.
O melhor vai ser a ressaca de amanhã, essa sim vai ser uma das grandes, mas pensando pelo lado bom, pelo menos a dor cabeça não vai deixa-lo pensar em nenhuma outra coisa durante o dia todo.
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;) Obrigada por ler!!