Questão de Tempo escrita por


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas saiu gente...agora vocês vão saber finalmente o passado da Stella e sentiram falta de uma musiquinha linda da Adele?



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Cap 13

Mac – Que tipo de perigo está falando?

Lisa – Daquele que mata. – Lisa logo despeja o seu maior medo sem a menor cerimônia. – Stella corre risco de morte. – ela respira fundo pra se acalmar e continuar. – Ela está envolvida em um caso na Grécia contra alguém muito importante, ela é testemunha chave e por consequência jurada de morte. Ela perdeu tudo Mac, tudo. Não restou nada da sua antiga vida, nada. – as lágrimas já começavam a inundar seus olhos e ela se esforçava pra não deixa-las rolar.

Mac – Vocês não são irmãs, não é?!

Lisa – Não. – mais uma vez ela respira fundo. – Mas assumimos esse papel de verdade, meus filhos a adoram e a chamam de tia até meu marido implica com ela como se fosse da família.

Mac – O que aconteceu com a Stella? No que ela se envolveu? – mesmo tentando se manter imparcial foi impossível as perguntas não saírem atropeladas.

Lisa – Eu vou tentar resumir uma parte do que sei. Bom ... Stella foi adotada ainda criança por um casal já um pouco mais velho, sem filhos. Ela uma artista plástica e ele um professor. Stella tinha e ainda tem uma verdadeira adoração pelos dois, e ela seguiria como artista também mas na dança, ela sempre teve muito talento e fazia parte de uma escola de dança com 17 anos quando conheceu Frank Mala e é ai que tudo da errado na vida dela. Stella teve que atirar no namorado pra não morrer mas ele era filho, bastardo, de um figurão grego que tem uma movimentações escusas, que jurou se vingar. Por ela morar na casa dele, Stella viu muita coisa e precisa testemunhar.

Mac – Ela me disse que os pais morreram num acidente.

Lisa – Sim, é verdade. Em circunstâncias muito suspeitas. Ela deveria ter morrido nesse acidente também, ela estava junto no carro fugindo quando houve um problema mecânico e saíram da estrada, pelo menos foi isso que a pericia disse na época. Stella estava no banco de trás sem cinto dormindo cansada, machucada porque tinha apanhado do namorado aquela noite. Ela foi arremessada do carro e caiu pela ribanceira vendo o carro com a família explodir.

Mac levantou-se, o relato era forte de mais. Não imaginava que Stella teria passado por tudo aquilo. Lisa notou a reação de dor de Mac mas ela precisava continuar.

Lisa – Tem mais. – Mac a olhou incrédulo. Lisa acena para que ele voltasse a sentar-se. – Você não imagina o que ela já passou. Quando a conheci, Stella não lembrava de muita coisa do acidente, era muita dor então sua mente a traiu e ocultou algumas coisas mas aos poucos ela foi lembrando e a cada nova lembrança eram dias de choro.

Mac – Quanto tempo?

Lisa – Pra você ter ideia só no programa de proteção à testemunha ela está há 10 anos, nunca a Interpol, Polícia Federal ou o escambal conseguiu algo de concreto e só o testemunho de Stella não é o suficiente. Ela tem uma lápide ao lado dos pais com seu nome verdadeiro na Grécia e nunca pode ir lá se despedir.

Mac – Como vocês se conheceram? Como sabe de tudo isso? Ela não poderia contar nada disso pra você. – era coisa de mais para Mac entender, precisava de mais informações e mais uma vez certas emoções o dominaram e desatou a perguntar.

Lisa – Eu sou médica e sempre dividi meu tempo entre o hospital que pagava minhas contas e uma ONG que ajuda jovens a se ressocializarem, encaminhar para o mercado de trabalho enfim ... uma policial que acompanhava o caso da Stella me procurou em particular, nós já nos conhecíamos ela adorava criticar meu trabalho na ONG me chamando de boa samaritana até precisar de mim. Stella estava numa fase horrível começava a se viciar em analgésicos, por isso ela aprendeu o poder das ervas para chá, e tinha perdido parte da memória. Então a levei pra minha casa. Você sabe que não se deve fazer isso, misturar trabalho com a vida pessoal mas ela precisava de muita ajuda e nós duas sempre nos demos muito bem. Eu falei com a agente Denville...

Mac – Danville?

Lisa – Sim, ela fazia a ponte entre Stella e a polícia, sei lá ... não entendo direito como isso se dava. Não foi difícil convencer a todos ao meu redor que eu tinha uma irmã perdida, a não ser Gregory que na época era apenas um médico que adorava encher minha paciência, ele descobriu algumas coisas e eu tive que contar a verdade, ele me ajudou a cuidar dela. Eles compartilhavam o mesmo problema com analgésicos, aos poucos ela foi conseguindo da um jeito na vida, emocionalmente ainda frágil mas com muita terapia e muito amor ela conseguiu se fortalecer. Eu adotei duas crianças, tinha muita vontade de ser mãe, era um desejo frustrado que eu tinha e quando aquelas crianças chegaram na minha casa Stella teve um salto de melhora até aparecer a oportunidade dela trabalhar em Nova York e acabou chegando na Embaixada.

Mac não conseguia verbalizar o que sentia. Não conseguia imaginar o que Stella passou, era muita dor para uma só pessoa sentir e ainda passar por tudo sozinha, ele só queria correr para junto dela e se desculpar.

Lisa – Eu temo pela vida dela em dois sentidos. Primeiro que ela não consiga suportar dessa vez. Stel me disse que às vezes ouve a voz de Frank na sua cabeça a chamando de Stelinha, ele não conhecia esse nome. Ela nunca tinha relatado algo do tipo antes. – as lágrimas novamente inundavam seus olhos só em lembrar da cena a tarde ao encontrar Stella na banheira. – Cheguei a sua casa hoje mais cedo e ela tinha tomado uns vinhos e entrado na banheira pra dormir. – Eu a vi pior do que anos atrás porque antes ela nunca tinha tentado algo do tipo. – as lagrimas antes contida dera lugar um choro devastador.

Mac – Calma. Eu vou pegar uma água pra você, olha a Sophie por favor, já volto. – ele sai e vai até a sala de descanso e ao pegar um copo descartável percebeu que estava trêmulo, Mac não imaginava o quanto toda aquela história estava mexendo com ele. Pra descontar sua frustração acabou amassando o copo e jogou num canto qualquer. Mac respira fundo tentando controlar aquelas emoções que ele desconhecia, pegou a água e voltou pra sala.

Lisa – Obrigada. – aceitando o copo estendido. Mac olha Sophi que começava a se remexer e senta agora na cadeira ao lado de Lisa. – Desculpa é porque foi difícil ver minha irmã hoje. Eu vou entrar em contato com o terapeuta que a atendia. – ele apenas assente.

Mac – Você disse que temia por dois motivos. – Lisa balança a cabeça confirmando.

Lisa – A moeda. – Mac a encarou intrigado. – Ela me contou sobre a moeda grega que vocês encontraram na casa dela, dentro do cestinho de Sophi.

Mac – Onde ela viu essa moeda?

Lisa – Na casa de Demetrius Papakota o homem que jurou matá-la para se vingar pela morte do filho.

Eles ficam em silêncio por breves momentos. Mac tentava digerir toda aquela história enquanto Lisa tentava se recompor.

Lisa – Eu trouxe uma coisa. – colocando o copo em cima da mesa. Lisa abre a bolsa que trazia e tira um envelope. – Isso são apenas algumas reportagens do que saiu sobre o caso na Grécia, foi a Stel que pesquisou então está em grego. – Mac voltou sua atenção para Sophie que já estava acordada mas se mantinha quieta.

Lindsay – Mac?! – entrando na sala do chefe mas se mantendo próximo a porta. – Eu vim trazer isso. – mostrando a mamadeira.

Mac – Você adivinhou Linds ela já acordou.

Lindsay – Pode deixar que eu dou a mamadeira. – dando alguns passos se aproximando. Mac fica de pé para pegar Sophie no colo.

Mac – Lindsay essa é a Dra. Cuddy.

Lisa – É um prazer. – estendendo a mão para cumprimentá-la.

Lindsay – Messer.

Mac – Ela é irmã da Stella.

Lindsay – A semelhança é notável. – isso era estranho para a perita mas preferiu ficar quieta e depois conversar com Mac. – Mas agora eu preciso levar essa princesa. – Sophie estava sonolenta mas se agarra em Mac para não sair.

Lindsay – Ela tem uma verdadeira adoração pelo Mac, não gosta do colo de ninguém a não ser da Stella. Como ela está? Ela tava tão nervosa quando teve aqui.

Lisa – Mexeu muito com ela, tive que da um calmante para ela dormir. Bom eu preciso ir, apesar do remédio acho que vai acabar acordando e preciso está lá com ela. Eu vou deixar aqui, Mac. – colocando o envelope em cima da mesa dele. – Tchau bebê. – acariciando as costas da criança. – Boa noite.

Mac – Vou chamar alguém para acompanhar você. – Linds estranhou o trato delicado de Mac.

Lisa – Não precisa. Ta tudo bem, obrigada. Boa noite mais uma vez. – ela deixa a sala.

Mac – Pode deixar Lindsay eu dou pra ela a mamadeira.

Lindsay – Tudo bem.

Mac – Obrigado.

Lindsay – Você não vai me contar não é?! – Mac apenas a encara.

Mac – Me da um tempo. São muitas informações sigilosas.

Lindsay – Tudo bem. Vou aproveitar e trabalhar já que eu cheguei bem mais cedo. Danny vai trazer mais uma mamadeira quando vier.

Mac – Obrigado mais uma vez. – a técnica deixa a sala e Mac senta-se no sofá para da à mamadeira de Sophie.

***

Stella acordava aos poucos e sua memória era bombardeada de lembranças. Sentia um torpor, os olhos pesados e logo desconfiou que a irmã tivesse dado um calmante para dormir. Ela levanta-se, olhou o bercinho vazio e não teve como segurar a lágrima que rolou pelo seu rosto. Stella deixou o quarto e ao descer as escadas percebeu o silêncio e se deu conta que Lisa não estava lá. Se sentiu tão só, um buraco se abriu no peito e uma escuridão a invadiu. Ela sentou-se no fim da escada com as mãos na cabeça, respirou fundo algumas vezes até aprisionar o medo em suas entranhas e conseguir levantar mais uma vez.

Stella vai até a cozinha preparar um chá e odiou a lembrança que isso lhe causou, lembrou de Mac e das vezes que ela lhe preparou um chá. Ela fechou com força as portas do armário e bufou chateada, virou nos calcanhares raivosa consigo mesma e saiu da cozinha.

Stella sentou-se na sala atirando as almofadas do sofá longe.

Stella – Alexia. – o aparelho da um sinal luminoso e a inteligência artificial responde. – Preciso ouvir uma música boa, Alexia.

Alexia – Aqui está uma estação que talvez você goste.

Aos poucos a casa era preenchida pela melodia que saia pelo Soundbar, até que a voz doce de Adele atingir os ouvidos de Stel.

Everybody tells me it's about time that I moved on

And I need to learn to lighten up and learn how to be young

But my heart is a valley, it's so shallow and man made

I'm scared to death if I let you in that you'll see I'm just a fake

(Todos me dizem que já estava na hora de eu seguir em frente

E eu preciso aprender a me iluminar e aprender a ser jovem

Mas meu coração é um vale tão superficial e artesanal

Eu estou morrendo de medo de te deixar entrar, pois você verá que eu sou só uma falsa)

Sometimes I feel lonely in the arms of your touch

But I know that's just me 'cause nothing ever is enough

When I was a child I grew up by the River Lea

There was something in the water, now that something's in me

(Às vezes me sinto sozinha nos braços de seu toque

Mas eu sei que isso sou eu, porque nada nunca é suficiente

Quando eu era criança, eu cresci no Rio Lea

Havia algo na água, agora há algo em mim)

Oh, I can't go back

But the reeves are growing out of my fingertips

I can't go back to the river…

(Oh, eu não posso voltar

Mas os recifes estão crescendo para fora dos meus dedos

Eu não posso voltar para o rio)

Stella ouvia a música e parecia que aquilo tudo que estava cantado se encaixava na sua vida. Ela encarava suas mãos como se procurasse uma solução e enxergava sangue e mais uma vez as lágrimas verteram de seus olhos.

…But it's in my roots, in my veins, in my blood

And I stain every heart that I use to heal the pain

Oh, it's in my roots, in my veins, in my blood

And I stain every heart that I use to heal the pain

(Mas está nas minhas raízes, em minhas veias, no meu sangue

E eu mancho cada coração que eu uso para curar o sofrimento

Oh, está nas minhas raízes, em minhas veias, no meu sangue

E eu mancho cada coração que eu uso para curar o sofrimento)

So I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

Yeah, I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

(Então eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea

Sim, eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea)

I should probably tell you now before it's way too late

That I never meant to hurt you or to lie straight to your face

Consider this my apology, I know it's years in advance

But I would rather say it now in case I never get the chance…

(Eu provavelmente deveria te dizer agora antes que seja tarde demais

Que eu nunca quis te machucar ou mentir na sua cara

Considere este meu pedido de desculpas, eu sei que são anos de antecedência

Mas eu prefiro dizer isso agora, caso eu nunca tenha a chance)

 

Ela olha o sofá e lembra-se de quando Mac dormiu ali, do beijo que deram e de como seu coração disparou, Stella quis fugir daquilo porque sentia que não podia se envolver não só pelos segredos que carregava mas porque era bom de mais pra ser verdade. Queria tanto correr para os braços de Mac como fez no dia que o encontrou na estação do metrô, queria tanto sentir a calma dele. Ele sabia como lhe acalmar como ninguém conseguia, quantas vezes ele a acalmou por conta da claustrofobia ou pelos trovões no céu, mas também lembrou-se da cena da delegacia e um sentimento de raiva tomou conta de si e suas lágrimas agora eram de cólera.

…No, I can't go back

But the reeves are growing out of my fingertips

I can't go back to the river

(Não, eu não posso voltar

Mas os recifes estão crescendo para fora dos meus dedos

Eu não posso voltar para o rio)

But it's in my roots, in my veins, in my blood

And I stain every heart that I use to heal the pain

Oh, it's in my roots, in my veins, in my blood

And I stain every heart that I use to heal the pain

(Mas está nas minhas raízes, em minhas veias, no meu sangue

E eu mancho cada coração que eu uso para curar o sofrimento

Oh, está nas minhas raízes, em minhas veias, no meu sangue

E eu mancho cada coração que eu uso para curar o sofrimento)

So I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

Yeah, I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

So I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

Yeah, I blame it on the River Lea, the River Lea, the River Lea

(Então eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea

Sim, eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea

Então eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea

Sim, eu culpo o Rio Lea, o Rio Lea, o Rio Lea)

River Lea, River Lea

River Lea, River Lea

River Lea, River Lea

River Lea, River Lea

(Rio Lea, Rio Lea

Rio Lea, Rio Lea

Rio Lea, Rio Lea

Rio Lea, Rio Lea)

 

— Música: River Lea (Adele)

 ***

Lisa – Stel você ta acordada? – entrando na sala e vendo Stella deitada do sofá.

Stella – Lisa você não foi embora? – encarando assustada a irmã.

Lisa – Claro que não! Pra onde eu iria? Eu fui comprar sorvete. – mostrando a sacola que trazia nas mãos. – Eu vou pegar duas colheres, tá bom?! E a gente detona isso. – indo até a cozinha.

Ela passa a mão pelo casaco para secar as gotas de chuva até perceber o adesivo colado em seu peito. Rapidamente ela retira o adesivo e joga no lixo com medo que Stella pudesse entrar e ver, em seguida, pensando melhor Lisa tira o casaco e joga na mesa da cozinha e volta para a sala.

Lisa – Pronto. – ela senta do lado da irmã e já abria o pote de sorvete quando Stella segura-lhe as mãos para que as duas se olhassem.

Lisa – O que foi?

Stella – Eu tô cansada Lisa, na verdade estou exausta. Parece que tudo que eu toco evapora, parece que sou eu que não sirvo, que não tenho direito de ser feliz. Sou eu que trago tudo de ruim para quem tá próximo a mim. Por isso eu digo para você ir embora Lisa, vá pra sua casa, vá ficar com seus filhos e o intratável do seu marido.

Lisa – Não se preocupe, eles estão bem. – ela lhe retribui com um sorriso sincero. – Estão na noite do bolinha e eu não vou sair do seu lado agora. – a puxando para um abraço.

Stella escorrega e se aninha no colo da irmã chorando baixinho.

***

Lindsay – Queria falar comigo? – entrando na sala de Mac e o vendo sentado no sofá ainda com Sophi no colo, ela dormia tranquila depois de ter tomado seu leite. Mac observava a criança dormindo por uns segundos a mais antes de dirigir seu olhar a perita.

Mac – Acho que vou precisar da sua babá mais uma vez.

Lindsay – Você quer que eu leve Sophie?

Mac – Sim. Ela vai ficar mais confortável. E eu ficarei tranquilo sabendo que ela estará em bons cuidados.

Lindsay – E você vai descansar um pouco?

Mac – Você vai ganhar mais horas em casa. – nitidamente não respondendo.

Lindsay – Mac o que está acontecendo? – visivelmente preocupada com o chefe.

Mac – É o que eu vou descobrir.

Os dois juntam as coisas de Sophie e descem até a garagem.

***

Mac mal chegara a sua sala de volta da garagem e imediatamente tira o seu celular do bolso a procura de um contato salvo, ele não se importa com a hora e aperta a tecla de discagem do número. Alguns sinais de chamada depois uma voz feminina atende.

Mac >> Te acordei Danville? << - ouvindo a voz sonolenta da agente do outro lado da linha.

Jo >> Mac Taylor? Ainda é madrugada, sabia?! << - olhando o relógio na cabeceira da cama.

Mac >> Isso mesmo.

Jo >> Você não tem hora pra trabalhar mas eu tenho. O que você quer Taylor? << - o seu descontentamento era visível com aquela ligação no meio da madrugada.

Mac >> Stella Bonasera e Demetrius Papakota. << - do outro lado Jo paralisou ao ouvir aqueles nomes. Seu sono tinha lhe abandonado com aquela ligação.

Jo >> Não ...

Mac >> Nem pense em vir com uma resposta pronta. Já falei com Cuddy. Stella corre perigo e quero que você me conte tudo o que sabe.

Jo >> Tudo bem. Me encontra em vinte minutos no ...

Mac >> Espero que tenha alguns arquivos com você. << - não deixando que ela terminasse de falar.

Jo >> Me da meia hora então mas antes você vai me explicar tudo isso.

Mac >> Conto quando chegar lá.

Jo >> Um café Macchiato duplo por tudo isso.

***

Mac estava sob a chuva fina observando os nomes das vítimas do onze de setembro no monumento dedicado a elas. Em suas mãos um copo de café intacto, apesar do cheirinho bom não sentiu vontade de tomar, seu desejo era um bom chá adoçado com mel pelas mãos de Stella. Mac desviou o olhar do monumento, o que pra ele era como se fosse um santuário, aquele pensamento parecia uma traição a Claire. E de repente se sentiu envergonhado. Sua mente agora pensava que sentimento era esse que tinha por Stella, tentou compará-la a outras mulheres que passavam pela sua cama como Cristine ou Quinn mas nem se quer uma noite com a dona daqueles olhos verdes expressivos ele teve. Stella lhe causava uma estranheza gostosa, ele não sabia o que esperar dela, era um misto de sentimentos quando estava na sua presença, ela lhe sorria e queria sorrir de volta, queria abraça-la e sentir o seu cheiro, queria tocar o emaranhado de seus cachos até se prender em seus dedos. Olhar os olhos verdes dela bem de perto, queria que ela o olhasse com aqueles olhos expressivos e sentir neles carinho, desejo, diferente de como ela lhe olhara hoje à tarde, com ódio e isso o destruiu por dentro.

Seus devaneios são interrompidos com um toque em seu ombro e um guarda-chuva o proteger da chuva fininha que ainda caía.

Jo – Espero que esse café ainda esteja quente.

Mac – Se não estiver à culpa é sua que demorou e o tempo não está ajudando.

Jo – Passa esse café pra cá. – estendendo a mão para tomar o copo das mãos dele.

Mac – Só depois que você me der alguns arquivos. – não deixando que ela pegasse o copo.

Jo – Primeiro você me dá esse café. – enfim conseguindo o seu tão desejado café. – Segundo você me conta da onde conhece Stella e Papakota. – ela olha para os lados ao dizer o nome deles para ter certeza que ninguém os ouvia. Mac sabia que não dava para segurar as informações que tinha.

Mac – Eu tô investigando dois homicídios, duas mulheres e o mais estranho encontramos isso junto aos corpos. – ele tira a foto do bolso de dentro do paletó de uma moeda grega e mostra a ela. Não teve como os olhos de Jo não reagir.

Jo – Stella viu isso? – ele guarda a foto.

Mac – Foi encontrada uma terceira na casa dela.

Jo – O que?? Ela está bem??

Mac – Pelo menos fisicamente sim.

Jo – Como assim?

Mac – Tivemos que leva-la para a delegacia para prestar esclarecimentos e agora a noite a Dra. Cuddy me procurou, Stella está abalada com tudo isso.

Jo – Não é pra menos. Mas ainda não entendi como vocês se conheceram. Como chegou até essa moeda na casa da Stella.

Mac – Um bebê foi deixado na porta da Stella, foi por causa desse bebê que nos conhecemos e dentro da cesta de Sophie tinha essa moeda.

Jo – Sophie?

Mac – O nome do bebê. Agora é sua vez. – Jo da alguns passos e Mac a acompanha até os dois sentarem num banco.

Jo – Há anos investigamos Demetrius Papakota mas ele esconde bem seus negócios ilícitos o que temos são apenas suspeitas.

Mac – Que tipo de suspeitas?

Jo – Lavagem de dinheiro com compras e venda de arte, principalmente obras gregas, até trafico de mulheres mas nunca soubemos nada com crianças.

Mac – Você disse que suspeitam da compra e venda de arte grega.

Jo – Sim, provavelmente é sua principal fonte de recurso e a forma de legitimar o dinheiro sujo. Ele é dono de várias galerias de arte em Atenas e outras cidades gregas, inclusive patrocinou uma exposição de quadros da mãe de Stella. E lucrou muito depois da morte dela, vendeu muitas obras usando a morte que provavelmente ele causou para se vingar.

Mac – É preciso ter uma boa logística, talvez conte com ajuda da embaixada ou consulado grego, com esse vai e vem de obras e não ser importunado.

Jo – Sim, provavelmente sim mas sabe o quanto esse ambientes são corporativos e nacionalistas, muito difícil ajudar a polícia nesse caso. Você tem alguma suspeita?

Mac – Você não vai tirar essa investigação do laboratório, Jô. Eu prefiro ...

Jo – Mac você precisa de mim, ta bom?! Eu sou a pessoa que nunca largou esse caso. Todos já deixaram de lado mas eu tenho Stella e a forma que ela passou por isso ... eu não posso abandoná-la agora. Vamos trabalhar em conjunto, ok?! Eu preciso ir até o fim por ela. Não me importa se você está no comando desse caso, só quero que isso se resolva.

Mac – Tudo bem.

Jo – Então me fala o que você está suspeitando.

Mac – Uma das moedas foi encontrada escondida dentro de um pingente de um colar. Pertence a um funcionário da embaixada grega aqui em Nova York.

Jo – Meu Deus! Onde Stella trabalha. Será que a descobriram? Por isso você disse ao telefone que ela corria riscos? – Mac se remexe um pouco incomodado pois ainda não tinha algo de concreto para responder.

Mac – São só suspeitas, Jô. Ainda não tenho essas respostas.

Jô – Mas você tem razão, ela corre perigo sim se já não a descobriram estão bem perto. Será que ela não vai ter paz? Ela vivia um relacionamento abusivo com o crápula do Frank há anos, aqueles arroubos de paixão de uma menina por alguém mais velho, experiente, encantador, que sabe seduzir nem se deu conta do afastamento que ele lhe impôs, quando deu por si já morava na casa dele, deixou a escola de dança, pouco via os pais. Matou pra não morrer e ainda hoje sofre com isso. A culpa pela morte dos pais a consome. Eu repito, não estou nem ai pra quem vai ficar com essa investigação mas há dez anos eu prometi que a protegeria e que ela iria se livrar da perseguição do Papakota e eu não consegui fazer isso direito e ela está nessa incerteza até hoje. Você sabe que ela foi adotada, não é? – Mac apenas consente.

Jo – Eu levantei toda a vida dela, Stella perdeu a mãe no parto e o pai não se sabe e desde que nasceu viveu em instituições e quando já tinha onze anos foi adotada e foi muito amada por seus pais adotivos. Mas infelizmente Frank topou no caminho dela e tudo se esvaiu. – ela tira um pendrive do bolso do casaco e entrega a ele discretamente. – É tudo que tenho sobre o caso. Pegue todos Mac. Faça o que eu não consegui. – ela já levantava para ir embora.

Mac – Espero você no laboratório amanhã. Vamos estudar o caso, vai ser ótimo ter seu olhar.

Jo – Obrigada Mac.

Mac – Se quiser se tranquilizar ligue para Cuddy, ela está com Stella.

***

Mac terminou de ver o dia amanhecendo da sacada do seu apartamento pensando em tudo que ouviu de Lisa e Jô, ele não conseguia descansar, tentou deitar um pouco mas sua mente estava presa naquele pendrive. Ele entrou no apartamento e foi até a cozinha abriu os armários mas não tinha muita coisa, nunca desejou tanto um chá fresquinho mas já que não tinha pegou uma cápsula de café e colocou na máquina e senta-se em sua escrivania liga seu computador, conecta o pendrive e nas primeiras leituras o coração dele disparou vendo as fotos do exame de corpo de delito de Stella, seu corpo estava tão machucado que ele chorou, chorou de pena, chorou de ódio por alguém ter infligido tanta dor nela. Tocou a tela do computador e se culpou por ter lhe causado mais dor, Mac subiu as escadas correndo e entrou no banheiro, tomou banhou e saiu vestido num roupão felpudo e com outra toalha enxugava os cabelos, sentou-se na cama pensativo, abriu a gaveta da cômoda que ficava ao lado da cama e retirou um porta-retrato, ele olhava a foto...Claire sorria na foto e ele encarava aquele sorriso como se estivesse numa despedida.

Mac – Você foi o amor da minha vida Claire, os momentos que tivemos juntos foram os mais felizes da minha vida, você me ajudou a passar por muita coisa mas hoje...hoje os meus sentimentos estão confusos, eu ainda amo você mas ... mas aquela mulher me fez pensar menos em você e eu ainda não sei se isso é bom ou ruim, ah como eu queria ter conseguido te segurar só mais um pouquinho em casa Claire e você ainda estaria aqui. – ele contorna a imagem do porta retrato com a ponta dos dedos e o brilho da aliança chamou sua atenção. Mac retira a aliança e a encara como se encarasse a pessoa razão dela existir em seu dedo esses anos todos.

Mac – É errado eu amar aquele bebê como filha? É errado eu desejar Stella? Essa mulher me deixou ... me deixou ... diferente ... eu não sei que palavra dizer mas acho que é isso. Eu me sinto muito confortável com ela, acho que é porque compartilhamos muitas dores, somos duas pessoas tão sofridas. Eu perdi você de uma forma tão traumática, eu nunca contei que vi seu exame de gravidez, quando voltei pra casa vi no armário do banheiro seu exame e indicava que era positivo. – ele não suportou as lágrimas que desembocaram de seus olhos com a dor que ainda tinha em seu peito tão viva como no dia que perdeu Claire. – Depois perdi meu pai para aquele maldito câncer tão doloroso e eu me fechei a ponto de muitas vezes ignorar a dor da minha irmã, da minha mãe. – Mac não conseguiu parar o choro e as emoções antes represada afloraram em seus olhos como se suas perdas tivessem acabado de acontecer.


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Notas finais do capítulo

Cuidado que no meio da letra da musica tem algumas passagens sobre Stella se não leu volta lá em cima, vai?!



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