Ações previstas e uma criança escrita por Observerghost


Capítulo 5
O sumiço


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/712197/chapter/5


Shizuo repousava no sofá de frente para uma TV, que ficava em uma pequena sala de seu pequeno apartamento. Um homem tão extraordinário vivendo em um lugar tão simples. Parece não combinar, porém, se encaixava muito bem. Ele gostava disso, não ligava para riqueza. Luxuria para ele era os momentos de paz. Mau sabia, que o destino o reservara uma noite agitada e estressante; ou não.

Batidas desesperadas na porta quebram o silêncio. O loiro se recusou abrir de primeira, permanecendo deitado. Tinha planejado a dias esse descanso, precisava de um momento a sós, apenas ele e seu cigarro. Infelizmente, as batidas insistiam em incomoda-lo. Queria não ligar e deixar quem estivesse do outro lado esperar muito tempo a ponto de desistir, mas o ex-barman se irritava com aqueles barulhos seguidos, não havia como não se importar. Depois de um tempo evitando abrir a porta, constatou que o infeliz que batia incessantemente não pararia até que fosse atendido.

— Mas que merda... - Respirou fundo, levantando lentamente, com passos pesados como alguém que acabara de acordar.

Abrindo a porta, encontrou um sujeito pálido e magro, com grandes olhos castanhos-avermelhados na companhia de olheiras e cabelos bagunçados.

— PULGA?! - A supresa era tanta que chegou a ser assustador. Por que aquela criatura infernal estava ali?

— Shizu-chan, por favor me ajude! - Implorou com as mãos.

— Eu? Te ajudar? Por que eu faria isso?

— O pirralho, ele sumiu!

— Que pirralho?

— O PIRRALHO SHIZUO! LOUWAE! - Era fato, Izaya se exaltava com a lerdice do rival.

— Ah sim, sumiu como?

— Caralho, se ele sumiu é porque eu não sei como.

— Tá, o que você quer que faça?

— Não está na cara, Shizu-chan? Que me ajude! - Colocou as mão na cabeça espantado com tanta burrice.

— Ah, eu não tenho tanta certeza disso - Coçou a nuca em sinal de dúvida e cansaço. Era uma criança, ele sabia, mas não era responsabilidade do moreno, então por que se preocupar?

— SHIZUO!

— Mas que droga Izaya - O loiro aceitou a ideia, mesmo não querendo - Tá, tá, eu vou me trocar.

— Posso entrar?

— Pode.

— Obrigado - Entrou com passos pequenos e leves como se tivesse algum respeito pelo maior.

— Espere aqui e não toque em nada - Dirigiu-se para o quarto fechando a porta com força.

— Sim senhor.

O informante desobedeceu a ordem do dono da casa, sentando em um pequena poltrona marrom. Começou a olhar todos os móveis e detalhes daquela simples sala. "Tão incrível morando em um lugar desses. Isso é tão você, Shizu-chan" pensou, sorrindo vendo a pequena TV ao seu lado.

Queria poder observar melhor aquele lugar, poder saber mais quem era seu pior inimigo, mas seu coração que estava a mil por hora não o ajudava muito. Era difícil prestar atenção quando se está quase tendo um ataque cardíaco.

— Cacete, pulga, o que foi que eu disse?!PRA NÃO TOCAR EM NADA E VOCÊ ME SENTA.

— Oh! - Izaya deu um pulo com a voz estrondosa de punição - Nossa, eu não te escutei chegando - Olhou para o sofá o qual acabara de levantar - Desculpa, eu precisei sentar minhas pernas estão...

— Não me interess... que foi? - Franziu as sobrancelhas ao perceber que o moreno fitava seu abdômen.

— Ah... - Foi então que percebeu, que estava vidrado no abdômen do loiro, a camisa social sem aquele colete ridículo de barman era muito melhor, era sexy - NADA! Nada... é... v-vamos? Vamos!

O moreno correu para fora do apartamento rumo às escadas sem esperar Shizuo.

— IZAYA! - Gritou o ex-barman, fechando a porta de qualquer jeito e correndo para alcançar aquelas pernas finas e compridas que mais pareciam varetas.

Antes que o moreno pudesse abrir a porta da portaria, foi impedido pelo loiro, que puxou seu braço trazendo-o para si sem a intenção.

— Se você correr assim, não vai dar pra procurar.

— Uma criança sumiu, não dá pra ter calm... - Parou de repente olhando para os corpos colados - Muito perto, Shizu-chan - Saiu quase que um sussurro.

— Que?

— Tá muito perto. Nós dois.

Shizuo arregalou os olhos e empurrou o informante, que meteu as costas na porta atrás do mesmo.

— A... a-aí - Aquela batida foi o suficiente para quase quebrar a porta e as costas, deixando Izaya quase sem ar - Sh.. Shizu-chan, foi você que me puxou.

— Eu não, porra. Fica longe - Abriu a porta empurrando o menor dela e saiu.

— Shizu-chan, me espera! - Saiu com os braços ao redor de si, aquela pancada nas costas foi muito forte.

Os dois foram até o centro da cidade, e seria impossível achar um garotinho no meio daquela multidão.

— Louwae! - Chamou Izaya - Louwae, onde está você?!

— Ei, shhh - Shizuo agarrou o informante pelo braço - Não vai achá-lo gritando como um cabrito por aí.

— Então o que você sugere que façamos?

— Você sabe ao menos do que ele gosta?

— Não... quer dizer, sim... ele disse que gostava de brincar.

— Seu idiota, toda criança gosta de brincar.

— Eu não gostava.

— Aham, sei.

— Na verdade eu não conseguia brincar... - Suspirou o moreno - Enfim; ele disse que queria ir em uma loja de brinquedos... ISSO!

O menor puxou o loiro pela mão e se dirigiu para a loja de brinquedos mais próxima.

— Lá, lá - Apontou Izaya dando pulinhos de alegria.

Shizuo podia estar com seu pior inimigo, a pessoa que mais odiava, mas o jeito do moreno era divertido. Tinha que admitir que a pessoa que segurava sua mão era uma figura.

Os dois entraram às pressas dentro da loja e o menor se pôs a correr pelos corredores.

— Louwae! - Gritou Izaya.

Shizuo riu escutando os gritos do informante. Nunca vira a sua pulga mostrar tanta preocupação, ainda mais por uma criança. É, parece que ele tinha instinto de mãe.

— Shizu-chan! - Berrou - Achei ele!

O loiro achou ele entre os corredores com o garoto no colo.

— Pulga, dá pra parar de gri... - Ele não conseguiu terminar a reclamação pois o sorriso do informante o impediu.

— Achei ele, Shizu-chan, achei... - Izaya sorria meigamente aliviado e aquilo amoleceu o coração do ex-barman.

Shizuo parou para pensar se Izaya era realmente aquela pessoa malvada que ele e todos conheciam. Seu rival mais parecia um postiço, ou melhor, parecia mais uma criança com medo de transparecer fraqueza, e que na verdade, precisava de alguém para amar e alguém para amá-lo. O maior não entendeu o porque de pensar a respeito do informante, ainda mais daquela forma tão compreensiva, no entanto, preferiu aceitar essa constatação que acabara de fazer e decidiu que o ajudaria em vez de rejeita-lo com socos e xingamentos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Desculpa pelos erros!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ações previstas e uma criança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.