A verdade sobre uma pequena mentira escrita por calivillas


Capítulo 21
Farsa revelada




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James e eu nos separamos na frente da porta do meu apartamento pois, por precaução, ele insistiu em me levar até lá. Também, prometeu-me que entraria em contato se descobrisse alguma novidade sobre o caso, ainda não entendia qual era o interesse dele naquela história toda, duvidava que fosse somente pela antiga amizade com minha avó. Mas, antes dele ir embora, fiz uma pergunta que há muito tempo estava na minha cabeça:

— James, quem ficou tomando conta dos negócios de Tony, depois que ele foi preso?

— Não sei direito. Tenho tentando me informar sobre isso, mas não encontrei nada de concreto. Tudo é muito nebuloso, ninguém com quem conversei não sabe ou não quer falar, mas tenho algumas suspeitas, por isso, vou continuar pesquisando, tentando descobrir algo. Até mais, Júlia.

 — Até mais, James.

Quando entrei em casa, ainda bastante molhada pela chuva, tirei toda a roupa pronta para um reconfortante banho quente, mas Uriel veio à minha procura, sentou-se à minha frente, encarando-me e começou a miar, repetidamente, reclamando.

— Você está com fome? – perguntei a ele, que respondeu com mais um miado e um olhar acusador, assim coloquei um roupão que estava sobre a cadeira e fui até a cozinha alimentar o gato.

Quando terminei minha tarefa, voltei ao banheiro louca para tomar o meu banho quente, porém, fui interrompida pelo toque da campainha da porta, fui atender imaginando que poderia ser James, mas ao olhar pelo visor, tive uma tremenda surpresa, era Dario.

Fiquei indecisa se devia ou não abrir a porta, contudo, não pode resistir, dei uma rápida verificada para ver se o roupão de banho cobria completamente minha nudez, passei a mão nos cabelos úmidos, na tentativa de ajeitá-lo. Abri a porta, para encontrar Dario, também com os cabelos e roupas molhadas pela chuva, segurando displicente o seu blazer sobre o ombro, e quando me fitou seu semblante era sério.

— Você desapareceu – ele me acusou, olhando direto para mim, notei que reparou no que eu vestia.

— Ah! Eu ia tomar banho, quando você chegou – sem graça, expliquei o meu traje – E lá, no cemitério, você estava ocupado, não quis incomodar – menti mais uma vez, estava ficando boa nisso, apertando mais o cinto do roupão, como se isso fizesse me sentir mais segura, na frente dele.

— Posso entrar? – perguntou e eu assenti com a cabeça, afastando-me para dar passagem a ele.

— Fiquei preocupado. — Ele parecia sincero.

— Por quê? O que poderia ter acontecido comigo? Você sabe de alguma coisa que eu não sei? – Imaginando qual deveria ser o motivo para tanta preocupação.

— Não, mas essa história de invasão do seu apartamento.

— Por que você se preocupa tanto comigo, Dario?  — Eu o encarei, ele deu um passo na minha direção, tocando o meu rosto, fiquei paralisada, enquanto as pontas dos seus dedos acariciavam a minha pele, suavemente.

— Júlia, desde que eu conheci você queria fazer isso, tocá-la assim, sentir sua pele — depois deu mais um passo, até ficar muito próximo a mim, segurou meu rosto com as suas mãos e deu-me um suave beijo nos lábios, não resistir, para falar a verdade, até gostei muito, já que, lá no fundo, desejava isso, também. O beijo foi intensificando, até eu abrir a boca e nossas línguas se enroscarem. Suas mãos desceram para minha cintura e trouxeram-me mais para junto dele, meus braços envolveram seu pescoço e meus dedos emaranharam nos seus cabelos macios e molhados. Sentia toda minha pele formigando, o sangue pulsando rápido nas minhas artérias, tinha completa percepção do meu corpo e do dele grudados, encaixando-se, perfeitamente. Toda aquela raiva e antipatia que eu sentia por ele, transformou-se em um desejo ardente e incontrolável, não podia resistir. Seus dedos procuraram o nó do cinto do meu roupão, desatando-o com destreza, depois tirou-o, deixando o monte de pano cair em volta dos nossos pés, eu estava nua e exposta diante dele. Dario deu um passo para trás, tirou a camisa, agora era a hora de eu o admirá-lo, com certeza, era um belo corpo longilíneo, esguio e, ao mesmo tempo, musculoso, eu fiquei louca para tocá-lo, então o puxei para mim e voltamos a nos beijar, enquanto minhas mãos exploravam seus músculos bem definidos, até acabarmos na cama do meu quarto, esquecendo-nos de toda aquela confusão, que nos levou até ali, nós nos entregamos sem freios, ardendo em desejo. Depois com as respirações ainda ofegante, Dario rolou para o lado e puxou-me contra ele, podia ouvir seu coração acelerado contra o seu peito, descansado na curva do seu braço.

— E agora? – perguntei, sem saber como seria, daquele momento em diante.

— Agora, o que?

— Como ficamos?

— Ficamos assim como estamos agora. Eu e você. Por quê? Algum problema?

— Tem – eu respondi, meio hesitante, ele me olhou, sem entender – Vou ficar um pouco constrangida por causa de Alex.

— Alex? O que tem ele? Pensei que vocês não estivessem juntos.

— Não estamos. Mas... – Não sabia como começar a contar o segredo que foi confiado a mim, considerando-me como uma traidora, respirei fundo para tomar coragem. – Alex está apaixonado por você, há muito tempo – falei, em um só folego, sem olhar diretamente para ele.

Dario deu uma gargalhada, que senti ressonar no seu peito, não pude acreditar, fiquei indignada pela insensibilidade dele.

— Como você pode achar isso engraçado! O cara gosta de você, sofrendo em segredo por um tempão! – Ergui meu corpo para encará-lo, estava zangada com aquela atitude dele egoísta, a sua falta de compaixão pelos sentimentos alheios.

— Quem contou isso para você? – Ele segurou o riso, ao percebe que eu falava sério.

— Alex — respondi, vacilante.

— Eu não sei o que ele pretendia com essa história. Talvez, comover você para entrar no joguinho dele.

— Você está me dizendo que Alex não é gay, nem está apaixonado por você?! – Não podia acreditar que toda aquela história era mentira.

— Não, Alex não é gay, nem tão pouco está apaixonado por mim – ele repetiu, seguro.

— Tem certeza?

— Tenho, eu o conheço há anos. Sei muito bem como ele é, dos casinhos e das namoradas deles.

— Por que ele contaria essa mentira para mim?

— Para arrastar você para a cama dele – Dario foi incisivo.

— Como assim?

— Fazendo o papel de coitadinho, amolecendo este seu coraçãozinho inocente – ele apontou para o meu peito — e, quando você menos esperasse, ele estaria na sua cama, bancando a vítima, fingindo estar sendo consolado com sexo – finalizou, com um sorriso irônico.

Eu não acreditava que Alex usaria um golpe tão baixo, só para conseguir transar comigo.

Naquela noite, Dario ficou na minha casa e na minha cama, passamos a maior parte da noite acordados, muito ocupados trocando fluidos, o que foi muito bom. Na manhã seguinte, nos despedimos, entre beijos, na porta do meu apartamento, com a promessa que nos encontraríamos mais tarde, vi-o partir até a porta do elevador se fechar, então ao me virar para entrar no meu apartamento, levei um tremendo susto ao ver James, parado, atrás de mim. Ele havia chegado sorrateiramente, com passos leves e, agora, me olhava com ar reprovador, senti-me como uma criança pega fazendo algo errado, com uma estranha sensação de culpa.

— Bom dia, James – falei querendo pareceu casual, mas meio sem graça, pois eu vesti só o roupão, apertei o decote com força.

— Eu falei para você tomar cuidado com as crias dos Hierro e dos Ferrer, e a primeira coisa que faz é pular na cama com um deles – censurou-me, os olhos deles brilhavam, queimando-me com raiva. – Você não sabe com o que está brincando, Júlia.

— Não sei mesmo. Posso confiar tanto em Dario, como confio em você – desafiei-o, erguendo o queixo.

— A escolha é sua, Júlia. Fiz uma promessa a sua avó, que protegeria a família dela, custe o que custar. É isso, que estou tentando fazer agora, se você não atrapalhar, transando com um Ferrer – James falou, com uma voz pausada e terrivelmente fria.

— Você quer falar comigo? – Mudei de assunto, não pretendia discutir minha vida íntima com ele e querendo saber o motivo daquela visita tão cedo.

— Tenho uma pista, eu iria lá sozinho, mas, pelo que eu estou vendo aqui, acho que você precisa ver e ouvir por si mesma.

— Preciso visitar meus pais hoje. Eles irão viajar à noite.

— Por quanto tempo?

— Cerca de um mês.

— Finalmente! Será melhor assim, menos dois para eu me preocupar. Então, nós veremos mais tarde, Júlia – Ao ouvir aquilo, uma ideia veio à minha cabeça e eu o interpelei, antes que ele se fosse embora.

— Finalmente? Você tem algo a ver com essa viagem dos meus pais, James? Com as passagens que eles ganharam nesse estranho sorteio? – quis saber, porém, ele não me respondeu, virou-se e foi em direção das escadas de volta para o seu apartamento, mas, alguma coisa me dizia, que ele estava por trás daquela oportuna viagem.


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