"Demorei muito tempo para perceber. Mais tempo ainda para falar. E agora é tarde demais.

Tarde demais para lhe abraçar uma última vez. Tarde demais para ver seu sorriso. Para lhe dizer o quanto você era importante. O quanto ainda é importante! Mas não, a última vez que te vi, você chorou. E chorou por minha culpa! Se eu soubesse o que o destino nos reservava na época... Provavelmente não teria tido outra reação, nunca fui conhecido por ter calma, na verdade me estresso muito fácil, até hoje sou assim...

Sempre nos demos bem, apesar dos altos e baixos, você sempre estava lá no final. Sempre que não tinha com quem desabafar, você aparecia e ouvia os meus lamentos, mesmo com seu espírito aventureiro. Por Merlin, eu te amei! Amo na verdade. Você é como uma irmã para mim, pena que o orgulho não me deixou falar. Você se foi e nem ao menos sabia o quão importante era. Você se foi, mesmo eu pedindo para ficar, sabendo que minhas palavras eram inúteis, um espírito aventureiro como você, não se deve prender.

Mas você sempre voltava, seja feliz, machucada, chateada, querendo me matar e nunca chorando, até aquele dia. Aquele maldito dia! O dia em que foi para não voltar, não voltar para seus amigos, para seus parentes, para mim! E mais uma vez era tarde demais, você estava brava, não queria me ver nem pintado de ouro. Nem lembro o que fiz para ficar assim. Proibiu que eu te acompanhasse até o aeroporto, te desobedeci, como normalmente, queria entender por que estava indo, o por que de estar brava. Te chamei, exigi as resposta! E tudo o que recebi foram aquelas malditas lágrimas.

Fiquei desnorteado, seus lindos olhos sempre com aquele brilho de vida, de alegria, agora estavam cheios de água. Você não me falou o motivo. Eu explodi, disse coisas que não deveria ter dito, palavras que me assombram até hoje. Brigamos de um modo que nunca havíamos feito.  Eu estava com tanta raiva! E você ainda chorava. Por Merlin, isso me irritou mais. Então você disse aquelas malditas palavras “Isso é necessário, Sirius.” Se virou e foi para a área de embarque. Fiquei parado, minha voz não saia. Como aquilo era necessário? Estávamos em guerra e você indo para sabe-se lá onde! Você já estava longe, então tive que gritar “Nunca dizer adeus, se lembrar?”, mas você não olhou para trás e muito menos respondeu. E naquele 7 de agosto de 1981 eu chorei igual a uma criança...

Eu não tinha mais ninguém, Monny mal parava na Ordem, Prongs e a Ruiva estavam escondidos, Worm estava me deixando louco, então eu meio que fugia dele. E você foi embora pela segunda vez. Depois daquele 7 de agosto nunca mais fui o mesmo, você se foi e levou uma das minhas melhores partes junto. Nem se quer no velório de Dorcas você apareceu, ou tentou prestar suas condolências. ELA ERA SUA MELHOR AMIGA! Mas isso não fez a mínima diferença para você.

Depois de uma semana, descobri que aquele avião foi para a França. Então você estava em uma missão e não precisa enviar relatórios? Estranho, mas Dumbleodore disse que você estava dispensada de faze-los. Não discuti, afinal quem sou eu para discutir sobre uma decisão dele? Ainda mais naquela altura do campeonato. Foi a primeira semana sem notícias suas. Dumbleodore se recusa a falar de você quando estou perto. O que alivia é saber que esta viva, aparentemente você conversa com a Emme.

No dia 16 de agosto você voltou, mas não para mim, não para seus amigos e sim para a sua família. Mas aquela não era mais você, então não acredito que tenha voltado realmente. Não sei o que viu, ou o que ficou sabendo lá na França, mas isso te mudou. E não soube dizer na época se isso era bom ou ruim...Você não sorria, não brincava para descontrair um pouco, e seus cabelos estavam curtos, muito curtos. Estava sem os seus cachos! Você não falava com ninguém, nem mesmo com a Emme. Boatos diziam que você apenas chegou e se trancou no quarto e não sai nem para comer. Te imaginar como as pessoas falavam me machucava, e não te ter como antes, me matava.

A guerra piorou, depois de Dorcas mais pessoas morreram: Edgar, Fabian, Gideon e vários outros. E meu medo aumentava, sabia que você estava lutando, protegendo sua família. Mas quem iria te proteger? Obviamente se você estivesse aqui eu apanharia agora, e você diria que não precisa de proteção, muito menos da minha. Você é a bruxa mais brilhante depois de Minerva, totalmente empatada com Lilían, afinal vocês são as melhores desde a escola. Nunca admiti isso em voz alta, iria aumentar o ego de vocês.

“Os Mckminnon foram assassinados, o próprio Voldemort matou Marlene, Sirius.” Essas palavras ficaram em minha mente por dias, mas a reação do momento foi encontra-la. E lá estava você sem o brilho nos olhos, sem a expressão de tédio ao me ver, mas com aquele sorriso. Aquele maldito sorriso que me dizia que não deixará de lutar ou revidar em momento algum, aquele sorriso de quem se foi, mas levou alguns comensais junto, aquele seu sorriso aventureiro, o sorriso de quem esconde algo, o sorriso de alguém que morre por algo que acredita, que fez tudo ao seu alcance para mudar as coisas, o sorriso de quem não se importava de morrer pela causa. E mais uma vez você se foi, e dessa vez não iria voltar nunca mais.

Não chorei em seu enterro, a única coisa que fiz foi fumar. Emme disse que fumei quatro maços, mas sinceramente, não contei, não me  importava com isso no momento. Eu estava com raiva, queria o sangue, daquele verme escorrendo, queria vê-lo no caixão! Mas em momento algum senti raiva de você, deveria, mas não senti. Você nunca quebrou nossa promessa, nunca disse adeus. Por Merlin, a ficha não caiu ainda, você se foi... E mais uma vez era tarde demais..."

O homem terminou de ler a carta, dobrou-a e a colocou em cima da lápide à sua frente. Ele demorou doze anos para coloca-la lá, e lê-la para a mulher que fora sua companheira. Ele também não era o mesmo homem que escreveu a carta, muitas coisas haviam acontecido com ele. Por Merlin, ele fora preso por algo que não fizera! Doze malditos anos em Azkaban!

                - Lene... Ele os matou! Harry esta aos cuidados daqueles trouxas horrendos! Eu fui preso, me culparam de matar meu melhor amigo! Peter forjou sua morte e agora vou me vingar. Ganhamos a primeira guerra, sim primeira, acho que ter outra, há boatos de que ele não morreu. Ele não conseguiu matar nosso afilhado, dizem que o amor da Ruiva o salvou e acabou destruindo ele, já que ele não consegue amar. Mas não encontraram seu corpo... Ele vai voltar, Lene, consigo sentir e Harry será essencial na luta... A guerra acabou no halloween de 1981. E Harry fora o único a sobreviver.

Ele terminou de falar com lagrimas nos olhos e se virou para ir embora, parando apenas algumas lápides mais ao fundo para deixar lírios para os Potter, e logo em seguida se transformou em uma cão negro indo para o mais longe possível daquele lugar. E seu único pensamento é:

“ Nunca dizíamos adeus, então até logo Marlene.”

No dia 18 de junho de 1996, durante a segunda guerra bruxa, Sirius Black foi assassinado por Bellatrix Lestrange, sua prima e fiel seguidora de Você-Sabe-Quem, no ministério da magia,na frente de seu afilhado Harry Potter.