Toda Weasley tem seu sonserino... escrita por Pocahontas


Capítulo 1
...Mas ela era uma Delacour


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, estava aqui com isso na cabeça e achei fofinho



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Os olhos azulados de Dominique Weasley estavam especialmente belos naquela noite. Não, não por que ela os havia destacado com o lápis negro sobre a linha d'água, e sim, por que esses exibiam um brilho sem igual. 
Havia passado as últimas duas horas cuidando para que os cabelos loiros repletos por cachos rebeldes estivessem devidamente domesticados, a pele macia e perfumada, e sua roupa, impecável como sempre, sem contar no odor suave e dócil, proveniente de um de seus perfumes preferidos que trouxera de sua última viagem á França. 
Admirara o próprio reflexo no espelho, sim, ela se sentia bonita, e apenas esperava que ele compartilhasse de sua opinião.

A ansiedade crescia á medida que caminhava pelos corredores, a loira imaginava se mais alguém podia ouvir seus batimentos cardíacos acelerados, ou se era tudo coisa da mente, intoxicada pela adrenalina. Não sabia, e na verdade, isso pouco importava. 

Os olhos azulados foram diretamente atraídos para a cena que se desenrolava no final do corredor. Lily e Albus Potter estavam sentados em uma mesa vazia com um tabuleiro de xadrez bruxo entre os dois, os olhos do mais velho pareciam extremamente focados e impassíveis, como se toda sua intensidade emocional fosse transmitida através do olhar, e em sua mente, um general calculasse meticulosamente as estratégias de batalha. Já sua irmã caçula apoiava o próprio rosto com uma das mãos, os olhinhos claros piscavam vez ou outra, como que se estivesse se segurando para não cair no sono, no entanto, era perceptível que sua atenção estava a metros de distância do jogo.

O foco de tal atenção, era Rose Weasley e Scorpius Malfoy. 

Dominique riu baixinho ao ver aquela cena. O rosto da prima ruiva estava quase da cor de seus cabelos. Embora ela não estivesse perto o suficiente para ouvir a conversa, a mão na cintura de Rose, sua ruga na testa e os lábios em forma de biquinho indicavam que a grifinória estava em mais uma de suas discussões com Scorpius Malfoy. O loiro, por sua vez, tinha um olhar desafiador e sorriso malicioso no rosto. Passou a mão pelos fios claros, bagunçando-os, e então disse algo que foi logo seguido pela própria risada. 
Rose ergueu sua mão delicada e acertou-o um tapa no ombro. Logo, virou-se com uma expressão emburrada e saiu andando na direção contrária ao menino. E como se era de esperar, ele foi atrás dela. 

Dominique então lembrou-se de algo que lhe fora confessado nas últimas férias pela tia Hermione, quando a mesma fora questionada pela garota sobre sua opinião quanto a Scorpius Malfoy. “Parece-me um bom rapaz. Ainda que não fosse, não há nada que eu poderia fazer. Parece que toda Weasley tem seu sonserino...” e então a mãe de Rose piscara um dos olhos com uma expressão confidente no rosto, como se aquele fosse um ensinamento secreto que transmitira á sobrinha. No entanto, a loira não havia o compreendido de imediato, e apenas depois de muitos pensamentos e observações, ela compreendeu. 

Como boa e romântica prima, Domi torcia pelo dia em que Rose deixaria de ser tão orgulhosa, e admitiria o quão perdidamente apaixonada era pelo filho de Draco Malfoy. E com essa constatação, Dominique suspirou, pensando em como a tia estava certa, afinal, Rose Weasley tinha seu sonserino. 

E bastava apenas um olhar para Lily Potter, para perceber que a filho de Rony não era a única. Não era segredo para ninguém a grande paixonite da caçula dos Potter’s. O jeito como ela sorria abertamente ao abraçá-lo, e o modo como seu olhar adquiria um brilho infantil a cada vez que o via, denunciavam a paixão platônica. Mas naquele momento, os olhinhos azulados seguiam Scorpius para todo canto que fosse, e um suspiro carregado de tristeza e decepção escapou por seus lábios rosados ao ver o loiro correr atrás de sua prima. Lilian Luna sabia que nunca poderia ter seu sonserino.

E ainda havia mais. 

Enquanto passava perto de uma sala de aula quase vazia, o olhar de Dominique deteve-se rapidamente em sua prima mais velha, que usava os óculos de aro arredondado, e tagarelava sem parar com uma pena em mãos, aparentemente sua intenção era fornecer uma aula para o garoto sentado a sua frente, porém, o sorrisinho distraído e olhar focado fixamente no rosto da bruxa, mostravam que o interesse do moreno era outro. 

Ninguém nunca imaginaria que o primogênito de Neville Longbottom seria selecionado para Sonserina, e no entanto, ele foi. A bondade de Frank só não era maior do que sua astúcia, e o sorriso aberto e caloroso, por vezes encontrava-se ofuscado pelo ar frio de seus belos olhos castanhos. De fato, Frank Longbottom sofrera quando em seu primeiro ano o chapéu o mandou para a casa verde e prata. Por ser mais velho que os filhos dos amigos de seu pai, estava sozinho em seu primeiro ano, e tinha medo de que aquela escolha fizesse dele uma pessoa ruim. 

Mas Molly Weasley estava na mesa ao lado, trajando vestes azuladas da Corvinal e sorrindo positivamente para o melhor amigo. Eles conheciam-se desde que haviam nascido, com a diferença de idade de apenas nove dias, e a filha mais velha de Percy Weasley nunca tivera problemas em lembrar ao garoto o quanto seus pais o amavam, independente de sua casa, e nem de ajudá-lo em História da Magia.

Bastava apenas um simples olhar para Frank Longbottom, que encarava fixamente e com muito carinho sua enfim namorada, Molly Weasley, para perceber que ser um sonserino não fazia dele alguém menos bondoso. 

Molly também tinha seu sonserino…

E Dominique Weasley riu, enquanto seguia seu caminho pelos corredores desertos de Hogwarts, ela estava pensando na prima preferida, Roxanne, aquela que podia chamar de melhor amiga. 

Diferente da paixão incontestável de Rose, do amor platônico de Lily, e do relacionamento assumido de Molly, a reservada Roxanne nunca revelaria sua queda por sonserinos para ninguém que não fosse a melhor amiga, e como boa confidente, Dominique guardava á sete chaves o segredo de sua prima: Roxanne realmente havia se superado em relação aos bruxos da casa verde e prata. 

Para o desgosto do irmão mais velho, a filha de George Weasley desenvolvera um relacionamento com o capitão da Sonserina, Alexander Nott, e depois de muitas indas e vindas, o namoro ioiô finalmente se firmou como uma relação aberta. No entanto, embora a família toda estivesse ciente da bissexualidade da mais marota bruxa da nova geração, apenas Dominique sabia do caso secreto de sua prima morena com Diana Krum, a caçula de um dos mais famosos jogadores búlgaros da história, e que coincidentemente, também trajava os uniformes da casa com símbolo da cobra.

Sim, Roxanne realmente havia se superado em relação à sua queda por bruxos da casa verde e prata. Ela tinha não um, mas dois sonserinos.

A filha de Fleur Delacour havia ido mais fundo em suas pesquisas. Rose, Lilian, Molly e Roxanne, cada uma das garotas da família Weasley havia se encontrado romanticamente na casa cujo símbolo era uma cobra, e Dominique precisava descobrir se a caçula da família, apesar da pouca idade, seguia a tradição. 

Por esse motivo, certa vez sentara-se na mesa da Lufa-Lufa ao lado de Lucy Weasley. A primeiranista lhe sorriu docilmente, e logo começou a mexer nos cabelos de sua prima mais velha, enquanto a mesma lhe questionava singelamente se algum garotinho já havia conquistado o coração da pequena Lucy. No mesmo momento, as bochechinhas adquiriram um tom avermelhado, e ela riu com meiguice, balançando a cabeça em negativa, porém, antes que a loira pudesse se decepcionar, Lucy tirou um livro debaixo do braço. 

A maior paixão de Lucy sempre haviam sido os contos de fada, e Dominique riu, como se já tivesse que ter suposto antes, quando a priminha lhe mostrou o homem que, segundo ela, era o amor de sua vida. O conto tratava-se de uma espécie de Romeu e Julieta bruxo, no qual uma trouxa apaixonava-se por um bruxo puro-sangue. O mocinho da história era valente, galanteador, ambicioso, e muito fiel aos ideais tradicionais de sua família, porém, desistira de todos eles para juntar-se á mulher que amava. E adivinhe só a qual casa pertencera em Hogwarts

Enquanto era ainda nova demais para conhecer a realidade de novas paixões, a sempre tão sonhadora Lucy Weasley apaixonava-se por seu herói literário, que era tão sonserino quanto qualquer outro.

Dominique tentou caminhar o mais discretamente que podia pelas escadas em espiral que levavam á Torre de Astronomia. Sabia que não deveria estar ali aquela hora da noite, e que corria risco de mais uma detenção, porém, ele também sabia, e era exatamente por isso que haviam combinado de se encontrar naquele lugar.

Enquanto andava furtivamente, pegou-se pensando em como sua tia Hermione estava correta, como sempre, porém, também divertiu-se com a ironia de que a Granger havia se esquecido de algo em sua frase, e fora a própria mulher quem fizera com que Dominique precisasse reformular a afirmação: Toda Weasley tem seu sonserino? Não, não, todos os Weasley tem seu sonserino.

Naquelas mesmas férias, poucas horas mais cedo, Hermione e Gina riam do filho caçula da morena, Hugo Weasley, que pela primeira vez na vida não havia saído correndo em direção á mesa no instante em que a comida fora servida n’A Toca. Seus motivos eram muito claros, e não tinham nada haver com boa educação, o ruivo apenas estava ocupado demais escrevendo um trabalho sobre a visão dos trouxas do conceito de sociedade, pois segundo sua própria mãe, o pequeno encontrava-se perdida e platonicamente apaixonado pela jovem professora de Estudo dos Trouxas, e queria impressioná-la. Dominique riu ao ouvir tal afirmação, a nova professora havia formado-se em Hogwarts há oito anos, vinha de uma família tradicional que abandonara os ideais puristas, mas ainda assim, estudara toda sua vida na Sonserina.

E desde então Dominique havia parado para observar como de fato a recíproca era verdadeira. Embora não fossem garotas, os meninos Weasley’s também estavam fadados á envolverem-se com bruxos da casa verde e prata, e Albus Potter era outra prova viva disso.

Se havia alguém que Domi realmente odiava, esse alguém era Lyra Druella Malfoy. A irmã gêmea de Scorpius compartilhava da mesma prepotência e arrogância que o irmão, mas segundo a loira, não havia herdado os pontos positivos que fazia com que Dominique adorasse o bruxo. Ela não era divertida, profunda ou interessante, nas palavras da própria filha de Bill Weasley, Lyra era apenas uma garota cheia de si, metida a besta e irritante, e embora Rose sempre afirmasse que essa birra com a Malfoy devesse-se pelo fato de que Lyra desejava alguém que pertencia á Dominique, a loira negaria tal afirmação até a morte.

De todo modo, Dominique Weasley achava a simples existência de Lyra Malfoydesnecessária, e não conseguia entender como seu querido Albus Potter podia ser tão perdidamente apaixonado pela menina de olhos cinzentos e cabelos platinados. Mas ele era. Segundo a prima, o sonserino conseguia enxergar a bondade em qualquer um, mas já a garota, apenas o distribuía patadas, pois, ao menos na visão de Domi, a gêmea de Scorpius insensível demais para admitir os reais sentimentos pelo filho do meio dos Potter’s.

Mas, Albus tinha sua sonserina.

E para surpresa geral, até mesmo Fred Weasley II tinha a sua. Dominique nutria um carinho sem igual por seu primo favorito, ela amava o sorriso inabalável do mais maroto daquela nova geração, e sabia que muitas outras garotas também amavam. E a loira não era a única a estar certa disso, o próprio bruxo de pele morena tinha consciência do efeito que causava nas meninas, e aproveitava-se disso para construir a fama que faria inveja até mesmo ao pai e padrinho de Harry Potter.

Fred Weasley II era um inegável mulherengo. Porém, quando o Sol raiava e seus casos de uma noite chegavam ao fim, ele sempre voltava para a garota com longos cabelos negros, pele branca como a neve, olhos gelados, nariz empinado e pose de princesa. Embora nenhum dos dois admitisse, o filho de George Weasley e a herdeira da família Zabini tinham uma conexão notável. E nem é preciso dizer a qual casa a garota pertencia.

A bruxa cujos cabelos eram loiros e cacheados, soltou um suspiro expressivo. Rose, Lílian, Molly, Roxanne, Lucy, Hugo, Albus e Fred. Cada um deles dera sentido ás palavras muito bem-ditas de Hermione, e isso fazia com que Dominique questionasse-se quanto a seu papel. Como sempre, ela estava ali, quebrando estereótipos e remando para o lado contrário. Novamente, suspirou. Certamente não havia se apaixonado por um bruxo da casa verde e prata, e por vezes, até mesmo desejou que isso tivesse acontecido, afinal, qualquer coisa seria melhor do que a paixão secreta que fazia com que o coração batesse acelerado, os olhos brilhassem, e as noites se passassem em claro...

No exato instante em que os saltos de Dominique chocaram-se com delicadeza no piso acinzentado, seus olhos se depararam com dois corpos praticamente colados, e um emaranhado de cabelos loiros em um canto distante da porta que levava ao topo da torre de astronomia. Um ímpeto de curiosidade tomou conta da garota, que se aproximou lentamente do casal que se beijava ao lado da parede, porém, no instante em que identificou os rostos dos dois jovens, Dominique correu para o lado oposto, e rapidamente retornou á escuridão, tomando seu caminho novamente, na esperança de que não notassem sua presença.

Um sorriso divertido tomou conta do rosto da bruxa quando a mesma abriu a portinha que levava á seu destino. Ela olhou a seu redor, para ter certeza de que não havia mais ninguém na Torre de Astronomia, e com tal confirmação, aproximou-se da ponta, onde se apoiou com cuidado na borda. O vento batia em seu rosto com muita suavidade, fazendo com que seus cabelos ganhassem movimento. Os olhos azulados focaram-se no céu cima, onde as estrelas brilhavam com vida e fervor.  

Sorriu uma última vez ao chegar a uma conclusão. Ver seu irmão beijando Winnie Scamander na escuridão daquela escada fez com que Dominique percebesse que não era a única exceção á regra. A filha de Luna sempre amara o jeitinho inteligente do caçula dos Delacour’s, do mesmo modo que Louis Weasley admirava a autenticidade da grifinória. Enquanto Victoire, que Dominique tinha certeza de que logo estaria noiva, se apaixonara por Teddy Lupin, com seus cabelos coloridos e nobreza inegável de grifinório. E então, tudo fazia sentido.

Quando criança, Domi lembrava-se de perguntar ao pai por que, com exceção de Roxy, era a única das primas cujos cabelos não eram da cor do fogo. E então, Bill Wesley a beijava na testa, dizendo que ela tinha a mesma coragem e ousadia dos familiares, que quando ficava envergonhada, suas bochechas coravam com tanta intensidade quanto, que os cabelos ainda eram selvagens e volumosos, e as sardas salpicadas pelo rosto, mas que ela herdado os fios dourados de sua mãe. Assim como herdara os olhos, sorriso, graciosidade, delicadeza e sotaque. Era verdade. E Dominique amava isso.

Seus pensamentos foram interrompidos por um toque suave em sua cintura, os dedos do garoto a tocaram com suavidade, e logo as mãos dele se encontraram em frente á barriga da loira, abraçando-a de costas. Um arrepio percorreu todo o corpo de Domi quando ela sentiu os lábios dele em sua nuca, beijando-a com delicadeza, e então, Dominique sorriu.

Ela tinha o sorriso de Fleur Delacour. E assim como a mãe, se apaixonara por um grifinório.

Depois de dar uma última olhada naquela noite maravilhosa, Dominique resolveu movimentar o corpo para o lado, virando-se para então dar de frente com James Potter. Deixou que o dedo delicado tocasse seu rosto, e foi descendo pela pele macia com delicadeza, acariciando-o enquanto se perdia em cada detalhe daquele rosto. Em seus cabelos negros e compridos, sempre despenteados, nos olhos de um castanho intenso e profundo, e no sorriso maroto, que carregava toda a ousadia digna de um grifinório.

Do seu grifinório.

Naquele momento, se esqueceu de como eram complicados, de como se machucavam, e de quão errado aquilo parecia. Esqueceu-se das brigas, ciúmes, segredos e da dor. Não tinha como se lembrar de todos os sentimentos ruins, quando olhar para aqueles olhos cor de mel faziam com que apenas as boas memórias e sensações a invadissem.

Eles simplesmente eram certos demais para serem errados.        

“Potter...”                                                                          “Delacour...”

Por que toda Weasley tem seu sonserino. Mas ela era uma Delacour....

E toda Delacour tem seu grifinório.


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito mesmo de receber reviews com a opinião de vocÊs ;)
Kisses



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