O que está esperando? –Disse Hemy a Zé que estava atrás dela.

—Isso talvez doa mais do que as outras vezes. –Abria suas grandes asas negras sem brilho, penas foscas. –Tem certeza que quer isso? Estás pronta? –Agora colocando suas mãos sobre a cintura nua de Hemy.

—Ande logo, não quero que ninguém entre aqui e veja essa cena constrangedora. –Esticando suas mãos para os lados. –Eu sempre estou pronta.

 Zé envolvia o corpo de Hemy com suas asas apertando-a sobre seu corpo, mas enquanto isso, no portão que dava entrada ao salão real, estavam Tsuki e Shi espiando por uma frecha.

—Eles tão transando? –Perguntou Tsuki na “inocência” e falta de conhecimento sobre sua rainha.

—Nem, nem. Eles fazem isso todo ano no mesmo local, é uma espécie de purificação, mas ao contrário. –Arregalando mais seus olhos na frecha para tentar ver melhor. –Purificar ela seria a ultima coisa que ele gostaria de fazer.

—O que ela é dele? –Perguntou Tsuki, ainda curiosa.

—Fantoche, e não só dele. –Comentou Dusk, que se intrometeu na conversa, falando alto, mas sem ter a intenção de ser ouvido por mais alguém além das duas, o que infelizmente não deu certo e os portões se abriram com uma rajada de vento muito forte.

 A primeira cena que viram foi de Hemy, agora com seus vestimentos andando em direção a eles.

—Majestade, nos perdoe! –Disse Tsuki, ajoelhando-se no chão junto a Shi.

 Sem dizer uma palavra, e sem expressão em seu rosto, Hemy apenas passa por elas e logo por Dusk que estava jogado no chão.

 Em seguida, Zé, seu fiel conselheiro e manipulador que como sempre, estava atrás de Hemy fazendo exatamente a mesma coisa que ela, tirando o fato de ignorar até mesmo Dusk, trocando olhares raivosos com ele.

 Mas enquanto isso, bem longe dali...

—Corre, seu besta corre! –Gritava Pensiu, que corria pelos estreitos corredores do calabouço do Império, logo atrás de Duck.

—Eu estou indo o mais rápido que eu posso!

—Não é o suficiente!

—Deixa ele, ele esta fazendo o que pode. –Argumentou Keh que estava sentada no ombro de Duck.

—Pra você é fácil falar, não está correndo para salvar sua vida, macaca.

 No meio daquela escuridão, os dois corriam para salvar suas vidas, já que Keh estava relaxada com isso.

 (-Mas espera ai, dois?)

(-Sim, Zero acabou ficando para trás por não conseguir passar entre os corredores, agora me deixa terminar de ler, Milady.)

 Brigas entre Keh e Pensiu começaram a surgir, até ouvirem gritos vindos da superfície do calabouço. Era Zero, que havia sido raptado por Caleb e levado para ser decapitado.

—Eles pegaram o Zero, acho melhor nós termos mais maturidade e pensarmos direito. Se pegaram ele, é melhor não falarmos mais nada. –Disse Duck, sussurrando baixo.

 Pensiu concordou com a cabeça e continuaram a andar pelo caminho que agora não parecia mais tão estreito, mas não foi por muito tempo.

Um brilho surgiu no meio daquela escuridão logo a frente deles que ao repararem nisso, foram logo se afastando, achando ser novamente Dusk, até o brilho começar a ter um formato retangular e após isso passou a refleti-los, e logo em seguida alguém sair dele.

—Fui enviada para trazê-los junto a mim. –Disse Rafa.

—Ai meu deus, alguém veio nos salvar. –Disse Duck que sem querer deu um empurrão em Rafa e foi logo entrando no espelho.

 Assustada com a reação de Duck, Rafa apenas olha para Pensiu e estende sua mão. –Venha, vamos logo.

—Eu não posso ir, Lucy ainda está aqui, temos que salva-la.

—Não se preocupe, eu farei isso.

 E sem pensar duas vezes, Pensiu foi entrando no espelho e igual à Duck, nem se perguntou para onde iriam parar.

 Para sua surpresa, foi parar no MADS, bem no castelo, um local cheio de correntes e prisões, mas que ainda não poderia ser chamado de calabouço.

—De volta para a casa de vocês. –Comentou Zé que estava a se aproximar de Pensiu e ao chegar perto, se ajoelha. – Bem vindo de volta, Majestade.

—Que coisa é essa de majestade? Eu era um fantoche do rei! E tem mais, eu. –Sendo interrompido por Zé que foi logo dizendo.

—Em uma semana, em um eclipse lunar, você será o novo rei desse reino, querendo ou não.

 Estava confuso, sem entender nada que Zé havia falado, quando, se pegou preso nas correntes, perto de Duck.

—Não se preocupe com isso, sua rainha alimentará você. –Observando Hemy no canto da parede apenas observando ainda sem expressão no rosto. Dessa vez Hemy nem parecia ser ela, não tomando mais suas próprias decisões, seu olhar sem o brilho que mantinha desde criança, parecia estar morta.

—Eu não vou me casar com ninguém! –Gritava Pensiu que se remexia nas correntes para tentar fugir delas até notar que Rafa saia do espelho. –Cadê Lucy? Você me disse que ia trazer ela!

—Eu menti. Minhas ordens foram trazer apenas você e Duck.

—Lucy? –Zé ficou pensativo após ouvir esse nome, já sabia de quem se tratava, só não imaginava que ela havia sido fantoche dele quando ainda eram pescadores.

 Sem dar mais um pio, Zé puxou Hemy pelo pulso e subiu as escadas, trancando-a no quarto e indo para a sala pensar.

—QUE MERDA!!! –Chutando o trono de Hemy agora tendo outro trono ao lado.

—O que lhe incomoda, mordominho de Hemy? –Perguntou Shizuo que apareceu num piscar de olhos, sentado no trono com o corpo todo esticado.

—A existência de Lucy, ela pode atrapalhar meus planos. –Suspirando mais aliviado.

—Que planos?

—O de controlar os dois, fazer desse reino um novo, onde o ódio não será presente.

—Ouvir isso de um demônio é meio irônico.

—Posso ser um demônio, mas sirvo a Hemy, faço tudo por ela, não a controlo sem ter sua permissão.

—Que bom coração você tem, talvez consiga seu lugar de volta no céu.

—Sem gracinhas, esse casamento salvaria o reino. –Olhando para a praça de execução pela janela. –Sabe, são todos tão ingênuos, logo Hemy irá sair do reino para informar a morte de seu pai e Duck e Pensiu estarão lá para confirmar.

—O problema é que Lucy está no Império, mesmo sendo inocente sobre o passado de seus pais, ela poderá ganhar algo grande se descobrir.

—Façam uma guerra, MADS vs Império, que lindo de se ver. – E continuou. – Coitada de Lucy, perdeu a mãe cedo por outros pescadores e acabou virando uma após fugir de onde Moon foi criada, e, não podemos esquecer-nos de sua rainha que, Hemy perdeu sua mãe por sua causa, já que me mandou para mata-la e assim a culpa cairia sobre o Império e você entraria como babá da Hemy no Castelo.

—Eu sei qual sua intenção ao dizer isso, talvez... De fato uma guerra seja boa ideia, assim com a morte que Lucy, Hemy finalmente poderá casar e reinar em paz.

—Hemy nem sabe que tem uma irmã, não é mesmo?

—Não, assim como Lucy não sabe que sangue real corre em suas veias, e que por ser mais velha que Hemy, o trono seria dela e então Pensiu e Lucy reinariam esse reino.

—Matar ela seria mais fácil que a mãe de Hemy?

—Não sou advinha, ela nem tem ideia do poder que tem, mas não é como se aquele amuleto dela não fosse a informar. –Limpando o suar sobre sua testa. –Hoje está um dia quente, mas enfim, é melhor eu ir lá fazer o que devo. –Se afastando de Shizuo e se aproximando do corredor onde se encontrava Dusk, foi logo sussurrando “não ouse dar um passo se for para atrapalhar-me” e foi em linha reta.

 Dusk permaneceu-se parado até Zé sumir de seu campo de visão, quando ele aproveitou para ir até a cozinha que estava Tsuki e Shi.

—Hemy vai casar mesmo? – perguntou Shi surpresa.

—Sim, e tem mais, haverá uma guerra.

—O que? Como assim? Não vejo motivo, para isso. –Disse Tsuki. –Para mim está tudo tão bem.

—Poderia estar antes, mas agora só vai piorar, Shizuo está no comando também, paz é algo que vai demorar pra termos novamente.

—Bom, não vou me preocupar com isso, Marilyn volta hoje da viagem, da para fingirmos estar tudo bem?

—Uma hora ou outra ele saberá. –disse Kask que apareceu na cozinha ainda enxugando suas lagrimas.

—O que aconteceu, Kask? –Perguntou Shi.

—Sentirei saudades de Karlo.

—Karlo morreu? –Shi ficou pasma ao ouvir isso e pulou em cima da mesa.

—Cuidado com seu rabo gata, vai deixar pelo cair na comida! – Comentou Tsuki agora estressada já que o rabo de Shi batia em sua cara, enquanto Dusk ria da situação até ouvir palmas vindas logo à frente do castelo.

—Eu sei, uma noticia triste de fato, mas sua herdeira Hemy está aqui para cuidar do trabalho de seu pai. –Disse Zé, em seguida puxando Pensiu para perto dele. –Não é mesmo, futuro rei?

—Sim, eu cuidarei do reino junto a Hemy. –Seus olhos perderam o brilho como os de Hemy, Zé estava criando suas próprias respostas.

—Meu futuro povo, para festejar, eu irei fazer um baile para todos os habitantes de MADS! 

 Mais palmas para ouvir, Dusk olhava tudo pela janela de seu quarto já que queria ver quem seria o futuro rei.

—A curiosidade matou o morceguinho. –Disse Shizuo, que apareceu atrás de Dusk. –Aconselho a não se meter onde não é chamado. –Esperava por uma resposta de Dusk, mas apenas recebeu um empurrão e cinzas, Dusk havia ido para o Império.

 Mas enquanto isso, Zé olhava para todos, alegres e sem estarem surpresos com a noticia e, no meio dos habitantes lá estava Moon, a filha de Luna.

—Precisamos conversar. –Disse Zé a Moon. –Me encontre no canto da praia daqui alguns minutos. –A resposta de Moon foi um “Sim” apenas balançando a cabeça.

...

 -Aqui estou. –Disse Dusk ao chegar ao Palácio do Império.

—Percebi sua presença, fede a carniça. –Comentou Lars com uma pena de corvo em suas mãos.

—De onde essa pena? Vai guardar isso?

—De onde não interessa, e vou colocar no meu cabelo junto com as outras.

—E por que não uma pena daquela ali? –Olhando para uma coruja de olhos vermelhos que estava pousada sobre a janela.

—Que coruja?! -Lars entrou em pânico, sabia de onde vinha a coruja e ordenou que Dusk a matasse só que, já era tarde demais.

 Lars não sabia se sentia mais confortável ou se continuava em pânico por Maçã ter ido embora, mas se sentiu menos ainda quando ouviu tiros.

 Mikado havia sido interrompido por Nobody, um ser que não é habitante de nenhum reino, mas que estava de passagem pelo Império oferecendo ajuda para os que passavam fome.

—Não ouse bater nessa mulher. –Atirando nele, mas acertando a Oyaho.

—Ai, fodeu! –Caindo dramaticamente no chão.

—Precisa melhorar sua mira antes de tentar impedir alguém de fazer algo com ela. –Disse Mikado, sem perceber bem foi uma distração.

—Para onde estamos indo? –perguntou Lucy. –Não devemos ir embora, meus amigos ainda estão lá!

—É, podem estar, mas não temos tempo. Me siga, tenho que te apresentar alguém.

—Mas... –Pensativa sobre o que ia fazer.

—Sem, mas vamos fugir, creio que seus amigos vão ficar bem, a não ser que aquele ali seja seu amigo. –Apontando para uma arvore onde estava o corpo de Zero.

 Sem comentários, a pressão de Lucy abaixou ao ponto de fazê-la desmaiar.

—Bom, aparentemente era... –Pegando seu corpo e colocando sobre seus braços, levando-a até meu amigo Rex, um dragão.

—Era comum na área que Nobody morava ter dragões, então por que não cuidar deles?

(Nobody não foi atropelado tempo atrás?).

(novamente eu digo me deixe terminar de ler para você).

 Uma criança que ficou perdida na floresta quando habitantes do Império estavam em busca de um novo reino junto a Rodolfo, o pai de Hemy. Essa criança nem ao menos procurou pelos seus pais, foi andando mais a fundo da floresta ao invés de passar por ela igual ao meu pai o ex-general do Império e pai de Karlo também que naquele tempo nem havia nascido ainda.

 Não é como se seus pais não o amassem, procuraram por ele durante anos até se convencerem que ele havia morrido na floresta o que, ao contrário da realidade, já que estava a viver com o mal, por que não aprender a conviver com ele? Foi o que Nobody pensou, dominando os dragões, tratando todos como seus mascotes.

—Você vai ficar bem, não se preocupe donzela.

Enquanto isso...

 As ondas batiam sobre a areia da praia cada vez mais forte, não era a maré que estava alta, mas sim a raiva de Moon.

—Como conseguiu esquecer? Pode haver o eclipse lunar daqui uma semana, mas o solar é daqui três dias!

—Então o casamento de Hemy não poderá ser daqui uma semana, Lucy tomará seu lugar no reino.

—Exato! Terá que dar um jeito de mudar para daqui quatro dias o casamento de Hemy, se Lucy tentar impedir, eu estarei mais forte para evitar isso, mas se for uma semana, Lucy voltará a ser mais forte que eu! –Olhando com os olhos arregalados para Zé que estava a sua frente. –Você está me ouvindo?

—Estou. O casamento de Hemy será daqui quatro dias então. –Zé apenas virou-se e foi até o bar mais próximo da praia.

...

—ESTÁ DE VOLTA, FINALMENTE!!! – Disse Tsuki, dando um abraço em Marilyn. – Fizemos uma janta para você.

—Estou de volta sim, mas não só eu. –Saindo de trás dele um tigre, que de primeira se estranhou com Shi como gatos que nunca se viram antes. –Essa é Jenni.

—Prazer Jenni. –Disse Kask se ajoelhando no chão.

—O prazer é todo meu de estar aqui! Mas não vim por um bom motivo. – Já em sua forma humana, mantendo apenas as orelhas e o rabo igual à Shi.

—É, digamos que está prestes a acontecer algo terrível, Jenni que previu. –Comentou Marilyn, com sua boca cheia de comida.

—É... E tem alguém que vocês não devem confiar... –Abaixando seu tom de voz.

—Senti cheiro de coisa ruim no ar, a volta de Marilyn e novato por aqui. –Deu um soco na mesa e se sentou frente a Marilyn para comer.

—Isso não é seu. –Tsuki havia pegado uma faca e enfiado sobre a mão de Shizuo.

—Ignore-o, Jenni. Vá com Kask, ele te levará ao seu novo quarto.

 Sem dar um pio, Jenni segue Kask que apresenta o castelo para ela e depois a leva para seu quarto.

—Não seja má, Tsuki, só estou com fome. –Tirando a faca de sua mão. –Não é assim que se brinca. Você enfia as facas entre os dedos, entendeu? –Com um sorriso psicopático, ele se retirou da cozinha.

 Após se retirar, trocou olhares flamejantes com Jenni, isso a deixou mais sem graça, até sua coragem voltar e perguntar a Kask:

—Quem é esse?

—Conselheiro da Rainha, mas ele é cheios de argumentos estranhos. –Ele deu uma risada com a palavra “estranhos” o que fez Jenni rir também.

—O que você tem de especial? –Perguntou Kask curioso.

—Eu consigo ver acontecimentos futuros.

—Que interessante! Conte-me mais...

 Enquanto isso, Hemy descia as escadas para alimentar a Duck e Pensiu que novamente estavam presos no castelo com seus olhares de mortos, sendo vigiados por Rafa.

—Cuide bem deles, não quero que sofram um arranhão por causa dessas correntes. –Comentou Hemy que já estava a subir as escadas.

—Não se preocupe majestade, eles estão em minhas mãos.

 Hemy se sentia aliviada e foi para seu quarto se perguntando onde Zé estaria naquele momento até avistar sua coruja voltando para ela.

—Venha Maçã, me mostre o que viu.

 Zé ainda estava no bar, mas não para beber e sim dar ordens a NICK e Mizu, que cuidassem do reino como soldados, que contassem quanta Lucy havia lá e que se depois soubessem que chegou mais uma, expulsassem ela do reino.

—Estamos entendidos? –Se ajeitando para voltar ao castelo.

—Estamos Zé, não se preocupe com isso. –Respondeu Mizu que voltava a tocar sua harpa.

—Conta comigo também, Zé. –Disse Ryuu, que ficou ouvindo toda conversa enquanto atendia.

—Ótimo, então me vou, conto com vocês.

 Já estava mais confiante, sem tanta pressão em sua mente até chegar ao castelo e...

—Zé, por favor, acalme Hemy! –Pediram Shi e Tsuki, assustadas com os berros que ouviam do quarto dela.

—O que aconteceu aqui?

—Não sabemos Zé, só vimos Dusk voltar para o castelo e ser chamado pela Hemy.

 Zé avistou de longe Shizuo se aproximando do quarto e decidiu fazer o mesmo.

Eu disse majestade, não devia confiar nesse dai, deve ser um espião, fica no ouvido de Lars contando tudo que acontece aqui.

—Miserável! Hemy, não acredite em nada que ele falar.

—Como não acreditar? Eu vi pela Maçã que é tudo verdade, você estava lá!

—Mas eu posso explicar. –Comentou Dusk já assustado e com medo do que dizer, de qualquer forma era fato que ele estava lá e, ninguém poderia ajuda-lo a provar que não era um traidor, nem desse reino e nem do outro, mas alguém sabia disso, Jenni, que estava olhando todos os acontecimentos de longe preferindo não se meter.

—Isso é verdade, Dusk? Que pena. –Comentou Zé que em seguida lançou um olhar em Hemy que entendeu o que ele queria.

—Dusk, estás banido do MADS!