Esses quinze dias foram absolutamente cheios de velocidade na vida de Sakura. Teve de tomar várias decisões e abrir um novo capítulo da sua vida. Sentia-se priveligiada, mas pensava sempre que tinha de agarrar a oportunidade. “Há tantas mulheres com vidas terríveis... Tenho de aceitar tudo isto em nome de tantas quenão tiveram a minha sorte”, pensava para si. O medo maior era de perder a sua capacidade de organização, o seu mundo, e tornar-se uma mulher fechada para o mundo, rica e estúpida. Isso era tudo o que ela não queria ser.

Contratou um assessor para a sua emprega e entregou os comandos desta à sua melhor amiga e braço-direito, Hinata. E planeou a sua vida para tirar seis meses de férias. Como era a sua própria chefe, não havia problema nisso. Mas custa muito deixar um projeto entregue a si próprio, um projeto que se acarinhou e desenvolveu como um filho. Intimamente, Sakura sabia que não se tinha casado nem tinha tido filhos porque todas as suas energias estavam aplicadas na empresa. E agora, aos trinta e dois anos, a vida sorriu-lhe assim. Tinha de aproveitar tudo, ao máximo.

Depois de ter assinado os papéis (e de se ter assustado uns dias depois, quando foi ao banco e viu a quantidade de zeros na sua conta bancária), decidiu fazer duas coisas: comprar um guarda-roupa novo e oferecer um cheque brinde numa das melhores lojas de roupa da cidade a todas as mulheres da sua empresa. Ficou, porém, espantada, quando, no último dia de trabalho, todos se tinham organizado para lhe fazer uma festa surpresa de despedida.

No dia seguinte, apanhou o avião para Varsóvia. Não tinha mais visto Gaara Sabaku. Assinou alguns papéis no seu escritório, mas ele não estava. Tinham falado ao telefone, e ela não fazia a menor ideia de nada acerca dele. Mas a verdade é que aquele homem lindíssimo, que parecia ser a fotografia de um sonho (que fazia parte do seu sonho) não lhe saía da cabeça... Porque seria? Qualquer mulher ficaria fascinada com ele, é verdade... mas ela sentia que era algo mais que fascínio. Infelizmente não pode perceber nada acerca dele. “Deve ser casado... Ou pode ser gay... Ou no fundo pode ser muito desinteressante”, pensava, para tentar calar aquela voz interior que a recordava dele.

No avião, contemplando as nuvens, preparando a sua chegada àquele país e cidade que não conhecia, e que o destino agora tinha tornado seus, Sakura sorria. Com a sensação que, desde este misterioso acontecimento, já não era bem senhora do seu destino. Que alguma coisa mais estava a interferir, e que tudo, mas tudo, poderia acontecer...