Pokémon - Onde os Laços São Mais Estreitos escrita por Mister Also


Capítulo 1
Mergulho no desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Olá o/

Enfim, não tenho muito o que falar, é uma fanfic de Pokémon.
Mas não será um total clichê, não. Vocês vão ver um lado que pouco é visto, sem protagonismo exacerbado e as coisas que já esperamos de uma fanfic "comum".

Preparem os corações e, vão ler :3



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O garoto estava deitado sobre uma grama intensamente fofa e verde de um bosque. As árvores, de uma alta e grossa madeira marrom, instituíam uma escura e relaxante sombra fresca, e também a visão florífera de galhos embelezados pela primavera. Pokémon diversos habitavam a floresta, sendo na maioria das vezes do tipo grama, como Oddishs, Budews e Bellsprouts. O garoto também podia ouvir o som de Taillows e Pidgeys voando pelos pedaços de céu que conseguiam ser vistos pelas brechas entre as árvores da floresta. Um doce aroma passeava pelos arbustos lotados de pétalas. Aquilo passava para o garoto uma tranquilidade imensa, equilibrando seus sentimentos com seus pensamentos, como uma aura de felicidade que invadia o ambiente. Um ambiente em pura harmonia, doçura e perfeição... até que o chão começa a tremer.

Uma grande fenda se abriu entre a grama verde, derrubando árvores e rochas para dentro da imensa cratera aberta pelos tremores. De dentro dela, saiu um Pokémon diferente de todos que o garoto já tinha visto. Este era enorme, possuía imensas garras e dentes afiados, além de um rabo espinhoso. Junto com ele jorrou uma imensa fonte de lava, devastando toda a vegetação ao seu redor. Árvores, flores, arbustos e pedras, tudo sendo devorado pelo líquido quente lançado fenda acima.

 Do outro lado da floresta, um imenso tsunami surge, engolindo a vida existente ali. Á medida que a água devastava a paisagem, o garoto poderia ver a silhueta de outro imenso Pokémon, até que o monstro deu um grande salto para fora da água. Este parecia um grande monstro marinho. Possuía grandes nadadeiras e uma cauda majestosa. Seus olhos negros intimidavam qualquer um que estivesse no seu caminho.

Antes das duas grandes ondas de magma e água se chocarem, um imenso dragão desceu do céu. Este possuía corpo comprido e fino, comparado com os outros monstros, e voava na direção do garoto, em uma velocidade incrivelmente rápida. Olhando para os lados, o menino se deu conta de que não tinha escapatória. Uma aflição tomou conta de seu rosto, retirando toda a aura tranquila de minutos atrás. O garoto estava assustado, mas fascinado, e olhando para cima, vendo o grande Pokémon se aproximar ferozmente, o garoto... acordou.

 Olhou para o relógio, sete e meia da manhã. Havia acordado meia hora antes de o despertador tocar, e estava apreensivo com o pesadelo. Não sabia o que significava nem se significava alguma coisa, e resolveu esquecer. Decidiu ficar na cama de solteiro, feita de uma madeira clara, quase branca, e pintada com uma tonalidade clara de azul. Jogou longe a coberta, pois estava agoniado com o ar quente e o suor que o rodeava. Ficou por um tempo observando seu quarto. Suas paredes verdes tranquilizavam o ambiente, além de sustentar um calendário na frente da cama. Ao lado de sua cama, uma escrivaninha, esta de uma madeira clara e lisa. Em cima dela, alguns livros aleatórios de história, um caderno com anotações e uma ampulheta, além de roupas as quais o garoto já deveria ter dobrado e guardado. Do outro lado do quarto, um imenso guarda-roupa branco, com alguns detalhes verdes e azuis. No chão, um fofo e grosso tapete laranja contrastava com todo o teor amigável e tranquilo do ambiente, abrigando uma mochila cinza e vazia que repousava ali.

 O garoto sabia que não dormiria novamente, então se levantou e começou a admirar a janela de vidro, sentado em sua cama. A janela retratava uma visão natural e delicada dos verdes gramados que cercavam a estrada da Vila Oldale. Ficou ali observando a suave paisagem por muito tempo, até que foi acordado de seus devaneios por uma voz suave e feminina de sua irmã.

 Ela tinha dez anos, cinco anos mais nova que Nathan. Ela partilhava a peculiaridade de ser ruiva, diferentemente do garoto e de sua mãe, que possuíam cabelos pretos. Seu cabelo estava arrumado em maria chiquinha, e preso por xuxas roxas. Ela estava vestida com uma camisa branca, ilustrada com um Jigglypuff sorridente. Mais para baixo, usava uma calça legging rosa, e uma sapatilha laranja.

— Nathan, você vai ou não se levantar dessa cama? Já são oito e meia e a mamãe está arrumando as suas coisas!

— Oito e meia?! Chloe, que dia é hoje? Nathan olhou para o relógio para confirmar. De fato eram oito e meia, segundo o relógio.

— Quarta-feira, eu acho.

 Nathan arregalou seus olhos e olhou para Chloe. A garota franziu a testa e fez um sinal com o indicador para se levantar.

 O garoto estava esperando há algum tempo para receber seu primeiro Pokémon e começar uma jornada por Hoenn. Ele levantou as costas do colchão, olhando fixamente para o calendário fixado em sua parede. Vários dias estavam marcados com um grande “x” em vermelho, indicando o tempo que passou desde que recebera a notícia de que seria um treinador. Pulou da cama em um salto ágil e correu em direção ao calendário, pondo as mãos na parede ao lado do objeto, como se não acreditasse que seu dia havia chegado. Chloe encarou o irmão com um olhar assustado, suspirou e continuou falando.

— Mamãe disse pra você ir pra a cozinha com a sua mochila, ok?

— Tá, eu já vou – exclamou o garoto -, agora desce porque eu vou me vestir agora! E leva a mochila, também.

 Nathan olhou ao seu redor, nada muito bagunçado. Virou-se para o guarda-roupa e apanhou uma camisa de mangas curtas toda verde, com listras pretas do peitoral ao abdômen e nos ombros. Olhou para baixo, vasculhou um pouco entre suas roupas e encontrou um short preto com detalhes cinza nos joelhos e nos bolsos, além de um tênis verde com detalhes brancos. Vestiu tudo em um piscar de olhos, e então se olhou no espelho.

 Era um garoto de altura normal, cabelos negros e um pouco lisos, porém volumosos, pele puxada para o amarelo. Tinha um estereótipo comum para os garotos dessa idade: jovem, cheio de ambições. Iria fazer de tudo para ser um campeão, mas de que adiantava? Nathan não se interessava por pokémon. Decidiu se tornar um treinador, pois era a maneira mais fácil de um garoto como ele viajar pelo mundo, conhecer lugares novos e pessoas novas. Ele queria, sim, entender e gostar dos monstrinhos, mas Nathan queria explorar o mundo e ter uma vida completamente normal antes disso, usando os Pokémon como uma desculpa para isso.

 Saindo do limbo que eram os seus pensamentos, Nathan avistou através do espelho um boné em cima de sua escrivaninha. Era vermelho e branco, com o símbolo de uma pokébola onde seria a testa. Foi até a cama, pegou o boné e lembrou da frase que seu pai disse antes de partir para Kanto, naquela noite de despedida.

Todos estavam tristes com a ida do pai de Nathan. Ele fora convidado para realizar uma importante pesquisa, e então iria passar um bom tempo lá.

 Todos se sentaram à mesa de madeira, forrada com um lindo plástico azul, ilustrado com vitórias-régias. Em cima da mesa estava um bolo aparentemente delicioso esperando para ser partido. A cobertura de puro chocolate escorria suavemente pelas laterais e de vez em quando Nathan e Chloe passavam o dedo no prato onde o bolo estava a fim de adocicar a boca com as gotas de chocolate. Em cima do bolo, várias jujubas vermelhas postas em formato de coração. Cada um tirou seu pedaço, mas decidiram ir á sala assistir um bom filme enquanto comiam.  Assim que a comida e o filme acabaram, foram todos dormir. Dormiram juntos no mesmo quarto, para concretizar o “último” momento de união da família.

 No outro dia, o navio já estava para partir, e as últimas palavras foram ditas no cais.

— Volte para nós um dia — disse a mãe do garoto. Ela se derramava em lágrimas que ao caírem, penetravam no duro asfalto cinza.

— Eu amo vocês — disse o pai. Nathan e Chloe não tinham receio de mostrar as lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos até o queixo, onde ficavam acumuladas — Nathan, eu tenho um presente para você.

— Quem deveria dar o presente não era eu? — exclamou o garoto.

— Toma, fique com isso — disse o pai, ignorando a pergunta do filho.

 O garoto recebeu o mesmo boné que usava em frente ao espelho. Ao tocar o acessório, recebeu o que seriam as últimas palavras do pai.

 — Este boné representa a afeição pelos Pokémon e a dedicação que você terá quando for um futuro treinador, filho. Use-o quando sair em sua jornada. — Acenou e então o navio partiu, deixando um melancólico rastro de ondulações na água escura e fria do mar.

 Foi até o espelho novamente e colocou o boné sobre seus cabelos negros, receoso. Encarou sua imagem por um tempo, até que chegou á conclusão de que não fazia sentido algum usar aquele boné, já que não iria partir numa jornada para se dedicar aos Pokémon.

— Não, eu não vou usar isso. — E jogou o boné na cama.

 Desceu as escadas. Na parede, quadros da família. Não aqueles quadros de castelos, em preto e branco, mas quadros normais. Quadros que expressavam bons momentos que ficariam para sempre marcados no coração de Nathan, e na parede esverdeada da casa.

 A madeira da escada não fazia barulho quando alguém colocava seus pés nela. Isso definitivamente era bom.

 Ao chegar na cozinha, avistou sua mãe preparando sanduíches e sua irmã sentada na mesa, brincando com um boneco de Clefairy.

— Vocês já arrumaram tudo? — perguntou, surpreso.

— Pelo tempo que estamos aqui é pra ter arrumado tudo mesmo. Na sua mochila tem suco na garrafa térmica, berries frescas , e doce de leite como opção de sobremesa. Também coloquei roupas extras e algum dinheiro, caso precise.

— Hm... doce — Nathan vasculhou e encontrou uma vasilha cheia de doce de leite.

— Não coma tudo de uma vez, se não vai precisar de um banheiro urgente.

— Não vou — afirmou o garoto, sentindo o suave cheiro de açúcar invadindo suas narinas como uma flor que propaga seu cheiro.

— Ok, vamos ás regras: seja educado com as pessoas, não cause problemas e...

—Trate os Pokémon como você gostaria de ser tratado — completou o garoto.

 O olhar de sua mãe era como se tivesse perdido alguma coisa por uma boa causa .

— O professor Birch está te esperando, filho, não se atrase.

 A mãe do garoto olhava para o rosto de seu filho, enquanto Nathan se despedia de sua irmã. Se sentia insegura deixando que seu irmão partisse, mas não queria impedir a jornada de Nathan de se desenvolver. Acenou com a cabeça e sorriu para o garoto.

— Vou sentir saudades, mesmo você sendo insuportável — Sua irmã disse, enquanto colocava o boneco de Clefairy na mochila do irmão.

— Cuide-se, filho — disse a mulher, dando um beijo na testa de Nathan.

— Tchau, eu amo vocês! — e passou pela porta.

(...)

 Um cheiro delicioso de terra molhada invadiu as narinas do garoto. Havia começado a chover. Quer dizer, estava caindo um fino sereno. Nada que impedisse um garoto a começar sua jornada Pokémon. Colocou os pés no chão, no qual dormia uma velha e desgastada estrada de tijolos amarelos. Ao redor da passagem, arbustos verdejantes enfeitados com pequenas floresquase imperceptíveis. As maiores tinham pétalas finas e em grande quantidade, tingidas de um azul arroxeado ficavam fora dos arbustos, e balançavam com o vento fraco. A casa do garoto era de um tom lilás relaxante, com detalhes em madeira branca. A casa já havia mudado de cor muitas vezes, mas o lilás foi o escolhido, afinal. Ao redor da casa ficavam alguns vasos de plantas pendurados por uma corda em uma estaca bem feita de madeira. Sua mãe havia colocado aquelas plantas ali para que elas se beneficiassem com a estação agradável, sem muita chuva, sem muito sol. Deu alguns passos até sair da estrada amarela e colocar os pés na grama fofinha. Estava molhada, também. Afundou um centímetro ao pisar, pela umidez da terra. Continuou até chegar na estrada por completo.

 A chuva continuava. Fraca, porém firme. As gotas de água caíam nos cabelos negros do garoto, e ficavam ali. Não tinham força e volume para descer. Apenas caíam ali e ficavam ali, depositadas. Então o garoto resolveu correr. A Vila Littleroot não ficava muito longe dali. No caminho, a chuva começou a parar. Quanto mais longe Nathan corria, mais ficavam evidentes as colorações de verde e árvores que aquela rota tinha. Viu alguns Pokémon no caminho, mas não teve tempo para analisar. Pulou alguns barrancos e chegou na Vila Littleroot.

 Era um lugar não muito diferente de Oldale. Possuía árvores que cercavam a vila, predominantemente nas cores marrom e verde. Pouquíssimos moradores e casas. A única coisa que realmente se destacava era o laboratório do Professor Birch, pintado em um branco que fazia contraste com o resto da vila, com telhado curvo na cor laranja.

 Nathan não precisou caminhar muito para chegar até o estabelecimento, e a grama não estava mais molhada, a chuva havia parado. Chegou na porta, e viu que estava aberta. Abriu e entrou.

— Olá? Tem alguém aqui?

 No momento em que disse isso, uma sombra se locomoveu ao fundo do laboratório. Ouviu-se um som de uma cadeira se arrastando, seguido de passos. Desses passos surgiu um homem alto, branco, cabelos castanhos puxando uma barba, e com volume acima das orelhas. Não era magro, usava um jaleco branco, uma bermuda verde-escuro e sandálias.

— Pois não? — O homem coçava a cabeça e bocejava. Aparentemente havia acordado á algumas horas, bem cedo.

— Olá, você é o Professor Birch? — perguntou o garoto.

— Sim, sou eu. Se não me engano, seu nome é...

— Nathan.

— Ah, sim! Você é o garoto que veio escolher o seu Pokémon! — O semblante do homem se transformou em uma cara de empolgação — Venha, vou te levar até o local.

 Atravessaram uma sala com computadores e livros. Ao contrário do esperado pelo garoto, o laboratório estava na mais plena organização, exceto pelas pilhas de livros montadas nos cantos. Nos espaços entre as mesas, vasos de plantas ocupavam o vago e algumas caixas eram empilhadas, também.

 Atravessaram uma porta e chegaram em um jardim localizado no fundo do laboratório. Pequenas árvores e um lago naturalizavam o local, fora a grama verde e algumas flores. Aparentemente os Pokémon passavam o dia ali.

— Então, qual é a sua escolha? — O Professor Birch olhou para o garoto, com um ar tremendo de curiosidade.

— Eu escolho... — disse, olhando relutante para a grama — escolho o Mudkip!

— Está certo de sua escolha? — O homem encarava o garoto com o mesmo olhar de curiosidade. A pressão era muita.

— É — Nathan não havia realmente pensado. Concentrou-se mais nos locais que iria visitar, ignorando os monstrinhos.

— Sendo assim, vamos!

 Os dois se dirigiram ao pequeno lago, o homem na frente, o garoto atrás. Provavelmente o Pokémon estava na água. Chegando à margem, o garoto percebeu que o lago não tinha mais que um metro de profundidade, e a água era transparente. Algumas plantas aquáticas balançavam com o movimento suava da água, enquanto seus reflexos faziam o mesmo, dando a impressão de que a planta não estava presa ao fundo do lago.

— Mudkip! Temos visita! — exclamou o professor, enquanto era observado pelo garoto, curioso.

 Segundos depois foram vistas ondulações na água, do meio ás bordas do pequeno lago. As plantas balançavam cada vez mais intensa e rapidamente, até que uma pequena sombra emergiu do meio da água.

 Então surgiu um Pokémon azul e quadrúpede. Tinha em sua cabeça bochechas laranja com três protuberâncias cada, e uma barbatana azul. Sua barriga, sua nadadeira dorsal e seu maxilar inferior tinham a mesma cor, um azul mais claro que no resto do corpo. Ele grunhiu aparentemente feliz, e pulou da planta onde estava para a margem do lago, e em outro salto pulou para o colo do professor.

— Então isso é um Mudkip! — analisava o garoto.

O professor se levantou, se virando para o garoto, enquanto segurava o Pokémon.

— Olha Mudkip! Este é o seu treinador, ele veio te buscar!

 Nathan estendeu suas mãos em direção ao Pokémon, na tentativa de fazê-lo ir para seu colo. Porém, o Mudkip se retraiu e afundou nos braços do professor, desconfiado.

— Parece que ele é tímido — disse, suspirando.

— Ele acostumou muito comigo, está aqui desde que ainda estava no ovo. Ele não tem muita companhia e reage assim a estranhos. Mas você consegue conquistá-lo.

— Será? — Nathan coçava a cabeça, olhando para a barbatana do Mudkip, exposta.

— Claro que sim! Veja, vou colocá-lo no seu colo.

 O professor tentou colocar o Pokémon no colo de Nathan, mas o bichinho foi mais rápido e subiu nos braços do professor antes. O Mudkip aparentava ter medo do garoto, e não saiu de jeito nenhum do colo onde estava.

— Ele aparentemente não me quer — disse o garoto, confuso.

— Que estranho, isso nunca aconteceu antes. Vou sair de fininho e deixar vocês a sós. Tente não assustá-lo.

— Ok! — Nathan não moveu um músculo enquanto cuidadosamente o professor colocava o Mudkip no chão, próximo do garoto. Qualquer movimento brusco e o Pokémon se assustaria.

 O professor atravessou a porta divisória entre o jardim e o laboratório, voltando ao trabalho. Porém, antes que pudesse se sentar para terminar suas pesquisas, ouviu-se um “olá” pairando pelo ar. O professor fez uma expressão de dúvida e se moveu, dando um suspiro e caminhando até o início do laboratório.

 Nathan virou-se para trás, e o Mudkip pulou na água.

— Droga! — exclamou o garoto inconformado — Quer saber? Fique aí. Eu vou ver o que aconteceu.

 Apenas os olhos curiosos de Mudkip ficaram para fora da água. Nathan saiu da margem do rio e foi em direção á entrada.

 Lá estava, na frente da porta, um garoto de altura média, cabelos lisos castanho-claros e olhos da mesma cor, com a pele branca. Usava uma blusa de mangas compridas azul marinho com listras horizontais laranjas, um short bege com vários bolsos, sapatos azuis de solado branco sem cadarço e uma mochila azul-marinho simples.

— Olá, Alven, você veio receber seu kit de treinador? Venha, vamos!

— Vim aqui pegar as coisas... — respondeu o garoto, baixinho.

 Nathan ficou observando.

— Venha cá também Nathan!

 Os garotos foram em direção á mesa, e ficaram esperando os itens serem entregues, enquanto o professor Birch vasculhava pelo laboratório.

— Você também vai ser um treinador? — sussurrou Nathan.

— Er... o quê? — disse Alven, saindo do limbo de pensamentos e se dirigindo ao garoto — Ah... sim.

 Um silêncio chato percorreu a sala. Os garotos não se conheciam, e não tinham o que conversar.

— Cadê o seu Pokémon? — perguntou o garoto, esticando suas mangas compridas.

— Era pra ser meu, mas ele não quer saber de mim.

— Cadê ele?

— Está lá nas profundezas obscuras daquele lago — Apontou para o lago onde estava anteriormente. Os olhos curiosos e a barbatana azul de Mudkip não eram mais vistos.

 Outro minuto de silêncio percorreu o ar. O professor havia se retirado da sala para procurar em outro lugar.

— E o seu?

— O meu o quê?

— Seu Pokémon, cadê?

— Aquela gracinha está na pokébola, tirando um cochilo. Depois eu te mostro.

— Agora eu estou curioso...

— Segure sua curiosidade. Depois eu te mostro, ela é muito fofa!

— Pronto, meninos — disse o professor, trazendo duas caixas azul-marinho. Ele as colocou na mesa, cada uma em frente de um garoto.

— Tudo que vamos usar está nessa caixa? — perguntou Nathan.

— Por que não abrem?

 Os garotos puseram as mãos na tampa e retiraram. Nas caixas, haviam cinco pokébolas, e um objeto vermelho, retangular, do tamanho de um pão, para comparações. Tinha também uma imagem de pokébola estampada.

— Como podem ver, essas coisas são suas pokédex. Elas armazenam dados sobre os Pokémon que vocês verem, por isso é muito importante.

— Uau — disseram os garotos.

— Esses objetos minúsculos brancos e vermelhos são suas pokébolas. Para usarem elas, apenas apertem no botão do meio.

— Que legal! — Alven admirava os objetos novos em folha como se fossem o melhor presente que já ganhara.

— Por que não vão para o jardim? Assim poderão testar seus itens novos, e conhecer os seus pokémon.

— Certo! — disse Alven, nervoso de empolgação. Nathan examinava uma Pokébola e começou a dar passos para a área externa, sem tirar os olhos do objeto.

 Nathan e Alven dirigiram-se para o jardim. Respiraram o ar fresco e puro e se deitaram na grama.

— Certo, o que vamos fazer agora?

— Vou mostrar o meu Pokémon.

— É mesmo! — disse Nathan, em tom de surpresa.

 Alven colocou a mão no seu bolso, vasculhou um pouco e de lá retirou uma pokébola minúscula.  Balançou o objeto para chamar atenção de Nathan. O garoto já estava sentado com as pernas cruzadas sobre a grama. Alven pressionou o botão central, e a esfera se expandiu, preenchendo sua mão. Então, jogou o objeto para cima.

 Da esfera saiu um raio de luz que desceu até o solo. Uma silhueta pequena começou a aparecer, e só quando a luminosidade sumiu por completo, Nathan pode ver direito o Pokémon.

 De dentro da bola vermelha e branca saiu um Budew, criaturinha pequena e verde. Tinha o corpo redondo, e um botão de flor fechado na parte superior. Tinha um rostinho amarelo, com olhinhos pequenos. Pezinhos triangulares também amarelos e algo parecido com um babador verde abaixo do seu rosto. No geral parecia um bebê enrolado com uma coberta e um babador.

— Ela é fofinha, né?

— Não sou muito atraído pela fofura. Ele é forte?

 Neste momento Alven encarou Nathan com um olhar de desprezo.

— Ela ainda é um bebê, não é tão forte. Ainda. — Alven pegou o Pokémon no colo e começou a acariciá-lo.

A pequena grunhiu feliz, em resposta.

— Ora, vejam só, um Budew!

— É uma garotinha, na verdade.

— Professor, conhece este Pokémon?
— Sim, eu conheço. Ele é um botão de rosa.

— De rosa? — perguntou Alven.

— Com o tempo você entenderá. Por que não registraram ele em suas pokédex?

— Já que estamos aqui... — exclamou Nathan.

 Os garotos tiraram do bolso suas pokédex e apontaram para o pequeno Pokémon: “Budew, o Pokémon botão. Este Pokémon fecha o seu botão no inverno e na primavera o abre, liberando pólen. Também abre seu broto quando sente o sol quente, e vive perto de lagoas e lagos claros.”

— O nome dela é Dew.

— Que criativo! — zombou Nathan, enquanto lia as informações de sua pokédex.

— Melhor assim do que chamar pelo próprio nome da espécie, como alguns treinadores fazem. Acho isso bem estranho.

— Que seja, agora vamos cuidar do meu Pokémon. O Mudkip entrou na água e está lá até agora.

 Alven novamente olhou feio para Nathan.

— Quando foi a última vez que o viu? — perguntou o professor.

— Ele estava no lago, me olhando, enquanto eu estava indo pra dentro!

— Quando ele surgiu no lago, tinha algo em baixo dele, não é?
— Tinha uma planta, mas depois acho que ela sumiu. — disse Nathan.

— Como pode isso? — interrogou Alven.

— Não era uma planta. Era um Pokémon. Um Pokémon que ama carregar outros monstrinhos como se fosse uma plataforma.

— Vamos lá ver! Precisamos trazer Mudkip de volta.

 Fomos até a beira do lago. O professor arregaçou as mangas, mexeu um pouco na água e chamou pelo Pokémon. Longos minutos depois, o Pokémon surgiu aos poucos na superfície transparente da água. Acompanhado da mesma planta que estava antes.

 — Estão vendo essa planta que serve de plataforma para o Mudkip?

 Assentiram com a cabeça.

— Não é uma planta. É um Pokémon. Lotad, venha aqui, rapaz!

 A planta emergiu, e só assim puderam analisar melhor. Era um Pokémon azul com seis patas ao todo, cada lateral do corpo com três delas. Possuía uma larga e fina boca amarela e pequenos olhos arregalados. Uma enorme vitória-régia cobria suas costas.

— Estão vendo? Este é um Lotad! Que tal registrá-lo nas suas Pokédex também?

 Os garotos pegaram suas Pokédex e apontaram para o Lotad. “Lotad, o Pokémon Vitória-Régia. Este Pokémon vive em lagos com água limpa. Ele pode transportar pequenos Pokémon através de lagoas em suas largas folhas. Raramente viaja em terra.”.

— Descobrimos que a planta na verdade era um Pokémon, mas por que o Mudkip não queria vir comigo?

— Que coisa fofinha... — Alven admirou o Lotad, e esqueceu totalmente do que estava ao seu redor.

— A explicação é que esses dois são amigos inseparáveis... — justificou o professor.

—Mudkip está tristinho — Alven apontou para o Pokémon. Ele estava com um semblante melancólico, enquanto segurava nas bordas da vitória régia de Lotad.

— Ele não quer ir com você porque se ele ir embora, não vai mais ver o Lotad.

— Eles tem sentimentos, sabia? — retrucou Alven. Dew grunhiu para os Pokémon, que sorriam de volta.

— Então é isso, mas... espera! E se eu levar o Lotad também?

— É uma ótima ideia! Se todos vão ganhar com isso, então eu não me importo.

— Vamos, então! — exclamou Alven.

— Lotad, Mudkip, vocês concordam com isso? — perguntou o professor.

 Os Pokémon pularam e grunhiram em resposta.

 Os garotos levantaram. Ninguém conseguiu dar um passo de primeira: suas pernas estavam dormentes. Fizeram rápidos aquecimentos, então voltaram á ação. Nathan pegou uma de suas pokébolas e jogou no Lotad. O Pokémon foi convertido em luz e comportado dentro da esfera. O objeto balançou três vezes, e então sua luz se apagou, e parou de balançar. Lotad havia sido capturado.

— Aqui está a pokébola do Mudkip. É aqui que ele fica ás vezes.

— Obrigado, professor. Mudkip, retornar!

 O Pokémon olhou relutante para a esfera, mas resolveu deixar-se levar. Foi convertido em luz e absorvido pela pokébola.

— Nathan, você não deve deixar os Pokémon em suas pokébolas sempre. Deixe-os sair na maior parte do dia, para que eles possam tomar ar fresco, relaxar. Eles não gostam de ficar enclausurados nas esferas.

— Pode deixar — disse Nathan, ajeitando as pokébolas em sua mochila. Ele não se importava muito com o que os Pokémon achavam, apenas queria viajar e utilizá-los apenas quando nescessário.

— Acho que agora podemos ir, certo? — disse Alven.

— Vamos! Já está tudo na mochila.

 Os garotos pegaram seus pertences e foram embora. Alveny com sua mochila Pokémon e Dew no colo, e Nathan dando passos firmes. Ao longe, a única coisa que poderia ser ouvida eram as despedidas do professor Birch.

— Boa sorte, garotos! Desfrutem da sua jornada!

 E sumiram por entre a grama.


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Notas finais do capítulo

E aí?

Estou apenas começando, então qualquer erro, já sabem :3
Um beijo na alma e no coração ❤



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