Não havia sido tão difícil assim, nas primeiras semanas pós batalha final, seus pais haviam se trancando em seus aposentos pessoais, recebendo as refeições diretamente dos elfos, deixando Malfoy Manor afogada no mais completo silêncio.
Draco havia ficado com a casa toda para si, com todos os seus fantasmas e rincões cheios de histórias agourentas.
O herdeiro daquele montão de pedras, quadros e artefatos de origem duvidosa mandou que os elfos domésticos jogassem tudo que havia chegado com a mudança do Lorde das Trevas e seu séquito, no gramado do jardim oeste.
O sonserino estava se sentindo particularmente dramático, então colocou fogo em tudo. A fogueira tinha aproximadamente dois metros de diâmetro e as labaredas alcançavam quase a altura total da casa.
Aquele incêndio controlado era reconfortante de algum modo, como se realmente estivesse limpando o lugar de todo o mal feito naquelas paredes nos últimos anos. Uma chuva forte havia lavado as últimas cinzas do jardim e como um aviso de algo bom, fez um belo dia naquela primavera de 1998.
Um mês depois, nas vésperas de seu aniversário, o rapaz – agora ex-comensal da morte para todos que o conheciam – resolveu que precisava usar algo ainda mais intenso do que o fogo para apagar o mal que havia em si mesmo:
Então Draco Malfoy pisou pela primeira vez em um estabelecimento puramente trouxa.
***
Draco respirou o ar renovado do lado de fora da mansão, parecia que havia sido ontem que tudo acontecera: a batalha de Hogwarts, o isolamento, a vergonha... Bem, depois de um ano desde que apagara da face da Terra todas as lembranças físicas dos seus tempos de comensal da morte, o sonserino se sentia muito mais otimista com seu futuro.