Marinette saiu de casa furiosa com a situação. Mas por mais que quisesse sentir apenas fúria, a verdade é que a ideia de rever Adrien estava a mexer consigo. Não conseguia perceber o porquê, mas a visão de Adrien naquela noite continuava a persegui-la, a ocupar-lhe os sonhos, a invadir-lhe a mente em todos os momentos de distração. E isso incomodava-a! Marinette não podia admitir que um homem que ganhava a vida a despirse em cima de um palco pudesse despertar-lhe qualquer espécie de interesse. A ideia parecia-lhe tão decadente que acabava por zangar-se consigo própria sempre que pensava no assunto.

Quando chegou ao café, Alya e Adrien tinham acabado de sentar-se numa mesa virada para a rua. Marinette aproximou-se, algo sem jeito, e balbuciou:

—Boa tarde.

—Olá, Marinette! – respondeu Alya.

—Olá! – acrescentou Adrien, bastante intimidado com a situação.

Marinette não sabia o que fazer, pelo que decidiu resolver o assunto de uma vez por todas:

—Agora que estamos aqui os três, parece-me uma boa oportunidade para esclarecermos o mal-entendido que se criou.

—Bom, fui eu que dei o teu telefone ao Adrien, e ele já sabe disso. Tu não tiveste nada a ver com o assunto e a culpa foi toda minha... – disse Alya, tentando aliviar o ambiente.

—E eu peço desculpa por ter telefonado, mas pensei que tivesse concordado em dar-me o número de telefone – acrescentou Adrien, muito baixinho.

—E agora que está tudo esclarecido, podemos ir à nossa vida e esquecer o que se passoou. – disse Marinette com amargura.

Adrien ficou atónito com esta frase. Isso queria dizer que não voltaria a ver aquela mulher?

—Desculpe. Ainda queria dizer-lhe uma coisa – interrompeu Adrien.

—Sim? – respondeu Marinette. – Diga lá o que tem a dizer que eu tenho de ir-me embora.

Marinette estava a assumir uma posição defensiva, mas a verdade é que não tinha vontade nenhuma de seir embora e perder a oportunidade de saber um pouco mais sobre aquele homem.

—Queria que soubesse que não costumo meter conversa com as clientes do Danúbio Azul e que nunca telefonei para nenhuma mulher sem a conhecer. Fiz isto consigo porque fiquei fascinado com o seu olhar e porque tinha muita vontade de conhecê-la... – disse Adrien, baixinho, quase de um só fôlego. – Se quiser voltar a telefonar-me, sabe como me encontrar. Se não, respeitarei a sua decisão. Mas fique sabendo que o meu interesse por si é sério e não tem nada a ver com diversão. E só porque tenho de ganhar a vida a despir-me em frente a mulheres que gritam e se riem, fique sabendo que não faz de mim ser um malandro. Tenho sentimentos, como qualquer pessoa, e o meu erro foi mostrá-los a quem não consegue ver em mim mais do que o stripper.

E, dizendo isto, Adrien levantou-se e saiu, magoado e triste com toda aquela situação. Marinette ficou sem palavras e Alya também não disse nada, esperando pacientemente por uma reação da sua amiga.