Murilo beija garotos escrita por roux


Capítulo 2
2




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MURILO

“Tenho sido um estranho desde que nos separamos. E sinto-me tão desamparado aqui. Veja, os meus olhos estão cheios de medo. Diga-me, você sente a mesma coisa? Ponha-me nos seus braços de novo”.

Murilo ficou deitado à noite toda sem conseguir dormir. Não apagou a luz do quarto e ficou olhando o teto. Via luas, estrelas, até um cometa. Aquelas coisas estavam ali desde sua infância. Seu pai que tinha colado àqueles adesivos fosforescentes para que Murilo não ficasse com medo à noite. O garoto rolou pela cama e sorriu falando sozinho.  — Eu nem acredito nisso. Parece um sonho, em algumas horas estarei com ele. Somente eu e ele. — O garoto não parou de pensar em Daniel. E assim adormeceu.

Acordou no primeiro toque do despertador ainda estava escuro. Lá fora, eram só quatro da manhã. O garoto pulou da cama e sorriu se olhando no espelho. Ele tinha que se arrumar logo. O seu pai era pontual em tudo e as quatro e trinta saíram para a rodoviária. Correu para o banheiro do quarto e tomou um banho. Logo estava pronto em seu quarto. Olhou para si mesmo no espelho. A pele marrom claro, os cabelos cacheados e negros bagunçados. Sorriu para si mesmo. Murilo nunca foi forte, era magrinho e um pouco alto. Jogou a jaqueta jeans sobre o corpo e jogou sua grande mochila nas costas. “Pesada demais”. Pensou ele. Afinal era apenas um mês. Ficaria fora só um mês.

O garoto deu de cara com o pai que estava sentado tomando café. Olhou para o filho.

— Não vai comer nada antes de sair? — Seu Roberto perguntou olhando o filho.

— Não, pai. Estou sem fome. Acho que ansioso, mas estou levando lanche na mochila. — Ele disse sorrindo para tentar disfarçar seu nervosismo. — Eu vou levar minha mochila para o carro. Onde está a chave?

O homem indicou a mesa de centro com a cabeça, e Murilo caminhou até lá, pegou a chave e caminhou pra fora de casa. O sol já dava sinal de vida ao longe. Ele abriu a porta traseira da caminhonete e jogou a mochila lá dentro. Sorriu para si mesmo. Era o momento.

Em pouco tempo os dois estavam na estrada em direção à rodoviária de Araraquara. A viagem foi silenciosa nenhuma dos dois falou. Murilo ficou olhando a paisagem que ficava pra trás por onde o carro passava e seu pai ficou focado na estrada.

— Você vai se cuidar e tomar cuidado, né? — Perguntou o pai quando estacionou o carro.

— Eu vou sim pai. Eu sempre me cuido. Nós vamos nos falar todos os dias. Tudo bem pra você? — Murilo perguntou sorrindo para acalmar o pai.

— Eu acho bom mesmo. Assim que você chegar lá você me liga para avisar que chegou bem, e que está com o Daniel. — Seu Roberto falou sério e olhando o filho. — Eu não confio muito naquele cara. Ontem mesmo quando conversei com ele, parecia tão nem aí pra nada.

Murilo riu lembrando que na noite passada o pai havia feito perguntas realmente absurdas para o namorado do filho.

— Está bem, eu prometo. Eu vou me cuidar você não precisa se preocupar tanto, papai! — Ele tentou chamar o pai de papai para amenizar o clima.

Seu Roberto riu.

Murilo sorriu.

— Eu vou lá agora para não perder o ônibus! — Ele disse e sorriu. Sentiu vontade de abraçar o pai, mas não o fez.

— Vai lá, filhão. Não se esquece de avisar! — O homem disse.

Murilo soltou o cinto e desceu do carro. Caminhou rapidamente até a porta traseira da caminhonete e arrancou sua mochila de lá. Bateu então no carro para indicar para o pai que ele podia partir e ele então caminhou acenado em direção às plataformas da rodoviária.

O garoto olhou na sua passagem qual sua plataforma e caminhou até lá. O ônibus estava parado e o motorista estava parado na porta recolhendo as passagens e dando espaço para os passageiros subirem.

Murilo entregou sua passagem. — Bom dia! — O garoto disse sorridente.

— Bom dia, senhor. Espero que tenha uma boa viagem! — Disse o homem.

Murilo sorriu e então pegou a passagem novamente logo depois do homem ter carimbado.

Ele caminhou até o seu assento e sentou na janela. Era sua preferencia e estava torcendo para que ninguém sentasse ao seu lado. Até largou a mochila no banco vago ao seu lado. Colocou os fones no ouvido e deixou Fifth Harmony – Worth It tocando.

Just gimme you, just gimme you

Just gimme you, that's all I wanna do

And if what they say is true

If it's true, I won't get mad at you

I may talk a lot of stuff

Guaranteed, I can back it up

I think I'mma call your bluff

Hurry up, I'm walkin' out front

Não foi uma viagem longa, apena 309,1 km. Em 3h 51 min ele já estava em São Paulo. Murilo sentiu alivio quando o ônibus parou. Precisava muito ir ao banheiro e não conseguiu usar aquele do ônibus com tanto balanço. Ele preferiu ir antes ao banheiro se aliviar antes de procurar o namorado.

Entrou no banheiro do Terminal Rodoviário Tietê e entrou em uma das cabines, não iria fazer xixi no mictório com outros homens usando ao lado dele, morria de vergonha. Assim que terminou e lavou suas mãos enviou uma mensagem para o namorado pelo whatsapp. Então viu a resposta rapidamente – Estou na Entrada para a linha Azul do metrô. Você consegue se achar até aqui? – Perguntou o namorado em sua mensagem.

Murilo sentiu o coração acelerar estava tão perto. Ele respondeu – Sim – E então caminhou procurando pelas placas para se achar.

Logo avistou a entrada e saída par ao metrô. E avistou também o namorado. Estava bonito, de bermuda e uma camiseta verde do time de futebol palmeiras. Ele sorriu sozinho. O namorado não o tinha visto ainda. Era mais bonito que nas fotos. Os cabelos louros como mel, a pele bronzeada e um corpo malhado. Murilo caminhou até lá.

— Oi. — Disse Murilo segurando a mochila.

O homem em sua frente olhou para ele de cima em baixo. Ele era alguns centímetros mais baixo. E alguns anos mais velho. Diferente do que Murilo achou que aconteceria ele não o abraçou, não o beijou. Continuo olhando de cima a baixo.

— Então você é Murilo? — Ele perguntou sério.

— Sim, sou... — Murilo respondeu sem graça. Como assim? Ele não o conhecia? Não tinham se visto várias vezes pelo webcam?

Daniel olhou mais uma vez para o rosto de Murilo e suspirou.

— Você e mais alto do que achei que era. — Ele falou sério. — E mais magro.

— Eu sei... — Murilo falou sem graça, mas sorriu. — Eu estava ansioso para conhecer você, nossa a viagem foi tão longa. Eu não parei de pensar como seria esse momento que a gente olhasse um para o outro.

— Não vai dar. — Daniel disse sério passando as mãos pelos cabelos.

— O que? — Murilo perguntou confuso e olhou para namorado.

— Eu e você! Não vai rolar.

— O que? — Murilo se desesperou. — Como assim eu e você não vamos rolar?

— É meu... Pô eu não gostei. Eu não senti o que achei que iria sentir, entende mano? Eu não afim, não parece que nós temos afinidade. — O homem respondeu. — Você é novo demais.

Murilo sentiu como se o outro tivesse dado um grande soco em seu rosto.

— Mas você sempre soube que eu tenho dezessete. — Ele disse baixo do que queria. — E isso nunca foi problema, você até disse que gostava de meninos mais jovens.

— Eu sei o que disse, mas não vai dar. Eu acho melhor você comprar uma passagem de volta. Vamos lá, eu te levo até a bilheteria.  — O homem disse sério e começou a caminhar.

— Não! — Murilo quase gritou. — Como assim não dá mais? Nós namoramos e você. Não, Dani. Você não pode fazer isso comigo! O que aconteceu? Você estava tão apaixonado ontem. — Murilo falou olhando o namorado estava entrando em desespero. — Vamos até a sua casa, nós conversamos e...

— Não vamos pra minha casa, meu. Eu não vou conseguir ficar sorrindo pra uma pessoa que eu não gostei você entende isso? Vem eu vou te levar pra comprar uma passagem. — Disse Daniel mais seco que antes.

Murilo sentiu vontade de chorar.

— Não precisa. Eu sei fazer isso sozinho. Eu sei me virar sozinho. — Ele disse chorando e olhou para o loiro.

Daniel por sua vez não se abalou nem por um segundo.

— Está bem então, boa viagem. E fica bem. — Falou o loiro virando as costas e caminhando para o metrô.

Murilo olhou sério para o namorado ir embora e ficou sem saber o que fazer. As lágrimas passaram a rolar por sua face e ele caminhou até o canto. Encostou-se a parede e fechou os olhos. Encostou a cabeça no joelho e passou a chorar de verdade.

“Não, isso não pode estar acontecendo comigo. Não pode! Ele parecia tão perfeito. Ele disse que me ama. Por que fez isso? Será que sou eu? Será que ele não gostou do que viu? Mas por quê? O que será que aconteceu? Não posso ir embora. Minha família vai me ridicularizar. Eu preciso dar um jeito nisso. Eu não posso ir embora.” Pensou o garoto chorando. Então se lembrou de um garoto que ele tinha trocado uns livros. Ele era aqui de São Paulo. Murilo arrancou o celular do bolso.

— Qual era o nome mesmo? — Ele procurou pelos contatos do celular falando sozinho. Não iria lembrar o nome.

O garoto abriu sua conta no skoob no celular e olhou o garoto. Era Tomaz. Voltou e entrou logo no whatsapp para procura nos contatos. Clicou no contato do rapaz. Ele estava aparecendo online. Seria sua única esperança. Ele tentaria arranjar um lugar para passar pelo menos essa noite e depois veria o que faria.

— Oi se lembra de mim? Pode falar agora? Preciso de uma ajudinha. – Ele enviou no whatsapp e ficou olhando a tela enquanto aparecia a palavra digitando. Ele sentiu-se esperançoso pelo menos no momento.  


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