Aways Together escrita por Cristabel Fraser


Capítulo 1
Fly On


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá... boa noite a todos eis aqui mais uma one pra um desafio, rss espero que gostem e lembrando que além de ser feriado é tbm niver do amado e querido Josh (amo) rss.

Este enredo me basiei no drama que minha irmanzinha passou.

Separem a música Fly On do Coldplay, digamos que ela será a música tema do enredo... agradeço de coração as minhas lindas e queridas autoras que vem torcendo uma pela outra neste desafio: Gabi Oliveira, Sany, Paty e Yasmin bora lá lindas... boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/711600/chapter/1

Infância, o que esperar dela?

Esperar não ter preocupação alguma, ser feliz, ou ser triste tanto faz. É conseguir perdoar e aprender a esquecer mesmo alguém que te magoou e depois voltou atrás.

Tanto para Peeta quanto para Katniss nada mais importava a não ser os dois. Desde que se entendem por gente já eram melhores amigos. Um defendia o outro, apesar da garota ser mais brava que ele nesse quesito, pois enquanto Katniss partia para a briga, Peeta preferia conversar e apaziguar a situação.

Era uma bela manhã no Distrito 12 e lá no colégio Elementary School Twelve iniciava mais um dia de aula. A turma da quinta série estava eufórica, pois já, já iniciaria as férias de verão.

— Bom dia crianças, todos animados para nossa aula de música? – gritou a bela professora ao adentrar a sala de aula e antes das crianças gritarem um “sim” bem animado uma canção de seus lábios entoou – O Sr. Lobato tinha um sítio... — as crianças logo resmungaram para ela parar e fez isso – Ok, então venham já pegar seus instrumentos.

Cada um levantou-se de suas cadeiras e foram até a caixa grande à frente da sala e buscaram aquilo que mais lhes agradavam. Peeta resgatou o pandeiro, Katniss o triangulo, Delly um par de maracas e cada criança foi pegando outros instrumentos disponíveis ali, mas a filha do prefeito Madge Undersee ficou sem nenhum e a professora a chamou para sentar-se ao seu lado no antigo piano. A professora sabia que Madge tinha aulas particulares do instrumento.

Logo os dedos da professora dedilharam uma música bem animada cuja a letra dizia sobre os verdadeiros amigos, aqueles que são como estrelas e mesmo que distantes continuavam a brilhar.

A aula estava bem animada até que gentilmente a educadora pediu para alguém apresentar a música que vinham estudando no decorrer do bimestre.

— Ok, acho que vocês estão um pouco tímidos, mas por acaso teria um voluntário? – perguntou ela vendo no rosto das crianças a vergonha estampada.

De repente uma mão se ergueu bem próximo à janela. A professora sorriu e pediu para que a menina fosse até a frente e cantasse.

Logo as primeiras notas do piano iniciaram com um andamento constante e tranquilo.

Uma revoada de pássaros pairando acima, apenas uma revoada de pássaros. É assim que você pensa no amor... — Katniss com sua doce voz cantava as primeiras linhas da canção “Voe”. Cada um prestava atenção nela e na professora que continuava a dedilhar com maestria as teclas do instrumento - Eu sempre olho para o céu, rezo antes do amanhecer, porque eles sempre voam. Num minuto eles chegam e logo depois se vão... voam. Então voe, cavalgue, um dia talvez eu voarei ao seu lado. Voe, cavalgue, um dia talvez eu possa voar com você... voe.— vez em quando Katniss olhava em direção de seu amigo, companheiro de sempre, mas a atenção do garoto intercalava-se entre ela e os tordos que pairavam nos galhos da velha árvore ali fora.

Quando ela terminou a professora bateu palma e a sala a acompanhou. Katniss sorriu envergonhada e quando voltou para seu lugar o amigo cochichou:

— Niss, eles pararam para te escutar.

— Você, ainda insisti nisso, Pee? – há um tempo o garoto tinha dito isso, mas ela mesma não acreditou em nada daquilo, mesmo sabendo que ele nunca mentia.

— É, sério, mais tarde vamos até à casa da árvore e vai ver que estou falando a verdade.

O restante das aulas fora tranquilo. Peta e Katniss estavam sentados lado a lado no ônibus escolar, ambos rindo de alguma anedota que Thom da sexta série estava contando aos outros garotos sobre a professora de Literatura.

— Ei, Mellark se arranca daí que é meu lugar! – disse Gale entredentes ao garoto.

— Se arranca você Hawthorne, aqui não é seu lugar, nunca sentou aqui e por que será agora? – antes que o loirinho dissesse algo sua amiga de sempre interviu.

— E, você Catnip fica andando com esse perdedor para cima e para baixo. – retrucou ele.

— Perdedor é você, seu cara de meia tigela. – nesse momento Katniss se encontrava em pé quase passando por cima de seu amigo para atacar o garoto da sexta série que tinha o dobro de seu tamanho.

— Niss, deixa ele. – pediu Peeta tranquilamente.

— É isso aí Catnip, deixe seu namoradinho se defender sozinho... – ele contorceu o rosto em algumas caretas e tornou a falar: – Ah, agora a menininha vai chorar?

— Eu, não choro por garotos bobões, cara de coruja seca como você! – ela vincou a testa cuspindo as palavras.

— Ei, crianças vamos parar com isso. – o motorista do ônibus disse se aproximando deles – Hawthorne, vá sentar-se no lugar de sempre e pare de enfrentar garotos com menos idade que você. – disse apontando para o fundo do veículo, pois era ali que Gale sempre sentava, mas por algum motivo queria encrencar com o Mellark, mas a Everdeen acabou atrapalhando tudo.

O ônibus começou a se locomover e Katniss ajoelhou-se em seu acento virando o corpo para trás e mostrando a língua para o garoto valentão.

— Niss, pare já com isso. Sabe que se minha mãe for chamada na escola por causa de algum problema, quem levará uma surra dela sou eu.

Logo a menina se aquietou, sabia que a Sra. Mellark não era flor que se cheire.

— Peeta, que horas nos encontraremos na casa da árvore? – Katniss ajeitou a mochila nas costas assim que desceram do ônibus.

— Não sei, primeiro tenho que ver se papai precisa de mim na padaria. – disse ele lamentando.

— Ah, pare Peeta seu pai irá entender se disser que temos uma missão a cumprir. – ela parou na estrada que levava até o centro, onde ficava a padaria, o pequeno hospital e os demais comércios.

— Tudo bem, Niss. Conversarei com ele e já, já apareço em sua casa. – Katniss o puxou para um abraço de urso e logo ele gemeu pelo aperto.

Os dois moravam num condomínio chamado Vila dos Vitoriosos, mas os dias que Peeta achava que o pai precisaria dele na padaria descia do ônibus escolar e caminhava direto para lá ao invés de ir para casa. A escola onde estudavam ficava a alguns quilômetros de onde moravam.

(...)

— Eles param para me escutar cantar mesmo. Você estava certo, Peeta. – disse Katniss depois de cantar uma estrofe da canção que havia cantado na aula de música.

— Eu sempre estou certo, Niss. – ele estufou o peito ao pronunciar as palavras.

— Que seja, mas o que faremos se o Ogro Caçador nos enfrentar novamente? Temos que armar um plano.  – ela pôs a mão sobre o queixo como se maquinasse algo.

— Que Ogro Caçador? – perguntou Peeta inocente, enquanto sua amiga revirou os olhos.

— Abra sua imaginação, Peeta Mellark. Gale Hawthorne é o Ogro, não percebe? – explicou.

— Ah... mas vamos deixa-lo para lá, não vale a pena revidar.

— Está com medo? – desafiou ela.

— Medo não, só não quero nos meter em encrencas. – tudo o que, o garoto dizia era com a mais e pura sinceridade, aprendera com o pai que a violência não o levaria a lugar nenhum – Que tal nós fazermos algumas pinturas nas paredes da nossa casa?

Eles tinham feito uma promessa quando tinham sete anos de idade. O Sr. Everdeen tinha acabado de construir a casa da árvore num bosque bem perto de onde moravam. Peeta disse a Katniss que deveriam se casar e que ali seria o lar deles e no futuro de seus filhos. Parecia uma promessa boba, mas assim que a garota pegou um vestido de sua mãe escondido, um tule que era usado para cobrir os alimentos exposto na mesa, um sapato branco maior que seu pé e algumas flores no jardim, tudo parecia a maior realidade do momento. Já, Peeta sequestrou o antigo paletó preto do pai no guarda-roupa, uma gravata que aparentemente combinou com o azul de seus olhos e na padaria pegou dois aros pequenos dourados que o pai usava para decorar alguns suspiros e doces expostos na vitrine da padaria e rumou para a capela onde a velha senhora Greasy Sea esperava para iniciar a cerimonia secreta.

Estava uma bela tarde ensolarada quando fizeram seus votos de nunca se separarem e jamais deixar que nada os atrapalhasse. O pequeno aro coube quase que perfeitamente no anelar da pequena Everdeen e no dedo de Peeta se encaixou perfeitamente.

— Tenho uma ideia melhor, Peeta. – disse ela se levantando rapidamente do chão da casinha de madeira no alto da árvore onde a pouco os tordos se encontravam nos galhos ouvindo ela cantar – Vamos treinar para a corrida de sexta-feira. – sorriu empolgada.

— Katniss, já disse que minha mãe não quer que eu participe da maratona de corrida. – ele se levantou e olhou entristecido para a amiga.

— Mas puxa vida Peeta, você tem que ser meu parceiro em tudo, lembra? – a garota o encarou com indignação.

— Eu sei, mas nem tudo podemos fazer juntos. Tipo, não podemos tomar banho sem roupa juntos, não...

— Tá, já entendi, não precisa me explicar. – Katniss caminhou até o tronco e começou a descer da casa.

— Onde você vai? – perguntou ele sem entender nada.

— Preciso treinar, ou não vencerei a corrida. Lembre-se o que o professor Abernathy disse que, sem treino não venceremos nada, nem ao menos chegaremos em segundo lugar. – Peeta pensou por alguns instantes enquanto Katniss já descia dali.

— Espere, vou treinar com você! – o garoto desceu o mais depressa que pôde e olhou diretamente no olhos da amiga – Não te deixarei sozinho nessa... lembre-se: Sempre Juntos.

Essa era a principal frase da promessa que tinham feito no simbólico casamento, de nunca se separarem.

— Você é o melhor companheiro que uma garota poderia ter. Ainda bem que, você é só meu. – ela sorriu vitoriosa enquanto as bochechas do garoto em sua frente se avermelharam.

Dito aquilo se posicionaram, lado a lado na trilha do bosque que dava em direção a Vila dos Vitoriosos e contaram: um, dois três... e correram como nunca.

— Você vai ganhar a corrida, Niss. – declarou um Peeta ofegante.

— Você também iria se corresse um pouco mais rápido. – Katniss se exibiu.

— Ei, não sou o The Flash dos quadrinhos, sou apenas um garoto normal.

— Já entendi... quer jantar lá em casa hoje à noite? Mamãe preparará o famoso ganso assado.

— Desculpa, mas hoje não vai dar, tenho que terminar minha lição de casa, ou já sabe o que me acontecerá. – ela realmente sabia que a mãe de seu amigo não perdoava nada – Passei a tarde toda com você Niss e não deu tempo nem de abrir o caderno.

— Podemos fazer juntos, o que acha? – sugeriu sorrindo descaradamente.

— Hum... não sei... – ele coçou a nuca pensando nas alternativas que tinha, mas Katniss com sua natureza efusiva foi mais rápida e o arrastou até a casa de seu vizinho entrando pela porta principal.

— Boa tarde Sra. Mellark, o Peeta pode jantar em casa hoje? – perguntou depois de procurar a mulher pela casa e a encontrou na cozinha já começando a preparar algo também.

— Já fez a lição de casa? – perguntou para o filho.

— Ainda não mãe, mas vamos fazer juntos.

— Nunca se desgrudam, não é? – a mulher franziu a testa entediada – Antes de ir Peeta quero que ligue a irrigação da horta para mim.

— Obrigada, Sra. Mellark, hoje a senhora está muito bonita. – elogiou Katniss travessa demonstrando uma janelinha entre seus dentes.

— Vão logo antes que eu mude de ideia. – não precisou que mandasse uma segunda vez e saíram correndo dali. Peeta buscou sua mochila no quarto, depois ligou a irrigação e quando saiu pelo pequeno portão dos fundos trombou com seu irmão mais velho que retornava da padaria.

Terminaram as lições escolares e em seguida a pequena Primrose de sete anos pediu para o garoto loiro desenhar para ela.

— Crianças, lavem as mãos para jantarem. – a Sra. Everdeen apontou na entrada da sala e ordenou.

Os três levantaram correndo do carpete e se direcionaram até o pequeno lavabo e lavaram as mãos.

— Katniss. – Peeta chamou pela amiga aos cochichos.

— Oi. – respondeu ela no mesmo tom de voz.

— Será que quando crescermos e nos casarmos oficialmente, seremos como seus pais? – perguntou o loiro observando os pais de sua amiga junto a pia lavando a louça do jantar.

— Claro que vamos, ou você acha que além de preparar o jantar para você terei que lavar toda a louça sozinha! – ela torceu os lábios de forma engraçada.

— Eu não quis dizer isso... quis dizer que, sentiremos um pelo outro o mesmo que eles sentem? – então Katniss refletiu e finalmente entendeu o que Peeta queria dizer. Todo fim de tarde quando o Sr. Everdeen chegava do trabalho, sua mãe já o aguardava na entrada da casa e tinham um pequeno ritual dele a colocar sobre seu colo e perguntar como tinha sido seu dia. Aquilo se chamava Amor Verdadeiro. Katniss olhou para o amigo que continuava compenetrado no casal que lavava a louça e pensou que talvez, dali a seis ou sete anos queria entrar em uma capela vestindo um lindo vestido de noiva, olhar para frente e ver seu Peeta sorrindo tão lindamente como sempre.

— Peeta... – chamou ela ainda cochichando.

— O que? – ele desviou os olhos da pia na direção dela.

— Sim, nós sentiremos isso um pelo outro. – o garoto sorriu daquele modo que ela ficava encantada, de modo que a covinha em seu queixo se tornava mais evidente.

(...)

O dia da corrida tinha chego e a pequena Everdeen estava empolgadíssima, pois a corrida seria mista – garotas e garotos – e haveriam um casal vencedor e, em sua cabecinha já declarava ela e Peeta como vencedores.

— Preparados, crianças? – gritou o professor de Educação Física Haymitch ou tio Hay como todos o chamavam.

E assim que foi dada a largada. Todos corriam incessantemente, mas na metade do caminho Peeta reduziu a corrida sentindo algo diferente.

— Não para Peeta... corre... vem! – Katniss gritou olhando para trás e vendo o garoto cair inconsciente no chão.

No mesmo instante ela arregalou os olhos e correu até ele, o professor Haymitch já se encontrava ajoelhado ao lado de Peeta vendo que o tórax do garoto não estava tão ritmado.

— Chamem o Sr. Odair. – Finnick Odair era um salva vidas e tinha se mudado há pouco tempo com sua esposa e filha para o Distrito 12, pois antes residiam no Distrito 4.

— Afastem-se! – Finnick se ajoelhou e começou a pressionar as mãos sobre o peito do garoto, Katniss observava tudo já com lágrimas em seus olhos, nunca tinha visto o amigo daquele jeito. Agora o homem fazia respiração boca a boca enquanto clamava: - Vamos garoto reaja!

— Peeta, acorda... – Katniss se aproximou e chamava por ele.

— Vamos Peeta, reaja, volte para seus amigos. – Finnick continuava clamando e, nesse momento uma ambulância já havia sido solicitada que, por incrível que pareça não demorou a chegar.

Os paramédicos desceram carregando uma maca e alguns aparelhos. Colocaram o corpo do garoto sobre o suporte e logo um dos homens de branco abriu a boca do menino e encaixou um tubo do aparelho de respiração artificial. Aos poucos foram estabilizando-o, mas não tinham tempo a perder Peeta precisava urgentemente de ser levado para o hospital.

Finnick trocou algumas poucas palavras com o professor Abernathy e subiu na traseira da ambulância.

— Eu quero ir junto! – Katniss gritou correndo atrás do veículo de socorro que já se afastava com velocidade.

— Não pode ir, queridinha. – Haymitch a segurou pelos ombros.

— Me larga! Eu tenho que ir, porque prometemos estarmos sempre juntos... – ela se debatia ainda chorando tentando se desvencilhar do professor.

— Acalme-se, você poderá ver o garoto de novo, mas tem que esperar.

Katniss não se importou com as outras crianças que a observavam, simplesmente ela berrava com desespero chamando pelo amigo. Como última opção pediu para ir para casa. A senhora Greasy Sea cuidava dela e da Prim enquanto a mãe trabalhava como enfermeira no hospital. A senhora chegou na escola para buscar Katniss que ainda chorava e logo estavam em casa.

— Tome esse chá menina, irá se sentir melhor. – a menina que estava deitada no chão da sala com a cabeça na almofada favorita do amigo levantou e olhou para Greasy com um semblante interrogativo.

— Tem açúcar no chá? – Greasy sorriu e negou.

Desde que Peeta dissera a Katniss que tomava chá sem açúcar ela nunca mais quis saber de beber o liquido adoçado. Depois de tomar todo o conteúdo ela desabou no sofá e dormiu. Sua cabeça doía de tanto que tinha chorado.

— Ele foi levado para a Capital e ainda não sabem se terá alguma chance?

Seria mais um sonho ruim que Katniss estava tendo?

Ela abriu os olhos confusa. Sentou-se sobre o sofá que dormia há pouco e logo os olhos azuis de sua mãe a fitaram de um modo estranho.

— Mãe... cadê o Peeta?

A mulher de cabelos claros sentou-se ao seu lado e acariciou os cabelos ondulados e escuros que antes se encontrava trançado.

— Katniss... Peeta não está se sentindo bem...

— Quero ir ver ele. – declarou ela levantando-se.

— Ele não está aqui querida...

— Eu sei, eu quero ir agora mesmo para a Capital. Ligue para a tia Effie me buscar no aeroporto. – de forma alguma deixava sua mãe lhe explicar a atual situação.

— Meu bem, o que sua mãe quer dizer é que o coração do Peeta parou e agora terão que fazer uma cirurgia muito arriscada e ele pode não retornar. – Greasy foi o mais transparente.

— Não Greasy, ele tem que retornar, nós vamos nos casar de verdade um dia e iremos morar na casa da árvore, ele não pode morrer... ele pode me deixar aqui sozinha... – a senhora abraçou o corpo da menina que voltava a tremer por causa do choro excessivo.

(...)

A Sra. Everdeen amava demais sua filha para vê-la sofrer mesmo que ainda tão pequena, mal sabia que a vida era cheia de surpresas tanto boas quanto ruins. Sendo assim passado um dia a mulher tinha conseguido tirar alguns dias de licença do hospital e no primeiro Aerodeslizador rumou para a Capital junto de sua menina mais velha. Prim tinha ficado aos cuidados da Sra. Sea.

Effie era irmã da mãe de Katniss e assim que as buscou no aeroporto dirigiram-se diretamente para um dos melhores hospitais de toda Panem, o *Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Era um hospital de estudos especializados somente em coração. Estudantes de medicina do país inteiro passavam por ali, ano após ano para se especializarem melhor em suas áreas.

Chegaram até a recepção e se identificaram e infelizmente só autorizados poderiam saber informações.

— Darei um jeitinho nisso. – Effie buscou pelo seu sofisticado celular e ligou para a mãe do garoto que souberam que era a acompanhante do filho – Aqui é, Effie Trinket. Desça imediatamente aqui, pois minha sobrinha está inconsolável.

A Sra. Mellark prontamente atendeu ao pedido e assim que avistou Katniss a abraçou.

— Antes de ir para a mesa de cirurgia, Peeta conseguiu fazer um último pedido de você ir até ele assim que fosse possível.

Os olhos da pequena brilharam com uma chama de esperança. Peeta se encontrava na UTI do enorme prédio, mas com muito, muito custo, deixaram ela entrar no horário de visita acompanhada pela mãe do garoto.

Ali era um lugar frio e sem vida. O cheiro hospitalar estava impregnado por todo o ambiente. Ao canto próxima à janela o corpo de seu amigo parecia inerte. Ela aproximou cautelosa à cama e viu que Peeta se encontrava sem camisa, com um tubo em sua boca, em seu nariz havia dois caninhos que o ajudavam a respirar, vários fios estavam conectados ao seu peito. Suas bochechas se encontravam bem coradas por conta da transfusão de sangue que recebeu seguida da cirurgia, mas o que mais lhe chamou a atenção fora o curativo de aproximadamente 17 cm em seu peito.

Ela queria ser forte, queria não chorar, mas fora inevitável. Logo seus olhos cinzentos banhavam-se em lágrimas quentes. Era triste demais, a vida parecia injusta. Em um momento ter um amigo querido sorrindo para você e no outro aparentar sem vida, desconectado ao mundo real.

Os dias no apartamento da tia Effie foram entediantes. A tia de cabelos louros dourados tentava de tudo para animar a sobrinha, mas era impossível de agradar a garota até que em uma tarde a Sra. Mellark comunicara com a Srta. Trinket dizendo que Peeta tinha acordado e chamava pela amiga.

— Peeta... Peeta estou aqui! – entrou ela saltitando no quarto da enfermaria que por um milagre, Peeta tinha resistido bem o período pós-cirurgia.

— Você está horrível, o que aconteceu? – perguntou ele com a voz rouca e fraca.

— Eu não vou nem te responder essa, mas que bom que acordou. Fiquei tão desesperada...

— Katniss eu não sei se voltarei para o 12... – nesse momento os dois encontravam-se sozinhos, mas a mãe de ambos estava parada à porta.

— Ficou louco, claro que vai voltar! – ela estava querendo ficar brava – Temos que crescer, nos casar... – pensou por um instante – Eu farei o seu jantar preferido e vai me ajudar a lavar a louça, lembra? Sempre juntos...— divagou.

— Não está entendendo, eles praticamente tiraram o coração de dentro do meu peito para fecharem alguns buracos que não fecharam com o tempo. – Peeta havia nascido com pequenos sopros no coração, mas o médico na época disse que as fissuras se fechariam com o tempo. O garoto não poderia fazer excesso de esforço físico ao longo dos anos - segundo o médico-, mas acontece que não foi assim, um dos sopros não se fechou e só agravou depois daquela corrida, acarretando uma parada em seu coração.

— Peeta, você tem que ficar bem, seu coração tem que sarar... – os olhos da garota se encheram de lágrimas e ele odiava a fazer chorar.

— Por favor, não chore... – pediu e logo pensou em algo - Katniss, se algo acontecer, saiba que ele sempre será seu.

— Do que está falando? – ela se fez de confusa.

— Meu coração... saiba que ele sempre será seu.

— Eu proíbo você de dizer que vai acontecer alguma coisa, Peeta Mellark. – disse mandona o que fez ele levantar as sobrancelhas e com certo esforço levar sua mão de encontro a dela que, prontamente segurou firme.

— Eu gosto muito de você, sabia? – ele sorriu fraco.

— Também gosto muito de você. – Katniss retribuiu o sorriso.

— Niss... me faz um favor? – pediu com a voz cansada.

— O que quiser.

— Cante.

Prontamente atendeu ao pedido lembrando da canção que se tornara a favorita dos dois.

Uma revoada de pássaros pairando acima, apenas uma revoada de pássaros. É assim que você pensa no amor... — Katniss começou a cantar suavemente lembrando do compasso do piano em sua mente - Eu sempre olho para o céu, rezo antes do amanhecer, porque eles sempre voam. Num minuto eles chegam e logo depois se vão... voam. Então voe, cavalgue, um dia talvez eu voarei ao seu lado. Voe, cavalgue, um dia talvez eu possa voar com você... voe.— ao terminar de cantar viu que Peeta tinha os olhos fechado e no canto de seu rosto uma solitária lágrima escorria sobre a pele branca.

(...)

Um ano depois...

— Faltam cinco anos. – afirmou ela.

— Cinco anos para que? – desdenhou movimentando os pés sobre a água fresca do lago.

— Para nos casarmos, ora! Você mesmo não disse que, quando fizéssemos 17 anos, após nossa formatura, iríamos até ao Edifício da Justiça e daríamos entrada com a papelada? – ela estava começando a se irritar, ele adorava vê-la brava.

Há algum tempo Peeta perguntou para o pai como fazia para se casar e, logo ele explicou ao filho sobre ir ao Edifício da Justiça e dar entrada com a documentação.

— Sim, eu disse isso mesmo... isso é se, meu coração aguentar até lá. – ele sentiu um tapa leve em seu ombro.

— Seu bobo, nem ouse falar algo assim. O médico disse que o único vestígio que restou foi o prolapso mitral, ao qual você não morrerá por causa dele. – logo ela sentiu o abraço apertado do amigo.

— Vem, vamos dar mais um mergulho e retornar para casa, hoje você jantará em casa. Minha mãe está preparando galinhada. – de repente Katniss sentiu um ronco no estômago, a mãe do Mellark podia ser brava, mas cozinhava tão bem quanto sua mãe.

— Quem mergulhar por último é um bobo. – disse a garota beijando o rosto rosado do amigo em seguida pulando na água fresca para aliviar o calor do verão feroz que estava sendo naquele ano.

— Assim não vale. Você roubou... me distraiu! – gritou ele mergulhando logo atrás dela.

Eles continuariam com esta amizade por muitos, muitos anos. Tinham uma promessa de sempre juntos estar. Sempre juntos, não importasse a hora e nem o lugar.

FIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - é realmente um hospital onde se estuda tudo relacionado ao coração, este hospital localiza-se em São Paulo, Capital.

Espero que tenham gostado e até a próxima cheirosos ;)

Um grande abraço a todos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aways Together" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.