Estranhos pesadelos escrita por Tarantula


Capítulo 1
Voltando para casa




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Aquele dia parecia um dia muito feliz. A mãe de Miranda segurava sua mãozinha enquanto caminhavam pela calcada naquele dia de sol. Eles iam à casa de uma amiga. Era aniversário de cinco anos de Miranda, e ela ia receber um presente. Já depois de ter chegado, ela recebe um boneco grande, quase do tamanho dela. Ela mal podia esconder a sua felicidade. Voltou para casa tão alegre, e durante todo aquele ano, aquele boneco ficou sempre junto dela.

            Até que um dia Miranda teve um pesadelo que nunca iria esquecer. Nele ela caminhava para casa e em frente a ela, vê seu boneco pela porta aberta, lá ele vira a cabeça, e por intuição, Miranda sabia que sua mãe estava morta dentro de casa. Era um pesadelo e o terror que sentia lhe dizia mais do que podia ver. Ainda olhando a porta, ela tentou gritar, mas sua voz não saia, e não conseguia correr.

            Então, de repente, acordou e ficou tremendo na cama. Ficou tentando convencer a si mesma de que aquilo era só um pesadelo, mas ela olhou para a esquerda e lá está o seu boneco sentando encima da cômoda e ele lhe mostrou uma cara de mau. Ela desmaiou, mas não sabia se aquilo foi apenas parte do pesadelo também.

            De manhã, ainda sentindo o terror da noite que passou, ela contou para os seus pais sobre o pesadelo. Eles tentam a acalmar, e também decidem trancar o boneco em um armário. Talvez esse fosse só um pesadelo que ela ira esquecer e depois ficaria querendo o boneco de volta. Foi isso que os pais dela achavam.

            Uma semana depois daquela noite, Miranda voltava pra casa com seus primos quando encontrou sua casa cercada por policias. Seu pai a estava esperando na calçada e foi correndo a abraçar. Seu rosto estava completamente vermelho e muito triste. Mirando começou a chorar, ela estava em pânico, mas não tinha ideia do que tinha acontecido. Ele pediu para sua irmã a levar para casa. Miranda não queria, mas ele insistiu e ela ficou olhando para ele enquanto se afastava mais e mais sendo puxada pela mão da sua tia.

            Sua mãe tinha sofrido um acidente em casa, ela tinha sido eletrocutada por um secador de cabelos enquanto o usava no banheiro. Essa informação Miranda só foi saber muito tempo depois. A causa de morte da sua mãe ficou apenas conhecida como acidente, mas nenhum especifico. Não queriam a assustar. Mas o caixão fechado no dia do enterro a deixou muito assustada, ela só conseguia imaginar como ela estava lá dentro.

Trinta anos mais tarde

            - Pedro, o que está olhando?

            Ele desencosta a testa do vidro do carro e olha para sua mãe. Nem estava reparando nela. Era como se estivesse dentro de um sonho olhando a paisagem.

            - Sonhando acordado... talvez.

            - Talvez? – Ela sorri perguntando isso. -  O que estava imaginando?

            Ele volta a olhar lá fora enquanto reponde a sua mãe.

            - Sei lá. Como vai ser na casa do vovô e se vai ser melhor que a nossa casa.

            Ela escuta aquilo e sente tristeza. Pensa em responder, mas fica quieta. “É apenas provisório.”, ela diz em pensamento. Vira a cabeça para olhar novamente o seu filho e dessa vez ele a estava encarando.

            - Como você acha que vai ser mamãe?

            Ela volta a olhar a estrada e responde:

            - Vai ser muito bom, foi naquela casa que eu tive as melhores lembranças da minha infância.  – “Foi naquela outra que eu tive as piores...”

            Miranda  passou os últimas anos ainda traumatizada. Durante a infância ela tinha se convencido que o boneco tinha matado a sua mãe. Freqüentou psicólogos e isso a ajudou por um tempo. Quando adolescente achava que estava melhor, mas nunca superou seu trauma com bonecos, sabia agora como sua mãe tinha morrido, mas sentia um medo irracional sempre que via um.

            Apesar de tudo que aconteceu, e menos traumatizada pela morte da sua mãe, Miranda tentou levar uma vida de adulta normal. Com vinte oito anos casou-se e sentia-se feliz. Dois anos depois tiveram um filho. Mas o casamento começou a ir mal. A empresa que eles eram donos estava falindo. Sem dinheiro para se mudar para outro lugar depois de separar-se, Miranda resolve ir morar por um tempo com o seu pai.

            Chegando lá na casa, ela e seu filho, arrumam suas e seu pau a tenta fazer se sentir confortável. Ela sentia tanta saudade dele. Era bom passar um tempo em casa de novo. Talvez não fosse ruim ficar por lá.

            No dia seguinte a chegada dos dois. Pedro está na sala brincando com seus carrinhos na sala. Sua mãe não estava em casa e seu avô estava do lado de fora arrumando o jardim. Como estava ali dentro sozinho, ele pensou em explorar mais a casa e começa e olhar tudo e abrir todas as portas que encontrava. No andar de cima, vai entrando em todos os quartos e abrindo todos os armários. Ele se assustou ao ver, dentro de um, muitas roupas de mulher. Aquelas não eram as roupas da sua mãe, e ele tinha certeza que seu avô não usaria aquilo.

            Ainda explorando, ele encontra um quartinho de bagunças. Está escuro e ele resolve ligar a luz. A maior parte das coisas estava coberta por um plástico empoeirado. Ele teve que colocar a mãe no nariz para respirar melhor, mas começou a coçar, e depois teve vontade de espirar. No fundo desse quarto tinha um armário, e ele quis saber o que tinha dentro. Puxou a porta, mas parecia que estava trancada. Puxou uma segunda vez, com mais força, e mesmo assim não conseguiu abrir.

            Ele virou as costas e foi deixando o quarto, desligou a luz e ia fechar a porta, mas ouviu um rangido. Ligou a luz novamente e procurou de onde podia ter vindo aquele barulho. Logo seus olhos encontraram o armário e a porta dele estava um pouco aberta. Foi lentamente ver o que tinha lá dentro, e ao abrir a porta viu um boneco.

            Pegou o boneco e ficou olhando para ele. Fechou a porta do armário. Foi em direção à porta do quarto, desligou a luz e desceu para a sala ainda carregando o brinquedo. Ficou feliz de tê-lo encontrado, agora tinha mais do que carrinhos para brincar. Seus outros brinquedos tinham ficado na casa do seu pai.

            Miranda tinha ido se encontrar com o seu advogado. A questão do seu divorcio já estava quase resolvida. Ela estava aliviada e voltou para a casa do seu pai pensando em como seria bom o seu novo começo. Todas as angustias do passado e as brigas do seu casamento seriam deixadas para trás. A culpa da falência da empresa era toda do seu ex-marido, que a administrava muito mal, e Miranda tinha que sempre resolver todos os problemas que ele causava.

            - Filha, como foram as coisas lá? – Seu pai perguntou quando a viu encontrando no quintal. Ele sentava de joelhos colocando novas mudas no jardim.

            - Está tudo bem, Pai. Tudo está indo bem, menos preocupação para minha cabeça. Estou mais tranqüila. – Ela sorriu e o seu pai também. – Onde está o Pedro?

            - Na sala, brincando.

            Ela encontrou dentro de casa e procurou por seu filho. Ele não estava na sala.

            - Pedro?

            - Estou aqui, mamãe. – Ele respondeu. E sua voz vinha da cozinha.

            Ela foi até lá, e ele estava preparando um sanduíche. Vai até ele para lhe dar um abraço. Fecha os olhos, o apertando bem forte.

            - Ai, mamãe, está me apertando.

            Ela ri, e responde:

            - Eu quero ficar grudadinha em você.

            Já largando o seu filho, ela abre os olhos e vê sentando em uma cadeira um boneco, mas não era qualquer um. Ela sabia qual era.

            Ela se afastou do seu filho e começou a entrar em pânico. O boneco parecia que a estava encarando.

            - Onde você encontrou esse boneco?

            Pedro olha pra trás e responde:

            - Ah, eu encontrei ele dentro de um armário.

            Miranda continuou quieta. Seu filho ficou a olhando.

            - O que aconteceu mamãe? Você está estranha.

            Ela vai até lá fora e procura por seu pai. Ele ainda está de joelhos plantando. Ela está ofegante e tenta se acalmar.

            - Pai, você lembra daquele boneco que eu tinha que você trancou no armário?

            - Sim. O que tem ele?

            - Por que você ainda o guardou durante todo esse tempo?

            - Eu não guardei. Eu joguei fora quando você tinha dez anos.

            Miranda arregalou os olhos. Estava paralisada. Queria falar alguma coisa com o seu pai, mas não saia nada da sua boca.


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