A Cavaleira de Altaer escrita por Anna Tyler


Capítulo 1
Minha história


Notas iniciais do capítulo

Oioi gente!
Esse é o background (história) da minha personagem. Por mais que o mundo não fique claro logo de cara, vocês irão entender melhor conforme a história for se desenrolando e com spin offs que serão acrescentados simultaneamente!



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Meu nome é Arthuria Pendragon. Nasci no Ducado Central do antigo reino de Altaer e fui criada lá durante toda minha vida. Quando menos esperava, tudo mudou para mim.

Tudo começou quando eu nasci. Como meu parto foi quase tão difícil quanto do meu irmão, minha mãe acabou vendo espíritos agourentos. Pra evitar que a Deusa Farasma me impedisse de viver, ela fez uma promessa dizendo que, quando eu virasse mulher, eu usaria um véu que cobre meu rosto pelo resto da minha vida.

 Meu pai Uther, que era Conde de Stormhold, estava na guerra durante meu parto. Quando chegou e descobriu que era uma menina, ele ficou aliviado. Ele tinha se ferido gravemente na guerra e tinha conseguido o aval do Arquiduque para se “aposentar”. Infelizmente, 3 anos depois de eu nascer, minha mãe deu a luz ao meu irmão Henry. A alegria inicial foi incrível. Fiquei apaixonada pelo meu irmãozinho assim que o vi. Mas a felicidade dos meus pais foi acabando conforme Henry foi crescendo. Diferente de mim, Henry teve um leve retardamento pra aprender coisas básicas e, conforme foi se desenvolvendo, descobrimos que ele era um gentil*. Como pra sociedade isso era vergonhoso, meus pais tomaram a decisão de escondê-lo do mundo. Me tornei sua única companhia e a única pessoa por quem ele se sentia realmente amado.

Durante toda minha vida, Damas de companhia foram designadas a mim, mas eu sempre espantava todas, sempre tive um gênio difícil. Até o dia em que a Freya apareceu. Ela era doce, gentil e amorosa. Ela era bem mais que uma dama de companhia pra mim e, depois, quando me confiou o maior segredo que valia sua vida, eu tive certeza disso. Freya era uma bruxa. Ela sempre usou seus conhecimentos para cuidar de mim e nunca me deixar adoecer. Acho que sempre tive uma saúde de boi por conta dos tônicos que Freya me dava antes de dormir.

Eu também tive um amigo, acredito que seja o amor da minha vida, uma pena que nunca poderemos ficar juntos. Ele me ensinou a cavalgar e a cuidar de cavalos. Também me ensinou a lutar um pouco com espadas, mas só o básico mesmo. Foi junto dele que escolhi meu cavalo, Phillip. Ele É muito especial, consigo sempre saber o que ele está pensando e sinto que ele também sabe. Também sinto que seja meu melhor amigo.

Quando fiz 15 anos, uma guerra civil começou no Ducado. Como o assunto era bem sério, meu pai recebeu uma carta convocando meu irmão pra guerra. Ninguém o conhecia, ninguém sabia o nome dele, mas sabiam que ele existia e foi o suficiente pra acabar com o pouco de paz que restava no meu lar. Eu gritei, chorei, fiz cena pro meu pai e implorei pra que ele não mandasse o Henry para a Guerra, mas ele não tinha escolha.

Foi aí que minha vida começou a mudar.

Pedi pro Henry se cuidar. Dei um beijo em sua testa e finalmente tomei coragem pra tirar meu véu. Empacotei algumas roupas do meu irmão, alguns tônicos da Freya e um medalhão da família e peguei a carta de alistamento junto com a armadura antiga de meu pai.

Tomei como exemplo todas as histórias de Iomedae que Freya me contava. Decidi que iria por em prática todos os meus ensinamentos  e iria defender minha família e meus iguais. Fui ao estábulo, acordei meu amigo e expliquei a mesma coisa que havia explicado à Freya. Por mais que ele tenha implorado pra eu não ir, eu sabia qual era a coisa certa a fazer. Meu coração vacilou em muitos momentos, mas eu não podia fraquejar. Cruzei a porta do castelo sem olhar para trás e segui em direção ao castelo do Arquiduque.

Meus pais não demoraram a sentir minha falta, nem da armadura e muito menos da carta, mas quando perceberam de fato o que havia acontecido era tarde demais. Eu já tinha prestado juramento ao arquiduque e, se meu segredo fosse revelado, eu seria executada por perjúrio. A única coisa que meus pais puderam fazer foi me declarar como morta e apresentar o filho deles para o mundo: Arthur Pendragon. O novo herdeiro de Stormhold e o mais novo escudeiro do cavaleiro Gorlois.

Junto de Sir Gorlois fui enviada para o torreão fronteiriço de Ravenmark e servi como primeiro oficial nos meus primeiros dias no castelo. Como se minha vida não estivesse suficientemente caótica, em uma das madrugadas o torreão foi sitiado pelos Orcs do Clã do Trovão. Conseguimos defender nos dois primeiros dias a murada externa, porém, de repente, enquanto Gorlois dava ordens de acordo com sua estratégia, uma flecha vinda de lugar nenhum acerta seu pescoço. As pessoas falam que a morte é algo heroico, eu discordo. Naquele dia, Gorlois poderia ter dito lindas palavras em seu leito de morte, que nos inspirariam à vitória, mas a única coisa que ele conseguiu pronunciar foram grunhidos enquanto engasgava com o próprio sangue.

Gorlois morreu, nos deixando desprotegidos e sozinhos há dias de receber qualquer ajuda do Ducado. O caos ameaçava se instaurar. Foi então que (não sei se por instinto) comecei a gritar ordens da maneira como vi Gorlois fazer. Incrivelmente, todos obedeceram sem o mínimo questionamento. Quatro dias. 96 horas sem recursos, suporte ou mantimentos perdendo a cada hora homens (hora pros Orcs, hora pro desespero próprio), perdendo inicialmente a murada, depois a porta do torreão e depois andar por andar até só restar eu e mais 3 companheiros, Lancelot, Gavain e Percival . Foi então, que num ato que tangenciava um sacrifício (ou suicídio, como você preferir chamar) convoquei meus companheiros e avancei sobre os Orcs.

Enquanto atacávamos desesperadamente, ouvimos o som de trombetas que achávamos que eram de anjos, mas que de fato eram das tropas do Ducado que vieram nos resgatar. Os Orcs, então, bateram em retirada e fomos salvos (e, pasmem, com vida). Chamam essa história de “O Bloqueio de Ravenmark” e, junto aos meus companheiros, fomos exaltados como aqueles que impediram o avanço de um exército Orc ducado adentro sozinhos. A glória me concedeu um título de cavaleiro, para desespero da minha família.

Agora, sirvo ao lado de Poddrick Payne, meu novo escudeiro. Mas essa história está bem longe de chegar ao fim. Meu pai está adoecendo cada dia mais, e eu terei de herdar todo o Condado de uma hora para outra. Arthuria já não existe mais e tomei a única possibilidade de Henry um dia ter uma vida fora da escuridão do castelo. Mas agora eu estou aqui. E mesmo que passe um tempo fora, eu sei que sempre voltarei para cuidar de meu irmão e ficar ao lado de Freya em Stormhold. E eu herdarei meu reino... Só não sei como farei quando se tratar de casamento e herdeiros. Jamais poderei ter filhos ou fazer uma mulher concebê-los. Mas isso é história pra outro dia...


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Notas finais do capítulo

*Gentil= Termo usado na época medievalista para designar uma pessoa com deficiência mental.

Espero que tenham gostado desse capítulo, pessoal!
Ainda terão bem mais ♥
Beijos e até o próximo capítulo.



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