O fantástico mundo de Eldarya escrita por Tsukikage Yuri


Capítulo 11
Capítulo 10- Virei guia turística


Notas iniciais do capítulo

Depois de 3 anos... metade do capítulo foi escrito há mais de 1 ano e resolvi terminar de escrever essa semana. Tenho nem palavras pra descrever isso.
Bom, eu to de férias e por isso estamos onde estamos. Gosto muito de escrever essa fic, então vou atualizar sempre que conseguir. Mas disso, todo mundo já sabe.
Obrigada por continuar acompanhando.
Até loguinho ♥



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Eu estava prestes a voltar a andar quando o moreno me segurou pelo pulso e me puxou de volta.

 

— Eu estava falando sério. Cala a boca e aproveita.

— Ah...

 

Eu fiquei lá, igual otária sem saber o que fazer. Porque, sejamos sinceros meus amigos, que homão. Depois de quase dois minutos, nos afastamos e ele me encarou.

 

— Eu vou passar mais tempo com você a partir de agora._ ele me beijou na testa e andou para o QG.

— Mas gente...

 

Me senti em um shoujo. Bom, como eu prometi, ia agradecer a bicolor por ter me dito onde encontrar o mozão. E começou a minha jornada pelos arredores do QG pra encontrar a Karenn.

 

— Ow cheira cu, tu viu a Karenn?

— Q-quê? Por que eu teria visto? V-você acha que eu corro atrás dela feito um... feito um..._ se exaltou, extremamente corado.

— Cachorro? Sim, parece bastante. Então, você viu ou não?

— Acsa! Isso não foi legal!_ ele foi embora, aparentemente frustrado.

— Ish, deu pane no sistema._ dei de ombros, continuando minha busca.

— Oh, Acsa. Como você está?_ brotou o platinado.

— Nem me assusto mais. Eu to bem. E a missão, como foi?

— Tudo bem. Mas não posso falar muito mais sobre isso, desculpe.

— Já imaginava, típico._ voltei a andar, avistando o azulado mas decidi passar direto.

— Olha só quem está aqui. Não vai me dar oi?

— Gostaria de dizer adeus. O que você quer?_ cruzei os braços, me virando para encará-lo.

— Oh, assim você me parte o coração._ ele colocou a mão no peito, fingindo se sentir ofendido.

— Ah como se você tivesse sentimentos.

— É claro que eu tenho._ disse de forma dramática.

— Continua assim que você vai conseguir qualquer papel pra novela mexicana.

 

Eu suspirei enquanto caminhava perto do laguinho, infelizmente encontrei a Geléia. Mas era até bom, ela podia saber onde estava a bicolor.

 

— Ei, puta! Você viu a Karenn?

— Não me chama assim, por favor.

— Responde logo.

— Não vi, desculpe.

— Porra, presta pra nada mesmo._ voltei a andar.

 

Como tinha rodado toda a parte de fora, decidi entrar no QG. Finalmente consegui encontrar a Karenn lá, na sala das múltiplas portas. Ela tava batendo um papo com outras vagabundas, parecia ser sobre mascotes.

 

— Ei, preciso falar contigo.

— Acsa! É muito sério?

— Hm... na verdade não.

— Pode ser depois?

— Se pudesse, eu teria te chamado depois.

— Então é urgente.

— Ahhh tá, é urgente então.

— Entendi. Vamos organizar uma reunião pra discutir sobre isso mais tarde, meninas._ as putas vão embora._ Então, o que você quer falar comigo?

— Primeiramente, quero agradecer por ter me dito onde tava o mozão.

— Ah, de nada. Não precisa agradecer._ ela sorriu.

— Depois, queria saber como você tem informações sobre o QG que não deveria ter.

— Ah, isso?

— Sim.

— Eu sei de tudo, só isso._ ela disse e eu a encarei.

— Você espiona o povo né?_ cruzei os braços.

— Olha, você acabou de me dar uma ideia._ ela correu até a sala do cristal e eu fui junto, claro.

 

Nós entramos de fininho e nos escondemos dentro da sala do cristal. Eu estava sentindo como se estivesse na escolinha de novo.

 

— Pra que a gente tá aqui mesmo?

— Eu quero saber sobre a missão super secreta dos meninos.

— Ah tá.

 

Logo, começamos a ouvir passos. Eu levantei um pouco a minha cabeça pra conseguir ver tudo de camarote e ouvi risinhos do meu lado. Me virei para a bicolor e coloquei o indicador na frente dos meus lábios, pra ela fazer silêncio. Ela me retornou com mais uma risadinha antes de dar de ombros. A trupe dos trouxas entrou e começaram a reunião. Eu ouvi algumas partes da conversinha: flautinha, chihuahua e tals. Teve também um pequeno surto da himedere por envolver pagamento de maana. Resumindo, humanos fizeram cagadas e ela estava puta por causa disso.

 

— Não seja assim, Miiko. Veja a Acsa, por exemplo._ o loiro meio moreno começou.

— O que tem ela?_ a himedere o olhou com tédio.

— Ela é... diferente.

— "O que isso quer dizer, seus putos? Eu sou uma pessoa muito boa!"_ pensei, indignada.

 

E parece que receberíamos visitas de chihuahua. Eles discutiram alguns preparativos e logo começaram a ir embora.

 

— Nós soubemos de uma bomba...

— Oloco, vai vir até Chihuahua.

— Melhor irmos embora.

— Você tá certa.

 

Nós saímos da Sala do Cristal e logo sou surpreendida por uma voz acusatória.

 

— Paradas aí, delinquentes!

— Você vai me prender?_ me virei com um sorriso divertido no rosto. Era o mozão.

— A Karenn não me surpreende, mas você?

— Sim, eu agi errado. Por favor, me puna.

— Nev, não foi nada sério._ a bicolor tentou me defender.

— Não, eu mereço ser castigada. "Cala boca, Karenn!"

— Não leve a Acsa para o mau caminho._ ele puxou de leve a orelha da bicolor.

— "Hm, que interação é essa?"_ os encarei.

— Não façam isso de novo._ o moreno advertiu mais uma vez.

— Se eu fizer, você vai me dar um castigo?

 

Ele bufou e balançando a cabeça, foi embora. Ai, como é difícil entender esse homem. Antes que a bicolor voltasse a caminhar, soltei uma afirmação no ar.

 

— Tu é irmã do mozão.

— Porque acha isso?

— Hm, intuição feminina._ dou de ombros.

 

Na verdade, se prestar um pouquinho de atenção dava pra ver que ele não olhava pra ela da mesma forma que olhava pra outras mulheres. O que me dá um pouco de alívio mas também me deixa puta da vida por ele ser um vadio mulherengo.

 

— Bom, você vai ver._ ela voltou a caminhar.

— Nossa, que ar de mistério.

 

O dia passou sem muitos acontecimentos incríveis e a noite foi igual: sem sonhos pervertidos. Eu acordei com as porcarias das folhas na minha cara e bufei. Me levantei, coloquei uma roupa qualquer e saí. Sim, eu estava toda largada. Uma calça jeans e uma regata branca lavadas no laguinho. Era o meu humor do dia. Assim que fechei a porta do meu quarto, quem encontrei?

 

— ...

— É sério?_ revirei os olhos.

— O que você está olhando?_ o azulado perguntou.

— Eu que quero saber. O que tá fazendo na porta do meu quarto? Veio fazer uma visita?_ sorri.

— Por quê? Sentiu saudades?_ sorriu de volta, provocando.

— Sabe que eu te odeio né?

— Sabia que você não ia conseguir manter isso por muito tempo._ ele riu, indo embora.

— Filho da puta..._ murmurei, voltando a caminhar.

 

Fui até a despensa pra pegar meu cafezinho da manhã e encontrei o platinado.

 

— Acsa?

— Não, o Oráculo._ respondi, comendo um pão.

— Bom... como você está?

— To comendo, acho que dá pra ver._ apontei para o pão na minha mão.

 

E sem ter muito mais a dizer, ele saiu. Melhor assim, comi na paz. Quando terminei de comer, decidi rodar o QG e encontrei o cheira cu.

 

— Oi, Acsa!

— E ae._ acenei com a mão e continuei andando.

 

Eu encontrei um monte de gente, até achar a coelha cheia de coisa nos braços. E como sou uma boa pessoa, ajudei ela a carregar até a biblioteca. Ela deixou escapar o nome Chihuahua, mas tive que fingir que não ouvi nada. Mal sabia que eu já sabia, tadinha.

 

— O que você vai traduzir aí?

— Textos cerimoniais... coisas bem chatas.

— Ugh, boa sorte.

 

Quando saí, encontrei o meu homem. Ele mesmo.

 

— Finalmente vai me castigar?_ sorri.

— Se assim quiser...

— Ah, espero muito por isso..._ meu sorriso se foi quando ouvi a risada dele.

— Você ficaria feliz demais com isso.

 

Eu soltei um suspiro de frustração. Essa história poderia virar +18, não acham?

 

— Mudando de assunto, o que achou da Karenn?

— Sua irmã? É, ela é legal. Melhor que a Geléia. Bom, qualquer um é melhor do que aquela puta. Talvez até o avatar.

— Como... ela te contou?_ ele perguntou, surpreso.

— Não duvide do meu instinto, meu amor._ coloquei as mãos na cintura.

 

Quando eu estava prestes a voltar a caminhar, o moreno me chamou.

 

— Hm, meu nome é tão bonito quando sai da sua boca...

— Você não vai se jogar em mim de novo?

— Eu vou deixar o próximo round entre quatro paredes._ dei uma piscadela, voltando a andar de novo.

 

E para aqueles que estavam com saudades da puta com guelras, creio que ninguém estava mas enfim, encontrei ela na despensa.

 

— Ei Acsa, conseguiu achar a Karenn?

— Sim, mas não graças a você. Nossa, que fome..._ andei até os armários.

— Vocês não ouviram nada da missão né?

— Eu tenho cara de Miiko agora?_ fechei o armário, indignada._ Tem nada nessa porra.

 

Fui para o exterior do QG, onde tem as plantações de maconha e tudo mais. Sem mais nem menos, ouvi o som de uma barriga roncando.

 

— Meu Deus, eu vou precisar roubar a porção de alguém. Vou pegar a do puto azul.

— Eu não devia ter pulado a refeição...

— "Hã? Essa voz..." Peraí, quer dizer que não é o meu estômago?

— Ah, Acsa..._ o loiro meio moreno sorriu.

— Você ainda tá vivo?

— Por que não estaria?_ perguntou, confuso.

— Você não faz diferença aqui pra mim._ e depois de soltar essa, eu voltei a andar.

 

Depois de horas e horas dando voltas e ajudando algumas criaturas necessitadas, decidi que era hora de comer. Eu tava com mó fome. No caminho, encontrei o crush da himedere.

 

— Ei Acsa, onde vai?

— Te interessa?_ o ronco do meu estômago me denunciou._ "Maldito, dedo duro!"

— Ah, vai almoçar? Vou com você.

— Fique no mínimo à dois metros de distância de mim.

 

Quando cheguei na despensa, encontrei a bicolor tretando verbalmente com o Naruto com pança.

 

— Por favor! Você não vai me deixar morrer de fome, não é?

— Você vai comer todas as refeições, e serão mingau, mingau e mingau.

— "Se for da mesma qualidade duvidosa que as outras refeições..."

— Não pode fazer isso comigo!_ ela choramingou.

— "É, do jeito que tá, é daquela qualidade mesmo."

— Você precisa aprender a administrar melhor suas porções.

— Mas Karuto...

— Você aproveitou bem o pão com geléia na praia, não?

— Era para umas amigas...

— "Ow, peraí. Ela gastou a porção dela?"

 

Sim, isso foi muito lindo. Eu fiquei emocionada. Não podia deixar a garota daquele jeito depois de dar comida pra uma esfomeada como eu. Ela estava prestes a sair da cozinha, com uma aura de derrotada, quando eu parei ao lado dela.

 

— E aí, Narutão.

— Acsa?_ a bicolor me olhou surpresa.

— O que você quer?

— Seu humor é contagiante. Enfim, desconta das minhas porções. Dá comida pra essa moça.

— Ei, essa fala é minha!_ o cheira cu brotou do nada.

— E tu tava aonde, cachorrão?

— Eu já estava vindo ajudar!

— Chegou tarde, vacilão.

— Silêncio na minha cozinha!_ o velho gritou, fazendo todo mundo ficar quieto._ Estou descontando das porções de vocês dois, não reclamem depois.

— Naruto soltou a rima._ digo, pegando uma torta das mãos dele.

 

Quase que no mesmo instante, o velho saiu da cozinha. O ruivo já tinha entregado a torta dele para a Karenn.

 

— Oh, muito obrigada vocês dois._ ela sorriu.

— Não precisa agradecer..._ ele ficou vermelhinho, que fofinho.

— Ow moleque, dá pra sentir a chama da paixão daqui.

— A-Acsa!_ envergonhado, ele saiu praticamente correndo.

— Ele tá caidinho por tu.

— É, eu to sabendo. Bem, obrigada de novo, Acsa._ com um último sorriso, ela se virou e foi embora.

 

Depois da minha boa ação do dia, peguei qualquer coisinha pra comer e sentei em uma mesa do cantinho, bem isolada. Gosto assim. Enquanto eu estava apreciando minha 'maravilhosa' refeição, o Keroshana veio gritando.

 

— Licença a todos! Por favor, compareçam à sala principal em 30 minutos. Temos um anúncio excepcional a todos no QG!

— "Se for o que eu to pensando, já to sabendo. Só to curiosa pra saber do Chihuahua."

 

Após engolir o alimento comível, fui na sala das múltiplas portas. Estava lotado, super lotado. E lá estava a himedere no topo, pra falar com todo mundo.

 

— Hm, silêncio!_ nem ergueu a voz. Surpreendente._ Obrigada a todos por terem vindo. Serei breve.

 

Ela começou a explicar quais eram as principais missões dos líderes das Guardas e porque atrasaram na volta para o QG. Senti que essa parte foi pra mim. Uma família muito importante chamada feng-lálá foi atacada. A flauta que citaram antes quando eu estava com a Karenn foi dita mais uma vez, como sendo um tesouro muito precioso pra eles. Tentaram roubar os caras. Uma representante viria nos visitar pra buscar a flautinha deles, e todo mundo tava animado por causa disso.

 

— Precisamos acolher bem nossos convidados. Vou distribuir pequenas missões para todos.

— "Eu bancando a boa anfitriã..."_ cruzei os braços.

 

Mas, como ela disse antes, o puto azul foi enviado primeiramente para outra missão e agora outros trouxas precisariam ajudar ele. Dos que conheço, a enfermeira dos cogumelos e o cheira cu foram chamados.

 

— Ele não parece muito feliz com isso._ a Karenn disse ao meu lado.

— Hm, deve ser preguiça. Eu entendo, tenho isso o tempo todo._ dou de ombros.

 

Depois de encerrada a reunião, decidi ir pro meu quarto e tirei uma soneca. Uma soneca de 3 horas. É, foi bom. Me levantei renovada e pronta pra causar o caos na Guarda. Enfim, tinham duas missões disponíveis. Eu escolhi a missão do Purral, pra passar o tempo.

 

— Chegou em boa hora, pequena. Precisamos de flores de cerejeiras, limões de fogo... que estejam maduros. E areia, mas não do mercado. Areia fresca com cheiro de mar.

— Hm, exigente. Beleza, to indo.

 

Usei a lógica pra procurar o que o Purral pediu. Flores de cerejeira, só pode ser na árvore rosinha. Quando cheguei lá, o puto azul estava discutindo com uma gata bem arrumada.

 

— Se continuar me aborrecendo com essa história de roupa, vou fazer uma poção pra te deixar alérgica a grama de gato.

— Você não faria isso...

— Faria sim.

— Te detesto, fica usando essa roupa velha então!!_ a gata foi embora, irada.

— Você tem um jeito com as mulheres..._ digo, me aproximando.

— É meu charme._ sorriu, indo embora.

 

Balancei a cabeça, pensando em como ele é desprezível. Fui até a árvore e colhi algumas flores.

 

— Ótimo. Próximo.

 

Continuei andando, até que encontrei mais um sendo atormentado pela gata de cachecol. Era o muro.

 

— Estou muito bem assim, não vou comprar nada.

— Se o problema for preço, posso fazer um desconto. Você trouxe um modelo muito bom da última vez, criei peças maravilhosas. Te devo isso.

— "É a crise..."_ observei um pouco de longe.

— Não, obrigado, fiz por prazer. Então, não quero trocar de roupa. Vou embora, tenho mais para fazer do que falar de 'panos'.

— "Porra, 'panos'! Menosprezou!"_ segurei o riso.

— Valkyon!_ a gata disse, indignada.

 

Ainda rindo, fui até a floresta procurar os tais limões de fogo. E olha só, encontrei. Depois de colhidos, no caminho até a praia, encontrei o mozão. E a gata de cachecol importunava ele também.

 

— Sério, Purriry, eu não sou lindo de morrer?

— Sim querido, você sabe muito bem que é o mais maravilhoso de todos. Mas mesmo assim, não é um evento qualquer, você poderia se arrumar um pouquinho para a circunstância.

— Ah Acsa, você pode me apoiar. Diga a ela que minha roupa é chique e perfeita como está!

— Gata, esse homem aqui pode ficar até pelado._ sorri.

— Pelo Oráculo!_ a gata me olhou, incrédula.

— Acsa, não precisava disso tudo.

— O quê? To dizendo que tu não precisa de roupa. Claro que vai chocar todo mundo, mas não precisa.

 

Ainda sem acreditar, a gata foi embora. Gente, ela ficou chocada com a minha honestidade. Já o moreno, deu uma piscadela pra mim e tomou o rumo dele. Eu continuei no meu, que era em direção a praia. Chegando lá, catei um pouquinho de areia e dei uma bela olhada para o mar.

 

— É, tu perdeu._ sorri, sentindo a brisa fresca no meu rosto.

 

Sem demorar muito, fiz todo o caminho de volta pra encontrar Purral, entregar o pedido e receber minhas maanas. Tudo entregue, ele já tinha até feito o relatório pra mim. Nossa, como eu agradeci naquele momento. O relatório era muito chato. Deixei o relatório na biblioteca e fui para o meu quarto, me jogando na cama. Bom, nada de muito especial aconteceu depois, só jantei a 'maravilhosa' refeição da despensa e depois fui dormir. Acordei de manhã, separando uma outra peça de roupa. Optei por outra calça jeans escura e uma regata vermelha sangue. Sim, vermelha sangue. Não era pra chamar atenção de um certo moreno, nada a ver. E antes que me perguntem, eu dei um jeito de arrumar outras roupas pra mim nas lojas de Eldarya. Fui para a despensa pra tomar café da manhã e o que eu encontrei, meus amigos... parecia que tinham feito uma obra.

 

— Mas que beleza en.

— Não é? Eu não poupei esforços. Veja esse tecido._ o aposentado sorriu, orgulhoso.

— Gente, to chocada._ passei a mão no pano da mesa.

— Espero que você tenha uma roupa melhor do que essa._ ele me encarou.

— E a sua, vai trocar quando? É a mesma desde que eu te conheci.

 

Bufando, ele voltou para a cozinha. Tava demorando pra ele ser o chato de sempre. Na sala das múltiplas portas, acabei encontrando a gatinha de cachecol que estava enchendo o saco do povo no dia anterior.

 

— Acsa, você quer experimentar algumas roupas para a ocasião?

— Tá falando que eu to feia também, é?

— Não, você está ótima! Mas, por que não se dar um presente e exibir sua beleza?

— ... Você tá tentando me enrolar, né? ¬¬

— Vem dar uma olhada, tem um modelo que vai ficar lindo em você.

 

Sendo arrastada, cheguei na loja da Purriry. Ela praticamente jogou a roupa na minha cara, tentando vender de todo jeito. Olhei com calma, até que era bonito. As mangas pareciam estar em chamas. Eu sorri.

 

— Tu conseguiu fazer sua venda.

— São 600 maanas, mas vou te fazer um desconto. Fica 420 maanas.

— Um roubo, adoro ser enganada. Toma aqui._ digo, pagando. Sorte que eu tinha economias.

 

Depois de sofrer um golpe na carteira, voltei para o meu quarto. Bom, eu comprei uma roupa muito linda, temos que concordar. Eu ia ficar muito gostosa nela, mas não tinha certeza se realmente ia usar na chegada da Chihuahua. Vamos dar uma corridinha na história, pra parte que realmente interessa. A chegada da emissária.

 

— Eles chegaram!_ a bicolor invadiu meu quarto.

— Sabe, é interessante bater na porta de vez em quando.

— Sem tempo, vem logo!_ ela me agarrou e me arrastou até o jardim do QG.

 

Eu estava linda com meu shorts e meu camisetão, um coque mal feito pra completar o visual. E como sempre quando tem esses negócio aí, tava tudo lotado. Mesmo assim, consegui ver duas figuras diferentes. Acho que eram os representantes lá. Quando o pessoal saiu um pouco da frente, consegui ver melhor as duas pessoas. Gente, o vestido da mulher era lindão. Eu tava um troço. Eles estavam com dificuldade pra andar no meio de tanta gente. É, caipira é caipira em toda realidade mesmo. Bom, como já tinha visto, decidi voltar para o meu quarto. Não gosto de ficar amontoada no meio do povo não. No meio do caminho de volta, descobri pela Karenn que a Chihuahua tem habilidade de ler mente ou coração, mais ou menos isso aí. Bem, não que me interesse. Quando estava andando pelas casas do refúgio, um pirralho gritou meu nome.

 

— "Ai, minha paz acabou..."

— Acsa!!!

— Oi, pivete.

— Você viu? Ela fez um cafuné em mim!

— É, eu vi.

— Ela me deu doces também!

— "Nossa, será que tem tortinha na despensa?"

— E ela é linda, como você e a Miiko.

— Tu me comparou logo com a himedere? Puta que pariu._ voltei a caminhar.

 

Eu fui até a despensa porque depois que o pirralho falou em doces, fiquei com vontade. Lá, encontrei o Naruto aposentado, que se virou de repente e falou alto.

 

— Mas será que dá pra me largar um pouco?_ olhei para os lados, e depois apontei pra mim._ É com você mesmo._ ele confirmou.

— Tá com mania de perseguição é? To querendo comer doce, licença._ enquanto eu procurava, perguntei alto._ E aí, você conhece a Chihuahua e o tal de Zif?

— FENG ZIFU, PRA VOCÊ!_ me virei, assustada.

— Cara, tudo bem?

— Para os homens, usamos Feng antes do nome, que no caso seria Zifu.

— Hm, tá...

— Aaa, Feng Zifu..._ suspirou, olhando para o nada.

— "Ish, mais um com um crush aí."_ peguei meu doce e fui embora da despensa.

 

No caminho para o corredor, encontrei a puta com guelras falando sozinha.

 

— Talvez se eu colocar meu cabelo de lado...

— Licença.

— Ah! A-Acsa... o que está fazendo aqui?

— Tentando passar. Licença.

— Sabe, depois de ver a Huang Hua me perguntei se não deveria mudar de penteado. Ela é tão linda...

— Foda-se, não perguntei._ antes que eu pudesse voltar a caminhar, ouvi a Ykhar me chamando.

— Ei, moça!

— Veio correndo de novo?

— Não, estou bem. A Miiko perguntou de você.

— O que ela quer agora? ¬¬

— Ela vai te explicar melhor pessoalmente, melhor ir vê-la._ e ela foi embora.

— Ai porra, só queria ir pro meu quarto._ suspirei. Entrei na Sala do Cristal de supetão._ Licença sem licença.

 

E lá estava a dupla de emissários. A Chihuahua correu até mim, beliscando minha bochecha enquanto me abraçava.

 

— Então é ela? Ela é ado-rá-vel!!

— Socorro?_ supliquei para a kitsune.

— Huang Hua, deixe-a por favor.

— Miiko, você sabe que só tenho olhos pra você.

— Ih, alá! O loiro num vai gostar disso não, en._ ri.

— O que ela quer dizer com isso?

— Nada..._ a himedere me encarou e murmurou meu nome, como um aviso. Eu assobiei, fingindo não perceber._ Enfim, você vai ter todo o tempo pra fazer o que quiser com ela mais tarde.

— Porra nenhuma._ digo, indignada.

— Ah Acsa, só escuta._ bufou.

— "Ah, sua puta..."

— Bem, tudo bem... Eu vou descansar então. Meus companheiros também precisam de um momento. Acsa, nos vemos mais tarde._ ela disse, com os olhos brilhando.

— Posso ir agora?_ perguntei, entediada.

— Irei buscá-la quando Dama Huang Hua estiver acordada._ disse o Feng lá, acompanhando a Chihuahua.

— Foda-se a minha opinião né? Ow Kitsune, virei atração agora?

— A Huang Hua quer que você seja a guia dela.

— E eu vou ganhar quantas maanas por isso?

— Não seja mercenária.

— Eu só me fodo nessa merda._ saí da sala, bufando.

 

Pra esquecer essa tarefa imposta, fui para a biblioteca procurar sobre informações dos tão falados Portais. Procurei pela coelhinha, mas não a encontrei em lugar nenhum.

 

— Ykhar?

— Mmmhh!

— Pera, quê?

— Mmmmmmhhhhh!_ o som veio de uma montanha de livros e papéis.

— Ok, to indo te salvar._ desenterrei a ruiva dos papéis._ Tá respirando?

— O-obrigada...

— Ainda no trampo de tradução?

— Sim, é bastante coisa... Enfim, por que está aqui?

— Ah, queria usar meu acesso exclusivo que a himedere deu.

— Tudo bem, vou abrir pra você!

 

Me sentei no cantinho isolado da biblioteca e consultei as opções. Tinha um livro com o título 'Portais para Iniciantes'. Sim, eles tinham isso. Passei meu tempo lendo e imaginando como minha família ia reagir me vendo ler um livro. Logo eu, que não costumo passar o tempo assim. De repente, a coelha apareceu me oferecendo outro livro.

 

— É sobre o quê?

— Receitas.

— ...?_ a olhei, confusa.

— Dá uma lida._ ela sorriu, confiante.

— Ok..._ abri o livro. Nele, tinha os ingredientes para abrir um portal._ Caralho Ykhar, ganhou meu respeito._ sorri.

 

No meio da leitura, percebi que toda a lista tinha alguma relação com dragões. Bem específico. Um som de tosse acima de mim me despertou da leitura, e olhando para cima encontrei o Feng lá.

 

— Hm.

— Dama Huang Hua está acordada e a espera na Sala do Cristal.

— Tá, beleza._ guardei os livros e fui até a sala.

— Oh, chegou a mais linda!_ a Chihuahua disse animada quando me viu entrar._ Eu adorei a sua roupa!

— E esse aqui nem é o meu melhor modelo._ olhei para a minha roupa, esticando meu camisetão.

— Então, vamos?

— É né._ bufei, com os olhos fechados.

— Cuide bem dela, Acsa. É uma importante amiga._ a himedere me encarou.

— Ah, pode deixar. Ela vai me adorar._ sorri, maquiavélica.

— Miiko, sabe que não precisa de nada disso pra me agradar._ a morena disse enquanto acariciava o rosto da kitsune.

— Meu Deus, vai ter tanta fan art disso. O shipp vem pronto.

— Vamos logo._ a moça bem vestida me puxou para fora da Sala do Cristal.

 

Eu só queria que acabasse logo. Do lado de fora da sala, comecei a andar na frente e logo me virei pra ela.

 

— Então, qual parte daqui tem interesse?

— Nenhuma. Quero conversar com você. Vamos nos sentar e descansar um pouco.

— "Tu acabou de dormir, caralho." Tá bom. Preferências?

— Hm... não sei. Zif, tem algum lugar que queira visitar?

— Essa velha construção parece ter jardins suntuosos, embora pareçam tristes e desinteressantes.

— "Essa vou deixar anotada pra Miiko."

— Que horror, Zif! Deixe-o, com o tempo você nem o ouve mais.

— "Se ela diz... to nem aí. Não é meu mundo mesmo."

— Eu quero saber tudo sobre você.

— Sobre mim? Eu sou um ídolo agora?_ arqueei a sobrancelha.

— Mais respeito._ o Feng lá reclamou. Só o encarei por cima do ombro e voltei minha atenção pra Chihuahua.

— Me leve pra um lugar calmo e fresco, vamos conversar bastante.

— Hm, tá bom. Vem comigo.

 

No caminho, passamos pela Sala das múltiplas portas, onde encontramos a Ykhar toda suada e acabada. Ela tava um horror.

 

— "Pelo Oráculo, o que aconteceu com essa moça?"

— Dama Huang Hua, estava lhe procurando... Estou muito constrangida, eu... não conseguirei honrar seu povo como merece. Falhei em minha missão e vou entender caso peça a guarda para dispensar meus serviços.

— Calma calma, Ykhar. Eu já disse que não precisamos dessas coisas todas.

— Mas e as tradições?

— Vamos deixar de lado, dessa vez. Vá descansar e esqueça essas traduções.

— Miiko queria te agradar.

— "Ih, dedurou."

— Na próxima vez. Se VOCÊ quiser me agradar, vá embora e descanse._ disse, sorrindo.

— Claro..._ a coelha disse, indo embora.

 

Depois dessa interrupção surpresa, seguimos a caminhada. Mas somos interrompidos mais uma vez, por uma presença que sequer vale ser mencionada.

 

— Minha dama._ o puto azul disse, beijando a mão da Chihuahua. Me deu asco._ Espero que nos perdoe por tê-la deixado com essa lastimável companhia.

— Vai se fuder.

— Pelo Oráculo! Atenção aos modos e ao vocabulário._ disse, quase rindo.

— Ah vai tomar no teu cu, sai da minha frente logo._ digo, empurrando-o.

— Vai deixar a visita pra trás? Tem que acompanhá-la, é a anfitriã.

— Ela tem pernas, não preciso segurar pela mãozinha não.

— Que indelicadeza!_ o véio barbado reclamou.

— Ah, deixe que briguem. Senhor elfo, saiba que ela é uma ótima companhia e que eu mesma a solicitei.

— Gostou? Agora vaza!_ digo, mostrando o dedo do meio e sorrindo em vitória.

 

E quando acho que finalmente conseguiremos paz e sossego, vários pivetes se reúnem em volta da Chihuahua. Ela não parece se incomodar, muito pelo contrário. Eu só queria acabar com isso logo.

 

— Acsa, se importa de esperar um pouco?

— Vai lá._ digo, sentando no chão e suspirando em derrota.

 

Ela pediu pro Feng Feng ir buscar um livro e o cara voou. Logo, ela começou a contar uma história pra eles. Achei que estava de fora, mas esse jogo é cheio de bugs. Então, minha vista ficou escura de novo e ilustrações apareceram. Dessa vez parecia cineminha mesmo, tinha até narração. Resumindo tudo, era um cara que foi em busca de faerys, foi escamado e preso. Ele tinha uma flauta, ficou tocando igual um doido até um monte de remelento ir até ele e soltar o cara da prisão. Aí eles ficaram andando até uma montanha, que se abriu enquanto a flauta tocava e depois fechou. Enfim, dorgas. As crianças foram embora e a Chihuahua ficou acenando, sorrindo.

 

— Gosta de crianças, Acsa?

— Só dão trabalho.

— Desculpe perguntar, mas você é filha única, certo?

— Andou me stalkeando por onde?_ pergunto, cruzando os braços.

— Só senti._ sorriu.

— Você podia sentir como eu to com vontade de vadiar e acabar com esse tour._ suspiro, voltando a caminhar.

 

Finalmente conseguimos nos sentar perto do laguinho e descansar. Eu fechei os olhos e soltei um suspiro.

 

— Não é um lugar apropriado, não tem nem lugar pra sentar.

— Então procura uma cadeira, se tá achando ruim._ encaro-o.

 

O véio me encarou de volta e eu sustentei meu olhar, até que a Chihuahua acalmou os ânimos. Ele se sentou um pouco afastado de nós. Ainda bem, tava quase voando no pescoço desse maldito. Ela tirou as botas e levantou a saia bem acima do joelho.

 

— Vem Acsa, vamos molhar os pés.

— Nah, eu passo._ respondo, jogando uma pedrinha no lago.

— Então, me conte mais sobre você._ disse, sentando ao meu lado, sorrindo.

— E o que você quer saber?_ jogo mais uma pedra.

— Tudo. Quero saber tudo sobre a primeira humana que encontro._ disse com os olhos brilhando, parecia até que tinha fumado cogumelo.

— Ahhh deixa eu ver... não sou muito de estudar, gostava de ir pra escola só pra ver as brigas na saída, odeio o avatar maldito e vou arrancar as orelhas dele pra enfiar no cu dele, quero pegar o Nevra mas tá difícil... esqueci alguma coisa?

 

Ela continuou sorrindo, sem se assustar com nada do que eu dizia. Cheguei a conclusão de que ela é muito doida. Conversamos um pouco mais sobre Eldarya, o fatídico dia em que eu fiquei designada na Guarda do avatar maldito e outras coisas.

 

— Se tem tanta coisa acontecendo com você e só com você, tem um motivo. Coincidências não existem.

— Sim, os motivos são eu pegar o Nevra e matar o elfo desgraçado.

 

De repente, o estômago de alguém roncou. Eu e Chihuahua nos olhamos e depois olhamos para o Feng Feng, que corou de vergonha.

 

— Não tenho ração pra você, e mesmo que tivesse não daria.

— Vamos comer?_ disse a morena, sorrindo.

 

Eu me levantei, dei umas batidinhas na minha roupa pra tirar a sujeira e comecei a guiar eles para a despensa. No caminho, a puta com guelras aparece, cumprimentando a Chihuahua. Eu continuei a andar.

 

— Ei, espera, Acsa!_ a Geléia gritou.

— Quando alguém passa direto por você, é porque ela não quer conversar. Essa dica é de graça, agora sai da minha frente.

 

Seguimos para a despensa e, em seguida, nos sentamos no salão principal, que tá totalmente reformado. O Naruto trabalhou dessa vez.

 

— Como aqui é bonito...

— Normalmente tá só o pó, igual o dono.

— O que disse? Sempre foi assim._ o aposentado apareceu.

— Em que mundo?_ pergunto.

 

Ele me deu um cutucão, mas eu dei um empurrão de ombro bem forte. Ele me olhou em choque, e eu segui plena. A morena deu uma risada discreta e tentou mudar o rumo das coisas.

 

— Me pergunto o que tem para comer.

— Cof cof, senhoras e 'Senhor Feng Zifu', esse é o menu do dia._ disse. Falta só o terno pra tentar parecer um restaurante de classe.

 

Depois que escolheram, ele preparou tudo e levou na nossa mesa. A proporção tava bem errada.

 

— Por que tem tanta comida pra mim? Ele acha que sou magro demais?_ sussurrou o véio.

— Desconfio que o motivo seja outro._ a morena riu.

— Então o quê?_ a pergunta só fez ela balançar a cabeça e sorrir ainda mais.

— "Trabalhou a toa, pançudo."

— Mas vamos falar sobre você, Acsa. Não sei nada a seu respeito.

— E vamos manter assim, já sabe o suficiente.

— Por favor... Eu quero saber sobre sua vida antes de chegar aqui.

— Bom, provavelmente eu vou ter que assaltar um banco pra pagar minha conta de energia quando eu voltar._ respondo, me estirando na cadeira.

— Um banco?

— Um lugar onde guardam muito dinheiro.

— Hm... e você sente falta do seu mundo?

— Pensando agora na dívida que me aguarda, talvez seja melhor nem voltar.

— Sério?!_ perguntou, animada.

— Não._ digo, cruzando os braços.

 

Depois desse super diálogo, os dois começaram a comer. A morena não parava de me fazer perguntas e eu respondi sem muito interesse. Ela não deixou de sorrir e dizer que tinha uma razão para tudo. Espero que seja tudo pra eu ficar bilionária no futuro. Quando terminaram a super refeição, nos levantamos e eu já esperava outra sessão de caminhada.

 

— Acho que é melhor irmos descansar.

— Ufa, já não era hora. Não aguentava mais andar.

— Te vejo amanhã._ sorriu.

— Mas de novo? Quando que tu vai embora mesmo?

— Se eu pudesse, ficava o máximo possível._ disse, sorrindo. Me abraçou logo em seguida.

— Ugh, demonstração de carinho que não é do mozão.

 

Em meio a risadas, ela e o Feng Feng vão embora. Antes que eu pudesse dar o primeiro passo pra fora do salão, o Naruto veio me dizendo que o "serviço especial" tinha acabado.

 

— Poxa, é mesmo? Pena pra quem fica._ digo, indo embora.

— Ei, lave a louça!

— Vai trabalhar, puxa-saco de merda!_ respondo, passando pela porta.

 

Acabei encontrando a coelha do lado de fora, parecia que estava me procurando.

 

— Acsa, esqueci de te falar, mas... você podia ter colocado uma roupa melhor para acolher a Huang Hua.

— Legal que só eu preciso mudar de roupa, todo mundo pode ficar do mesmo jeito. Hipócritas do caralho.

 

Nem esperei a resposta dela e continuei a andar. Irritada, fui para o meu quarto e coloquei a porra do vestido.

 

— Pronto, caralho! Felizes?_ pergunto, óbvio que ninguém me responde._ Inferno.

 

Voltei a caminhar e fui parar no mercado onde os gatos tentavam fazer suas vendas. Tentaram me empurrar uma tiara, pra combinar com o vestido. Queriam arrancar minhas maanas a qualquer custo, puta merda. Como se não fosse o bastante, ainda tentaram me vender um colar.

 

— Tá difícil entender que eu não quero comprar mais nada?_ quando me virei pra ir embora, trombei com o bicolor._ Era só o que me faltava mesmo...

— Acsa?

— Não, é o Oráculo._ digo, cruzando os braços.

— Desculpe, eu... Eu... Você..._ disse, corando.

— Ish, travou.

— É que você está... deslumbrante.

— Foda-se, sua opinião não me interessa._ olho-o com tédio, voltando a andar.

 

Torcendo para encontrar o mozão porque agora eu estava gostosa pra caralho, continuei rodando pela região. Infelizmente, a vida não estava do meu lado nesse dia.

 

— De todo mundo que podia aparecer, vem logo você?

— Uau, Acsa! Você está linda-

— Foda-se._ interrompi e voltei a andar.

 

Dessa vez, tentei dentro do QG, já que do lado de fora estava encontrando as piores pessoas possíveis. E olha só, parece que finalmente a sorte estava comigo. Encontrei logo os três trouxas de uma vez.

 

— Ah que bom, os três patetas reunidos. Me poupou tempo._ digo, sorrindo.

— O que você quer?_ disse o azulado.

— Com você, nada. Pode ir embora._ respondo, acenando com a mão pra ele sumir._ Muro, mozão, gostei muito do nosso último happy hour. Podíamos sair pra beber de novo.

— É uma boa ideia.

— Você podia não beber, da próxima vez._ o mozão advertiu.

— Amor, a melhor parte do happy hour é beber. Que tal hoje?

— A gênia pensou nisso sozinha?_ implicou o puto.

— Você ainda tá vivo?_ cruzo os braços.

— O Karuto está insuportável por causa da visita dos emissários, não vamos conseguir ficar lá._ o moreno jogou um balde de água fria.

— Merda, e ainda queria que eu lavasse a porra da louça._ minha mente deu um novo clique._ Tá, e se a gente pegasse as bebidas e fosse pra outro lugar do QG? Pode ser até no laguinho.

— O que vocês acham?_ o avatar perguntou.

— Acho que ar livre vai me fazer bem._ o platinado concorda.

— Idem.

— Então é unânime, meus amigos. Bora.

 

E assim, eu e o grupinho de trouxas fomos para o salão principal pegar as bebidas e logo fomos embora. Nós ficamos na parte de fora dos portões e nos sentamos no chão. Começamos a conversar e descobri que o avatar maldito tinha acertado uma flecha no muro.

 

— Achei que eu era seu único alvo de assassinato.

— Com ciúmes?_ perguntou, sorrindo.

— Vai pra porra. ¬¬

 

A conversa mudou para como eles viraram colegas de trabalho e como eram no começo da carreira. Meu Deus, parecia até palestra motivacional. Tirando a parte em que contaram como o mozão sempre foi mulherengo. Acabamos encerrando o assunto depois que o Valkyon ficou de frescurinha. Decidi ficar quieta e apreciar minha bebida, quando o meu homem se aproximou.

 

— Que cara é essa?

— Hm? Que cara?

— Atrapalho os pombinhos?_ brotou a bicolor.

— Sim, mas vou relevar._ respondo, tomando mais um gole da minha bebida.

— Você sai com seus amigos e nem me convida._ ela tenta pegar uma cerveja, mas o moreno a toma de volta.

— Isso não é pra garotinhas como você.

— "Eu sou um suíno com pernas, por acaso?"_ o encaro, bebendo mais um gole.

— Eu trouxe a Alajéa, espero que não se incomode._ eu cuspo a bebida na mesma hora.

— VOCÊ FEZ O QUÊ?! MAS QUE PORRA!

— A nossa opinião nem conta mesmo._ o elfo complementou.

— Não não, pode dar meia volta! Manda essa puta pro mar!

 

Ignorando minhas reclamações, elas simplesmente se sentaram ao meu lado e sorriram. Tiveram a audácia de sorrir.

 

— Mudem essas caras, ou vou arrancar os dentes de vocês duas pra engolirem um por um._ digo indignada, focando ainda mais na minha bebida. Inclusive, estava quase acabando.

— Vem cá._ a bicolor me agarrou pelo braço, me afastando um pouco dos outros._ Você está bem?

— É sério que tá perguntando isso?

— Não sei, estou com um mal-estar, um sentimento estranho.

— O nome disso é culpa ou remorso, como preferir._ digo, cruzando os braços.

— Estou falando dos outros, parecem meio... desconcertados.

— É porque temos convidadas indesejadas, principalmente a Geléia.

— Já estava assim antes de chegarmos, eu vi.

— Ah, deve ser por causa do muro, então. Mas vocês também podem ir embora, fiquem a vontade._ digo, apontando para a direção do QG.

— O que aconteceu?

 

Suspirando, tive que contar tudo pra bicolor, porque ela é muito curiosa. E também fofoqueira, pelo que parece.

 

— Ah, é sempre difícil perder alguém que gosta muito.

— Deve ser.

— Então, vou te contar.

— Eu sei, você não consegue se segurar.

 

Enquanto isso, do lado dos caras, a conversa continuava. E como esse jogo é bugado, eu ouvi tudo, mesmo enquanto a Karenn me contava da vida alheia.

 

— Você está educado demais com a Acsa. Ela caiu nos seus braços e agora você não liga mais?_ disse o azulado.

— Sim e não..._ respondeu o moreno.

— Sim?_ até o platinado se interessou.

— Quando a gente voltou da missão nos Fenghuangs, eu a encontrei. Ela pulou nos meus braços.

— E claro que você gostou.

— Tem como não gostar?_ o elfo maldito o olhou com tédio._ A não ser que seja você, eu acho.

— Então, o que você vai fazer?_ o muro queria saber demais.

— Bom, eu...

 

E na melhor parte, simplesmente tiraram minha boa audição. Porra, podia ter me deixado ouvir essa né? Meus charmes estão funcionando ou não? Enfim, quando voltei para onde estávamos, vimos a Geléia totalmente sozinha.

 

— Essa era sua deixa pra ter ido embora. Mas é burra, né. Fazer o quê?_ dou de ombros, sentando no lugar onde estava.

— Desculpa ter te deixado sozinha, Al._ a bicolor se desculpou.

— Não tem problema. Acho que eles foram conversar a sós sobre uma garota.

— Uma garota não, A Garota._ digo, sorrindo.

— Hm? Como você sabe?_ a bicolor pergunta.

— Intuição._ respondo, tomando um gole da bebida que o Nevra tinha tomado da Karenn.

 

Quando os trouxas voltaram, o avatar estava ligeiramente corado. Eu o encarei, incrédula. Ok, agora eu estava mais curiosa pra saber onde aquela conversa tinha ido. Cansada de suportar a Geléia do meu lado, me levantei e limpei minha roupinha nova.

 

— Embora eu queira muito socar alguém hoje, vou embora.

— Ah, mas nem nos divertimos tanto ainda.

— Me dá mais 3 copos de uma bebida bem forte que a gente se diverte bastante._ sorri._ Não, sério. Vou dormir, amanhã tenho que escoltar a Chihuahua de novo.

— Tá falando da Huang Hua?

— Ah, deve ser esse nome aí. Bom, valeu falou pra vocês._ acenei, me preparando pra ir embora, quando aquela voz me pegou desprevenida.

— Eu te acompanho.

— Hm, que cavalheiro._ sorri.

 

Infelizmente, a viagem foi mais rápida do que eu queria que fosse. Ele me acompanhou até o meu quarto, fiquei até surpresa.

 

— Você não quer entrar?_ perguntei, sorrindo.

— Acho melhor não. Mas você pode ir até o meu, caso tenha um pesadelo.

— Mas e se eu não tiver? Não posso ir mesmo assim?

— Acsa, falo sério. A Karenn me disse que te ouve gritar no meio da noite, as vezes.

— Ah, mas é porque as vezes o puto do Ezarel aparece. Não precisa se preocupar, provavelmente nos pesadelos eu mato ele.

— Eu me preocupo._ disse, olhando nos meus olhos.

 

Eu vi que ele estava falando sério, e isso me deixou bestinha por ele. Eu dei o meu sorriso mais sincero, agradeci e tentei deixar ele menos preocupado. Assim que ele se foi, fechei a porta e capotei. Na manhã seguinte, me levantei logo cedo.

 

— Bora escoltar a madame novamente._ me espreguicei, abrindo a porta.

 

Não achei que minha manhã começaria tão mal. Dei de cara logo com o loiro meio moreno.

 

— Logo cedo agora, porra?

— Bom dia, Acsa. Eu... queria te dar isso._ disse, me entregando uma caixa.

— É maana?_ pergunto, ansiosa.

— Abra._ sorriu.

— Hm... o que você quer?_ encaro-o, desconfiada. Abro a caixa e encontro a tiara e o colar que os gatos tentaram me enfiar a faca.

— Vi que você gostou, quando nos encontramos ontem._ respondeu, corando.

— Nossa, você entendeu tudo errado._ digo, balançando a cabeça._ Mas obrigada._ dou de ombros, colocando a tiara.

— Eu te ajudo._ ele pegou o colar da caixa e com uma estranha agilidade, colocou no meu pescoço. Eu o encarei.

— Você é batedor de carteira ou algo do tipo?

— O quê?

— Deixa quieto. É melhor você ir, antes que a himedere tenha um ataque de ciúmes._ aceno, indo encontrar a Chihuahua e o Feng Feng.

 

Chegando no quarto, só bati uma vez e ela já saiu como um furacão.

 

— Bom dia! Você está bem? Como foi sua noite?_ perguntou, me abraçando.

— Ah, me poupe das demonstrações de afeto._ digo, me soltando do abraço._ To bem, tudo bem. A noite foi boa.

— Isso é ótimo. Zif foi pedir nossa comida no salão, vamos encontrá-lo lá.

— Tá.

 

Lá no salão, eu comi bastante, porque dessa vez eu tava com fome. Quando terminamos, fomos visitar pela centésima vez o QG, porque ela não conhece nada. Claro que não conhece. Como não tinha nada novo pra mostrar, concordamos em ir pra fora do QG, pra ela ver mais mato e um mar que tentou me assustar mas se fodeu. No caminho de volta, ficamos conversando sobre como a base dela era diferente. Bem calma, até demais. Eu ia odiar. Mas enfim, voltamos para o QG e a Ykhar veio nos buscar, dizendo que tava tudo pronto pra madame e o véio irem embora. Graças ao Oráculo, já não aguentava mais.

 

— Bem, acabou a festa e a minha viagem.

— Olha, não te achei ruim. Só tem que parar com os abraços._ ela ri.

— Certo, vou me lembrar disso. Eu vou falar com a Miiko sobre o futuro do nosso tesouro e nossa aliança, você pode participar?

— ... andou fumando cogumelos enquanto esteve aqui?

— A senhora está lou... Ela não sabe de nada!

— Ah cala boquinha, velho do caralho!

— Como ousa?!_ o véio gritou. A morena soltou uma gargalhada alta.

— Você mereceu dessa vez, Zif. Eu quero sua opinião, Acsa. Você é inocente.

— Eu sou o quê?

— Em relação a esse mundo.

— Ah tá. "A himedere vai ficar puta."_ sorri com o pensamento.

 

Nós vamos até a sala do cristal, onde a puta já me expulsa da sala, de forma elegante.

 

— Agradeço por cuidar da Huang Hua, mas pode ir agora.

— Então, parece que eu fui requisitada mais uma vez._ sorri.

— Huang Hua!

— Bem, se resolvam aí._ digo, sentando no lugar mais próximo.

— Precisamos da imparcialidade dela. De um lado estamos nós e do outro, vocês. Ela não parece que vai defender ninguém.

— Não mesmo, quero mais é que se fodam._ digo, cruzando as pernas.

 

Os três trouxas chegaram e a reunião começou, beeem tediosa. Todo mundo tentava defender seu ponto. Acho que é assim que funciona o governo. Não funciona, na verdade. Deixando isso de lado, parece que a puta das chamas não é adorada por muita gente. Tem treta até com o povo do outro lado do mundo.

 

— Por que não deixamos a flauta com os Kappas?

— Eles não tem armamento, caso sofram uma invasão. Pensamos em deixar com vocês, mas soubemos que tiveram problemas recentes.

— Ah, é verdade isso aí._ afirmo, comendo um pãozinho que roubei mais cedo da despensa. Miiko me encarou em advertência, eu sorri e comi mais um pedaço do pão.

— Estamos lidando com um intrometido que invade nossos locais feito redemoinho.

— O cara é bom._ comento. Mais uma encarada feia. Puxa vida...

— É aquele homem que você me falou mais cedo?

— Isso. Precisamos resolver isso antes de qualquer coisa. Não é nada contra vocês, mas não posso arriscar a segurança do tesouro.

— Justo.

— O que você acha, Acsa?_ a kitsune perguntou, com cara de tédio.

— Ah, posso opinar agora? Então, acho que a Guarda de Eel não tem lugarzinho na fila. O tesouro é dos Feng-seiláoque, nada mais justo que eles decidirem._ finalizo comendo o último pedaço do pão._ Hm, até que tava bonzinho.

 

Todo mundo me encarou como se eu fosse louca. Não sei se pelo pão que roubei ou se pelo o que eu disse.

 

— Você tem razão. Não imaginei que fosse tão sábia._ a himedere disse.

— Agora eu to em choque.

— Então, vamos deixar a flauta com a família real das Terras de Jade do Norte enquanto reconstruímos nosso templo.

— Certo, vou enviar homens pra te ajudar na reconstrução.

— Que bom que todo mundo se entendeu. Posso ir embora agora?_ pergunto, apontando para a porta.

— Pode ir, Acsa. Ykhar, prepare os papéis.

 

Antes de ir, a Chihuahua marcou um encontro de despedida comigo na manhã seguinte, na sala das múltiplas portas. Que hospedagem longa, puta que pariu. Enfim, fui para o meu quarto e dormi como a princesa que sou. Acordei só na manhã seguinte, ainda com a roupa que gastei uma nota de maanas. Ia usar esse treco até se acabar todinho. Na sala das trocentas portas, tinha mais gente que no show do RBD. Ok, não vamos exagerar também.

 

— "Que drama da porra..."_ pensei, coçando a orelha, enquanto via gente até chorando.

 

A Chihuahua pediu pra todo mundo sair da frente pra eu passar, coisa que eu fiz sem muita vontade. Dessa vez, ela não me abraçou.

 

— Olha só, aprendeu._ sorri.

— Eu disse que lembraria. Você dormiu bem?

— Sim, tranquilo. E você?

— Estou meio triste por deixar todo mundo. Mas minha missão foi cumprida aqui e preciso ver como meu povo está.

— Hm, falou como uma líder. Gostei.

— Você me acompanha até minha carruagem?

— Já to aqui né? Vamo._ dou de ombros, andando ao lado dela.

— Desculpem, mas vocês podem me deixar a sós com a minha amiga?_ a morena disse, instantaneamente o povo me olhou com ódio.

— Mais, precisa de bem mais._ sorri.

 

Todo mundo vazou, deixando nós duas sozinhas. Ela pegou minhas duas mãos, sorrindo.

 

— Estou muito feliz de ter te conhecido.

— É, eu percebi.

— Você é gentil, a sua maneira._ disse, piscando.

— Se você diz._ dou de ombros.

— Bem, vou precisar adiar alguns planos por causa desse acontecimento. Enfim, nada que eu não possa fazer depois.

— O meu depois nunca chega.

— Você não deveria abandonar nada.

— Do que tu tá falando?

— Vi tudo que está acontecendo com você, o que sofreu até agora.

— "Eu to sofrendo? Acho que eles estão mais do que eu."

— Não abandone, nunca. Como eu disse, coincidências não existem.

— ... Você por acaso é cartomante?

— ... O que é isso?

— Esquece.

— Mas se quer saber sobre poderes, eu tenho.

— E qual seu super poder?

— Hm, meio difícil explicar. Assim, quando alguém sente algo forte por outra pessoa, eu consigo ver.

— Você consegue ver o ódio que tenho pelo avatar maldito?

— Consigo. Se alguém gosta muito de você, por exemplo, eu consigo ver ele brilhar ainda mais em sua presença.

— Ah, depois vou te levar pra ver o Nevra então.

— Bem, chegamos.

— Nossa, é mesmo. "Fiquei tão distraída com essa última informação, que nem me liguei que a gente tava perto do portão do QG."

 

Do nada, Chihuahua se aproximou e me abraçou. Eu perdoei, até porque ela tava indo embora. E o povo ficou tudo encarando a gente.

 

— Não se preocupe, vai dar tudo certo.

— Entre mim e o Nevra? É verdade esse bilhete?

— É um desejo meu.

— Desejo a gente faz no aniversário quando sopra velinha ou quando cai estrela cadente.

— Miiko, minha amiga, agradeço pela maravilhosa recepção que nos deu.

— Kitsune? Nem te vi.

— Não precisa agradecer._ me ignorou.

— "Puta."

 

A madame foi melhor que muita celebridade. Apertou a mão e abraçou todo mundo que quis se despedir. Botei fé. Mas isso demorou pra caralho também. Antes de ir embora, ela se aproximou de novo.

 

— Você se lembra o que eu te disse antes, sobre o brilho?

— Ah sim, o que que tem?

— Então... consigo ver várias almas brilhando em sua presença.

— E o mozão? O resto que vá pra porra, quero saber do mozão._ digo, olhando ao redor.

 

Ela riu e acenou, entrando na carruagem e indo embora.

 

— Você joga essa bomba e vai embora? Volta aqui!


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Notas finais do capítulo

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