Como a vida pode dar uma reviravolta dessas? Ontem mesmo eu estava morando em Nova York, pegando o metrô para ir ao trabalho. E hoje estou nesse apartamento mais que luxuoso do filho do dono da empresa.

Por falar nisso, cadê esse tal riquinho? Ainda não o vi desde que cheguei.

Meu celular tocou, e a foto de Meli apareceu na tela.

—Oi, Meli.

—Estou subindo. –ela apenas disse, e desligou.

Ri sozinha.

Meli está morando no segundo andar. Adam no terceiro, e Safira no primeiro. Eu estou na cobertura, ou quarto andar. Não é o maior prédio da cidade, mas é muito luxuoso.

Meli entrou toda feliz.

—Valen, quero olhar tudo. O que achou do seu novo apartamento? Da pra ver que é melhor que o meu, mas estou mais do que satisfeita.

—Não sei, Meli. Ainda não olhei.

—O que? –ela perguntou indignada. –Vamos andar por aí. –ela me arrastou.

A sala eu já havia visto, estava nela agora pouco. Era tudo vidro, com uma vista linda lá fora. Um imenso sofá, e do outro lado um sofá de dois lugares normal. De frente para a enorme televisão, havia duas poltronas lindas. Tudo de cor clara, e almofadas mais escuras. Em cima da mesa de centro tinha revistas e objetos de decoração. No teto havia dois lustres iguais maravilhosos. No canto da sala havia um vaso com planta grande e verdinha. Atrás do sofá de dois lugares, se mantinha um móvel marrom escuro, com uma bandeja de taças das mais caras e brilhantes.

Atrás tinha a estupenda sala de jantar e ao lado dela uma linda cozinha.

Meli subiu uma escada, que suponho que seja onda está os quartos. Subi atrás dela. E a cada canto que passávamos, ela ficava encantada. E eu também, é claro.

Havia três portas naquele corredor. Meli já foi abrindo o da esquerda. Então nos deparamos com um quarto deslumbrante, que suponho que seja o meu. Meli pulou de alegria.

—Vou passar a maior parte do meu tempo aqui com você Valen.

Entramos no banheiro do quarto, e fiquei sem ar. E Meli quase caiu para trás.

Saímos de lá, e fomos para a porta à direita do corredor.

Aquele devia ser o quarto do Mauricinho. Era lindo. Entramos em seu banheiro, e era igualmente maravilhoso. Depois Meli quis ver seu closet.

—Ai que emoção. Ele deve ser mais bonito pessoalmente.

Ela abriu uma gaveta, e lá tinha várias cuecas.

—Meu Deus, vou enfartar.

Ri da cara dela.

—São só cuecas Meli.

Ela pegou uma na mão, e aperto contra o peito.

Fui até ela, e arranquei aquela cueca preta de sua mão, e guardei de volta.

—Vamos sair daqui. –falei. –Vai que ele chega.

Vimos o que tinha atrás da porta no fim do corredor, e era o escritório do cara.

Voltamos para a sala e ficamos lá lendo as revistas e fofocando.

—Estou conversando mais com o Adam. –Meli sorriu maliciosamente.

—Você está afim dele? –perguntei espantada.

—Não sua boba. Estou fazendo isso por você.

—Por que por mim? –me fiz de desentendida.

—Não se faz de sonsa. Você gosta dele. E eu sei que ele gosta de você. Ele mesmo me falou hoje.

—Você falou com ele hoje? –Perguntei.

—Sim, fui olhar o apartamento dele.

Típico de Meli.

—O que ele disse. –não consegui esconder minha curiosidade.

Meli me olhou por cima da revista com um sorrisinho.

—Perguntei se ele não sente sua falta. E no começo ele negou, mas depois ele pegou confiança em mim, e me contou a verdade. Ele te ama, mas tem medo de levar um pé na bunda. Ele tem medo de dizer pra você e você não sentir o mesmo que ele. Eu o encorajei a te dizer. Ele vai te convidar para um jantar hoje a noite.

Fiquei de olhos arregalados. Me deu até um frio na barriga.

—Relaxa. –ela disse. –Vou te ajudar a se arrumar.

—Não sei se te agradeço ou te dou um tapa.

Ela riu.

—Pode me agradecer arranjando o Mauricinho para mim. –ela disse e piscou.

A noite chegou, e o apartamento estava vazio. Desci até o apartamento de Meli para me arrumar.

À tarde Adam me ligou para me convidar para um jantar. Eu gaguejava feito uma idiota.

—Cheguei. –gritei.

—Aqui Valen. –Amelia chamou no quarto dela.

Fui até lá rezando para ela estar me esperando com um vestido comportado nas mãos. Pois é, ela iria me emprestar o vestido.

Cheguei lá e não tinha vestido nenhum. Ela estava em pé atrás da cadeira da penteadeira.

—Senta aí.

Sentei, e Amelia fez uma maquiagem perfeita em mim. Eu parecia outra pessoa. Depois ela pegou um dos seus vestidos e mandou-me vestir. O vestido era muito lindo. Era azul escuro, com mangas compridas de renda. Tinha um pequeno decote na parte dos seios. Ele era todo de rendado, e para dar um charme, havia um cintinho dourado na cintura. Meli me emprestou um salto na cor nude. Eu estava deslumbrante.

—Alguém? –Adam chamou lá da sala.

—Ai, que vergonha. –falei.

—Você está linda. Aproveite a noite. –Amelia falou.

Saímos do quarto e fomos até a sala onde Adam estava. Ele estava lindo. E meu coração batia descompassado.

—Você está linda Valentina. –ele me olhava encantado.

—Você também. –falei timidamente.

 Ele me deu o braço, e fiquei parada. Amelia levou minha mão até o braço dele. E então nós saímos.

Ele me levou até um restaurante chique. Fiquei me perguntando de onde ele ia tirar tanto dinheiro para pagar nosso jantar.

O jantar foi incrível. Conversamos bastante, rimos, e tudo mais. Decidimos que já estava tarde, e era melhor irmos embora. Ele pagou a conta e fomos embora.

Pegamos um táxi, pois o carro dele ainda não havia chegado. Só chegaria na semana que vem.

Já no elevador, ele me olhava ternamente. E eu o olhava de volta. Por instinto acabei fazendo uma coisa arriscada. Beijei-o. Ele correspondeu ao beijo. Parecia que havia saudade ali. Eu sentia falta da forma como ele segurava meu rosto e minha cintura na hora de me beijar. Foi um beijo carinhoso, mas tivemos que parar na hora que o elevador chegou ao meu apartamento. Encerramos com um selinho, e eu entrei.

Eu já estava indo para o meu quarto. Queria ligar para Amelia e contar tudo, mas tive que mudar meus planos, pois o mauricinho já estava em casa.

Eu pude vê-lo sentado no sofá apenas com a claridade da televisão. Ele era loiro e tinha olhos castanhos. O resto do apartamento estava escuro. Acho que por isso ele ficou tentando ver quem acabou de chegar.

—Olá. –falei. –Sou sua nova colega de apartamento.

Ele ainda não conseguiu me ver claramente, então levantou e ascendeu a luz. Ao fazer isso ele me olhou e ficou sem reação. Ele estava chocado, mas não entendi o motivo.