Sicut Viperae — Interativa escrita por Mae


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

HEY! Aqui está o prólogozinho hehe. Espero mesmo que gostem e uma dica: escutem essa música do cap, ela é muuuuito boa!
NOVO MUNDO: http://sv-interativa.tumblr.com/tagged/novomundo
Beijos e boa leitura.



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“Só os mortos conhecem o fim da guerra.”

Douglas MacArthur.

Scorpions – Wind of Change

    A chuva batia fortemente contra as janelas blindadas do enorme palácio do Kremlin, localizado em Moscou. O clima lá fora estava escuro, com nuvens carregadas e cinzentas que pareciam cada vezes maiores com cada gota de chuva que caía. Se chegasse perto das grandes janelas poderia ver as fileiras de guardas nos enormes portões do palácio, poderia ver também o jardim da czarina, muito bem cuidado por sinal, mas que agora parecia tão sem vida. Aquele dia em si parecia sem vida. E dentro do enorme escritório não seria diferente; as pessoas ali presentes pareciam travar uma batalha consigo mesmo, com exceção dos ingleses e franceses que pareciam mais tranquilos que o próprio Buda. O clima ali dentro estava pesado, e apesar do frio cortante que fazia do lado de fora das grandes janelas, ali dentro estava tórrido, como se estivessem na beirada de um enorme forno.

    O czar russo, Ivan Stanislavovich Chernikov, mantinha sua cabeça abaixada e o olhar fixo na mesa de vidro; milhões de pensamentos passavam por sua cabeça, o maior deles era como matar o rei inglês e o Kaiser alemão sem causar uma guerra. A czarina Ekaterina Victorovna Chernikova mantinha suas mãos ao redor de seu filho de modo protetor, mas seus olhos estavam atentos em Konstantin como se a qualquer momento ele pudesse tirar um chicote de suas vestes e começasse a chicotear seu filho, sabia que a ideia era absurda, mas não podia ignorar o mal que aquele homem já causara para sua família. Já o czarevich Anton Ivanovich Chernikov tinha seus olhos claros pousados na pintura de alguns séculos atrás que enfeitava a parede daquele lugar; Anton nem sequer piscava, sentia outros olhares em si, mas sua cabeça estava naquele maldito cativeiro e nas cicatrizes que enfeitavam seu corpo. Ele estava ali, somente de corpo, pois sua mente estava no passado obscuro e sofrido.

   Já o Kaiser alemão, Konstantin Kratochwil Köler, tinha os olhos pousados nas gotas que escorriam pela janela, pensava em mil maneiras de sair dessa “proposta” sem cabimento que fora obrigado a ouvir. Rebekka Kratochwil Hülsen, imperatriz alemã, estava cansada daquele clima de Moscou e daqueles rostos sem vida, principalmente da czarina que a olhava como se pudesse mata-la, só queria que seu marido resolvesse isso logo para que pudessem voltar à Alemanha e seus chás da tarde, na verdade, ela não se importava com a decisão de Konstantin. Nikolaus olhava todos que estavam presentes naquele lugar, gostava de observar as feições dos outros e como elas mudavam quando ouviam algo interessante; ele ouvira o que o rei inglês tinha proposto, e já sabia sua resposta: sim. Ele faria de tudo pelo bem daquele país. Observou sua irmã mais nova aos cochichos com sua prima Lucretia no canto da sala; as duas sempre tiveram uma amizade forte.

  Giovanni estava irritado com tudo aquilo, principalmente com aquela maldita chuva que não parava de bater nos vidros e fazer aquele barulho alto e constante. Aquele rei inglês é um completo idiota, mas ainda assim audacioso de propor algo como aquilo. Katja queria explodir aquele lugar inteiro, odiava esse clima horroroso e seco, odiava olhar para a cara de Ekaterina e ver aquelas linhas de expressão, odiava aquilo tudo, não queria estar ali, afinal, o que poderia fazer? Nada. Soltou um bufo de indignação enquanto descruza e cruzava as pernas novamente. Lorenzo nem se dava ao trabalho de olhar para a cara dos outros, não mudaria em nada na sua vida, sua situação não melhoraria e ele não estaria no conforto de sua cama, a única coisa que poderia fazer era aceitar aquela merda toda e sobreviver mais um dia naquela amostra de inferno.

   Os Schreave se mostraram diferentes. Eli, o rei, balançava a cabeça em negativa constantemente como se estivesse arrependido de alguma coisa, não era muito difícil adivinhar o que; sabia que não havia escolhas, afinal, havia mísseis e bombas nucleares apontados para se país caso ele recusasse aquilo. Phoenix, a rainha illéna, olhava seu marido amorosamente enquanto afagava seus ombros em conforto, sabia que estavam sem escolhas e ter de sucumbir seu filho e marido àquilo era como arrancar seu coração do peito, agradecia aos seus por sua querida filha não ter que participar daquela loucura. Nathaniel sempre gostou de poder escolher seu futuro, mesmo que não completamente, agora isso ser tirado de si mesmo por conta de uma guerra idiota o fazia pensar em quão sem humanidade as pessoas estão; ele sabia as consequências caso sua família recusasse, era uma nação inteira, pessoas inocentes morreriam, mas Nate tinha o coração grande demais e jamais deixaria que isso acontecesse.

     Os minutos foram passando rapidamente, o único barulho a ser ouvido era o da chuva batendo contra a janela. Solomon Cunnigham estava imensamente feliz consigo mesmo, aquela ideia fora extremamente fantástica; olhou para sua esposa com um sorriso cúmplice e viu ser retribuído do mesmo modo, Gwendolyn o ajudara muito nisso, ela também merecia seus créditos. Era impressionante como algumas horas de pesquisa podiam simplesmente amarrar quatro países as suas mãos. Ah, o poder... Aquela sensação rara, mas tão boa, ele amava isso, e amava mais ainda ela está aparecendo para ele tantas vezes naqueles últimos anos.

    — Eu admiro muito o silêncio, meus amigos, mas creio que o nosso tempo esteja se esgotando — Solomon olhou em seu pulso para se relógio de ouro puro, constatando que já eram três horas da tarde, queria sair daquele país pelo menos até as sete. — Caso não saibam, tem um país inteiro me esperando.

    O sorriso no rosto do rei inglês era irritante, constatou Erik Magnusson. Havia pouquíssimas coisas que o irritavam e aquele sorrisinho feliz e sacana estava entrando para sua lista. Ele não queria estar ali, nunca quis. Desde que a Escandinávia se tornara uma potência ele tem de estar em vários lugares, mesmo contra sua vontade. Só queria estar no clima frio de seu palácio com um copo de cerveja em sua mão. Olhou para Freja e não se surpreendeu ao ver a mulher com a cabeça baixa e a expressão submissa, Erik amava sua esposa, mas aquela submissão extrema dela também estava na lista de coisas que o irritava.

   — Só digam sim logo, vocês sabem que não tem opção. — O rei escandinavo murmurou enquanto pousava os olhos indiferentes nas duas meninas que conversavam mais ao fundo.

    Ivan ergueu sua cabeça para Erik e o olhou friamente. Sempre teve um bom relacionamento com o escandinavo, mas naquele momento a única coisa que queria era a cabeça dele, do inglês idiota e daquele maldito francês em uma bandeja. Em falar em francês... Jean-Louis passava as mãos constantemente por seu bigode bem aparado, sua expressão estava fechada como sempre e sua única vontade era de pegar Gabrielle e sair daquele país de animais selvagens.

  — Vocês tem total noção de que essa ideia é completamente uma merda? — o czar russo disse, sua voz estava alta e cheia de ódio. Solomon, Jean-Louis, Gwendolyn e Katja arregalaram seus olhos com o linguajar. Um monarca não deveria falar daquele modo.

    — Parece que seus pais não lhe ensinaram modos, não é, Ivan? — Konstantin não perderia a oportunidade de alfinetar seu rival.

    — Me ensinou sim, Konstantin, mas também ensinou com quem usar e você não está na lista. — Ivan respondeu na mesma altura enquanto levantava de forma bruta de sua cadeira. Pegou sua bengala de carvalho feita especialmente para ele, o brasão de sua família – um tigre siberiano – enfeitava a ponta, era prata pura. O czar caminhava pelo escritório com o apoio de sua bengala, sua cabeça estava a mil por hora, era muita coisa para assimilar em somente uma hora de reunião.

    — Senhores, não acabaram de sair de uma guerra para entrar em outra, não é mesmo? — Gwendolyn tinha a voz debochada e um sorriso sacana enfeitava os lábios rubros; olhou para Solomon que ainda sorria aos quatro ventos, entendia a felicidade do marido, ela mesma compartilhava da mesma.

     — E se nós dissermos não? — Eli Schreave pronunciara-se pela primeira vez depois do longo momento de silêncio.

     — Então meu querido amigo, os mísseis e bombas que estão apontados para seu país serão lançados e a gigante Illéa será resumida a pó — Solomon disse com seu sotaque carregado e uma risadinha maldosa no fim.

     — Vocês devem estar achando que somos idiotas — Giovanni levantou-se bruscamente, olhou para todos naquele lugar com nojo estampado em suas feições. — A guerra pode ter nos enfraquecido, mas ainda temos exércitos inteiros para acabar com vocês.

    Solomon revirou os olhos, isso era típico do imperador italiano.

   — Eu acho que vocês não entenderam, faune... — Jean-Louis começou, enquanto olhava para todos ali com superioridade. — Vocês não tem opção senão aceitar isto.

   Os monarcas ingleses apenas concordaram com as palavras de Jean, apesar de ser um velho chato e reclamão, o rei francês sabia impor medo nos demais, não somente por sua idade já avançada, mas também por estar sempre com aquela expressão superior em seu rosto.

   Ivan voltara para seu lugar, ao lado de Ekaterina. Murmurou um palavrão em russo antes de dizer que aceita. Konstantin estava em um beco sem saída, ou aceitava ou assistia seu país acabar; com a expressão fechada, o Kaiser alemão murmura sua resposta: sim. Eli Schreave faria qualquer coisa pelo bem de seu país e de sua família, sabia o que significava caso aceitasse aquela ideia ridícula, mas foi com o olhar encorajador de Nate que o rei illéano disse o seu sim. Giovanni estava completamente contrariado e com raiva, sentia-se impotente, como se o seu poder tivesse sido arrancado dele, queria explodir aquilo tudo, mas o que adiantaria a destruição de sua preciosa Itália? A contra gosto, Giovanni aceitara. Solomon e Gwendolyn sorriam em júbilo com aquilo tudo. Erik relaxava em sua cadeira quando percebeu que podia voltar ao seu país. Jean-Louis apenas resmungou coisas desconexas em francês enquanto levantava-se e dirigia-se à porta do escritório sendo seguido por Gabrielle.

   Mas ninguém perguntara a opinião dos herdeiros, e nem se dariam ao trabalho de perguntar. Anton não demonstrava reação, seu rosto estava em branco e sua posição a mesma de muitos minutos atrás, apesar de ouvir tudo o que disseram ali, o herdeiro russo tinha sua cabeça há alguns anos atrás; saber que agora não teria o direito de decidir se gostaria ou não de se casar, só o fez concordar mais ainda consigo mesmo: o mundo era uma verdadeira merda. Nikolaus tinha a expressão séria e responsável, sabia seu dever com seu povo e aceitaria isso de cabeça erguida, mesmo que mais uma escolha lhe tenha sido tirada. Lorenzo já sabia o rumo disso tudo desde quando o rei inglês falou sua ideia; ele não se importava de verdade, nunca se importaria, era só mais uma coisa inútil a cumprir. Nathaniel mais do que ninguém sabia como funcionava A Seleção, afinal, era uma tradição illéna, mas ter que viver isso era algo totalmente diferente, sabia que isso tudo não passava de uma jogada política e de que as garotas que participariam não eram nada mais do que peões.

    No começo daquele mesmo dia, Jean-Louis dissera que países como Rússia, Alemanha, Itália e Illéa eram como animais selvagens que precisam urgentemente serem domados, mas só havia um porém aí: não se doma animais selvagens.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me contem TUDO!
Então, aqui está as regras: (http://sv-interativa.tumblr.com/regras) Leiam-nas com muita atenção antes de fazer sua ficha.
E aqui está a ficha: http://sv-interativa.tumblr.com/ficha
PRA QUEM FOR FAZER UMA PERSONAGEM INGLESA, RECOMENDO QUE USEM NOMES DA ERA VITORIANA, TEM NAQUELE GERADOR DE NOMES QUE DEIXEI NAS REGRAS.

Beijos e até maissss xD.