Os Karas - Cigarros e Moscow Mule. escrita por Alex


Capítulo 16
11. Território desconhecido.


Notas iniciais do capítulo

Enviando mais cedo por alguns motivos. Estarei ocupado essa semana com meu aniversário (que cai no exato dia 31/12 hahaha). Espero que curtam o ultimo cap. De 2016. Nos vemos ano que vem. ;) Boa leitura!



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Uma narração de jogo de futebol tornava no ambiente menos pesado. A casa estava toda revirada. Nenhum canto foi esquecido. Esconder provas era algo que o Dr. Q.I ensinará muito bem a seus subordinados. Este, em especial, tinha feições e um gênio mais explosivo. Quase um metro e noventa de altura, pouco grau de instrução… Q.I o recrutou por precaução. Era mais inteligente ter ele a seu lado, mesmo nunca vindo a utilizá-lo em tarefas de fato… 

...Bem, era isso que o gênio do crime pensou, mas a realidade agora era outra. Q.I já não possuía o benefício da escolha. O número de pessoas que o queriam morto era muito maior do que os convertidos a sua causa. O gigante abobado também fora útil para ele em outros assuntos. Ele aceitou o pedido de Dr. Q.I que levasse a sua irmã até a penitenciária de Segurança máxima. Q.I teve assim uma última noite de sexo dias antes de Miguel o visitar também.

Agora, o gigante precisava apenas esperar. Esperar ser pego, esperar Q.I dar sinal do próximo passo… o que viesse primeiro. Era sem dúvida algo valioso, mas o grande homem-músculo não entendia os termos daquele laudo. Só entenderá que era morte e de um famoso ex detetive. Um crime em São Paulo era acompanhado sempre pelo receio de se esbarrar com Andrade na outra esquina. Era lendária a história daquele homem. Mas, não existem alarmes bons quando um ladrão habilidoso quer algo.

Os pensamentos do gigante logo voltaram para o pior novamente. Sua imaginação era fértil como terra preta. Conseguia imaginar os policiais arrombando a entrada de seu esconderijo e apontando seus rifles para seu rosto…

De repente, a porta do esconderijo fez um barulho. Era um chamado. Sem pensar duas vezes, pegou sua 9 mm, destravou-a e escondeu debaixo da longa camiseta que usava. Sorte. Era apenas uma vizinha pedindo seu carrinho de compras emprestado. O gigante inventa alguma desculpa e volta a trancar a porta, assustado, porém, com boa parte do seu ser pedindo por um pouco de ação.

 

•|•

 

Peggy levantou as sobrancelhas quando certo rapaz conhecido por Calú visivelmente cansado e com fome chegou ao hotel já à noite. Magri estava junto de Peggy. As belas mulheres acabaram de jantar e conversavam enquanto o carro da família de Magri não chegava. Magri olhou no relógio de pulso: Nove e vinte e três. O aviso de Nicolas sobre a missão do dia seguinte fora um dos assuntos do jantar das senhoritas.

E o desfile? -Peggy perguntou tomando um gole d’água -

Sai no meio. Alta moda é altamente ”boring” sem você lá. - ele beija Peggy apaixonadamente e se volta para Magri a fim de abraçar a amiga -

—Então, o que você disse? - Magri perguntou para Calú se referindo à missão do dia seguinte -

Mais ou menos o que já havíamos decidido. Tornamo-nos pessoas públicas. Não podemos estar em atividade lá fora sem dar bandeira. Eu saio de um desfile hoje sem dizer onde fui. A tevê deve comentar isso em breve.

Calú se sentou mostrando-se de algum modo, abatido.

—Como está se sentindo..? - Peggy acariciou o seu rosto –

Ele suspirou fundo. Calú sentia-se de alguma forma impotente. Ele escolhera não se envolver no caso, mas, vendo aquilo tudo com olhos mais sóbrios, não poderiam nem se quisesse. Fitou o balcão de bebidas. A abstinência de álcool tinha gritado por trégua.

Suponho que isso passa depois… - Disse ele - não sei o que gostariam de escutar… Acho que não sou o homem mais otimista que conheço…

Magri e Peggy sorriem.

—Estamos no mesmo barco. Vamos enfrentar essa tempestade juntos. - Magri disse -

Não a tempestades para enfrentar, Magri. O que nós somos assina a sentença de público, não atração.

Magri se levantou. Calú e Peggy a observaram.

—Se eles pensam em fazer tudo sozinhos, então eles nunca entenderam esses anos todos como eu funciono.

Calú sorriu. Aquela era a personalidade que um dia o fez ser apaixonado por Magri.

Naquele exato momento, o carro de Magri chegou ao hotel. Breves despedidas se deram por acontecer, quando notaram, Calú e Peggy estavam de pé. Calú falou com um funcionário do hotel e voltou depois para perto de Peggy.

Pensou em comprar alguma bebida… Mas mudou de ideia e foi em direção a Peggy a fim de concretizar o seu plano.

Peggy estreitou Calú com força em seus braços e encostou a cabeça em seu peito a fim de ouvir o seu coração.

—Dorme comigo essa noite? -Ela perguntou –

Calú fez que sim com a cabeça.

—Já disse aos funcionários do hotel que podem arrumar o meu quarto, não estarei lá essa noite.

 

•|•

 

Quando Miguel estacionou o carro naquela manhã, o mais nervoso era Nicolas. Era cômico dizer que Nicolas era o com menos experiências desse tipo. Crânio, Miguel e Chumbinho vestiam roupas mais casuais.

Certo, o plano é o seguinte: misturem-se até avistarem ele andando por aí. Podemos ter o azar dele não sair de qualquer forma de casa, mas isso é o de menos, podemos voltar outro dia se esse for o caso. O que fazer caso encontrá-lo. Parecer ser o mais antipático possível.

O porquê da antipatia?— Nicolas perguntou -

Precisamos parecer saber quem ele é. Temos a vantagem de procurá-lo em sua casa, vai parecer que temos o endereço dele. Precisamos apenas nos concentrar em localizar o laudo. Ele não vai entregar para qualquer um…

—Certo…

—Se não avistarem ele, esperem aqui no carro. Nos vemos em três horas, ok?

—Entendido.

—Muito bem…

—Vamos lá.

Saíram do carro e adentraram a periferia. Chumbinho constatou as construções. A falta de acabamento nas paredes, as lajes prontas para cair. Por um breve momento, o garoto sentiu-se extremamente deslocado. Q.I estivera certo. Era gritante a diferença entre os mundos. Algumas crianças caminhavam ou corriam do outro lado da calçada. Acompanhado por parentes, as crianças uniformizadas em direção a uma precária escola. Chumbinho finalmente encontrou um lugar para esperar e ver o movimento. Uma praça próxima a uma padaria. A banca de jornal tinha um velhinho que encarou o mais novo dos Karas com receio. Chumbinho evitou o contato visual, ficou ali sentado por algum tempo. 

A única fonte de barulho, movimento e distração vinha da tal banca de jornal. Chumbinho sabia da necessidade de ser o mais discreto possível. Foi até a banca e comprou uma garrafa d’água sob o olhar suspeito do dono da banca.

“Ele deve pensar que vou assaltar a banca de jornal dele… Não o culpo” pensou o jovenzinho dos Karas. Ficou sentado na praça, assistiu a duas partidas de Xadrez entre dois senhores de idade, avistou diversas pessoas diferentes irem e virem, mas… Nada. Olhou no relógio. Haviam passado quase duas horas e meia e nada. Saiu do local, ainda sobre os olhares desconfiados do dono da banca.

 

•|•

 

Miguel estava pensativo. Esperar em um ponto de ônibus foi o que o líder dos Karas decidiu. Ficou extremamente atento a toda a movimentação de pessoas, muito mais intensa que na praça onde Chumbinho fizera sua vigília. Parou por horas em vários pontos distintos da tal periferia e não teve nem um sinal de alguém que se parecesse com o tal retrato falado. O laudo de Andrade seria a verdadeira e derradeira prova que eles precisam. Saber como o amigo veio a morrer…

Apesar, do caso não está resolvido, mesmo com tudo isso. Se se confirmasse o pior, voltariam para a estaca zero. Miguel não pode de ver o mundo a seu redor com pesar. Ele sabia o que vivia aquele povo. Piores tipos de atrocidades, violência. Falta de posto de saúde e escolas decentes. A impotência que sentiu em seus ombros fora grande. Pensou no que faria a esse povo que tanto sofre se um dia viesse a ser o presidente do país.

 

•|•

 

Crânio parou em um boteco de esquina. O cheiro de álcool era forte. Um pouco também do lixo que estava jogado em frente a calçada. Parou e pediu um refrigerante e o prato do dia. O servente estranhou. Eram seis horas da manhã. O que ele estava fazendo?

“Trabalho a noite na fábrica de produtos de limpeza e não jantei, estou com uma fome de leão”. Mentiu. Crânio perceberá que mentira bastante esses últimos dias. Não era saudável transformar aquilo em um hábito. Teve que comer o prato de comida. A sorte foi generosa com Crânio, ele não havia tomado café da manhã, mesmo achando estranhíssima uma refeição completa no café. Comeu dois terços do prato e ficou com uma extrema preguiça. Fingiu assistir a TV enquanto seus pensamentos voltavam para Maria. Teria sido sincero com ela? O que sentia de fato pela mulher? Seus pensamentos voavam longe quando com o canto de olho, viu o homem extremamente parecido com o do suspeito do retrato falado adentrar o boteco.

Em um primeiro instante, Crânio se assustou com o tamanho dele. Ele era literalmente um armário. Era gordo de rosto como na foto, mas atlético de certa forma. Músculos e gordura se misturavam nele. Crânio fingiu olhar para o prato e deixou que ele falasse com o balconista.

—”Luiz, enche esse galão aqui com água limpa”. - Pela voz do gordo bandido Crânio não saberia dizer qual era a idade dele - “Rápido”.

Ele tinha pressa. Crânio teria que agir rapidamente e abordar o bandido. Trocou de acento, colocou o prato junto a outras louças, entrando no campo de visão do bandido. Ele então pegou um papel de guardanapo e assuou o nariz. Crânio, um pouco enojado, pega um guardanapo também. Escreve rapidamente com a caneta que escondia em seu bolso e oferece o guardanapo ao gordo bandido.

Em um primeiro momento, o bandido o olhou desconfiado, porém, um breve tempo depois da ação de Crânio, ele aceita. Enquanto envolvia o guardanapo em suas mãos, ele leu as iniciais que Crânio escrevera. Parou por um momento, como se realizasse o que estava escrito ali. “Q.I”.

A sua reação foi se virar para Crânio subitamente. O rapaz não demonstrou, mas confirmou sua teoria. Ele não iria agir de maneira sigilosa, uma vez que ele roubara uma bolsa enquanto deveria esconder um item importante.

O gigante o observou e sussurrou.

—Você… Você é um dos homens do chefe?

Shhhh—Crânio fez com a boca - Não sei até que ponto é seguro falar aqui. Preciso das confirmações das últimas tarefas.

Crânio estava nervoso e ao mesmo tempo, elétrico. Era inacreditável a situação em que entrou. Era uma excelente chance. O gigante recebeu o galão de água e observando Crânio, perguntou baixo.

—Qual o seu codinome?

—... ”Fêmur”. -Crânio teve de segurar o riso. Ele pensara a primeira coisa que veio a sua cabeça. Por alguma razão, associou Crânio, seu apelido, com os ossos do corpo humano e disse aquilo -

—Fê... Fêmur? Nunca ouvi falar de você..

Vim de outra parte da cidade. Muito longe. Fui mandado pelo Dr. Q.I, a situação dele não anda boa na penitenciária.

Crânio disse algo certo. Aparentemente a informação que Miguel conseguira era algo unicamente dedicado a interesse dos homens de Q.I. O gordo bandido o observou e engoliu o seco. Parou para pensar por meio minuto e o olhou com mais dúvidas do que certeza.

—Me segue, por favor. - Ele disse -

Foi só naquele momento que Crânio notou a 9mm presa ao Jeans do gordo bandido.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos em 2017 rs. Obrigado por ler.



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