Os Karas - Cigarros e Moscow Mule. escrita por Alex


Capítulo 13
8. Até o dia clarear.


Notas iniciais do capítulo

Ufa, depois de uma semana sem capitulos voltei a postar. Perdão pra quem estava esperando. A fic vai voltar ao ritmo normal agora. kk
TODA QUINTA FEIRA um capitulo novo.

=)

Boa leitura.



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—É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê...


Los Hermanos

 

De todos os Karas, Miguel muito possivelmente era o único a ter a noite menos interessante. Dormira na casa dos pais naquela noite. Insistência dos dois depois que ficou para jantar.

Na manhã seguinte, o líder dos Karas iria pela segunda vez na vida a penitenciária de segurança máxima. Era irônico pensar que na primeira vez que fora, era um adolescente. O mundo parecia não seguir aquela velha lógica quando se tratava dele e de seus queridos amigos. Olhava ao redor da casa dos pais e pensava no que diria quando se encontrasse com um dos homens que o queria morto naquele exato momento.

Dr. Q.I. Uma mente brilhante porém perversa. Com ideais que fariam o estômago de muitos dar cambalhotas, como aconteceu com Miguel. Aquela foi a mais pungente aventura do grupo. A partir dali, o senso de justiça deles só veio a crescer.

Caminhou tranquilamente pela cozinha da casa enquanto os pais dormiam. Serviu-se um jantar rápido e se sentou à mesa. Arroz, batatas com manteiga. Filé de peixe. E com o melhor tempero que se poderia imaginar. Tempero da mãe.

Antes mesmo de dar a primeira garfada, o telefone tocou. Miguel olhou na direção do relógio e constatou: 23h43min. Sentiu-se um pouco ofendido e pensou em não atender. Tinha os seus motivos. Há um mês, o telefonema da morte de Andrade mudará tudo em sua vida. O que poderia ser agora?

Suspirou em um evidente sinal de preguiça e foi até o telefone.

 

—Alo?

 

A Voz que veio do outro lado da linha era tão inconfundível e agradável para os ouvidos de Miguel, que era como um sopro na alma. Seus olhos se fecharam e um sorriso se abriu em seu rosto de homem. Porém, o espírito era de menino.

 

—Está um pouco tarde eu sei… Pensei em ligar para o Nicolas e pedir para ele o seu número novo. Mas, resolvi ligar para a casa dos seus pais. Seria mais fácil. — Ela disse do outro lado da linha -.

—Sabe que eu nem percebi o horário?— Miguel sorriu -

—Poxa, por onde anda você? Como você consegue aparecer e sumir de novo...

—No mesmo lugar de sempre.

—Está fazendo o que?

—Eu ia jantar…

—Me desculpe, eu ligo outra hora…

—Não… não tem problema…

—Tem sim! - Ela disse - Vai comer! Até daqui a pouco.

 

A pessoa do outro lado da linha desligou. Miguel ainda escutou a linha de telefone fazer seu peculiar som indicando que a chamada havia acabado.

Riu. Sentou-se à mesa da cozinha e comeu a comida que havia esfriado um pouquinho. A comida tem um gosto melhor depois de você escutar uma voz especial. Miguel constatou que aquilo era de fato verdade. Mesmo estando com fome, Miguel não se preocupou em momento algum em esperar para ouvir tudo o que aquela pessoa tinha a dizer. Como ela estava? Como havia sido o dia dela… Nada forçado, queria apenas deixar acontecer. Esperar as respostas das coisas que ele queria mesmo saber. Quando o telefone tocou novamente, ele saltou da cozinha para a sala de estar em uma velocidade assustadora para qualquer outra pessoa que o visse.

 

—Alo?

—Hey! E ai Kara!

—Chumbinho!?

 

Miguel sentiu uma gigantesca decepção. Ele adorava aquele garoto. Era o irmão mais novo que nunca tivera, mas esperava outra pessoa. Tentou ser breve.

 

—Amanhã você vai para a penitenciária né? - Chumbinho tinha uma animação estampada em sua voz -

—Sim…

—Posso matar aula e ir com você…

—Não, Não pode…

—O que? Por quê?

—Nicolas deu apenas o meu nome lá. Não o seu quem está dizendo que você não vai, é a lei. E você é menor de idade. Não te deixariam jamais falar com o Q.I.

—Isso não é nem um pouco justo e você sabe disso. — A Animação na voz de Chumbinho deu lugar a algo como raiva, ou indignação -.

—Chumbinho. Eu estou esperando uma ligação, se não se importa... A propósito, como você descobriu que estou na casa dos meus pais?

—Tentei ligar na sua casa e você não estava. Logo, liguei para a casa dos seus pais, como um palpite.

—Entendo, bem, eu realmente preciso ir...

—Ok… Ok… Conte-me tudo o que descobrir depois, promete.

—Eu prometo…

—Promessa de Kara?

—Sim…

—Com juramento?

—Chumbinho! – Miguel se cansou -

—Haha, tá, tá… manda um abraço pra ela…

 

Assim que desligou, o telefone não tocou mais. Miguel terminou de jantar. Lavou a louça. Colocou o jornal do dia anterior no lixo reciclável. Ele estava esperançoso de um retorno da tal pessoa… mas talvez ela não quisesse retornar, foi o que pensou…

Quando o telefone voltou a tocar Miguel correu o suficiente para chegar ao quarto antes do segundo toque terminar. Era quem ele esperava que fosse.

 

—E ai? Já terminou de comer?

—Sim… ha ha.

—Hoje eu jantei a comida da minha mãe. Estava com tantas saudades…

—Você já experimentou os mais diversos sabores do mundo… - Miguel disse feliz -

—E daí? Nada supera a comida de mãe.

—Poderíamos jantar amanhã... Depois das cinco…

—Não poderíamos não… - Ela disse com um ar cômico, Miguel suspirou, mas ainda sorria - Já tenho um compromisso.

—Entendo…

—Mas... Se mudar para depois de amanhã eu vou com todo o prazer.

Miguel sorriu ainda mais.

 

A conversa continuou pela noite adentro. Todo o sentimento que rodeava aqueles dois em uma longa conversa de telefone. Só seria melhor se essa conversa fosse pessoalmente. Talvez aquela vontade de dar um abraço e um beijo na pessoa do outro lado da linha passasse enfim.

Ele tinha o coração de ouro de um menino que se tornara um homem. Um homem do qual o seu eu criança poderia sim se orgulhar. Ela, mesmo com tamanho sucesso na vida, Se ele jurasse, poderia até se acostumar com a ideia de uma vida mais à toa. Era o momento em que o tempo não importava mais.

 

—Já é tarde…

—Eu posso ir até o dia clarear… -Miguel disse -

 

Ela riu do outro lado da linha.

 

—Eu sei que vai… por isso eu vou ir descansar… faça o mesmo. Tem um dia longo pela frente.

—Sabe o que eu irei fazer?

—Vai continuar investigando não é?

—Sim… mas você nem imagina aonde irei.

—Vou descobrir logo menos.

—Ok.

—Boa noite, Miguel.

—Boa noite, Magri…

 

Miguel desligou o telefone.

 

—... Eu te amo.

 

Miguel teve o resto da noite para sonhar com o rosto da sua amada. É impossível se sentir plenamente feliz ou em casa nesse planeta, mas a morada de Miguel seria perfeita se fosse o abraço de Magri.

Quando ainda cabia no esconderijo secreto, Miguel fora criando uma visão do mundo corrompida conforme as aventuras dos Karas foram sendo vividas. O mundo inteiro é hostil e mesmo que lá no fundo a gente só queria um amor ou alguma coisa pra amar, tudo volta e meia tende a se separar.

Ser adulto era ser inacabado, em construção! Como profissional um candidato, como homem um menino, como líder um servo, e dos menores. Homens tomam atitude, porque eles sabem que tem de fazê-lo. Meninos não ficam ali, arrumando uma desculpa para não fazê-lo...

Suspirou. Chumbinho era um menino que não arrumava desculpas. Era um garoto de ouro. Será que ele havia sido assim? E lá estava o destino do menino, que se encontrou e tornou-se homem...

Estamos atrás de sossego e paz. Paz no espírito e na consciência, querendo levar a vida devagar pra não faltar amor. E sempre oferecendo uma mão pra quem quer que queira, procurando em qualquer confusão ser de utilidade e atender onde tem sufoco sendo a fim de acompanhar. Aquilo era ser um Kara.

Ficou sabendo que a vida é passageira e a nossa estrela vai cair do céu e que a luz desperdiçada de manhã terá consequências em curto prazo.  Num copo de café habita a força de começar novos dias. Aquilo era o mundo dos caretas.

Naquela noite, antes de se encontrar com o Dr. Q.I na manhã seguinte, Miguel finalmente entendera. Ele sempre seria um Kara. Ele iria descobrir o que houve com Andrade, não importa o que acontecesse. Iria mostrar aquele caminho para o amigo Calú.

O que somos é o que escolhemos ser, aceitemos a condição, a própria condição humana. O adulto não existe. O homem é um menino perene.





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Notas finais do capítulo

Evolução do Miguel foi divertida de se fazer... agora o proximo capitulo será um dos mais importantes até esse ponto. Até semana que vem. =D



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