Estava um dia bonito.

Diga-se, normal. Algumas crianças brincavam perto do bosque que havia ali. Corriam desembestadas, brincando com as individualidades que tinham de modo que não machucasse os colegas.
  Midoriya não estava incluído nesse grupo. O garoto não tinha amigos por causa de não possuir nenhuma individualidade, oque o deixava sem chances de se defender contra os valentões. Um desses era Kacchan. Ele não deixava o pequeno Midoriya quieto depois que descobrira que o mesmo não tinha individualidade. Aproximou-se de Deku que se encolheu no canto que estava. Mas ele não estava ali para bater e sim o convidando para brincar. O pequeno esverdeado ficou espantando. O loiro nunca havia o chamado para uma sequer brincadeira. Ficou com duvida entre aceitar ou recusar o convite. Aceitou porque não sabia oque iria acontecer, principalmente porque Kacchan o olhava com aqueles olhos intimidadores para o menor que mal podia encara-lo.

  Naquele dia ensolarado, a brincadeira foi pique-esconde. Os lideres que eram Kacchan e um outro menino tiraram no pedra, papel e tesoura para ver quem iria começar a pegar. Izuku tinha ficado no outro time o qual ganhou e teriam que correr do time de Kacchan.
Katsuki contou até 10 para o time adversário começar a correr. Os garotos começaram a correr exaltados pelo bosque em busca de árvores, rochas e outros elementos que estavam no bosque para se esconderem. Izuku saiu correndo para não ser o primeiro a ser pego. Ele não era muito bom em brincadeiras, mas o plano que tinha em mente era se afastar o mais rápido que pudesse, sabia que os adversários viriam atras dele, primeiro os fracos depois os fortes. Quando a distância pareceu favorável, sentou para descansar perto de um riacho, quando recupera-se novamente o fôlego voltaria a correr pois teve a sensação de que o outro time se aproximava. E estava certo, sem que pudesse perceber alguém agarrou seu braço. Alguém não, era Kacchan.
  Quando tentou se livrar, Izuku acabou caindo no riacho encharcando as roupas.
  — Caindo de madura, Deku? — Kacchan zombou.
  O esverdeado já começara a chorar. Porque estou chorando? Foi só um tombo. Pensou. Izuku sentiu o ferimento latejar. Como podia ficar chorando por apenas um ralado? Queria ser um grande herói, mas daquele jeito não iria conseguir se tornar um, pois sabia que para ser um herói teria que se arriscar a enfrentar os mais perversos vilões.
  Ele tentou se levantar mas viu que tinha ralado o joelho e o braço. Não conseguido se reerguer o menor desabou de novo no riacho. Mordeu o lábio inferior para não choramingar mas as lagrimas não pararam de cair.
  Katsuki vendo aquela cena tosca resolveu ajudar, porque não queria que Deku fala-se por ai que ele tinha ver alguma coisa com aquele tombo — como se fosse. Ele carregou Izuku até uma árvore e o fez se sentar, analisou o “dodói” e viu que era apenas um ralado com um pouco de sangue. Não estavam muito longe da escola. Carrega-lo até lá não seria difícil. O seu time provavelmente ainda estavam caçando os garotos do time adversário, não teria que se preocupar em ser visto.
  Midoriya olhou para o maior, olhou para os olhos escarlates apenas por dois segundos pois o outro encarou de volta.
  Ele não podia dizer que odiava Kacchan, só que não entendia porque o outro ficava pegando no seu pé, mesmo não fazendo esforço algum para se destacar, tentava passar o mais longe possível mas não adiantava nada. Só parece que, com sua simples presença incomoda-se o outro. Queria mostrar que não era um inútil como Katsuki pensava, mas não adiantava nada, só saia apanhando.
  Kacchan se agachou ao lado de Deku. O esverdeado sempre desviava o olhar quando Kacchan olhava diretamente para si. Sem conseguir se conter, segurou as bochechas de Deku e olhou diretamente pra ele.
  — Está doendo? — perguntou.
  — N... Não muito — respondeu envergonhado.
  Mordeu o lábio pois não sabia oque fazer e Kacchan não parava de olhar para si. Talvez ele estivesse pensando se seria melhor explodir sua cara ou lhe dar um soco.
  O maior estava admirando os olhos esmeralda que o outro tinha. Como Deku podia ser tão inútil mas tão atraente?
  Não sabia oque estava fazendo, mas teve uma sensação em si, que o fez ir se aproximando ainda mais de Izuku, sentindo os lábios macios e quentes do mesmo. Izuku estava preste a ter um infarto. Olhava atentamente para Kacchan que estava de olhos fechados. Era apenas um toque, quente e sem nenhuma malícia e também sem muito a explorar.
  Eles se afastaram, com Deku ruborizado pelo ocorrido.
  — Essa brincadeira não teve graça, Kacchan — Deku disse ainda constrangido porém sorriu, esquecendo completamente a dor.
  — Brincadeira? Isso não foi uma brincadeira — disse com um sorriso zombeteiro. — Consegue andar? — perguntou de novo
  — Sim — respondeu com mais firmeza do que da ultima vez.
  Eles se levantaram e voltaram para a escola.
  Deku não conseguiu deixar de sorrir, estava corando pois Kacchan ainda segurava sua mão para que não fugisse.