Mandy Mellark (Hiatus) escrita por Paty Everllark


Capítulo 15
O Retorno do Ogro.


Notas iniciais do capítulo

Oieeee. Boa noite. Tomara que não tenham desistido dessa autora que não têm conseguido manter suas postagens com a frequência que gostaria. Perdoem-me por isso.

Quero agradecer de verdade aos leitores que sempre comentam. Em especial que deixaram seus comentários no último capítulo, não tenho palavras para dizer o quanto vocês me fazem feliz e me incentivam a continuar.

Sem mais delongas, eis o capítulo. Espero que gostem.



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POV. Katniss

A música acabou e foi impossível retirar as mãos do abdômen de Peeta. Era como se um ímã, me ligasse através de um campo magnético, àquela parte de seu corpo. Nem mesmo os gritos exagerados das mulheres, o chamando de gostoso, e outros adjetivos foram capazes de nos separar. As dissimuladas que a princípio não queriam ver seu strip, agora berravam descontroladas a ponto de serem ouvidas da praça de alimentação do shopping. No entanto, o “striper” à minha frente havia dançado única e exclusivamente para meu deleite.

— Katniss eu... – foi difícil atinar qualquer coisa quando o Odair desviou minhas mãos de si, então entreabri os lábios, precisava com urgência liberar o ar retido em meu interior ou sufocaria. Estava tornando-se cada vez mais complicado respirar diante daquela maravilhosa visão de seu peitoral desnudo.  Esqueci por completo minha primeira impressão a seu respeito. De anão, ele não tinha nem o dedo mindinho. Como diria Lizzie.  Peeta Odair era um belo “Homão da Porra” com H e P maiúsculos.

“Céus! Estou perdida”.

 Descobri ao desviar o olhar para o contorno fino de seus lábios, que estando a centímetros dos meus tornavam-se um convite irrecusável ao beijo. Apenas milésimos de segundos fizeram-se necessários para me lembrar do sabor de nosso primeiro beijo.

 “Como queria sentir sua boca na minha outra vez!”

Novamente Peeta pareceu compreender meus pensamentos, tocou firme em minha nuca e com a mão livre apertou minha cintura puxando-me para perto colando mais nossos corpos. 

 “O que está acontecendo comigo?”

Um turbilhão de sensações me tomou de assalto, pela primeira vez cogitei estar intimamente com alguém, e o Odair era esse alguém.  Todos os pelos do corpo eriçaram ao sentir o leve roçar dos seus lábios, nos meus.

 “Que pegada.”

Ah! Eu não seria louca de ficar mais um segundo sem provar aquele néctar. Foi o que pensei, todavia uma conhecida voz invadiu o lugar como um raio me desatinando total.    

— Katniss! – O baque causado pelo brado desesperado, me deixou grogue, como consequência pisquei diversas vezes. Até questionar a mim mesmo.

“O que minha prima estava fazendo aqui?”

 Logo Tresh se materializou atrás da loira.  Deduzi.

“Algo grave aconteceu”. 

— Prim?... – Arqueei a sobrancelha. – Primrose, o que faz aqui? – indaguei incerta, enquanto tentava entender a dupla parada à porta. Minha prima adentrou o espaço na velocidade da luz, sem perder tempo segurou-me pelo pulso e num puxão afastou-me de Peeta, no minuto seguinte me vi sendo arrastada porta afora.

— Para Prim! – estaquei. – Não sairei daqui até me dizer o que está acontecendo.

— Teu irmão.

— O que têm o Gale?

— Ele descobriu que o freelance que quebrou o seu nariz, em meu baile de apresentação, foi visto próximo nos arredores do teatro.

— Oi? Quem? O irmão do tal Fineas

— Finnick! O Irmão do tal Finnick. É esse o nome.

— Ai, não! C-como Gale descobriu isso? – processei a informação.  Meu irmão não havia perdoado o nariz torto, ganho como presente no aniversário de Primrose. Todas  ás vezes que se olhava no espelho jurava vingança, caso encontrasse o coitado perambulando pelo shopping, o levaria para algum cantão e o mataria com resquícios de crueldade.  

— Katniss, não tem importância como ele descobriu. Teu irmão, assim como meu pai possui olheiros por toda Capital. Ele recebeu uma ligação anônima há poucas horas. Está vindo para cá com mais de vinte seguranças armados até os dentes, jurou dar fim ao pobre. – A loira não escondia o nervosismo. – Gale está possesso, e prestes a cometer uma insanidade, não sei o que será do rapaz, se o encontrar.  Precisamos para-lo já. – arrastou-me uma segunda vez, dessa vez mais forte.   

— Espera Primrose! – soltei-me e virei-me para o interior do anfiteatro a procura de Peeta. 

Cadê ele?”

Desorientada, olhei à volta, as expressões ao redor eram todas interrogativas. Havia esquecido por completo o workshop.  Cinna começou a bater palmas chamando a atenção para si e proclamando mais um período de intervalo na formação.

— Ele saiu pelos fundos querida, foi para o camarim. – O moreno cochichou em meu ouvido notando minha busca silenciosa.  

— Katniss, nós precisamos ir. – Antes de lhe responder agradeci ao moreno com um singelo sorriso e recebi em troca uma piscadela cúmplice. – Prim aquele loiro que estava comigo quando vocês chegaram, era o carinha da Lerner. Preciso falar com ele.

— Prima, se não interceptarmos o Gale antes dele entrar no shopping... – fiz um olhar pidão e juntei minhas mãos em forma de prece. – Não posso perdê-lo de vista outra vez— choraminguei.

— Prim, deixa ela se despedir do garoto. – Tresh pediu ao segurar-lhe os ombros. A loira hesitou, porém o Williams afagou com delicadeza seus braços acabando por convencê-la. Primrose melhor que ninguém sabia toda a minha odisseia nos estúdios, e do quanto Peeta mexera com minha cabeça naquele dia, ou nos dias que vieram a seguir. Suspirou vencida.

— Seja rápida.

— Obrigada. Eu te amo priminha.

Beijei-lhe a bochecha, por conseguinte deixei o espaço com rapidez indo à busca do loiro. Tinha que falar com ele. Queria ao menos um telefone, um endereço, qualquer coisa que proporcionasse reencontra-lo.   Precisava entender o que dava na minha cabeça e no meu corpo quando estava em sua presença, e só encontrando o loiro seria capaz de encontrar  respostas para  minhas interrogações.

 Emanando ansiedade, percorri o extenso corredor em busca do camarim aonde encontraria Peeta. No percurso recordei as conversas de outrora entre mamãe e eu acerca de meu falecido pai, de quando nostálgica ela me contava como foi entender-se apaixonada por ele.

A saudosa Hazelle Hawthorne Everdeen descrevia seus sentimentos, como... “sintomas da paixonite por Frederick Everdeen”.

 Enumerava-os, um a um de um jeito tão lindo, incitava em mim o desejo de viver algo idêntico.  Minha mãe descrevia as borboletas na boca do estômago de maneira mágica. O frio intenso na espinha que antecedia o toque suave de suas mãos, a excitação extrema quando de fato ele a tocava. A autenticidade do seu sentir me enchia de sonhos e esperanças.

 “Será que é você, Peeta? Aquele a quem esperei? Com quem sempre sonhei estar?”

Ainda mergulhada em meio aos devaneios, ouvi gemidos e sussurros vindos de um dos camarins, diminui a velocidade dos passos me aproximando de onde provinham os barulhos sugestivos, ansiando para que meu sexto sentido estivesse pregando-me uma peça, e as vozes que ouvia ao longe não fosse de quem pensava.

— Faço o que você quiser Cashmere, desde que prometa... –Conhecia aquele timbre, mesmo o tendo escutado poucas vezes.  

Shhh... Não precisa dizer de novo Peetalicioso... Do jeitinho autoritário que pediu, e tão rente ao meu ouvido, prometo o que quiseres meu loiro. – A voz rouca e carregada de luxúria da Barbie do Paraguai alcançou-me no corredor. – Mas quero receber meu pagamento adiantado, ou nada feito. – Não devia continuar, devia dar pra trás e retornar ao teatro, contudo, não foi o que fiz. Forcei a maçaneta da porta e lentamente a abri.

— C-Cashmere... Por favor... – A voz do Odair era baixa, medrosa. –Não acho que seja uma boa ideia a gente fazer isso aqui, alguém pode nos ver, além do mais...

— Aí que droga homem! Você fala demais. Por que simplesmente não aproveita que estamos sozinhos e usufrui desse corpinho lindo que anos de academia me proporcionam gatinho? Sei que não ira se arrepender. – A cena à minha frente me causou náuseas. Coloquei as mãos sobre boca, sufocando o ímpeto de gritar.

Ele se encontrava sentado em uma poltrona e Cash permanecia ajoelhada entre suas pernas, os braços apoiando-se em cada lado de seu corpo e posicionado o corpo quase todo sobre o dele. Vestia apenas um sutiã tomara que caia e uma calça legging. A loira aguada moveu uma das mãos até a coxa alheia iniciando um carinho provocante enquanto vagarosamente roçava o nariz por todo peitoral do Odair. Antes de b-beija-lo?

“Beija-lo”

Uma sensação repulsiva apossou-se do meu interior. Recuei um passo ao ver o corpo de Peeta respondendo animadamente aos afagos que recebia. Lágrimas de decepção começaram a inundar meus olhos. Como ele podia descer tão baixo? Como podia me levar ao céu e me fazer descer drasticamente ao inferno em poucos minutos?  Na tentativa falha de sair sem ser notada, esbarrei em um jarro de flores, levando-o ao chão transformando-o em cacos, assustando assim os pombinhos.

— Katniss? – o canalha questionou o óbvio. A seguir empurrou Cashmere que sorriu maliciosa antes de passar a ponta dos dedos polegar e indicador no canto dos lábios, proporcionando uma sútil carícia nos mesmos.

“Era para eu estar o beijando, não ela.”

— D-descul... – Não conclui a frase, somente lhe dei as costas e fugi enxugando o rosto em exasperação, porém não cheguei nem perto de meu destino.

— Katniss, por favor, espera. – Tomou-me o pulso, entretanto soltei-me da pressão com facilidade.

— Não me toque! – gritei, demonstrando o ódio que sentia através das palavras. – S-seu... Cachorro. – gaguejei. A voz embagada evidenciando meu estado.

— O que viu... Eu posso explicar... – colocou-se à frente impedindo minha passagem. Encarei-o irada.

— É? E, pode explicar isso aí também? – Apontei para o volume entre suas pernas, fazendo-o corar. Ele olhou para onde indiquei e emudeceu, contra fatos não existem argumentos.  – Foi o que eu pensei! Eu jamais devia ter lhe dado confiança, quiçá uma chance... Pai como fui burra— falei, mais para mim, do que para ele. – Você é só mais um aproveitador, como tantos outros.

— Katniss, posso esclarecer o que viu lá dentro. Só me escute. – Peeta parecia tão atordoado quanto eu, novamente segurou-me, agora mais forte e pelo antebraço.  

— Só falarei uma única vez... – disse devagar fitando onde sua mão pousara. A dor e a angústia de ter me entregue tão facilmente há algumas horas, dilacerando meu peito, como jamais dantes acontecera.

“Por que doía tanto, se mal o conhecia?”

— Tire suas mãos de cima de mim, antes que eu cometa uma atrocidade... Meu irmão mais velho está por perto, e o melhor, acompanhado de mais de vinte homens disposto a matar um idiota feito você. – O esquadrinhei de cima a baixo. – Se estalar um dedo sequer – fiz o gesto. – Posso convencê-lo a inserir mais um ordinário em sua lista. – Olhei seus orbes azuis tão belos, quanto traiçoeiros e nada mais acrescentei. Com muito custo me largou, contudo seu semblante entristeceu.

 – Só me ouve, por Deus...

— Sai...  Ou não respondo por mim.

Pee. Deixa-a ir... Esqueceu? Ainda precisamos acabar aquele nosso ‘assuntinho, o relógio está correndo.

  A voz irritante da loira soou às minhas costas, aumentando-me a raiva a níveis alarmantes.

É Pee... O tempo urge. – Debochei imitando a vozinha enervante dela. – Vá resolver seus ‘assuntinhos inacabados com sua “amiguinha”.

 Examinou a loira por cima dos meus ombros, depois voltou a me olhar.  

— Espero que um dia me perdoe pelo que vou fazer. – Mal absorvi a frase já estava sendo beijada com ferocidade, os braços de Peeta em torno de minha cintura. Nos primeiros instantes do ósculo resisti dando-lhe socos em seu peito. A imagem de Cash o beijando no sofá invadindo minha cabeça. Não foi dessa forma que imaginei nosso segundo beijo, não em meio ao choro de minha parte. Todo encanto, toda a expectativa caindo por terra devido aos derradeiros acontecimentos. Uma confusão de emoções não previstas no script.

 Após tanto resistir, contrariando a expectação do início cedi e me permiti amolecer em seus braços, quase sem forças. Gale. Prim. Tresh. Tampouco Cashmere. Nada mais existia somente nós dois unidos através do beijo. Contudo, em dado momento retornei a lucidez, e consegui fazer o que deveria ter feito desde o começo. O empurrei e em seguida acertei um murro de punho fechados em seu rosto, causando-me dor nos nós dos dedos.

— Aiiiii... – resmunguei abanando as mãos, ao que o Odair alisava a face exibindo incredulidade diante de minha reação. – Nunca mais ouse colocar essas mãos e boca imundas em meu corpo. – Limpei os lábios dando-lhe as costas e finalmente fugindo para longe, prometendo em meu íntimo que nunca mais me deixaria levar por emoções de novo, enquanto vivesse.

********

Não me permiti ver a reação do Odair ao tapa que ganhou.  Deixei-o plantado feito dois de paus no corredor. Ao sair do espaço encontrei minha prima que se preparava para ir ao meu encontro, considerando a minha demora.  Não foi necessário dar-lhe maiores explicações referente a aflição visível em minha face. Esperta como sempre, Prim abraçou-me e respeitando minha cara de poucos amigos, salientou que deixássemos nossa conversa sobre o ocorrido para mais tarde quando estivéssemos sozinhas em casa.

Vinte minutos após deixar o ogro da Lerner, já estávamos na entrada do estabelecimento interceptando meu irmão. Gale se achava acompanhado de quatro seguranças e todos, sem exceção portando armas. Embora fosse a vida que ele tivesse escolhido. Ser pau mandado e braço direito de meu tio em suas questões ilegais, era inevitável não ficar triste em vê-lo tão encantado pelo lado negro da força. Como mamãe se referia ao ganha pão de Plutarch Heavensbee e também de seu primogênito.

 — Gale, deixa isso pra lá cara, vamos para casa, veja como sua irmã e sua prima estão angustiadas. A informação que recebeu é bastante duvidosa. Quem pode garantir que é o mesmo cara do baile, e que ele ainda está por aqui?  

— Tresh, não irei descansar enquanto não encontrar o desgraçado que entortou meu nariz. Ademais minhas fontes nunca se enganam. É o cara!  

— Mano, como acha que a mãe se sentiria, se o visse neste momento?

Intervi, visto que as palavras do Williams não o sensibilizaram. Toquei em sua maior ferida. Nossa falecida mãe. Gale pareceu pensar, antes de morrer há oito anos, tudo que ela mais queria era vê-lo formado e seguindo os passos de nosso pai, ou seja, ser um homem honesto e digno em todos os sentidos, diferente de meu tio Plutarch, que de honesto nada tinha. O problema era que o irmão mais velho de Hazelle, devido à morte prematura de meu pai fora o maior, senão o único referencial masculino que Gale tivera por anos. E, o amor e admiração entre ambos eram recíprocos.

— Isso não tem nada a ver com a mamãe, não a col...

— Katniss? Desculpe não ter chego mais cedo. Acredita que me perdi pegando um ônibus que me deixou no outro lado da Capital.

— Amanda? – Gale se antecipou inquirindo surpreso, seu semblante antes negro e carregado se iluminou como num passe de mágica. Esbaforida, a loirinha surgiu misteriosamente do nada, no entanto  agradeci aos céus sua chegada. Notei o quanto ela mesmo, que ainda não soubesse, tinha o coração do moreno em suas mãos. Decerto ele estava apaixonado. Era evidente que a presença da loirinha o faria esquecer o motivo primordial que o levara até ali. Um sentimento bom preencheu meu coração, até o momento angustiado. Amanda o faria bem, já estava fazendo. Ela o faria retornar para o caminho dos homens de bem, não foi atoa sua chegada em nossas vidas e histórias. Olhando para eles e vendo o quanto a imagens dos dois juntos era deveras harmoniosa, me decidi.

“Iria uni-los como um casal nem que fosse a última coisa que faria em toda a minha vida”

Abri o maior sorriso que pude para minha amiga, ela lançou-me um olhar inquisitivo.

— Não se preocupe... Enfim, você está aqui! E, isso é só o que importa agora.


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Notas finais do capítulo

Gente, e aí? Gostaram? Odiaram? Aguardando o retorno de vocês.

Ps: Mais uma vez, muito obrigada por acompanharem MM. Beijos gostosos no coração de todos.