Girls Talk Boys escrita por Glads


Capítulo 3
Kiss




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Layse

Quando Luke me empurrou, caí em cima do Calum e ele me segurou pela cintura.

Por um breve momento, quando nossos olhares se encontraram, vi e senti uma faísca se acender em nossos olhos e eu quase esqueci o que Luke tinha feito.

A verdade é que todas as vezes que eu ia na Vox, meu novo local de trabalho, com a desculpa de comprar chiclete era para vê Luke.

— Tudo bem? – Calum perguntou me pondo de pé.

Assenti, mas logo um soluço escapou da minha garganta e ele surpreendeu me abraçando.

Nunca imaginei que faríamos isso, muito menos que eu enterraria minha cabeça em seu pescoço e que ele sussurraria:

— Não chore, não com ele aqui.

Concordei e assim que consegui equilibrar meus sentimentos o soltei, forcei um sorriso e disse:

— Se contar a alguém que retribuí o abraço, corto uma perna sua fora.

Ele riu e surpreendentemente segurou meu rosto, prendeu uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, beijou meu rosto e me soltou completamente.

— ESSE FILHO DA MÃE VAI PAGAR! – foi tudo que o primo da Naomi disse antes de sair do sótão fechando a porta em um baque ensurdecedor.

O sótão era bonito, um lugar de madeira cheio de puffs e uma mesa de centro.

Nada comparado ao sótão da avó da Naomi que é cheio de coisa antiga, aqui está mais para um cômodo dos sonhos de qualquer adolescente.

Abri um sorriso mais tranquilo conseguindo estabilizar minhas emoções, mas então olhei para Mike e Naomi que me olharam boquiaberto.

— Por favor, não digam nada. – pedi me sentando perto deles.

— É sobre o Cal... – Mike tentou começar – Vocês... Ahn...

— Sobre ele mesmo. Não falem nada, nem de Lu-luke, nem do Calum.

Eles assentiram e um silêncio se instalou no local.

— Ahn... Você tá bem? – minha melhor amiga perguntou de repente ignorando meu pedido.

Bufei e mexi no cabelo dizendo:

— É... Tenho que ficar.

Ela sorriu, provavelmente também estava tentando ficar bem.

Percebi que Naomi não parava de mexer em sua roupa, repuxando de todas as maneiras.

— Sabe... – Michael colocou um braço ao redor da amiga – Você não precisa pensar tanto no que está acontecendo lá embaixo.

A garota riu nervosa.

Nem eu tinha parado para pensar nisso e olha que eu costumo pensar em muita coisa ao mesmo tempo.

— Não é isso. É só que o Luke não devia fazer isso. Ele sabe que a Lay tem síndrome do pânico e a empurrou daquela maneira... Já pensou se ela tem um ataque?

Na cabeça da minha amiga qualquer coisa poderia me causar medo e consequentemente um ataque. Isso seria verdade se eu não tomasse meus remédios.

Se teve algum momento que Luke poderia causar isso foi quando eu cheguei em casa e me dei conta completamente da verdade, ele tinha me abandonado.

Ou em todas as vezes que ele me viu na Vox, meu local de trabalho a partir de amanhã.

Certa vez, resolvi segui-lo certo dia, o vi atravessar a rua do colégio e entrar na Vox. Dei de ombros e também entrei dizendo para mim mesma que queria apenas um chiclete.

Depois disso me vi viciada.

Ia todos os dias na Vox, o mais rápido possível para que Naomi não ficasse esperando muito e encontrava Luke na mesma mesa da lanchonete olhando confuso para um menino, que hoje sei se chamar Ashton.

— Nem tudo me faz ter um ataque, Nam. – murmurei tentando me concentrar nos meus amigos e não me perder em pensamentos.

— Mas perder o melhor amigo sem explicação é muita coisa, muita coisa mesmo.  – Mike falou.

— Desculpa. – uma quarta voz se fez presente.

Virei e lá na porta encontrei Luke com uma feição abatida.

Meu coração acelerou e logo me perguntei se Luke pedia desculpas por tudo ou...

— Desculpa. – repetiu me encarando fixamente se eu fosse a coisa mais maravilhosa desse mundo.

Senti veracidade em seu olhar.

Calum apareceu atrás dele com a caixa de pizza na mão, um refrigerante na outra e uma carranca no rosto.

— Pelo o quê, Luke? – o primo da Naomi questionou.

A minha respiração desregulou e ansiei suas palavras.

— Por esbarrar em você. – de repente seu olhar mudou.

E foi como se um balde de água fria caísse em mim, principalmente quando ele se sentou na minha frente como se nada tivesse acontecido.

— Só isso? – Naomi perguntou me fazendo dá conta de que Luke era tão importante para mim quanto para ela.

Até Michael estava calado sentindo a tensão do lugar.

— Por que mais eu pediria? Não fiz nada. – ele deu de ombro com uma frieza espantosa.

Com o coração batendo tão alto, que tive certeza que os outros poderiam ouvir, pedi:

— Me passa o refri, Cal.

Vi Calum e Michael respirarem aliviados, já Naomi parecia abalada, mas apertou minha mão, abriu um sorriso e disse:

— Vamos comer, antes que esfrie...

Assim fizemos uma espécie de acordo silencioso de fingirmos está tudo normal.

Enquanto comíamos ouvindo apenas Mike e Calum conversarem, as engrenagens do meu cérebro não pararam até que entendi que Luke só havia pedido desculpas para não ficar mau com os amigos.

Não existem possibilidades reais para ele ter passado a fazer isso da noite para o dia.

Simplesmente não faz sentido.

Quando percebi, meus amigos estavam brincando de verdade ou consequência, jogo bem comum para nós, e até Luke esboçava um sorriso enquanto Michael lagrimou refrigerante.

Naomi teve que ir na rua apertar algumas campainhas e sair correndo, Calum cheirou pó de café, Luke passou a maquiagem da Mali – que por sinal vai ficar uma fera quando descobri – e eu, bom até agora não teve nem consequência, nem verdade...

— Luke para Layse. – Michael arregalou os olhos para a garrafa de refrigerante.

Por que raios eu tinha que pensar que ainda não teve minha vez?, me perguntei.

— Ahn... Acho que já deu. – Naomi mexeu na cabelo e por pouco não levantou.

Segurei a coxa da minha amiga para que ela ficasse ali e murmurei um:

— Não. Tudo bem. Pode perguntar.

— Verdade ou consequência? – questionou.

— Verdade. – me vi falando – Só trabalho com ela, você sabe.

— Porque você é óbvia. – retrucou sem tirar os olhos de mim.

Uma raiva eminente se apossou de mim e completamente sã  – o que é mais incrível – me virei para o lado e encontrei Calum confuso.

Ele estava um pouco menos chato, mas isso não muda – muito – minha irritação com ele, então me ajoelhei e escolhi Michael.

— Me diga se isso não é ousado. – murmurei com os olhos faiscando de fúria.

Surpreendendo a todos me aproximei de Mike e o puxei pelo colarinho grudando nossos lábios.

Foi apenas um roçar de lábios, mas me causou um arrepio ruim.

Não quero e nem preciso usar meu amigo.

Nos afastamos em menos de cinco segundos, porém, o Clifford apertou minha cintura, beijou meu queixo e se aproximou do meu ouvido sussurrando:

— Relaxa, princesa, eu entendi.

Então ele voltou a colar nossos lábios, dessa vez aprofundando o beijo.

Com uma mão na minha cintura, a outra no meu rosto ele sorriu enquanto nossas línguas travavam uma guerra prazerosa. Já minhas mãos arranharam sua nuca e ele pareceu aprovar, pois sorriu pouco antes de nos afastarmos.

Ele ainda me deu um último selinho, antes de dizer:

— É, você beija muito bem.

Quando vi o rosto de cada um dos meninos, corei.

Calum estava boquiaberto e levemente triste. Talvez ele também me achasse óbvia.

Naomi estava rindo muito. Infelizmente isso não pareceu deixar Mike contente, suspeito que ele queira fazer ciúme na minha amiga.

Luke... Bom... Ele estava com os olhos vermelhos e parecia querer falar algo.

— Podemos repetir qualquer dia desses, Lay... – Michael sorriu piscando.

Mordi o lábio e voltei ao meu lugar encarando o chão.

— Seu... Seu... – Luke olhou magoado para o amigo – Seu traidor! Você sabe que eu... Que eu...

— Que você é um idiota e desse jeito não vai conseguir nada! – Mike ficou sério de repente enquanto mexia na franja loira.

Vi o Hemmings bufar se levantando e imitei o seu gesto.

Todos me observaram atentamente.

Minha amiga ainda com um sorriso no rosto tentou transmitir apoio para mim.

— Luke. – chamei e ele, já quase na porta, se virou lagrimando.

Surpresa, continuei:

— Você não fez a pergunta.

Vi suas pupilas dilatarem em... Desejo.

Com passos largos, o vi segurar minha cintura e dizer em uma voz grossa – tão grossa como pode ser a de um menino de 15 anos – que me arrepiou do pé à nuca:

— Vai ser consequência pra você.

Nervosa estava a ponto de me afastar, quando Luke subiu a mão por meu ombro, aproximando seu rosto.

Mal senti sua respiração contra minha pele. Logo nossos lábios se uniram brutalmente e me vi surpresa ao perceber que queria aquilo.

Desde quando sinto atração pelo meu melhor amigo?

Os pelos do meu corpo se eriçaram quando suas mãos subiram para meu rosto os colando cada vez mais.

O beijo aprofundou e nossas bocas travaram uma guerra silenciosa, tão unidas que nem sei distinguir qual o meu movimento e qual o dele.

Luke me prensa contra ele, querendo aumentar o contato de nossos corpos e desce uma mão na minha costa enquanto a minha vai parar na sua nuca repuxando seus cabelos.

Com o tempo, aquele desejo foi diminuindo junto com a intensidade do beijo até Luke me apertar um pouco mais e ir distribuindo alguns beijos leves por meu rosto como se estivesse adiando ao máximo seu afastamento.

Foi quando lembrei.

Luke é um idiota.

O empurrei ofegante.

— O que pensa que está fazendo? – mexi no meu cabelo.

Ele olhou para mim por um momento e quase vi ternura nele, porém, a frieza apareceu novamente e ele soltou:

— Vendo o quando você é óbvia. Eu sabia que ia retribuir, anjinho. – ironizou meu apelido.

Pisquei uma, duas, três vezes.

— Realmente, Luke. Eu posso ser óbvia e por isso você sabe, daqui a algum tempo você não significará nada além de uma memória ruim.

Ele prendeu a respiração e murmurou:

— É o que eu espero.

A porta se fechou em um baque e caí de joelhos no chão.

— Uau. Cena digna de filme. – Mike murmurou para ganhar dos fuzilamentos pelos olhares da minha amiga e de seu primo.

— ESSE GAROTO VAI... – nem sequer prestei atenção no que Naomi disse antes de se levantar e ser seguida pelo Cal, ambos indo atrás de Luke.

Senti uma mão no ombro e com uma voz triste Mike explicou:

— Desculpa, achei que te beijando ele iria se tocar e de quebra ainda...

— Ainda faria a Naomi ter ciúmes. – abri um sorriso forçado – Tudo bem, Mike.

— Tá tão na cara assim? – ele sorriu.

Assenti e passei a mão no rosto antes que uma lágrima escorresse.

— Olha... Eu realmente não achei que o Luke ia continuar um idiota, quando ele te beijou eu vibrei, ele gosta tanto de você, vivia contando como imaginava o primeiro beijo de vocês e...

— Ahn? – franzi o cenho – O Luke imaginava?

Ele fechou os olhos se autodepreciando, para depois confirmar:

— O Luke te ama desde a primeira vez que te viu, Lay.

[...]


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Notas finais do capítulo

Hey! Gostaria de saber o que estão achando da mudança na fic, se tem alguma sugestão ou algo do tipo.

Beijos! Até o próximo capítulo e feliz ano novo!



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